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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dólar bate recorde histórico no Brasil em meio à tensão política e econômica

EFE22/09/201518h50
Alba Santandreu.

São Paulo, 22 set (EFE).- O dólar bateu nesta terça-feira seu recorde histórico no Brasil e cruzou pela primeira vez a barreira dos R$ 4, no meio das preocupações políticas e econômicas que castigam o governo da presidente Dilma Rousseff.

As dúvidas sobre a aprovação do pacote de ajuste fiscal lançado pelo governo para reequilibrar as maltratadas contas públicas se fizeram sentir hoje no mercado e a divisa americana alcançou seu maior nível desde a entrada em circulação do real, moeda criada em 1994 como uma saída à falta de controle da inflação da época.

Neste ano, o real já acumula uma queda de mais de 50% frente à moeda americana.

O dólar chegou a roçar R$ 4 em outubro de 2002 - mas não os ultrapassou -, quando os mercados financeiros estavam intranquilos pela chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, considerado radical por muitos dos investidores da época.

Nesta terça-feira, o real caiu 1,83% frente ao dólar, moeda que fechou o dia negociada a R$ 4,053 para a compra e R$ 4,055 para a venda na taxa de câmbio comercial, mas já era oferecida a R$ 4,50 nas casas de câmbio.

No meio de uma aguda crise política, agravada pelo escândalo de corrupção na Petrobras, alguns deputados já advertiram que porão obstáculos às medidas de austeridade propostas por Dilma para tentar canalizar a economia, que incluem redução de despesas e aumento de arrecadação através de impostos.

Com estas iniciativas, o Executivo procura reverter o déficit fiscal de 0,5% do PIB que prevê para 2016 e transformá-lo em um superávit primário equivalente ao 0,7% do PIB, que era a meta inicial do governo.

O Executivo precisa sanear as contas para evitar um novo rebaixamento de sua nota, depois que a agência de classificação de riscos Standard & Poor's anunciou recentemente uma redução de sua qualificação e tirou do país o chamado "grau de investimento", que classifica os bons pagadores.

"Os programas de ajuste não andam. Já perdemos o grau de investimento e, se continuarmos assim, outras agências vão fazer o mesmo", disse à Agência Efe o analista João Paulo de Gracia Correa, da corretora SLW.

De acordo com o professor da Fundação Getúlio Vargas, Istvan Kasznar, o governo deve atuar com "responsabilidade fiscal" e empreender "reformas estruturais" já que, segundo sua opinião, "o déficit atemoriza muito os investidores".

Além dos problemas internos, o real se viu golpeado nos últimos meses pelas dúvidas sobre a China e pelo esperado aumento das taxas de juros por parte do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), o que também afetou outras moedas latino-americanas.

Apesar de a desvalorização representar um impulso para as exportações, Correa ressaltou que a queda da moeda brasileira é boa desde que não pressione muito à inflação, a qual espera-se que termine este ano próxima aos dois dígitos.

"O real devia ter uma correção, mas a correção está sendo muito grande. Entramos em um ciclo perigoso: encarece os produtos, pressiona à inflação e entramos no círculo vicioso", comentou o analista.

A inflação se transformou junto com o controle das contas em uma das grandes dores de cabeça do governo, que tentou controlar a alta dos preços com um aumento das taxas de juros, situadas em seu maior nível nos últimos nove anos.

Além do aumento da inflação, o Brasil enfrenta um aumento das taxas do desemprego e uma economia em recessão, que, segundo os analistas do mercado financeiro, fechará o ano com uma contração de 2,7%, uma tendência que se manterá em 2016, para quando se espera um retrocesso de 0,8%.

Em relação ao dólar, os economistas do setor privado esperam que termine 2015 em R$ 3,86, enquanto em 2016 se prevê que a moeda americana será vendida a R$ 4. 


Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/efe/2015/09/22/dolar-bate-recorde-historico-no-brasil-em-meio-a-tensao-politica-e-economica.htm

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