Perceived Value Marketing - Notícias colhidas na internet que podem transformar valores.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Supertelescópio pode captar primeira imagem de buraco negro

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

simulação buraco negroDireito de imagemHOTAKA SHIOKAWA/CFA/HARVARD
Image captionA equipe do EHT produziu simulações a partir da teoria de Einsein para prever como seria um buraco negro.
Cientistas acreditam estar prestes a obter a primeira imagem de um buraco negro. Eles construíram um "telescópio virtual" do tamanho da Terra ao ligar transmissores de rádio a partir de Boston, nos Estados Unidos, para pontos no Polo Sul, no Havaí, nas Américas e na Europa.
Há um grande otimismo de que as observações, a serem conduzidas entre 5 e 14 de abril, possam finalmente revelar a tão aguardada imagem. Na mira do chamado "Event Horizon Telescope" (Telescópio de Horizonte de Eventos ou EHT) estará o monstruoso buraco negro no centro da nossa galáxia.
O objeto, catalogado como Sagittarius A*, nunca foi diretamente observado. Mas acredita-se na sua existência devido ao movimento de estrelas próximas.
Elas se movimentam em torno de um ponto no espaço a uma velocidade de milhares de quilômetros por segundo, sugerindo que o buraco tenha uma massa quatro milhões de vezes a do Sol.

'Horizonte de eventos'

Porém, por mais gigante que pareça ser, o "horizonte de eventos" - ou a "borda" do buraco onde a força gravitacional é tão forte que nem a luz consegue escapar - não deve ter mais que 20 milhões de quilômetros de diâmetro.
A uma distância de 26 mil anos-luz da Terra, o Sagittarius A* é apenas um minúsculo ponto no céu. A equipe do EHT está, mesmo assim, bastante otimista.
"Há uma grande emoção", disse o diretor do projeto Sheperd Doeleman, do Centro para Astrofísica de Harvard-Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts.
"Estamos trabalhando no telescópio virtual há quase duas décadas, e em abril vamos fazer as observações que esperamos ser as primeiras a trazer o 'horizonte de eventos' do buraco negro em foco", ele disse à BBC News.
O truque do EHT é uma técnica chamada Interferometria de Longa Linha de Base (VLBI na sigla em inglês). Ela combina uma rede bastante ampla de radiotelescópios de vários pontos da Terra criando um telescópio virtual gigante capaz de produzir a resolução necessária para observar o buraco negro distante no espaço.
O EHT tem como objetivo inicialmente chegar a uma precisão de 50 microarco-segundos. Segundo a equipe, isto significa que o telescópio conseguiria capturar a imagem de uma laranja na superfície da Lua vista da Terra.
Eles ressaltam que ainda haverá anos de intenso trabalho, mas veem pela frente a perspectiva de uma iminente descoberta.

Equações de Einstein

Os cientistas fazem uma ideia do que esperam ver. Simulações baseadas nas equações de Einstein preveem um anel brilhante no entorno de uma forma escura.
A luz seria produzida por partículas de gás e poeira aceleradas em alta velocidade e destruídas pouco antes de desaparecer no buraco. Já a área escura seria a sombra que o buraco lança nesse turbilhão.
"Agora, pode ser que vejamos algo diferente", disse Doeleman. "Nunca é uma boa ideia apostar contra Einstein, mas se observarmos algo muito diferente do que esperamos, talvez tenhamos que reavaliar a teoria da gravidade".
"Não acredito que isto vá ocorrer, mas qualquer coisa pode acontecer e esta é a beleza disso tudo".
Observatório ALMADireito de imagemALMA
Image captionObservatório Alma, no Deserto do Atacama, aumentou capacidade de resolução do 'telescópio virtual'.
Ao longo dos anos, cada vez mais instalações de radioastronomia foram acrescentadas ao projeto. A última instalação estratégica a ser incluída foi o Observatório Alma (ou Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), no Chile.
Inaugurada em 2013 no Deserto do Atacama, a estação abriga 66 antenas de sete metros de diâmetro cada. Esta tecnologia aumentou a sensibilidade do EHT em um fator de 10 - uma das razões para o otimismo dos cientistas.
Mesmo assim, cientistas tiveram que instalar equipamentos especiais em todos os radiotelescópios envolvidos nas observações.
Isto inclui grandes discos rígidos para armazenar volumes gigantescos de dados, e relógios atômicos para registrar tudo isso com precisão.

