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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Indústria brasileira 'é uma das que mais perdeu competitividade em dez anos'

Ruth Costas

Atualizado em  25 de abril, 2014 - 18:10 (Brasília) 21:10 GMT
Fábrica no Brasil (Reuters)
Para analista, ponto mais crítico para a indústria brasileira é a baixa produtividade
O Brasil é um dos países cuja indústria mais perdeu competitividade na última década, segundo um estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) divulgado nesta sexta-feira.
O estudo analisa a competitividade de 25 economias exportadoras e tem como base um novo indicador criado pela BCG para medir os custos de produção da indústria em cada país.
Ele mostra que enquanto em 2004 os custos da indústria brasileira eram 3% menores que os da indústria americana, hoje são 23% maiores.
Com isso, estariam hoje no mesmo patamar da indústria italiana e belga e só seriam mais baixos que os de fabricantes australianos, suíços e franceses.

Quatro fatores

Para analisar a competitividade das empresas, o BCG considera principalmente quatro fatores: os níveis salariais dos trabalhadores, o preço da energia, os índices de produtividade em cada país e as taxas de câmbio.
Segundo a consultoria, mudanças nesses fatores alteraram de forma drástica as estruturas de custo das indústrias na maior parte dos países analisados e a capacidade de elas competirem no mercado internacional.
Ou seja, países que antes eram considerados caros, hoje estão relativamente baratos e vice versa.
O Brasil é classificado como um dos países em que as empresas estão "sob pressão", juntamente com Rússia, China, Polônia e República Checa.
"O Brasil perdeu terreno em todas as dimensões", diz o BCG, que atribui a "perda substancial de competitividade" da indústria brasileira ao fato do aumento de custos e apreciação cambial não terem sido acompanhados por uma alta da produtividade do trabalhador brasileiro.
O BCG destaca que, de 2004 a 2014, os salários quase que dobraram no Brasil e houve uma valorização de 20% do real em relação ao dólar.
No mesmo período, o preço da eletricidade no país também teria subido por volta de 90% e o do gás natural, 60%, enquanto a produtividade dos trabalhadores cresceu apenas 3%.
"No Brasil, o ponto mais crítico parece mesmo ser a falta de avanços substanciais na questão da produtividade na última década", disse à BBC Brasil Justin Rose, sócio e diretor da BCG.
Para ele, a pesquisa reforça a necessidade urgente do setor privado do país trabalhar em conjunto com orgãos públicos para reverter essa tendência, ampliando a capacidade da indústria brasileira atrair investimentos e ganhar espaço no mercado internacional.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Medir o êxito de um país pelo PIB ainda faz sentido?

Atualizado em  20 de abril, 2014 - 08:44 (Brasília) 11:44 GMT

Reuters
Rápido crescimento econômico não significa, necessariamente, mais qualidade de vida
Principal indicador econômico há quase um século, seria o PIB (Produto Interno Bruto) a melhor forma de medir o êxito de um país?
Uma conhecida crítica ao PIB diz que ele "mede tudo, exceto aquilo que faz a vida valer a pena". A frase ficou famosa com a declaração de um integrante de um dos principais clãs políticos americanos, o ex-senador Bobby Kennedy, em 1968.
Em outras palavras, o PIB - que nasceu nos anos da Grande Depressão (anos 1930) e da Segunda Guerra (1939-1945) para mensurar o tamanho e a riqueza de uma economia - está irremediavelmente viciado como uma medida do bem-estar humano. E cada vez mais ele é questionado.
A ONG Social Progress Imperative, liderada pelo economista Michael Porter, da Universidade de Harvard, sugere uma revisão do índice. Não se trata de enterrar de vez o PIB, mas de complementá-lo com um índice que mede tudo, menos o rendimento econômico.
"Se você eliminar os indicadores econômicos", diz Michael Green, diretor executivo do grupo, é possível "ver a relação entre o progresso econômico e social e entendê-lo muito melhor".

