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quarta-feira, 25 de março de 2015

Influência da China está prestes a aumentar em meio a oposição dos EUA a novo banco


Bloomberg
Bloomberg News
25/03/201512h47

(Bloomberg) -- Sete décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial, a arquitetura econômica internacional criada pelos EUA enfrenta seu maior abalo, com a China estabelecendo novos canais de influência para conciliar suas ambições.

Três instituições credoras com pelo menos US$ 190 bilhões estão ganhando forma sob a liderança da China, uma delas informalmente chamada de Plano Marshall -- em referência ao programa dos EUA no pós-guerra para reconstruir uma Europa empobrecida --. Também neste ano, o yuan da China poderá ganhar a bênção do FMI como uma moeda oficial de reserva, um reconhecimento ao seu uso crescente no comércio e nas finanças.

A influência da China vem se expandindo há décadas. O rápido crescimento permitiu que o país abocanhasse uma fatia cada vez maior dos recursos mundiais, suas exportações penetraram os mercados globais e seus enormes ativos financeiros lhe deram poder para realizar grandes investimentos e aquisições individuais. Agora, a criação de instituições internacionais de crédito está catapultando essa influência econômica para mais perto das arenas política e diplomática, em um momento em que os aliados dos EUA desafiam o país a apoiar a iniciativa da China.

"Este é o início de uma importância maior da China na cena global", disse Jim O'Neill, ex-economista-chefe do Goldman Sachs Group Inc. no Reino Unido que cunhou o termo Bric em 2001 para ressaltar o poder econômico crescente do Brasil, Rússia, Índia e China.

Visão de poder

A visão do presidente chinês, Xi Jinping, de alcançar o mesmo status de grande potência dos EUA recebeu um grande impulso neste mês quando o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Itália aderiram ao Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês). O banco terá um capital autorizado de US$ 100 bilhões e fundo inicial de cerca de US$ 50 bilhões.

O Canadá está pensando em entrar, o que deixaria os EUA e o Japão como os únicos recalcitrantes do Grupo dos Sete, porque os dois países questionam os padrões de governança e ambientais da instituição. O gabinete do primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, também aprovou as negociações de ingresso, segundo um membro do governo que pediu anonimato porque a decisão não foi tornada pública.

As novas instituições financiadas pela China -- o banco de infraestrutura, um banco de desenvolvimento de US$ 50 bilhões em conjunto com os países Brics e um fundo de US$ 40 bilhões para reativar a antiga Rota da Seda -- estão sendo criadas após anos de tentativas frustradas da China e de outros países emergentes para reformular as instituições financeiras internacionais existentes para que refletissem melhor o formato da economia global.

US$ 4 tri

Em relação ao novo banco de infraestrutura, o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob J. Lew, disse a parlamentares americanos, na semana passada, que a preocupação do governo é que a instituição não respeite os mesmos padrões de outras instituições financeiras internacionais.

Parte do impulso de desenvolvimento internacional da China tem origem em seus próprios interesses econômicos. Com a maior parte dos quase US$ 4 trilhões em reservas estrangeiras do país rendendo pouco, "eles enxergam isso como uma oportunidade de melhorar sua taxa de retorno em relação aos títulos do Tesouro", disse Nicholas Lardy, que estudou a China por mais de três décadas e é pesquisador sênior do Peterson Institute for International Economics em Washington.

Fazer as instituições funcionarem de forma bem-sucedida será mais difícil do que criá-las, disse George Magnus, assessor econômico independente sênior do UBS Group AG em Londres. Auditorias recentes de vários empreendimentos chineses no exterior "exibiram um catálogo de distribuição ruim, desperdício, má administração e padrões comerciais e retornos frágeis", disse ele.

Lardy, do instituto Peterson, disse que essas preocupações são exageradas e que a China provavelmente praticará padrões elevados. "Eles querem ter sucesso nisso", disse ele. "Eles não querem jogar US$ 50 bilhões de suas reservas pelo ralo financiando projetos com um alto grau de corrupção".