Discos rígidos do MIT

Mas antes, os discos rígidos precisam ser transportados para um grande centro de computação no Observatório Haystack, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), localizado próximo a Boston, nos Estados Unidos.
"Nossos módulos de disco rígido têm uma capacidade de cerca de 100 laptops padrão", diz Vincent Fish, do observatório.
"Temos vários módulos em cada telescópio e temos numerosos telescópios na matriz. Então, no total, estamos falando de algo em torno de 10 mil laptops em quantidade de informação".
É num computador complementar de Haystack que toda a informação será reunida. Foram desenvolvidos avançados algoritmos para interpretar dados das observações do EHT e transformá-los em imagens.
Mas os resultados não virão rápido. Poderia levar até o final do ano, ou talvez até o início de 2018, para que a equipe divulgue a primeira imagem do buraco negro.
The correlator
Image captionToda a informação dos telescópios serão levadas ao Observatório de Haystack, do MIT.
Olhando para o futuro, os cientistas já pensam em como estender essas técnicas. Por exemplo, a matéria mais próxima ao "horizonte de eventos" e prestes a desaparecer no Sagittarius A* deveria levar cerca de 30 minutos para completar a órbita.
Katie Bouman, do Laboratório de Inteligência Artificial de Computação Científica do MIT, acredita que seria possível capturar esse movimento.
"Queremos forçar a fronteira e tentar fazer filmes com essa informação", ela disse à BBC News.
"Talvez possamos ver o gás fluindo no entorno do buraco negro. Essa é realmente a próxima etapa do que estamos tentando alcançar com esses algoritmos de geração de imagens".

Tempo bom é necessário

Mas, antes de tudo, a equipe precisa de tempo bom em abril nas estações participantes. Se houver muito vapor d'água, o EHT vai ter dificuldade de enxergar através da atmosfera da Terra.
Conseguir uma imagem do Sagittarius A* seria um triunfo em si, mas o objetivo real é usar a capacidade de imagem para testar aspectos da Teoria da Relatividade.
Se existem falhas a serem encontradas nas ideias de Einstein - e os cientistas suspeitam que existam explicações mais complexas para a gravidade esperando a serem descobertas -, é no buraco negro que as limitações devem ser expostas.

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-39038105

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Como funciona empresa sueca que decidiu não ter chefes

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Funcionários da Crisp
Image captionTodos os funcionários da Crisp têm a mesma voz
Você realmente precisa que alguém te diga o que fazer no trabalho?
Três anos atrás, a consultoria de software sueca Crisp decidiu que a resposta era não.
A empresa, que tem cerca de 40 funcionários, já tinha testado várias estruturas organizacionais, incluindo a mais comum - ter um único líder comandando tudo.
A Crisp chegou a criar um esquema rotativo de comando, mudando o CEO anualmente com base em uma votação entre os trabalhadores. Mas acabou decidindo, coletivamente, que ter um chefe não era necessário.
Yassal Sundman, desenvolvedora na empresa, explica: "Nós questionamos: 'e se nós não tivéssemos ninguém como nosso próximo CEO, como seria?' E então fizemos um exercício no qual listamos as tarefas de um CEO".
Os funcionários verificaram que muitas das responsabilidades do chefe coincidiam com as dos integrantes do conselho de administração (o board) da companhia, e que outras poderiam ser divididas entre os empregados.
"Quando olhamos para a lista na qual deveriam estar as funções do chefe, não tinha sobrado nada. E concluímos: 'certo, por que nós não tentamos isso?, conta Sundman.
Regras da Crisp
Image captionA firma estabeleceu regras de etiqueta para as reuniões

