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sábado, 30 de abril de 2016

Cinco retratos da deterioração da qualidade de vida na Venezuela

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Image captionSituação econômica e social na Venezuela está se deteriorando para todas as classes
Ninguém imaginava que uma nação onde até mesmo os pobres poderiam tomar uísque 12 anos iria chegar ao ponto de as pessoas comemorarem quando sai água da torneira.
Isso não era uma possibilidade na Venezuela três anos atrás, numa altura em que havia insegurança, cortes de energia e de água e fila para comprar produtos básicos. Era um país em crise, sim, mas de alguma forma ou de outra, ponderava-se, não iria se deteriorar tanto. E tão rápido.
Hoje, no entanto, quem vive nesta terra - ainda rica em petróleo, minerais e paisagens maravilhosas - sente falta do dia a dia de 2013.
Não há levantamento, análise, ou número que resuma o sentimento do venezuelano que viu sua qualidade de vida perder um por um os luxos de viver em um país rico: nem a inflação mais alta mundo, nem a mais alta taxa de homicídios, nem a frequência de interrupções de energia.
Nem mesmo é suficiente o dado de que a Venezuela deixou de estar entre os três maiores consumidores de uísque do mundo.
O governo de Hugo Chávez, que chegou ao poder em 1999, deu educação, saúde e moradia para milhões de pessoas que, mesmo numa situação desastrosa, se sentem irrevogavelmente gratos.
Mas o que o país vive hoje - além do debate sobre se é uma guerra econômica criada pela direita internacional, como o Presidente Nicolas Maduro afirma - reflete uma deterioração abismal na qualidade de vida da maioria na Venezuela.
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Image captionBairros do interior da Venezuela têm que lidar com cortes frequentes de água e luz

1. A luz é cortada diariamente

Na Venezuela, há um Comitê de Afetados pelos Apagões, que registrou 8.250 cortes de luz nos últimos três meses em todo território.
Não há números oficiais sobre as interrupções de energia, mas o governo oficializou nesta semana o racionamento em residências, setor público, centros comerciais e escolas em todo o país (exceto Caracas, que é protegida contra falhas de energia).
Desde que uma crise de eletricidade foi declarada em 2009, milhares de venezuelanos se acostumaram a tirar seus eletrodomésticos da tomada cada vez que a luz acaba, para que, quando ela volte, não haja danos a geladeiras, televisores e aparelhos de ar-condicionado.
Comprar um gerador a preço fixado - importado e subsidiado pelo governo - é uma alegria pela qual muitos estão dispostos a passar incontáveis procedimentos burocráticos ou horas na fila.
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Graças a subsídios como esses, o consumo de eletricidade aumentou nos últimos anos: a pessoa que só tinha ar-condicionado no quarto, agora também tem na sala de estar e de jantar.
O acesso a bens como esses foi para muitos uma melhora da qualidade de vida, patrocinada por Chávez.
Hoje, no entanto, a maioria não pode ligar o ar-condicionado pelo tempo que quer.
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2. A água que vem fraca, suja e malcheirosa

Em relação aos cortes de água, que também tornaram-se frequentes em todo o país, não há comissão envolvida, mas ao contrário da situação elétrica, o problema atinge Caracas - e com mais intensidade nos últimos dois anos.
Como parte da paisagem dos bairros populares do país, às antenas de TV por satélite que estão em cada casa foram acrescentadas tanques azuis em quase todos os telhados.
Os moradores sem tanque precisam acomodar sua rotina aos horários instáveis do racionamento. Os que têm o recipiente ficam, de alguma forma, livres.
Além de problemas de quantidade, há também os de qualidade, porque a água chega amarelada e mal cheirosa.
Image captionVenezuelanos recorrem a tanques nos telhados para não depender de abastecimento oficial
Na região central do país é ainda pior, porque o líquido emite um odor de ferro que fica impregnado na pele e provoca ardor nos olhos.
Em meio à crise, há comunidades em todo o país que conseguiram construir poços dos quais podem tirar água do fundo da terra - sem depender do abastecimento central.
E, em pontos onde há tubos dos quais sai água de nascentes, as filas são cada vez maiores.
Daí tiram água as pessoas que andam com uma garrafa no carro, mas também os caminhões-pipa que abastecem, por altos valores, hotéis e edifícios residenciais de classe alta, onde as minorias mantêm uma qualidade de vida de luxo.
Mas quando chove não deixa de haver problemas para a maioria, porque inundações e deslizamentos de terra afetam milhares de pessoas cada vez que as chuvas aumentam.
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Image captionCom cortes frequentes de água, venezuelanos buscam fontes alternativas de abastecimento