Título em inglês: China's Influence Set to Climb as U.S. Thwarted on New Bank

Para entrar em contato com a equipe da Bloomberg News: Kevin Hamlin, em Pequim, khamlin@bloomberg.net.


Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2015/03/25/influencia-da-china-esta-prestes-a-aumentar-em-meio-a-oposicao-dos-eua-a-novo-banco.htm

terça-feira, 24 de março de 2015

Para o HSBC, seis graus de separação explicam desaceleração do comércio internacional

Bloomberg
Simon Kennedy
24/03/201510h33

(Bloomberg) -- A economia mundial está sofrendo com os "seis graus de separação".

Essa é a conclusão dos economistas Stephen King e James Pomeroy, do HSBC Holdings Plc, depois de investigarem a desaceleração do comércio global desde a crise financeira de 2008.

Após ampliar-se a um ritmo quase duas vezes maior que o do crescimento econômico no período que antecedeu a crise e cerca de três vezes sua taxa no período imediatamente posterior, o comércio agora mal supera a expansão mesmo em um momento em que o volume de comércio continua estabelecendo novas altas.

Embora a demanda fraca seja culpada por boa parte da desaceleração, pelo menos metade dela é resultado das mudanças estruturais que desgastaram os laços entre os países e podem atrasar a economia mundial, segundo o HSBC.

Um ambiente como esse reflete uma inversão em relação aos anos pré-crise, quando o nascimento da internet, o uso de navios de contêineres e a proliferação dos acordos de livre comércio estavam entre os fatores que empurravam as exportações para cima.

Para explicar a reversão, os economistas do HSBC se concentraram em seis explicações sobre por que o mundo já não está tão conectado quanto antes.

Em primeiro lugar, as cadeias de abastecimento vêm sendo interrompidas por riscos ambientais, como o tsunami no Japão, ameaças geopolíticas e ganhos salariais mais rápidos em mercados emergentes antes baratos, segundo King e Pomeroy. Frente a essas tendências, empresas como a Caterpillar Inc., nos EUA, chegaram até a repatriar produção.

Segundo, alguns países em desenvolvimento, como a China, agora também são capazes de fornecer os próprios insumos que suas indústrias manufatureiras antes importavam, segundo o HSBC.

Protecionismo crescente

O protecionismo também está aumentando, principalmente na forma de barreiras comerciais além das tarifas tradicionais, como padrões regulatórios para bens manufaturados.

Uma quarta razão estrutural para o comércio exterior fraco é que os serviços agora respondem por uma fatia maior da atividade econômica e são menos facilmente comercializáveis que as mercadorias.

O acesso ao financiamento ao comércio exterior também pode ser um desafio, segundo o HSBC, em um momento em que alguns governos implementaram requisitos de compra que favorecem produtores locais. A legislação de 2009 nos EUA, por exemplo, continha uma disposição "Buy America" que, entre outras coisas, exigia que os projetos de infraestrutura de transporte do governo fossem construídos com produtos fabricados nos EUA.

Há algumas razões para que o HSBC pense que o comércio exterior poderá melhorar. Acordos comerciais como a Parceria Trans-Pacífico, formada por 12 países, podem ser fechados, enquanto os mercados emergentes deverão efetuar mais trocas comerciais entre si à medida que suas economias se modernizarem.

No momento, King, que é o economista-chefe global do HSBC, está preocupado. "O crescimento do comércio internacional é notavelmente fraco", disse ele em uma apresentação. "Estão surgindo algumas mudanças estruturais".

Título em inglês: Six Degrees of Separation Explain the Global Trade Pain to HSBC

Para entrar em contato com o repórter: Simon Kennedy, em Paris, skennedy4@bloomberg.net.


Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2015/03/24/para-o-hsbc-seis-graus-de-separacao-explicam-desaceleracao-do-comercio-internacional.htm

segunda-feira, 23 de março de 2015

Por que os bancos brasileiros lucram tanto?