Medindo o progresso social

Green, que por muitos anos estudou o desenvolvimento internacional, propôs no Fórum Econômico Mundial um novo índice, juntamente como o diretor do escritório americano da revista britânica The Economist, Matthew Bishop.
O mecanismo em questão é o Índice de Progresso Social (SPI, na sigla em inglês), que começou colhendo informações de 54 diferentes indicadores de bem-estar, tais como o acesso às escolas, cuidados de saúde, um meio ambiente limpo, saneamento e nutrição.
Em termos gerais, todos giram em torno de três perguntas:
1. O país pode prover as necessidades mais básicas de seus habitantes?
2. Foram dadas as bases de sustentação para que pessoas e comunidades consigam melhorar seu bem-estar de forma sustentável?
3. Existem oportunidades para que todos os indivíduos consigam alcançar seu máximo potencial?
SPI
Quanto mais escuro um país no mapa, maior seu progresso social
Não há muita surpresa no topo da lista que engloba 132 países. As primeiras dez posições são ocupadas por todos os países nórdicos, além de democracias liberais, como Nova Zelândia, Austrália e Canadá.
Em seguida, no segundo nível da tabela, estão cinco membros do G7: Alemanha, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e França.
O ponto forte do Japão, por exemplo, está no fato de o país conseguir prover as necessidades básicas de seus cidadãos. O país, no entanto, fica abaixo da média de bem-estar e oportunidades e tem baixa pontuação no quesito tolerância e inclusão.
Já os Estados Unidos ocupam a posição 23 na categoria de provimento de necessidades básicas, más é o quinto país quando se fala em oferecer oportunidades. Apesar de ser o país que mais gasta com atenção médica no mundo, os Estados Unidos também não se saíram bem na categoria esperança de vida.
O Brasil, por sua vez, está na posição 46 entre os 132 países. Quando comparado a outros países de renda per capita semelhante (como Irã, África do Sul, Sérvia, Venezuela, Argentina, Tailândia, entre outros), o país se sai melhor em quesitos como liberdade de expressão, tolerância e acesso à saúde básica, mas vai pior nos rankings de violência, saneamento e acesso ao esnino universitário.
Getty Images
A violência elevada no Brasil reduz o progresso social do país, aponta o novo índice

Primavera árabe

Ainda que boa parte da informação coletada ainda precise ser processada para que se extraiam conclusões mais significativas, o índice já nos dá algumas lições interessantes sobre a distinção entre estruturas econômicas e sociais.
"Tomemos como exemplo a primavera árabe", diz Green. "Há um grupo de países que estavam indo muito bem economicamente e, de repente, ocorre um colapso social", argumenta.
"Claramente uma política baseada apenas no crescimento econômico não funcionou, a ponto de gerar uma anomia social", diz.
Mas é só passar o olho no índice SPI para ver que esse descontentamento poderia ter sido previsto.
"Todos os países da África do Norte tem um desempenho muito ruim na categoria oportunidades", avalia Green.
"Não se travam precisamente de necessidades materiais, mas sim a oportunidade de avançar na vida: direitos, liberdades, opções, tolerância e inclusão", dzi.
"Liberdade", disse uma vez o líder trabalhista inglês Nye Bevan, "é o subproduto do excedente econômico". O índice SPI, no entanto, contradiz parcialmente essa teoria.
AFP
Apesar do crescimento econômico, falta liberdade em países como o Egito
Ainda que SPI mostre que a pobreza extrema e o desempenho social deficiente caminhem de mãos dadas, a correlação perde o sentido quando os países alcançam um determinado nível de prosperidade.
A parte de baixo da tabela está dominada por economias em aperto, mas países ricos em petróleo como Rússia e Arábia Saudita também tem desempenho muito precário em termos de desenvolvimento social.
Nova Zelândia e Itália, que estão próximas em termos de PIB, estão separadas por 29 posições na tabela do SPI.

'Destino'

Em outras palavras, para Green "o PIB não é o destino". Já houve várias tentativas de complementar ou substituir o PIB. A ONU, por exemplo, desenvolveu o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano.
Recentemente, um ex-alto-funcionário britânico, Gus O'Donnell, publicou um relatório sobre bem-estar e política, investigando os principais motores econômicos, sociais e pessoais da felicidade.
O ponto forte do SPI, segundo Green, é a diversidade de indicadores que leva em consideração e o fato de que todos eles, da tolerância religiosa ao abastecimento elétrico, podem ser comparados com o crescimento do PIB.
Analisar dentro do SPI os indicadores que têm relação com o aumento da felicidade poderia dar pistas sobre o desenvolvimento das nações.