3. A angústia de que o dinheiro não dê

Muitos venezuelanos sabem o que é bom: o que é passar - e repetir - férias em família em um resort com tudo incluso.
Mas com a inflação, que neste ano se tornou hiperinflação, o venezuelano teve que sacrificar idas a restaurantes, viagens de táxi e a carne e o peixe da dieta.
Isso produz uma angústia quase existencial, porque a Venezuela perdeu o que a fez especial para o mundo: o consumo de luxo.
Agora, nem o básico está disponível para todos: 87% dos venezuelanos dizem que sua renda é insuficiente para comprar comida, de acordo com a Pesquisa de Condições de Vida 2015 feita por três universidades de prestígio.
E então eles passam seus dias esperando na frente de supermercados, com um guarda-chuva para se proteger do sol forte, para ver se conseguem comprar comida a um preço regulado.
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Image caption87% dos venezuelanos dizem que sua renda é insuficiente para comprar comida, diz pesquisa
Essa ansiedade de não saber o que se vai comer no dia é agravada quando se pensa no futuro: poupar ou investir são agora conceitos cheios de incerteza para o venezuelano, que recorre cada vez mais a empréstimos para compensar a inflação.
A perda de poder de compra tem levado muitos a buscar empregos informais: médicos se tornam motoristas de táxi, engenheiros, garçons e maquiadores passam a revender produtos básicos.
Não que para o venezuelano o dinheiro seja tudo, mas quando o salário deixa de ser suficiente para a alimentação, educação e fazer feliz à sua família, o nervosismo torna-se seu estilo de vida.

4. A interação social é cortada

E não há nada mais sagrado para o povo venezuelano que suas relações: a interação com família, amigos ou colegas é uma atividade prioritária no país.
É por isso que falam tanto ao celular.
Um dos consumos que mais cresceu na Venezuela recentemente é o de comunicações, devido também aos preços regulados, que são dezenas de vezes mais baratos do que em qualquer país da região.
No entanto, por essa razão, tem sido impossível melhorar o serviço, que é o pior a cada dia que passa.
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Image captionGrandes consumidores de telecomunicações, venezuelanos contam um dos piores serviços
Venezuelanos agora não podem fazer chamadas de longa distância a partir de seus telefones celulares ou usá-los fora do país.
Mas eles também não podem usar o recurso de câmera do Skype, uma vez que têm a conexão mais lenta na América Latina, de acordo com vários estudos.
A frequência com que caem as ligações ou a internet é difícil de medir, mas as queixas dos problemas que se prolongam por semanas são comuns nas redes sociais.
As reclamações têm um tom tão violento que revelam um sentimento insondável da raiva e frustração pelo inoperância das comunicações.

5. Medo de morrer

Mas, além de isolado nas comunicações, os venezuelanos foram trancados por medo de que ocorra uma daquelas histórias de desmembramento, sequestros ou massacres que se ouvem por aí.
As noites em áreas de classes média e alta em todo o país tornaram-se um deserto.
O fato de a Venezuela ser um dos países com o maior número de homicídios no mundo agrava a percepção de insegurança para quem não se tornou resistente ao medo.
Há venezuelanos que perderam a sensibilidade à morte, como também existem aqueles que fazem e celebram linchamentos de criminosos.
BBC World ServiceImage copyrightBBC World Service
Image captionNoite em Caracas, a cidade mais violenta do mundo, está ficando cada vez mais vazia
As mortes por crimes se somam às vítimas de doenças, que a falta de medicamentos agrava, transformando uma gripe em uma pneumonia.
A escassez de medicamentos e materiais hospitalares parece ter explodido no último ano: de acordo com o Ministério da Saúde, em 2015 a mortalidade global em hospitais aumentou 31%.
A Venezuela, no entanto, já foi a pioneira mundial em microscopia eletrônica, na pesquisa do diabetes, na erradicação da malária e nos estudos genéticos.
Ninguém imaginava que naquele país uma doença menor geraria a angústia de um câncer.
Daniel Pardo
Da BBC Mundo em Caracas - @pardodaniel
Fonte http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160429_retratos_venezuela_if
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Image captionFilas no país têm se tornado mais comuns para transporte, supermercados e hospitais

domingo, 24 de abril de 2016

O drama das 61 milhões de crianças que crescem sem seus pais na China

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Meninos e meninas moram sós ou cuidados de familiares pois pais trocaram campo por cidade.
Da BBC
Tao Lan tem 14 anos e cuida do irmão menor enquanto pais moram em outra cidade (Foto: BBC)Tao Lan tem 14 anos e cuida do irmão menor enquanto pais moram em outra cidade (Foto: BBC)


Imagine a população dos Estados de São Paulo e Rio de janeiro somadas. Esse é o número de crianças que vivem longe dos pais na China.


