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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Suicídio: como falar sobre o ato sem promovê-lo

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Menina tristeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionExcesso de referências sobre suicídio tornou o assunto uma "catarse coletiva", diz professora
As buscas pela palavra "suicídio" no Google aumentaram 100% no Brasil na terceira semana de abril, na comparação com o mesmo período de 2015. A empresa também registrou aumento repentino na procura por expressões como "suicídio indolor" e "suicídio rápido".
Neste mesmo mês, que marcou o lançamento no país da série 13 Reasons Why - produção da Netflix sobre uma adolescente que registra em vídeo os motivos que a levaram a se suicidar -, houve um boom nas buscas por imagens relacionadas a suicídio.
Abril também trouxe notícias sobre suicídios consumados e tentados em diferentes Estados do país, como Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraíba. Em alguns casos, a polícia investiga possível relação com um jogo virtual chamado Baleia Azul, que estaria induzindo adolescentes a automutilações e ao suicídio.
Os casos reacenderam a discussão sobre como tratar temas polêmicos sem incentivar imitações no mundo real, o chamado "efeito Werther", referência a um livro do século 18 que desencadeou uma onda de suicídios na Europa.

Falar sem promover

Para a psicóloga Karen Scavacini, coordenadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, não falar sobre suicídio pode ter um efeito tão devastador quanto falar de maneira inadequada.
"Quanto maior o silêncio e segredo em torno de um assunto tabu, pior para quem lida com ele. Poder falar e contar a história pode ter um efeito curativo em quem lê e em quem escreve", defende Karen.
Autora de Mentes Depressivas - As Três Dimensões da Doença do Século (editora Globo), a psiquiatra Ana Beatriz Silva menciona a onda de suicídios atribuída ao lançamento do livro Os Sofrimentos do Jovem Werther, obra de Goethe de 1774 em que o protagonista se mata após um amor não correspondido.
Como reação, o livro foi recolhido e proibiu-se a discussão sobre o suicídio por acreditar que seria algo que incitasse a prática.
"Estima-se que 90% dos suicídios poderiam ser prevenidos. Isso faz pensar que esse preconceito histórico em falar sobre suicídio não ajudou a prevenir essas mortes", diz Silva, citando estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mulher liga televisãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSérie da Neflix que fala sobre suicídio não é único gatilho para jovens, dizem especialistas
Silva avalia que os padrões da mídia ao relatar casos de suicídio também não contribuem para resolver esse problema social.
"Só falamos em suicídio quando um famoso se mata. Não se pode glamorizar um suicídio, transformar o suicida em herói. Um suicídio é um ato de desespero", diz ela, para quem relatar a trajetória de sofrimento da pessoa é mais relevante do que informar, por exemplo, métodos empregados no ato.
Para Scavacini, do Instituto Vita Alere, apresentar alternativas e divulgar locais ou formas de se obter ajuda é outro meio de falar de suicídio com maior atenção à prevenção.
"Se o relato indica ao final onde a pessoa pode receber ajuda, isso se transforma numa rede de cuidado. Muitas pessoas estão tão perdidas e impactadas que mesmo uma sugestão de caminho a seguir faz grande diferença", orienta.

Catarse coletiva

Para a professora de Comunicação da Universidade Federal Fluminense Renata Rezende, o excesso de referências sobre suicídio, com aumento repentino na circulação de relatos na internet, é exemplo de uma "catarse coletiva": impacto amplificado, nas redes sociais, de assuntos e práticas que são objeto de tabu.
São assuntos, diz ela, geralmente ligados à esfera do segredo, do proibido e que, por isso, despertam a curiosidade.
Rezende afirma que o aumento do interesse pelo suicídio não significa que a prática esteja sendo mais estudada. Pode ser, por exemplo, que a tendência seja apenas um desabafo de pessoas tocadas de algum modo pelo assunto.
Daí, diz a professora, a importância de observar como essas catarses se manifestam.
"Muitas vezes, na falta de conversar com um amigo ou procurar tratamento psicológico, o usuário faz sua catarse no espaço que tem: seu perfil nas redes sociais", afirma.
Algo semelhante, considera Rezende, ocorre com a relação com a morte. "Com as redes sociais, as pessoas começaram a falar mais sobre morte, a fazer memoriais digitais para amigos e parentes, falar das suas dores", diz.
Dedos digitando em notebookDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBuscas pela palavra "suicídio" no Google aumentaram 100% no Brasil na terceira semana de abril