Paraguai

Mas nem todos estão de acordo com a ideia de que o PIB não mede o bem-estar. Nick Oulton, da London School of Economics, argumenta que o crescimento econômico pode ser uma boa medida de bem-estar de um país.
"Não vai resolver todos os problemas, mas o aumento da riqueza pode levar à queda na mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida e a que as pessoas sejam mais saudáveis porque podem comer mais", diz.
Oulton vai além e diz que há o risco de o grupo dos anti-PIB de "incitar políticas intrusivas". É como se estivessem dizendo: "Você acha que sabe o que é o melhor para você, mas nós sabemos mais".
Em última instância, o êxito do SPI será medido por sua influência na tomada de decisões políticas.
Algum países já estão tomando nota. Em julho do ano passado o Paraguai se tornou o primeiro país a usar oficialmente o SPI para fundamentar a tomada de decisões políticas.
Mas a real utilidade do SPI vai se dar quando se puder compará-lo com outros dados. Comparar o SPI e os gastos públicos, por exemplo, pode ajudar a resolver o debate sobre o Estado mínimo ou o Estado grande.
Outra prova da utilidade seria a medição da desiguladade da renda em comparação ao progresso social para comprovar a "hipótese da desiguladade": Mais igualdade de renda significa mais saúde e felicidade?
Adote-se o SPI ou não, uma coisa e certa: já é um avanço o fato de o SIP estar disponível e ser possível fazer experiências com as informações.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Descoberto o 1º exoplaneta do tamanho da Terra em zona habitável

France Presse
17/04/2014 15h25 - Atualizado em 17/04/2014 18h53

Kepler-186f orbita estrela anã a cerca de 500 anos-luz da Terra.

Sua distância do astro permite que tenha água em estado líquido.

Do G1, em São Paulo
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Ilustração mostra como seria o planeta Kepler-186f (Foto: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech)Ilustração mostra como seria o planeta Kepler-186f (Foto: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech)
Cientistas anunciaram a descoberta do primeiro planeta fora do Sistema Solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode existir água em estado líquido, o que, em tese, o torna habitável.
O exoplaneta, denominado Kepler-186f, foi identificado por pesquisadores da Nasa usando o telescópio Kepler, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (17) na revista científica "Science".
"A intensidade e o espectro da radiação do Kepler-186f o colocam na zona estelar habitável, implicando que, se ele tiver uma atmosfera como a da Terra, então uma parte de sua água provavelmente está em forma líquida", diz o estudo. O telescópio Kepler permite identificar planetas em sistemas distantes medindo a quantidade de luz que eles bloqueiam quando passam na frente das estrelas que orbitam, ou seja, o equipamento não "enxerga" o planeta diretamente.
O Kepler-186f, que orbita a estrela anã Kepler-186, fica na constelação do Cisne, a cerca de 500 anos-luz da Terra. Ele é o quinto e mais afastado de um sistema de cinco planetas, todos com tamanho parecido com o da Terra.
"É extremamente difícil detectar e confirmar planetas do tamanho da Terra, e agora que encontramos um, queremos encontrar mais", disse em uma teleconferência Elisa Quintana, pesquisadora do Instituto para a Busca de Inteligência Extraterrestre (SETI).
Descobertas do Kepler
Em fevereiro, a agência espacial americana anunciou que o telescópio Kepler, que orbita a 149,5 milhões de quilômetros da Terra há cinco anos, tinha acrescentado 715 exoplanetas à lista de mil corpos que orbitam estrelas a uma distância que torna possível a existência de água e, portanto, de vida.
A busca de planetas similares à Terra é uma das maiores aventuras na pesquisa espacial, e embora já tenham sido detectadas centenas de planetas do tamanho do nosso e outros menores, eles circulam em órbitas próximas demais de suas estrelas para que haja água líquida em sua superfície.
Ilustração da Nasa mostra comparação entre a Terra e o Kepler-186f (Foto: Nasa)Ilustração da Nasa mostra comparação entre a Terra e o Kepler-186f (Foto: Nasa)

'Economist': Trabalhador brasileiro precisa sair de 'letargia' para economia crescer

Atualizado em  17 de abril, 2014 - 05:33 (Brasília) 08:33 GMT

Operários em obra em São Paulo (Reuters)
Atrasos frequentes evidenciam a baixa produtividade que emperra o crescimento brasileiro
Filas, tráfego, prazos descumpridos e atrasos de todo o tipo são parte do cotidiano brasileiro. Isso também é uma mostra, segundo a edição desta semana da revista britânica The Economist, da baixa produtividade do trabalhador brasileiro, que acaba por segurar o crescimento da economia.
A produtividade do trabalhador brasileiro está estagnada há mais de 50 anos e o país precisa ser mais ágil e mais produtivo para voltar a crescer, segundo o texto, cujo título é "50 anos de soneca".
A reportagem, ilustrada com a foto de uma pessoa descansando em uma rede na praia, aponta, entre outros fatores para a baixa produtividade, o que diz serem traços culturais do brasileiro.
"Poucas culturas oferecem uma receita melhor para curtir a vida", afirma a revista, após citar empresários que relataram ter enfrentado dificuldades para contratar funcionários.
Um deles, segundo a Economist, teria contratado 20 trabalhadores temporários para atuar em suas barracas de fast-food no festival Lollapalloza, em São Paulo, mas apenas dez apareceram.