Ruth Costas

Da BBC Brasil em São Paulo

Credito: Thinkstock

Consultoria afirma que rentabilidade de bancos brasileiros foi o dobro da dos bancos americanos
Quando a economia brasileira vai bem, os bancos vão bem. Quando a economia vai mal… bem, ao menos alguns bancos parecem ir melhor ainda.

Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).

Foram considerados no levantamento os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões. Apenas o Banco do Brasil teve queda de rentabilidade em 2014 na comparação com 2013 (de 24% para 16,6%). O Itaú teve alta de 20% para 22,6%. O Bradesco, de 17% para 19,8%. E o Santander passou de 3,61% para 3,9%.

O Itaú teve ainda um aumento de seu lucro de 30,2% em 2014 – registrando o maior lucro da história dos bancos brasileiros de capital aberto segundo a Economatica (R$ 20,6 bilhões).

O lucro do Bradesco também se expandiu bastante – 25,6%. E isso em um momento em que consultorias econômicas estimam um crescimento próximo de zero para o PIB de 2014.

Diante desses números, não é de se estranhar que dos 54 bilionários brasileiros citados no último levantamento da revista Forbes, 13 estejam ligados ao setor bancário.

Mas afinal, o que faz os bancos terem resultados financeiros tão positivos no Brasil mesmo em meio a desaceleração econômica? E se o seu negócio principal é emprestar dinheiro não seria natural esperar resultados menos robustos em tempos de retração do crédito?

Resiliência


Analistas e entidades ligadas ao setor explicam essa resiliência com fatores de duas ordens.

De um lado, há os que enfatizam a solidez do sistema financeiro brasileiro, os ganhos de eficiência e avanços tecnológicos promovidos pelas empresas.

Uma das explicações para o lucro do Itaú, por exemplo, é que o banco teria conseguido melhorar a qualidade de sua carteira, cortando custos com inadimplência.
Credito: Wiki_commons
Itaú registrou maior lucro da história dos bancos brasileiro de capital aberto


Os avanços tecnológicos também estariam tornando as empresas mais competitivas e ajudando a reduzir despesas.

"É uma boa notícia que os bancos estejam apresentando bons resultados e demonstrem solidez em tempos de estagnação econômica, porque ninguém ganha com uma crise bancária", diz Ricardo Rocha, professor do Insper.

"Problemas no sistema financeiro tendem a agravar crises econômicas – e, se há contágio, no final todos pagam a conta."

Rocha lembra que nos anos 80 e 90, alguns bancos brasileiros quebraram ou tiveram de ser socorridos.

"Desde então, avançamos muito na regulação do setor e houve um movimento de consolidação desse mercado. Além disso, com tantos anos de instabilidade e inflação as empresas se tornaram mais resistentes, aprenderam a lidar com adversidades."

Juros altos


De outro lado, porém, há quem tenha uma visão mais crítica, chamando atenção para a importância de fatores como a alta dos juros e do spread bancário nesses bons resultados.

"Parte dos retornos dos bancos é garantida com aplicações financeiras que não são empréstimos a pessoas físicas ou empresas", diz o economista e professor da USP, Fernando Rugitsky.

"Se a Selic (taxa de juros básicas da economia) sobe, como tem acontecido, temos um aumento do piso de rendimento do mercado financeiro. Em última instância, se os bancos não conseguem emprestar seus recursos, podem aplicá-los em títulos do tesouro. Então quanto maior os juros pagos por esses títulos, mais os bancos ganham nesse tipo de operação."

Einar Rivero, da Economatica, diz que a diferença da taxa de juros básica de cada economia de fato ajuda a explicar a distância entre a rentabilidade de bancos americanos e brasileiros.

"No Brasil, as operações de curto prazo podem ser rentáveis e ao mesmo tempo ter uma liquidez elevada – e isso não ocorre em muitas partes do mundo", diz o economista Luiz Fernando de Paula, da Uerj.