São, ao todo, mais de 60 milhões de meninos e meninas.


Conhecidas como crianças "deixadas para trás", elas não foram abandonadas. Mas foram deixadas sob os cuidados de familiares, geralmente avós, porque os pais trocaram os campos pelas cidades. No entanto, nem todas têm a mesma sorte.


A BBC visitou umas das regiões mais remotas da China.


Ali vivem Tao Lan, de 14 anos, e seu irmão menor. Além de ajudá-lo com seu dever de casa, a adolescente se encarrega das tarefas domésticas e de cultivar uma parte dos alimentos que consome, pois os dois vivem sozinhos.


Os pais moram em outra parte da China e vão visitá-los uma vez por ano.


Questionada pela BBC sobre a dificuldade de viver longe dos pais, Lan diz não querer preocupá-los. "Não posso contar a eles sobre os meus problemas porque minha mãe e meu pai levam uma vida dura. Não quero que eles se preocupem por mim." Em seguida, a menina começa a chorar.
O padre de Tang Yuwen trabalha em uma fábrica de roupas (Foto: BBC)O padre de Tang Yuwen trabalha em uma fábrica de roupas (Foto: BBC)


Desafio

Em algumas escolas, até 80% dos alunos crescem sem ter os pais ao lado.


Após registrar um crescimento econômico de dois dígitos, a China se expandiu graças ao aporte à saída de milhões de trabalhadores em direção às zonas urbanas.


Mas foram as crianças quem pagaram o preço dessa transição, dizem especialistas.


Trata-se de um problema social que o Partido Comunista fez pouco para solucionar. E que começou após a dramática transformação da China que deixou seu passado agrário para abraçar um presente industrial.

Fábrica

A reportagem da BBC visitou outro lugar na zona rural, onde moram Tang Yuwen, de 11 anos, seu irmão, dois primos e sua avó.
Crianças ficam sob a responsabilidade dos avós (Foto: BBC)Crianças ficam sob a responsabilidade dos avós (Foto: BBC)


"Meus pais não moram conosco. Trabalham em outra cidade, em fábricas costurando roupa. Sei que eles trabalham duro para ganhar dinheiro, mas sinto muita saudade deles. É muito doloroso", disse o menino.


Na fábrica, o pai de Yuwen está sentado em frente a uma máquina de costura. Apesar de anos trabalhando na linha de produção, é quase impossível que ele deixe o status oficial de imigrante dentro de seu próprio país.


Assim como milhões de crianças, seus filhos não podem frequentar as aulas das escolas na localidade onde ele e sua mulher trabalham.


Enquanto almoçam, a reportagem da BBC lhes mostrou a entrevista que havia feito com o filho deles, a vários quilômetros de distância.
A mãe de Tang Yuwen trabalha em uma fábrica na cidade de Chengdu (Foto: BBC)A mãe de Tang Yuwen trabalha em uma fábrica na cidade de Chengdu (Foto: BBC)


Foi um momento difícil para eles. A última vez que viram Yuwen foi há cinco meses.


A mãe não conseguiu segurar as lágrimas. "Estou muito preocupada porque não estou com ele, fico preocupada com a segurança dele. Se não houvesse impedimentos legais, teríamos trazido todos eles para ficar conosco".

Ano Novo

A ONU estima que mais de 900 milhões de pessoas em todo o mundo deixaram seus locais de origem para trabalhar em outras cidades e países, deixando seus filhos para trás.


Mas o caso da China é dramático pelo número de menores de idade que estão crescendo sem seus pais.
'Não quero viver separados dos meus pais", diz Tan Yuwen, de 11 anos (Foto: BBC)'Não quero viver separados dos meus pais", diz Tan Yuwen, de 11 anos (Foto: BBC)


Muitos deles têm a chance de se reencontrar por poucos dias durante a comemoração do Ano Novo do calendário chinês.