'Gatilhos'

Para a psicoterapeuta Alessandra Ramasine, voluntária há sete anos do Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio, usar as redes sociais como "mural" de desabafos nem sempre é uma boa ideia, seja para quem relata ou lê.
"Para relatos de experiências, especialmente as doloridas e violentas, é necessário um ambiente seguro, de acolhimento para dores e memórias", afirma Ramasine. "Do mesmo modo, esses relatos causarão impactos e consequências que nem sempre poderão ser administradas individualmente."
Impactos negativos em quem lê, ouve ou assiste a reproduções de violência, sexo ou morte, desencadeando fortes processos emocionais complexos, são chamados de "gatilhos".
"Uma cena de suicídio pode causar muitos impactos na vida de um jovem por meio do gatilho, especialmente quando esses jovens estão fragilizados, angustiados e perdidos nas questões cotidianas, sem apoio e orientação, desconectados com a vida", afirma Ramasine.
Segundo ela, jovens que enfrentam falta de oportunidades de desenvolver um projeto de vida, de planejar o futuro e construir identidade por meio de autoconhecimento, autoestima e autoconfiança podem ser os mais afetados.
Nesse sentido, a psicoterapeuta diz ver aspectos positivos e negativos na série da Netflix sobre suicídio. É útil ao lançar um alerta sobre o problema a pais, professores e amigos, mas prejudicial ao retratar o ato de forma extremamente realista.
Renata Rezende, da UFF, sugere que quem publique relatos em redes sociais sobre suicídio também tome cuidados com o leitor.
O termo "Trigger warning" (aviso de gatilho, em português), por exemplo, tem sido usado na internet, como em blogs feministas, na introdução de textos com relatos de vítimas de estupro.
"A importância desse aviso é prevenir e avisar que os assuntos abordados podem desencadear processos emocionais complexos, dependendo do modo de recepção de quem os assiste ou consome", afirma a professora.
Homem com cabeça apoiada na mãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPsicólogo diz que divulgar formas de obter ajuda é uma outra forma de falar sobre suicídio

Mostrar ou não?

No Brasil, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%, segundo dados do Mapa da Violência 2017. O estudo é publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Para Ana Beatriz Silva, como o suicídio normalmente está associado a múltiplos fatores, físicos, sociais e de personalidade, uma cena só será um fator desencadeante caso a pessoa apresente "um quadro de alteração de comportamento, principalmente a depressão."
A psiquiatra disse ter notado um aumento na procura por serviços psicológicos em sua clínica após a "catarse coletiva" motivada pela discussão cultural sobre suicídio. Segundo ela, a maior parte de seus pacientes adolescentes fez questionamentos sobre suicídio motivados pela série da Netflix.
"Eles me perguntavam: 'Qualquer um pode se suicidar?' 'Como uma pessoa se deprime?'. Ou seja, para aqueles que tem contato com uma ajuda psicológica ou que não apresentam uma alteração comportamental, a série foi capaz de despertar uma curiosidade positiva", diz.
Fonte http://www.bbc.com/portuguese/geral-39714347

Reforma trabalhista passa na Câmara: saiba o que pode mudar para os trabalhadores

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Câmara vota reformaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionReforma passou com 296 votos a favor e 177 contra
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira uma ampla reforma trabalhista, com a promessa de que a "modernização" da legislação vai contribuir para a geração de empregos. Críticos das mudanças dizem que ela precariza as condições de trabalho e não vai gerar novas vagas, já que isso dependeria na verdade de aumentos dos investimentos e consumo.
O projeto de lei aprovado, bem mais amplo que a proposta originalmente encaminhada pelo governo em dezembro, altera mais de cem pontos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). A matéria agora segue para análise do Senado.
Na Câmara, foram 296 votos pela reforma e 177 contra - para aprovar a reforma da Previdência será necessário o apoio de pelo menos 308 deputados, já que altera a Constituição.
Em oposição às duas reformas, movimentos sociais e centrais sindicais convocaram uma greve geral para esta sexta-feira. Categorias como bancários, metroviários, professores e aeroviários anunciaram que vão aderir à paralisação em diversas cidades.
Confira abaixo alguns destaques entre as mudanças na legislação trabalhista aprovadas na Câmara.