Tomada de decisões

A Crisp realiza encontros de quatro dias com todos os funcionários entre duas e três vezes ao ano. Essas reuniões são usadas para tomar decisões que afetam a todos, como mudança de escritório, mas em outros momentos os trabalhadores são encorajados a tomar decisões por conta própria.
Há também o conselho - uma exigência legal -, que pode ser usado como último recurso para resolver problemas, caso algo não esteja funcionando.
Henrik Kniberg, consultor organizacional na empresa, afirma que não ter de levar decisões sobre projetos ou orçamentos a um chefe faz com que a companhia resolva as coisas mais rapidamente.
"Se você quer que algo seja feito, precisa se levantar e começar a tocar isso", diz.
Ele ressalta que não ter de pedir permissões não elimina a necessidade de que os empregados discutam problemas e troquem ideias uns com os outros.
Como todos são responsáveis por tudo, os empregados ficam mais motivados, argumenta. A Crisp mede regularmente a satisfação de seus funcionários - a média hoje é de 4,1 pontos, de um total de 5.
Yassal Sundman
Image captionYassal Sundman conta que as funções de um CEO são distribuídas

'Uma família'

A companhia é organizada como se fosse uma família, compara Kniberg: embora ninguém precise dizer exatamente o que é preciso fazer, a regra implícita é que você não pode bagunçar a casa.
Mas e se o restante dos empregados acha que um colega tomou uma decisão ruim?
Sundman diz que não há problema. "Pelo menos você fez o que era certo naquele momento. Então podemos debater isso, você pode explicar por que você achou que aquele era um bom caminho. E na verdade você pode acabar levando todos os outros a pensar da mesma forma."
Agora, a Crisp espera que seu modo de trabalhar inspire outras empresas a copiar o seu modelo.
Embora a decisão tomada pela empresa sueca pareça radical, várias companhias já testaram um arranjo semelhante. Uma das mais conhecidas é a loja online de roupas e sapatos Zappos, cuja dona é a gigante Amazon.
Funcionários da Crisp
Image captionNa Crisp, funcionários têm de debater com colegas as decisões
Em 2013, a empresa adotou uma nova estrutura de gestão chamada holocracia, cujo objetivo era eliminar a hierarquia e estimular a cooperação entre os funcionários.
Entretanto, quase um quinto dos empregados da Zappos acabaram deixando a empresa depois disso, o que levou seu diretor- executivo, Tony Hsieh, a admitir que "a autogestão não é para todo mundo".
E enquanto exista uma alta na tendência de adotar estruturas mais horizontais - o que significa ter menos gerentes e chefes no meio da pirâmide -, a maioria dos experimentos mais radicais estão ocorrendo em pequenas startups.
Isso porque além de empregarem menos pessoas, essas companhias não tem uma história corporativa antiga o suficiente para fazer com que grandes mudanças sejam mais difíceis de implementar.
Drew HoustonDireito de imagemREUTERS
Image captionPara o fundador do Dropbox, Drew Houston, liberdade infinita 'nem sempre é boa'

'Caótico'

Drew Houston, fundador do serviço de armazenamento online Dropbox, não acredita que uma estrutura sem líder possa funcionar em empresas maiores. Para ele, isso seria muito caótico.
O principal risco, diz, é que os funcionários invadam as áreas de atuação uns dos outros, o que os tornaria menos eficientes.
"A liberdade infinita pode ser bastante desorientadora. A sensação nem sempre é boa, porque você não sabe mais o que você deveria fazer, o que é importante. E você vai ficar esbarrando nas outras pessoas."
Meg Whitman, que comanda a gigante de tecnologia Hewlett Packard Enterprise, pensa parecido. Para ela, as companhias precisam, sim, de um líder.
"Você precisa ter uma responsabilização, porque se as pessoas em sua organização não sabem o que elas estão fazendo e como isso afeta os consumidores, há uma desconexão."
Meg Whitman, chefe da Hewlett Packard EnterpriseDireito de imagemHEWLETT PACKARD ENTERPRISE
Image captionMeg Whitman, da Hewlett Packard, acredita que é preciso ter um líder para tomar decisões
Mas sua companhia tem enfrentado um problema que atinge muitas das grandes empresas: o tempo demandado para tomar decisões.
"Nós tendemos a demorar demais", diz Whitman. "Por isso, nós temos uma pequena regra na Hewlett Packard Enterprise: se você tem de escalonar uma decisão ou missão, você tem de resolver isso em até 48 horas".
No entanto, mesmo as empresas que veem com ceticismo esses testes de gestão sem chefe precisam prestar atenção em experiências como a da Crisp, avalia o coach de CEO's e autor Steve Tappin.
"Muitas talvez possam não querer ir tão longe como eliminar seu CEO, mas há lições válidas a serem aprendidas com companhias 'radicais' como a Crisp."
  • Esta reportagem é baseada em entrevistas realizadas por Steve Tappin e pelo produtor Neil Koenig para a série 'BBC's CEO Guru'