"Queria que eles me levassem com eles. Não quero viver separado (...) Mas não posso fazer nada, não quero importuná-los. Se telefono para eles, vou importunar. Não posso fazer nada a não ser esperar", disse Yuwen.


"Quando crescer, não vou embora, essa é a minha casa. Quero fazer algo grande, quero ser patrão, ser responsável por uma fábrica. Vou levar meus filhos ao meu trabalho, para que possamos estar juntos".




Fonte http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/o-drama-das-61-milhoes-de-criancas-que-crescem-sem-seus-pais-na-china.htm
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

EMPRESA QUER PAVIMENTAR RUAS COM PLÁSTICO RECOLHIDO EM OCEANOS

21/07/2015 16h09 - ATUALIZADA EM: 21/07/2015 16h11 - POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
ROTERDÃ PODE SER A PRIMEIRA CIDADE A TESTAR O NOVO PRODUTO, QUE ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO PELA EMPRESA VOLKERWESSELS

Projeto de via pavimentada usando material feito com plástico reciclado (Foto: Divulgação)


A cidade holandesa de Roterdã pode ser a primeira a ter um trecho de rua pavimentado com material plástico. A prefeitura manifestou interesse em apoiar um projeto da empresa VolkerWessels, que está desenvolvendo um produto chamadoPlasticRoad, feito a partir de material reciclado.

O objetivo da empresa é que a matéria-prima venha do lixo acumulado nos oceanos. A empresa diz estar alinhada com iniciativas como o Ocean Cleanup, que tenta livrar as águas de dejetos plásticos.

A VolkerWessels garante que o produto final requer menos manutenção que o asfalto. Isso porque ele seria mais resistente, aguentando variações de temperatura de -40ºC a 80ºC e sofrendo menor impacto com corrosões químicas. Segundo as estimativas da empresa, a duração das vias poderia ser triplicada, com uma vida útil de 50 anos.

Outra vantagem é que as estruturas de plástico seriam pré-fabricadas, tornando mais rápida a pavimentação. Além disso, o design interno da estrutura tem um buraco no meio, que permite a passagem de fios e encanamento.
Projeto de via pavimentada usando material feito com plástico reciclado (Foto: Divulgação)


"O plástico dá todos os tipos de vantagens em relação à construção de uma estrada, tanto na hora de instalar, quanto na hora de fazer a manutenção", afirmou ao jornal britânico "The Guardian" Rolf Mars, diretor da KWS Infra, subdivisão de estradas da VolkerWessels.

Mars disse que o projeto ainda está em seu estágio inicial, mas a empresa espera colocar a primeira via pública em uso nos próximos três anos. O material ainda precisa ser testado em laboratório e a ideia é que os primeiros testes sejam feitos em ciclovias. A cidade de Roterdã manifestou o interesse em oferecer espaço para um desses testes.

"Roterdã é uma cidade aberta a experiências e adaptações inovadoras. Temos um 'laboratório de rua' disponível, onde inovações como essa podem ser testadas", afirmou Jaap Peters, do escritório de engenharia municipal, ao jornal britânico.

Fonte http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/07/empresa-quer-pavimentar-ruas-com-plastico-recolhido-em-oceanos.html

Empresários seguram despesas para enfrentar crise

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
22-04-2016

Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que a maioria dos empresários brasileiros que atuam nos segmentos do comércio e de serviços está sentindo os efeitos negativos da atual crise econômica. Segundo a pesquisa, 86,9% desses empresários disseram que seus negócios estão sendo afetados pela crise em algum grau.

A principal consequência do momento de instabilidade sobre as empresas, na percepção dos entrevistados, tem sido a diminuição das vendas (82,7%), seguida pelo aumento do pagamento de impostos (51,0%), medo de investir (40,4%) e dificuldades para pagar as contas em dia (34,7%). Apenas 10,5% avaliam que o negócio não está sofrendo com o atual momento político e econômico.