Rocha, porém, diz que é mito dizer que os bancos sempre lucram com os juros altos. "Depende da situação, já que, por outro lado, a alta dos juros também tende a aumentar a inadimplência", opina.

Spreads


Segundo os bancos, o ambiente de negócios no Brasil - com altos impostos e risco de inadimplência relativamente elevado – é o que faz com que o spread bancário tenha de ser maior que o de outros países.

O spread, simplificando, é a diferença entre o que banco cobra para emprestar recursos e o que paga para tomá-los emprestado. É dele que a empresa tira o lucro, depois de pagar os impostos e cobrir os custos administrativos e ligados ao risco de inadimplência.

"Aqui não é raro o Judiciário entravar a execução de uma garantia pelo banco, por exemplo, o que faz com que o risco de fazer um empréstimo e não receber seja maior", exemplifica Rocha.

De Paula, porém, diz que o fato de esse mercado ser relativamente concentrado no Brasil também impulsiona as taxas cobradas pelos empréstimos.
Credito: Agencia Brasil
Bancários afirmam que, apesar de lucros, houve demissões no setor


"Os bancos procuram se precaver dos efeitos negativos da desaceleração da economia aumentando o spread bancário", diz o economista.

"O crédito não é como um produto de supermercado que o cliente escolhe na hora. São poucos bancos e há um índice de fidelização elevada – então não há muita resistência a elevação da taxa cobrada dos empréstimos ou mesmo das tarifas bancárias."

Em 2014, os juros bancários para as operações com pessoas físicas por exemplo, subiram 5,4 pontos percentuais, em média – três vezes mais que a alta da Selic no período (1,75 ponto porcentual). Já a taxa de captação dos bancos para operações desse tipo ficou praticamente estável.

Demissões


Curiosamente, entre as vozes mais críticas aos altos lucros dos bancos estão representantes de seus funcionários.

Os sindicalistas reclamam, por exemplo, que, apesar dos ganhos extraordinários, o setor demitiu no ano passado.

"Só a ganância explica isso. Houve um fechamento de 5 mil vagas e cada vez mais há uma sobrecarga de trabalho entre os empregados do setor porque as empresas querem reduzir suas despesas cortando a folha salarial", critica Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Moreira diz que, em alguns casos, há funcionários responsáveis por mais de 400 clientes.

Na busca por resultados, segundo a líder sindical, muitos seriam submetidos a metas abusivas e pressionados a vender para os clientes não os produtos e aplicações financeiras melhores para eles, mas sim o que dá mais retorno para o banco.

"Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social. Eles poderiam ter um lucro menor, se preocupando mais com o emprego ou cobrando juros menores. Não há porque as instituições financeiras brasileiras ganharem muito mais que as americanas", opina Moreira.

Magnus Ribas Apostólico, diretor de relações do trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nega que haja um corte de pessoal significativo no setor.

Ele diz que nos últimos anos o número de funcionários de bancos passou de 400 mil para 511 mil "mesmo considerando as mudanças tecnológicas – entre elas o avanço das operações eletrônicas."

Na sua versão as recentes demissões seriam um "pequeno ajuste".

"É difícil pensar que os trabalhadores estejam sobrecarregados", diz Apostólico.

"O setor bancário tem o maior índice de permanência dos funcionários em uma mesma empresa, depois do setor público. Isso não aconteceria se não oferecessem boas condições de trabalho e oportunidades de carreira."


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150323_bancos_lucros_ru

quinta-feira, 19 de março de 2015

O que torna o Estado brasileiro vulnerável à corrupção?


Alessandra Corrêa

De Winston-Salem (EUA) para a BBC Brasil
AFP

Manifestantes foram às ruas protestar contra a corrupção e alguns deles pediram o impeachment
A BBC Brasil conversou com três especialistas em Administração Pública, com experiência em diversos países, para entender o que torna o estado no Brasil vulnerável à corrupção.
Os cientistas políticos Matthew Taylor, pesquisador do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center, em Washington, e Daniel Gingerich, professor da Universidade da Virgínia, e o especialista em combate à corrupção Daniel Kaufmann, presidente do Natural Resource Governance Institute e ex-diretor do Banco Mundial, apontam seis problemas principais e possíveis soluções.