Fonte http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39021100

domingo, 19 de fevereiro de 2017

'Vice': Como ex-viciado em heroína se tornou dono de império de mídia internacional

Suroosh AlviDireito de imagemVICE
Image captionAos 47 anos, Suroosh Alvi vive com a família em Nova York
"Que virada! As vezes eu paro e me belisco para ver se tudo isso é mesmo verdade", diz Suroosh Alvi.
A surpresa é compreensível. Ex-viciado em heroína, ele hoje é dono de um império de comunicação avaliado em US$ 4 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões) e viaja pelo mundo fazendo as reportagens que deseja.
Alvi, de 47 anos, é o fundador da Vice, revista alternativa impressa e site dedicados a notícias e temas como artes, cultura e comportamento.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Criada em 1994 em Montreal, no Canadá, a revista mais tarde tornou-se a Vice Media, que tem escritórios em 36 países e divisões que incluem ainda uma produtora de filmes, uma gravadora, um selo editorial e uma rede de TV a cabo.
Casado e pai do pequeno Reza - nascido há pouco mais de um mês -, o empresário canadense vive em Nova York.
Em entrevista a Matthew Bannister, do programa Outlook, do serviço mundial da BBC, ele contou como se tornou um milionário depois mergulhar nas drogas e quase morrer.
Montreal, CanadáDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionOs pais de Suroosh Alvi imigraram do Paquistão para o Canadá no fim da década de 1960 e se fixaram na cidade de Montreal, que se tornaria o berço da 'Vice'

Rebelde aos 16 anos

"É uma história clássica de imigração bem-sucedida", diz, ao explicar que os pais são dois professores universitários que imigraram do Paquistão para Montreal, no fim da década de 1960.
A mãe Sajida, professora de Estudos Islâmicos, e o pai Sabir, professor de Psicologia, foram para o Canadá "achando que iam ficar um ano ou dois e nunca mais voltaram".
Alvi lembra que ele e o irmão viviam em um ambiente de muita pressão. "Vocês têm que dar duas vezes mais duro do que os garotos brancos para conseguir um lugar neste mundo", costumavam ouvir dos pais.
Em casa, a mãe era rigorosa e disciplinadora: "Em urdu existe a palavra 'danda', que significa vara. Minha mãe usava a 'danda' na gente e eu me rebelei. Eu era o rebelde", lembra Alvi.
A rebeldia se manifestou aos 16 anos, quando ele aderiu ao movimento punk, que contestava o machismo, a homofobia e pregava a liberdade individual, o autodidatismo e as ideias cosmopolitas em geral.
Alvi havia se mudado para os Estados Unidos - a mãe foi lecionar na Universidade de Minnesota. Naqueles meados dos anos 1980, a cena musical punk estava em ebulição em Minneapolis, e ele passou os nove anos seguintes se dedicando à música.
Sombra de punkDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionAdolescente rebelde, Alvi viveu em Minneapolis, nos EUA, onde aderiu ao movimento punk e se tornou viciado em heroína
Quando voltou para o Canadá, o jovem já estava viciado em heroína.

Vida dupla

"Meus pais não sabiam. Poucas pessoas sabiam que eu tinha ido fundo nas drogas. Eu levava uma vida dupla. Mantinha uma fachada, tentava manter uma aparência", conta.
Alvi pensou em fazer mestrado em psicologia, em dar aulas, mas todos os dias partia em busca da droga. Fazia de tudo para ter dinheiro e consegui-la. Chegou a roubar.
"Sim, roubar. Um comportamento típico de viciado. Roubava dos amigos, da minha família, das lojas. Era pego, preso, levado à presença do juiz. Passei cinco anos assim, sem ninguém saber do meu vício."
Mas um dia a realidade se impôs: e a mãe descobriu o recibo da loja de penhores onde ele tinha negociado algumas joias.
Só estávamos eu e minha mãe em casa. Ela me perguntou: 'Você está com algum problema, tem dívidas, está jogando? Você tem problemas com drogas'? Eu não disse nada e ela ficou perguntando várias vezes. Olhei para ela e balancei a cabeça", recorda, acrescentando:
"Meu pai chegou em casa, entrou no quarto e perguntou o que estava havendo. Minha mãe começou a gritar: 'Ele está usando drogas! Ele está usando drogas!'"
Aquele momento marcou o início do processo de reabilitação de Alvi. Durante seis meses, ele se tratou, mas sem ser internado.
"Meus pais estavam arrasados, mas ficaram o tempo todo do meu lado. Pela primeira vez eu tinha sido honesto com eles."