Economias emergentes

A Economist lembra que o fator de produtividade no Brasil, que mede a eficiência do trabalho e do capital, é hoje pior do que a dos anos 1960. O semanário também compara o país a outras economias emergentes.
Enquanto a produtividade do trabalho foi responsável por 91% da expansão do PIB chinês entre 1990 e 2012, e 67% do PIB indiano, no Brasil esse índice foi de apenas 40%, segundo estudo da consultoria McKinsey.
"O restante (do crescimento) veio da expansão da força de trabalho, como resultado de uma demografia favorável, da formalização e do baixo desemprego. Tudo isso vai desacelerar a 1% ao ano (de crescimento) na próxima década", diz uma fonte ouvida pela revista.
"Para a economia crescer mais rápido, a um ritmo de 2% ao ano, os brasileiros precisarão ser mais produtivos", conclui.
Entre outras razões listadas pela revista para explicar a baixa produtividade do país estão os poucos investimentos em infraestrutura e a educação de baixa qualidade, problemas já conhecidos.
A revista também cita o mau gerenciamento e a ineficiência de muitas empresas - muitas delas acostumadas ao protecionismo do Estado.
"Ao invés de quebrarem, empresas frágeis sobrevivem graças a várias formas de proteção estatal, que acaba protegendo-as da competição", diz a revista.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Independência energética dos EUA tem potencial para mudar o mundo

Richard Anderson

Atualizado em  4 de abril, 2014 - 06:36 (Brasília) 09:36 GMT
Produção de gás de xisto nos EUA (Getty)
Com a produção de gás e petróleo de xisto, os Estados Unidos podem se tornar autosuficientes até 2035
O Santo Graal dos presidentes americanos ao longo das últimas quatro décadas, de Richard Nixon a Barack Obama, têm sido a independência energética - e, graças ao gás e petróleo de xisto, esse sonho pode se tornar realidade em breve.
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e a petrolífera BP acreditam nisso e prevêem que os Estados Unidos obterá essa independência em 2035.
Obama também faz essa aposta. "Depois de falarmos nisso durante anos, finalmente estamos preparados para controlar o nosso futuro energético", disse ele em um discurso no ano passado.
O país não parará de importar energia da noite para o dia, mas ser autossuficiente gera grandes implicações não só para os Estados Unidos, mas também para o resto do mundo. Veja a seguir quais seriam algumas dessas implicações.

Economia americana

No ano passado, os Estados Unidos gastaram US$ 300 bilhões na importação de petróleo. Isso representa quase dois terços de todo o déficit comercial anual do país. Essas importações estão sugando centenas de bilhões de dólares por ano da economia americana.
Como diz a IEA, um déficit persistente pode desacelerar o crescimento econômico, da manufatura e do emprego.
Se forem independentes nessa questão, os Estados Unidos não só gastariam bem menos com energia mais barata que é gerada no próprio país, como também usaria o dinheiro gasto atualmente com produtores americanos.

Indústria americana

A independência viria apenas com o gás e petróleo de xistos em abundância e baratos. Isso pode levar os Estados Unidos a uma era de ouro na manufatura.
Os preços da energia americana são menores que os da Europa e do Japão. Isso, junto com os salários em alta na China e o aumento da produtividade de fábricas dos Estados Unidos, faz com que empresas americanas estejam analisando trazer - algumas já o fazem - sua produção de volta ao país.
Entre 2010 e março de 2013, foram anunciados quase cem projetos da indústria química no país, avaliados em US$ 72 bilhões, de acordo com o Conselho Americano de Química.
Produtos da Apple (Reuters)
Várias empresas, como a Apple, abrirão novas fábricas nos Estados Unidos
Várias companhias, como Dow Chemical, General Electric, Ford, BASF e Caterpillar, anunciaram investimentos de centenas de milhões de dólares em novas fábricas ou na reabertura de instalações que haviam sido fechadas. Até a Apple anunciou uma nova fábrica no Estado do Arizona uma década depois de ter fechado sua última fábrica no país.
Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers estima que um milhão de postos de trabalho podem ser criados até 2025 graças à energia mais barata e a demanda por gás e petróleo de xisto. Uma análise feita pelo Boston Consulting Group aponta um grande aumento das exportações de produtos manufaturados.
Qualquer aumento da manufatura levaria obviamente a um crescimento econômico ainda maior. Na verdade, os benefícios já podem ser sentidos - muitos economistas dizem que a energia mais barata foi um dos motivos pelos quais o desempenho da economia americana superou as expectativas nos últimos anos.