Acordos no lugar da lei

A reforma aprovada na Câmara prevê que alguns parâmetros da relação trabalhista possam ser negociados diretamente entre empresas e trabalhadores em acordos que prevalecerão sobre a lei.
Atualmente, muitos acordos entre trabalhadores e empregados têm sido anulados na Justiça do Trabalho, o que gera insegurança jurídica, segundo o governo. A reforma quer restringir a interferência do judiciário apenas a aspectos formais desses acordos, impedindo os magistrados de analisar se seu conteúdo está bem equilibrado entre as duas partes.
Críticos dessa mudança dizem que a reforma não traz medidas para fortalecer os sindicatos, o que deixará os trabalhadores como elo mais fraco na negociação dos acordos.
Entre os pontos que poderão ser negociados, caso a reforma entre em vigor, está a possibilidade de reduzir o intervalo mínimo de descanso e alimentação de uma hora para meia hora no caso de jornadas de mais de seis horas.
A proposta também permite acordar jornadas de até 12 horas de trabalho seguidas de 36 horas de descanso. Outra possibilidade será a de combinar a divisão dos 30 dias de férias em até três períodos, bem como troca de dias de feriado.
Se a nova legislação entrar em vigor, será possível ainda que empregados e trabalhadores negociem diretamente plano de cargos e salários e o pagamento de participação dos lucros.
Nesse caso, também poderá ser alvo de acordo a prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho.
Ministro do TrabalhoDireito de imagemBETO BARATA / PR
Image captionMinistro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, diz que nova legislação pode criar cinco milhões de empregos formais

Mudanças e inovações nos contratos de trabalho

A proposta aprovada na Câmara cria um tipo de contrato novo no Brasil: o trabalho intermitente, conhecido no exterior como "zero hora". Nesse caso, o trabalhador é convocado sob demanda, com antecedência mínima de três dias, e recebe por hora trabalhada, não tendo garantia de uma jornada mínima.
A mudança não estava na versão do governo e foi incluída pelo relator da reforma na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Segundo ele, esse regime possibilitará a formalização de trabalhadores que hoje trabalham sem contratos, por exemplo no setor de serviços (bares, festas, etc).
"A expansão da variedade de contratos para incluir o 'zero hora' no Reino Unido tem tido impactos negativos diminuindo a renda do trabalhador, assim como na produtividade, o que é potencialmente ruim para a economia", disse à BBC Brasil o professor do departamento de Direito de Cambridge Simon Deakin, especialista no impacto de leis trabalhistas sobre emprego e renda.
A proposta aprovada também prevê a regulamentação do teletrabalho (trabalho à distância). O contrato deverá especificar quais atividades poderão ser feitas de casa, assim como definir como se dará a e manutenção de equipamentos para uso do empregado no home office. O controle do trabalho será feito por tarefa.
Segundo Marinho, "o teletrabalho proporciona redução nos custos da empresa e maior flexibilidade do empregado para gerenciar o seu tempo", além de contribuir para reduzir o congestionamento nas cidades.
A reforma também prevê que trabalhadores autônomos que trabalhem com exclusividade para um empregador não possam ser considerados empregados da empresa. Hoje, é comum que trabalhadores peçam na Justiça o reconhecimento do vínculo empregatício nesses casos.
Já o contrato de jornada parcial, que hoje é limitado a 25 horas semanais sem possibilidade de horas extras, poderá ter dois novos formatos, se a reforma entrar em vigor: duração máxima de 30 horas semanais sem horas extras ou 26 horas, mas com possibilidade de mais 6. O argumento é que a mudança dessas regras favorece a contratação formal de jovens, idosos e mães.
A ampliação da duração máxima do contrato temporário, prevista na proposta de reforma enviada ao Congresso em dezembro, acabou já sendo aprovada dentro da nova lei da terceirização, de março deste ano, passando de seis meses para nove meses.
O contrato com duração determinada serve a atividades sazonais, que não exigem contrato permanente, ou à substituição de trabalhadores em licença. Críticos da extensão consideram que nove meses é uma duração exagerada para atender a essas finalidades e temem que empresas optem por contratar mais temporários em vez de servidores permanentes.

Fim do imposto sindical

A reforma também prevê o fim do imposto sindical obrigatório - pela lei atual, o valor equivalente à remuneração de um dia de trabalho, descontado uma vez ao ano. Segundo o relator, a medida visa acabar com sindicatos de "fachada e pelegos".
Placar da votaçãoDireito de imagemBBC BRASIL
Image captionPlacar da votação; projeto agora vai para o Senado
Opositores da mudança, porém, argumentam que a retirada da contribuição precisa ser gradual, para permitir a adaptação dos sindicatos, ou que seja criada outra fonte de recursos.
O imposto sindical obrigatório cobrado de empresas e trabalhadores somou R$ 3,9 bilhões em 2016, que foram distribuídos para cerca de 11 mil sindicatos de empregados e 5 mil patronais.