"A atual situação da economia brasileira tem gerado um círculo vicioso difícil de interromper. Como a inflação e as taxas de juros permanecem altas, as vendas caem e as empresas empregam e investem menos. Os efeitos negativos são percebidos nas quedas das vendas no varejo e na produção industrial. Dessa forma, temos queda de confiança tanto do empresário, quanto do consumidor. Esse resultado se traduz, muitas vezes, em inadimplência de ambas as partes e também em recessão", analisa o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Entre as empresas que demitiram, a média é de trêsdispensados no último trimestre

A pesquisa mostra também que três em cada dez (27,8%) empresários dos ramos do comércio e serviços estão enfrentando dificuldades para manter postos de trabalho em função do atual momento econômico. Apenas no último trimestre – entre janeiro e março deste ano -, cada empresário, que reconhece enfrentar esse problema, demitiu, em média, 3,3 funcionários. No segmento de serviços, o número de demissões é ainda maior: 4,3 dispensas. E 11,8% ainda projetam fazer novas demissões este ano para readequar a empresa ao novo cenário.

Diante desse panorama desafiador, a contenção de despesas tem sido a principal estratégia das empresas para manter-se no mercado: 45,1% da amostra afirmaram tê-la adotado em algum grau. Outras medidas necessárias que tiveram de ser aplicadas para a sobrevivência da empresa foram a redução de preços (14,8%), demissão de funcionários (9,5%), investimento em atendimento (8,2%) e troca de fornecedores por outros mais baratos (7,9%).

“Em maior ou em menor grau, a grande maioria dos empresários tem sido prejudicada pela instabilidade econômica e acabam forçados a se reinventarem para manter a atividade de seus negócios. Quem tem resiliência, experiência de mercado, autoconfiança e criatividade pode conseguir atravessar o momento com relativa tranquilidade ou até mesmo crescer na crise”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Percepção da crise é maior no Sul, Sudeste e Centro-Oeste

Na avaliação do empresariado brasileiro, a economia tem mostrado sinais evidentes de deterioração: 86,7% consideram a crise econômica grave e para 85,3% as condições econômicas do país pioraram nos últimos seis meses. Apenas 5,0% disseram que as condições econômicas melhoraram e para 8,8% a situação permanece a mesma.

Embora generalizada em todo o país, a sensação de piora é menos intensa nas regiões Norte (69,8%) e Nordeste (71,0%), ao passo que os índices mais altos de insatisfação foram observados nas regiões Centro-Oeste (85,1%), Sul (86,4%) e Sudeste (93,0%). Quando se trata da própria empresa, apesar de parecer menos pessimista, a percepção negativa se mantém preocupante: 64,0% disseram que as condições gerais de seu negócio pioraram em algum grau no último semestre.

Para empresários, situação política agrava economia

O levantamento mostra que na opinião dos empresários entrevistados a crise econômica acaba sendo potencializada pelos problemas políticos do país. Isso fica evidente quando os empresários tiveram de apontar os problemas nacionais que eles julgam mais importantes para serem resolvidos em 2016.

O combate à corrupção foi o mais citado, com 68,5% das respostas, seguido pela crise política, mencionada por 63,6% da amostra. Outros entraves que precisam ser solucionados com urgência na opinião dos empresários brasileiros são a saúde pública (25,2%), inflação (24,7%) e impostos elevados (23,6%).

“O fato de a crise política e econômica se posicionarem à frente de outros problemas considerados crônicos no Brasil evidencia o mal-estar generalizado do ambiente de negócios”, afirma a economista Marcela Kawauti. Além disso, Indignação (83,3%) e vergonha (76,7%) são os principais sentimentos que a crise tem despertado no empresariado dos segmentos de comércio e serviços quando ouvem ou conversam a respeito dos problemas atuais.

Na visão dos proprietários de empresas consultados na pesquisa, as principais consequências do impasse político sobre a economia tem sido o aumento do desemprego (65,0%), o aumento dos impostos (63,6%) e a queda no consumo e nas vendas (59,2%).

Sem perspectivas de que haja uma reversão de tendências para o curto prazo, quatro em cada dez (39,5%) entrevistados acreditam que a economia fechará este ano ainda pior do que 2015 e quase a metade (49,2%) pensa que nos próximos seis meses a situação econômica se aprofundará ainda mais. Os otimistas somam 28,4% e para 19,9% a situação deve continuar a mesma no período.

Entre aqueles que se dizem pessimistas com a economia brasileira, a principal justificativa é a falta de confiança de que a crise política seja resolvida (42,9%), seguido pela percepção da alta gravidade da crise econômica (30,3%). Há ainda os que pensam que a inflação não será controlada e o país não retomará o crescimento (13,8%). O maior temor dos empresários para 2016 é que o país não saia da crise (41,1%), principalmente nas cidades do interior (44,1%), seguido de não conseguir pagar as dívidas (17,6%) e ser obrigado a fechar o próprio negócio (14,9%).