Indústria europeia

Há quatro anos, os preços de gás na Europa eram quase os mesmos do que nos Estados Unidos. Hoje, estão três vezes mais altos, e a IEA prevê que ainda serão duas vezes mais caros em 2035.
Para o próximo ano, o Boston Consulting Group espera que os Estados Unidos tenha uma vantagem no custo de exportação entre 5% e 25% em comparação com Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão em uma série de indústrias, inclusive de plástico e borracha.
Algumas empresas europeias estão até mesmo pensando em investir pesado nos Estados Unidos. A anglo-holandesa Shell anunciou uma nova fábrica na Appalachia, uma região rica em gás. A francesa Vallourec investiu recentemente mais de US$ 1 bilhão em uma nova fábrica em Ohio, enquanto o grupo alemão de aço Voestalpine está investindo US$ 750 milhões em uma nova fábrica no Texas.
Isso não passou despercebido pelos políticos europeus.
No ano passado, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, anunciou que "todos os líderes estão cientes de que energia acessível e sustentável é muito importante para manter indústrias e empregos na Europa".
"A indústria encontra dificuldades para competir com empresas estrangeiras que pagam a metade do preço pela eletricidade, como nos Estados Unidos", disse Van Rompuy.
A Comissão Europeia falou até mesmo na "desindustrialização da Europa" por causa dos altos preços da energia.

Exportadores de petróleo

Vários países exportam grandes quantidades de petróleo para os Estados Unidos. Essas exportações desapareceriam com a independência energética americana. O impacto nessas economias, especialmente nas da América do Sul, da África e do Oriente Médio, seriam significativos.
Em 2011, por exemplo, as exportações de petróleo do Equador para os Estados Unidos foram de cerca de US$ 6,5 bilhões, ou 8% do PIB do país. Na Colômbia, chega a 7%.
Até mesmo o Canadá, membro do G7, sentiria o golpe. É válido ressaltar de novo, no entanto, que essa perda não viria de uma hora para outra.
Mas não é só a exportação para os Estados Unidos que seriam prejudicadas. O país é hoje o maior importador de petróleo, então, se não mais o comprasse, o seu preço inevitavelmente cairia. Isso prejudicaria produtores de petróleo.

Geopolítica e o Oriente Médio

Com a independência energética assegurada, o interesse americano no petróleo do Oriente Médio seria reduzido.
Muito disso depende do quanto a importação de petróleo é importante para a política externa dos Estados Unidos, mas alguns analistas têm comparado a política americana na Síria, um produtor de petróleo relativamente pequeno, com a sua política no Iraque, um dos maiores produtores do mundo.
Basta olhar a reação da Europa à movimentação russa na Crimeia para ver o quanto a segurança energética está interligada à política externa.
Com a Rússia provendo cerca de um terço da energia da Europa, as mãos dos líderes europeus estão, em grande parte, atadas.

Meio ambiente

As emissões de carbono nos Estados Unidos vêm caindo desde 2008, com exceção de 2010, quando houve um pequeno aumento, e agora voltaram aos níveis de meados dos anos 1990.
Energia eólica (BBC)
Investimento em energia renovável pode cair
A razão é o grande aumento no uso de xisto, que responde por um terço da produção de gás americana e quase um quarto da produção de petróleo - isso leva a um menor uso de carvão, que é considerado mais poluente.
Isso pode ser bom para os Estados Unidos, mas não para a Europa, que tem aumento sua importação do carvão barato dos Estados Unidos.
Ambientalistas tem uma outra razão para estarem preocupados com o aumento do uso dos derivados de xisto: eles podem ser menos poluentes que o carvão, mas são mais poluentes que fontes renováveis como vento e energia solar.
Se a dependência americana do xisto continuar a aumentar e o investimento em energia renovável for reduzido como resultado disso, as emissões a longo prazo serão maiores do que se previa.
Também é importante lembrar que o petróleo e gás de xisto são combustíveis fósseis que se esgotarão. Se os Estados Unidos pretende perpetuar sua independência em energia, será preciso usar energia renovável para esse objetivo.