Ações judiciais

A reforma também traz mudanças nas ações trabalhistas. O projeto de lei prevê, por exemplo, que o trabalhador será obrigado a comparecer às audiências na Justiça do Trabalho (hoje pode faltar a três) e arcar com todas as custas do processo, caso perca a ação - hoje, ele não pagava os advogados contratados pela parte contrária. Além disso, o advogado do empregado terá que definir exatamente o que está pedindo (valor da causa).
Quem agir de má-fé no processo - alterar a verdade dos fatos ou gerar resistência injustificada ao andamento do processo, por exemplo - poderá ser punido com multa de 1% a 10% da causa, além de indenização para a parte contrária.
"Pretende-se com as alterações sugeridas inibir a propositura de demandas baseadas em direitos ou fatos inexistentes. Da redução do abuso do direito de litigar advirá a garantia de maior celeridade nos casos em que efetivamente a intervenção do Judiciário se faz necessária, além da imediata redução de custos vinculados à Justiça do Trabalho", escreveu o deputado Marinho em seu relatório.

Grávidas

A reforma flexibiliza a possibilidade de trabalho de grávidas em locais insalubres - hoje isso é proibido e a empresa precisa realocar a funcionária.
Pelo projeto de lei, gestantes ficam proibidas trabalhar em locais com nível máximo de insalubridade, mas poderão atuar em locais com nível médio e baixo, a não ser que apresentem atestado médico.
Além disso, a reforma também prevê que mulheres demitidas terão prazo máximo de 30 dias após o desligamento para informar a empresa caso estejam grávidas. Hoje não há prazo.

Terceirização

Lei sancionada em março pelo presidente Michel Temer ampliou a possibilidade de terceirização para qualquer atividade exercida pelas empresas.
TrabalhadoresDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionCríticos da reforma acreditam que as mudanças retiram direitos dos trabalhadores, enquanto governo argumenta que a "modernização das leis vai gerar mais empregos" ao melhorar as condições de contratação para as empresas
A reforma trabalhista estabelece salvaguardas para o trabalhador terceirizado, como uma quarentena para impedir que a empresa demita o empregado efetivo para recontratá-lo como terceirizado - isso só poderá ser feito após 18 meses da demissão, segundo a proposta.
O texto prevê também que o terceirizado deve ter as mesmas condições de trabalho dos empregados efetivos, como atendimento em ambulatório, alimentação, segurança, transporte, capacitação e qualidade de equipamentos.

Tempo de deslocamento

O tempo gasto pelo empregado entre sua casa e a empresa não contará como tempo de trabalho. A legislação atual contabiliza como jornada a ser remunerada o deslocamento fornecido pelo empregador para locais de difícil acesso ou não servido por transporte público. Segundo Rogério Marinho, isso desestimula as empresas a fornecerem transporte para seus funcionários.
Fonte http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39712505

terça-feira, 25 de abril de 2017

Cientistas desenvolvem útero artificial para ajudar bebês prematuros

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Em estudos pré-clínicos com cordeiros, os pesquisadores conseguiram simular o ambiente do útero e as funções da placenta.


Ilustração mostra sistema que imita útero que poderá ser usado, no futuro, em casos de bebês prematuros; em testes, cordeiros cresceram por quatro semanas dentro do "útero artificial" (Foto: Children’s Hospital of Philadelphia via AP)
Cientistas nos Estados Unidos desenvolveram um útero artificial a partir de uma bolsa preenchida por fluido, conhecida como um suporte extrauterino que pode transformar o tratamento de bebês que nascem extremamente prematuros, aumentando significativamente as chances de sobrevivência.
Em estudos pré-clínicos com cordeiros, os pesquisadores conseguiram simular o ambiente do útero e as funções da placenta, dando a prematuros a oportunidade crucial para desenvolver os pulmões e outros órgãos.
Aproximadamente 30 mil bebês, somente nos Estados Unidos, nascem prematuros em estado crítico --entre 23 e 26 semanas de gestação, disseram os pesquisadores a repórteres por telefone.
Nesse período, um bebê pesa um pouco mais do que 500 gramas, seus pulmões ainda não conseguem lidar com o ar e suas chances de sobrevivência são mínimas. A taxa de morte é de até 70 por cento, e aqueles que sobrevivem enfrentam deficiências por toda a vida.
Médico Alan Flake, cirurgião do Hospital Infantil da Filadélfia, lidera pesquisa sobre útero artificial (Foto: Ed Cunicelli/Children’s Hospital of Philadelphia via AP)