'Eu era um nada'

A recuperação não foi fácil: Alvi sofreu recaídas e foi parar no hospital várias vezes por causa de overdoses.
"Tiveram que me colocar em outro tratamento, mais drástico. Fiquei internado numa clínica por sete semanas."
Foi nesta época que ele finalmente percebeu o que havia acontecido com a sua vida.
"Percebi que não tinha mais namorada nem amigos. Meu irmão mais velho não queria mais saber de mim. Eu era um nada, só causava sofrimento e dor para as pessoas que me amavam."
Alvi sentia esperança, mas ao mesmo tempo estava assustado, "com medo de acabar morrendo". "Eu tinha que ouvir as pessoas e estava aberto a fazer o que fosse preciso para ficar 'limpo'. Botei toda minha energia nisso".
Quando saiu da clínica, passou a frequentar diariamente o Narcóticos Anônimos, onde encontrou a pessoa que mudaria de vez o rumo da sua vida.
Depois de duas semanas, no fim de uma reunião, um companheiro de grupo se aproximou e perguntou se ele trabalhava. Esse homem se ofereceu, então, para ser seu mentor.
Alvi disse que gostava de escrever. No dia seguinte, o mentor o levou até a sede da Image Interculturelle, uma revista publicada em francês que planejava ter uma edição em inglês.
Johnny Rotten
Image captionO ex-vocalista da banda Sex Pistols e ícone do punk rock Johnny Rotten foi um dos primeiros entrevistados de Suroosh Alvi
No primeiro número, ele entrevistou Johnny Rotten, ex-vocalista da banda inglesa de punk rock Sex Pistols. Em seguida, uma prostituta.

Nasce a 'Vice'

Em 1994, surgia a revista gratuita Voice of Montreal, dedicada a assuntos voltados para a comunidade e um jeito diferente de apresentar notícias e artigos.
Alvi convidou o escritor e comediante Gavin McInnes e o jornalista Shane Smith para se unirem a ele na empreitada. Em 1996, a revista passou a se chamar Vice. Cinco anos depois, se mudou para Nova York.
Em um momento em que as audiências mais jovens demonstravam cansaço com os meios tradicionais de comunicação, a Vice apostou no chamado jornalismo de imersão, que trilha um caminho tecnológico e oferece ao leitor uma experiência que vai além da palavra escrita e da reportagem tradicional.
Assim, em 2006, a publicação começou a produzir vídeos para a internet. Associou-se à MTV e fez séries sobre viagens com uma linguagem e estética que atraíram os millenials.
Entre as reportagens de sucesso em vídeo feitas pelo próprio Alvi estão produções sobre o mercado de armas no Paquistão, o cenário do heavy metal no Iraque e os minerais do Congo que são usados nos nossos gadgets.

Momento de crise

Mas a crise financeira global em 2008 quase destruiu a empresa.
No mesmo ano, Gavin McInnes deixou o negócio alegando "diferenças criativas" e fundou uma agência de propaganda.
"O dinheiro acabou, tínhamos uma dívida de uns US$ 2 milhões (R$ 6,2 milhões). Foi uma época muito difícil."
Em meados de 2013, porém, a 21st Century Fox, do magnata das comunicações Ruppert Murdoch, investiu US$ 70 milhões (R$ 219 milhões) na Vice Media - obtendo uma participação de 5% na empresa de Alvi e Smith.
Um ano mais tarde, foi a vez da A&E Networks investir US$ 200 milhões (R$ 626 milhões) e, em 2015, mais US$ 200 milhões foram injetados pela Disney. O objetivo era construir uma plataforma global.
Alvi defende a associação com as gigantes do entretenimento.
"Foi nos nossos termos. Nós dizíamos 22 anos atrás que nossa revista ia se espalhar pelo mundo. E foi assim."

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38885661