Mesmo em um ambiente turbulento, os empresários acreditam que há como driblar as consequências da crise. A maior parte dos empresários que respondeu a pesquisa mostra-se mais otimista quando a análise se detém apenas ao seu negócio. Quatro em cada dez (45,4%) entrevistados disseram ao SPC Brasil que as expectativas para a empresa são boas para os próximos seis meses, enquanto 27,7% esperam que o período será ruim para a sua empresa.

Metodologia

A pesquisa procurou investigar a opinião dos empresários a respeito da crise econômica atual, avaliando os seus reflexos nos negócios e nas expectativas para o futuro. Foram entrevistados 825 empresários de todos os portes. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para uma margem de confiança de 95%.


Fonte http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/notas16/220420167a.htm

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Outro lado da história - Novas curtidas a Coronel Ustra crescem 3.300% após homenagem de Bolsonaro

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Ricardo Senra - Enviado especial da BBC Brasil a Brasília



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Image captionPágina do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra no Facebook

A homenagem feita por Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ao coronel Brilhante Ustra durante votação sobre o impeachment de Dilma Rousseff na Câmara rendeu notas de repúdio e pedidos de cassação ao deputado, mas também popularidade ao primeiro militar reconhecido pela Justiça brasileira como torturador.

Tomada Pública de Depoimentos de Agentes de Repressão: Coronel Ustra (retirado do youtube)



No Facebook, a principal página relacionada ao chefe do DOI-Codi, órgão responsável pela repressão a opositores da ditadura, ganhou quase 3 mil curtidas nas últimas 72 horas - um crescimento de 3.323,2% no ritmo médio de novos seguidores, segundo a rede social.
Já o total de curtidas da página cresceu, até o fechamento da reportagem, ao redor de 20%.
A página reunia, até o fechamento desta reportagem, 17 mil fãs. Antes do discurso de Jair Bolsonaro, o número de seguidores se mantinha estável. Pelo menos quatro páginas na rede social foram criadas para homenagear o torturador.
Entre 1970 e 1974, sob o comando do coronel no DOI-Codi, ao menos 50 pessoas foram assassinadas ou desapareceram. Outras 500 foram torturadas, segundo a Comissão Nacional da Verdade.

Bolsonaro reincidente

Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro usa os microfones da Câmara dos Deputados para homenagear Brilhante Ustra.
Em 15 de outubro do ano passado, data da morte de Ustra, o deputado carioca foi à tribuna para homenageá-lo como "herói".
"Um herói que desde jovem esteve na linha de frente do combate à guerrilha em nosso país. Enfrentou maus brasileiros, verdadeiros doentes mentais, que treinados por Fidel Castro e financiados pela União Soviética, tentaram aqui implantar a ditadura do proletariado."



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Image captionGráfico mostra crescimento de curtidas na página do coronel Ustra

"Foi também um símbolo de resistência para nossa juventude. Que seu espírito e seus valores encarnem os brasileiros neste momento em que os inimigos de ontem estão no poder", prosseguiu o parlamentar.
Em 2008, Bolsonaro foi além. "O erro da ditadura foi torturar e não matar", disse a manifestantes.
Na última terça-feira, a OAB/RJ anunciou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a cassação do mandato de Bolsonaro. A entidade informou que também pode recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos para pedir que o deputado deixe o cargo.

UM POUCO DE HISTÓRIA PARA ENTENDERMOS OS DIAS DE HOJE

O filme "Reparação" mostra que a "Comissão da Verdade" é uma mentira apenas por existir. (retirado do youtube)



Elogios ao ditador

Em seu voto pela admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Bolsonaro se referiu a Ustra como "o pavor" da presidente.
"Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim."
A própria presidente está na lista dos torturados sob a batuta do torturador e comentou, na terça-feira, as declarações.
"Fui presa nos anos 1970. De fato, eu conheci bem esse senhor a que ele se referiu. Foi um dos maiores torturadores do Brasil, contra ele recai não só a acusação de tortura, mas também de mortes", disse. "É terrível ver alguém votando em homenagem ao maior torturador que o Brasil conheceu."
Os novos fãs de Ustra no Facebook, entretanto, desfiam elogios.
"Militar exemplar. Quando a História Brasileira for escrita com honestidade o valor ético e moral do Coronel Ultra (sic) será reconhecido! E as mentiras e os mentirosos desmascarados!", disse um.

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160419_salasocial_ustra_curtidas_fs