"Esses bebês têm uma necessidade urgente de uma ponte entre o útero da mãe e o mundo exterior", disse Alan Flake, um cirurgião especializado no Hospital de Crianças da Filadélfia que liderou o desenvolvimento do novo dispositivo.
O objetivo da equipe, disse Flake, era desenvolver um sistema extrauterino pelo qual bebês extremamente prematuros poderiam ficar suspensos em câmaras preenchidas por fluido por algumas semanas vitais até chegarem a idade de 28 semanas, quando suas chances de sobrevivência aumentam drasticamente.

Pode demorar mais 10 anos, mas até lá Flake espera ter um dispositivo licenciado no qual bebês que nascem muito prematuramente têm a chance de se desenvolver em câmaras preenchidas por fluido, em vez de incubadoras com ventilação mecânica.

Fonte http://g1.globo.com/bemestar/noticia/cientistas-desenvolvem-utero-artificial-para-ajudar-bebes-prematuros.ghtml

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Cientistas descobrem super-Terra considerada promissora para a busca de sinais de vida

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Exoplaneta LHS 1140b gira em torno de estrela a 39 anos-luz.
Por G1
Ilustração mostra a estrela LHS 1140 e seu exoplaneta LHS 1140b (Foto: M. Weiss/CfA)

A última edição da revista “Nature” apresenta a descoberta de LHS 1140b, um planeta que circunda a estrela LHS1140, na constelação de Cetus, a 39 anos-luz de distância do nosso Sistema Solar, e apresenta características que o tornam um forte candidato para que os cientistas o explorem mais detalhadamente atrás de evidências de vida extraterrestre.
A órbita do planeta é vista praticamente de perfil aqui da Terra e os cientistas são capazes de analisar detalhes de sua composição quando ele passa em frente à LHS1140, bloqueando um pouco de sua luz, o que acontece a cada 25 dias.
Para a existência de vida da forma como nós a conhecemos, um planeta deve ter água líquida na superfície e manter uma atmosfera. O planeta LHS1140b está no meio da chamada “zona habitável” de sua estrela, onde é possível existir água líquida.
A LHS 1140 é uma anã vermelha, menor e mais fria do que o nosso Sol. Assim, embora o LHS 1140b esteja dez vezes mais próximo da sua estrela do que a Terra do Sol, ele recebe apenas metade da luz solar que recebemos aqui. Quando estrelas vermelhas anãs são jovens, elas emitem uma radiação que pode ser prejudicial para as atmosferas dos planetas que as orbitam. Mas, no caso da LHS1140, sua radiação é menor que a de outras estrelas de pouca massa.
Maior que Terra
Os astrônomos estimam que a idade do planeta deve ser de pelo menos 5 bilhões de anos. Eles também concluíram que ele tem um diâmetro 1,4 vez maior do que o da Terra - quase 18 mil quilômetros. Mas com uma massa em torno de sete vezes maior que a Terra e, portanto, uma densidade muito maior, isso implica que o exoplaneta é provavelmente feito de rocha, com um núcleo de denso de ferro.

O tamanho grande do planeta significa que ele pode ter tido um oceano de magma fervente em sua superfície por milhões de anos. Este mar fervente de lava poderia produzir vapor para a atmosfera muito tempo depois que a estrela perdeu brilho, reabastecendo a superfície do planeta com água.
Para os autores, esta super-Terra pode ser o melhor candidato para futuras observações para estudar e caracterizar sua atmosfera, se ela de fato existir. "É o exoplaneta mais emocionante que vi na última década," disse o autor principal Jason Dittmann do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. "Dificilmente poderíamos esperar um alvo melhor para realizar uma das maiores procuras da ciência - buscar evidências de vida além da Terra".
"As condições atuais da anã vermelha são particularmente favoráveis - a LHS 1140 gira mais lentamente e emite menos radiação de alta energia do que outras estrelas similares de baixa massa", explica outro membro da equipe, Nicola Astudillo-Defru, do Observatório de Genebra, na Suíça.