1. Financiamento político

Os analistas afirmam que um componente importante nos escândalos recentes no Brasil é o fato de estarem ligados ao financiamento de campanhas e despesas operacionais de partidos políticos.
Kaufmann observa que as eleições no Brasil estão entre as mais caras do mundo, com custo saltando de US$ 321 milhões em 2002 para US$ 3 bilhões em 2014.
"Os preços crescentes das campanhas eleitorais e a falta de reformas no sistema de financiamento são fatores determinantes de corrupção no Brasil", afirma.
Ele ressalta que mais de 95% do financiamento é feito por empresas e que as exigências de divulgação de dados sobre essas contribuições são limitadas.
Segundo Kaufman, é crucial avançar em reformas que permitam que apenas indivíduos, e não empresas, façam doações privadas para campanhas. Ele também cita outras medidas, como alocar mais recursos públicos, garantindo maior igualdade de condições aos candidatos, limitar gastos por candidatos, auditar a divulgação de informações financeiras de partidos e candidatos e impor sanções aos que não revelarem suas finanças. Também sugere que haja acesso igual e gratuito a tempo de rádio e TV para cada candidato.
Gingerich se diz receoso em relação a algumas propostas de adotar um sistema de financiamento exclusivamente público, proibindo indivíduos ou empresas de contribuir.
"Isso pode fazer com que parte do dinheiro que seria declarado às autoridades eleitorais não o seja mais, gerando aumento no caixa dois", diz.
Gingerich observa ainda que um sistema em que o dinheiro público é relacionado à fatia de votos ou tamanho da bancada de um partido só vai barrar a corrupção se houver monitoramento eficaz. Caso contrário, pode até agravar o problema. "Se um partido aceita dinheiro de fontes ilícitas para sua campanha e não é pego, sua fatia de votos vai aumentar nas próximas eleições e, consequentemente, sua parcela de financiamento", alerta.
Kaufmann ressalta que em países com sistemas de financiamento eleitoral bem-sucedidos, costuma haver duas maneiras de controlar as campanhas: limitando contribuições e limitando gastos.
Reuters
Eleições no Brasil estão entre as mais caras do mundo, segundo especialista
"A segunda é a mais eficiente, e não apenas limita quanto as campanhas podem gastar, mas também dá a impressão de garantir igualdade de oportunidades aos candidatos", afirma. Ele cita Bélgica, França, Irlanda, Polônia, Eslovênia, Áustria e Grã-Bretanha entre os países que adotaram esse sistema, com graus variados de sucesso.

2. Impunidade

A impunidade é outro fator citado por especialistas.
"O fato de a democracia brasileira não ter colocado um único político federal na cadeia até 2010 dá uma ideia do problema", diz Taylor, que é co-editor do livroCorrupção e Democracia no Brasil.
Para o analista, a solução passa por aumentar os "custos" de ser corrupto, fazendo com que os corruptos saibam que certamente terão de pagar por suas ações. "Os custos da corrupção são relativamente pequenos no Brasil. O fato de que cerca de um terço dos congressistas nos últimos 20 anos, não importa sob qual governo presidencial, não importa que partido esteja controlando o governo, estão implicados em casos criminais, mostra isso."
Segundo Taylor, esse cenário também cria uma espécie de "ciclo perverso", porque com a permanência de corruptos no Congresso, é menos provável que haja reformas para acabar com a impunidade.
Ele observa que houve avanços nas últimas décadas, com a criação da CGU (Controladoria-Geral da União) e o fortalecimento do Ministério Público, da Polícia Federal e do TCU (Tribunal de Contas da União), mas lembra que os tribunais continuam lentos e, muitas vezes, quando a investigação chega ao Judiciário, acaba "emperrando". "O paradoxo de todas essas instituições se fortalecendo é que isso deixa mais aparentes as fraquezas do Judiciário", afirma.
"Já vimos enormes ganhos institucionais no Brasil nos últimos 30 anos, enormes ganhos legislativos, em termos de novas leis para combater a corrupção. Se pudermos ver agora a condenação e a remoção dos corruptos do sistema político, o Brasil poderá entrar em um ciclo positivo", diz.
Taylor cita os Estados Unidos entre os países que conseguiram passar em relativamente pouco tempo de um estado altamente corrupto para uma realidade onde a corrupção foi reduzida.
"Os EUA eram terrivelmente corruptos na virada do século passado."
Thinkstock
Segundo Taylor, a mobilização da sociedade civil por reformas e o trabalho da imprensa para expor a corrupção estão entre os fatores que influenciaram as mudanças em seu país.