Fonte http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/cientistas-descobrem-super-terra-considerada-promissora-para-a-busca-de-sinais-de-vida.ghtml

As previsões do FMI sobre o futuro próximo da economia brasileira

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Notas de realDireito de imagemADRIANO MAKOTO SUZUKI/FLICKR
Image captionDe acordo com o FMI, "redução da incerteza política" ajudou na recuperação da economia
A retomada no crescimento da economia brasileira será mais lenta, afirma o FMI (Fundo Monetário Internacional), que divulgou nesta terça-feira seu relatório de previsões sobre a economia mundial.
O documento traz uma redução nas expectativas para este ano, mas indica um prognóstico melhor para 2018. Além disso, defende as reformas propostas pelo governo Michel Temer e aponta a "redução da incerteza política" como um dos fatores da recuperação.
Segundo o relatório, uma das razões da volta do crescimento a partir de 2017, após dois anos de retração, seria o aumento do preço internacional das commodities, das quais o Brasil é um grande exportador - entre os itens citados estão o petróleo, o gás natural e o carvão.
Confira quatro previsões do FMI sobre o Brasil:

1. Brasil voltará a crescer, mas lentamente

De acordo com o FMI, o crescimento será de 0,2% em 2017 e de 1,8% em 2018. Os novos índices representam uma queda de 0,3% e um aumento de 0,2%, respectivamente, em relação às previsões divulgadas em 2016.
De acordo com o Fundo, a "recuperação gradual" seria sustentada pela "redução da incerteza política", pela política monetária de compra de títulos pelo Banco Central visando baixar os juros e pelo "futuro progresso da agenda reformista".
A previsão de crescimento caiu para a América Latina como um todo, mas a situação varia muito de país para país.
Espera-se que o aumento do preço das commodities continue beneficiando países exportadores dessas mercadorias, mas há uma ressalva: economias maiores estão mais à mercê de sua situação interna.
Plataforma de petróleoDireito de imagemBERARDO62/FLICKR
Image captionRelatório do FMI explica que houve aumento dos preços de commodities, do qual o Brasil é um grande exportador

2. Inflação deve continuar caindo

Embora a inflação deva aumentar na maioria dos países, esse não será o caso do Brasil, segundo o FMI. O fato de o nosso PIB (Produto Interno Bruto) estar abaixo do seu potencial - e haver muitos desempregados - pressiona a inflação para baixo.
De acordo com o Fundo, há também a redução dos efeitos de três fatores que contribuíram, no passado, para o aumento de preços: a desvalorização do real, a variação brusca dos preços de commodities e o aumento de custos administrativos.
No resto mundo, espera-se que os preços subam tanto nos países desenvolvidos quanto nos mercados emergentes. A mudança está atrelada ao aumento nos preços das commodities.

3. Economia depende da implementação de "ambiciosas reformas estruturais"

O FMI faz a defesa das políticas propostas pelo governo Temer. Para a organização, "as perspectivas macroeconômicas do Brasil dependem da implementação de ambiciosas reformas estruturais econômicas e fiscais".
O presidente conseguiu promulgar no final do ano passado, após duas rodadas de votações na Câmara e no Senado, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) limitando o crescimento dos gastos federais nos próximos 20 anos.
BovespaDireito de imagemGETTY/AFP
Image captionO Brasil terá baixo crescimento nos próximos anos, de acordo com o FMI
No final de março, Temer sancionou mudanças nas regras de terceirização, possibilitando que ela seja empregada em qualquer atividade empresarial.
Agora, a equipe do presidente se esforça para aprovar uma Reforma da Previdência, fazendo com que o brasileiros demore mais para se aposentar.
O FMI aprova: "Para dar apoio à consolidação fiscal de médio prazo, o foco deveria ser em reformas que tratam das despesas não sustentáveis, como o sistema de seguridade social", diz o texto.
O relatório traz mais sugestões: resolver gargalos de infraestrutura, simplificar impostos e reduzir barreiras ao comércio.

4. Crise fiscal continuará a piorar em alguns Estados

Embora o Brasil como um todo deva sair gradualmente da recessão neste ano, a realidade vai variar de Estado para Estado, até porque o crescimento do país como um todo é pequeno.
De acordo com o FMI, estava claro, no final de 2016, que investimentos e produção continuariam caindo, "enquanto as crises fiscais continuam a se agravar em alguns Estados".

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39635230