3.Transparência

Apesar de relativamente bem colocado em termos de transparência, quando comparado com outros países, o Brasil ainda tem espaço para avançar nesse campo, dizem os especialistas.
Entre as medidas que poderiam aumentar a transparência, Taylor cita o estabelecimento de algum tipo de ação voluntária em que parlamentares revelem detalhes sobre seus ganhos e bens.
O analista menciona ainda o Sistema de Freios e Contrapesos (ou controle mútuo entre os poderes) no Brasil. Ele observa que, por exemplo, há grande controle mútuo quando se pensa em Polícia Federal, CGU, TCU e Ministério Público.
No entanto, Taylor considera esse sistema muito centrado no Executivo, onde observa uma certa briga por poder. "Quanto mais houver controle mútuo, melhor. Mas o ideal seria que fosse dividido mais equilibradamente entre Judiciário, Legislativo e Executivo", diz.

4. Política local

Os especialistas ressaltam a importância histórica da política local no Brasil e como pode estar relacionada à corrupção.
Gingerich lembra que, historicamente, os municípios costumavam ser a unidade política fundamental e, ainda hoje, garantir o apoio de prefeitos, presidentes de associações de bairro e outros atores locais é crucial para o sucesso de políticos como governadores e deputados federais.
"Comprar seu apoio era caro, e geralmente exigia acesso a recursos do Estado."
Para Gingerich, a história de política de base organizada ao redor da compra de apoios locais fica mais evidente quando se observa o sistema eleitoral brasileiro, de representação proporcional de lista aberta, em que candidatos a cargos legislativos concorrem em Estados inteiros, em listas de partidos ou coalizões.
"Tudo isso torna as campanhas caras, os candidatos precisam pagar por cabos eleitorais, carro de som. Esse sistema cria maior demanda por recursos para pagar por esses apoios locais", diz Gingerich.
Taylor afirma que essas redes locais apoiam umas às outras e funcionam como "panelinhas", não necessariamente restritas a um partido, o que torna muito difícil removê-las. Para o analista, o primeiro passo para combater a corrupção nesse cenário seria remover os atores (corruptos) antes que ganhem maior relevância e ampliem sua área de atuação.
Outro passo seria mostrar que o fato de operarem em conjunto é arriscado, fazendo uso de leis de combate ao crime organizado.

5. Serviço público

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Para especialistas, cargos comissionados são um desafio
Segundo Gingerich, reduzir o número de indicados políticos para cargos públicos federais, destinando essas vagas para servidores concursados, poderia ser uma maneira de combater a corrupção.
"A maioria dos burocratas brasileiros são pessoas que passaram por concursos públicos, são profissionais, bem treinados, disciplinados e comprometidos com uma vida dedicada ao serviço público", ressalta.
"O desafio é que há milhares de cargos comissionados", diz. "Historicamente, essas posições são parte do processo de negociação de coalizões entre o partido do presidente e seus aliados. Não apenas no governo de Dilma Rousseff. Sempre foi assim."
Nesse cenário, observa Gingerich, muitos partidos brigam para conseguir posições que permitam maior controle sobre recursos e sobre contratos.
"Os partidos e seus líderes sabem que, uma vez garantido o acesso a essas posições, eles têm o poder da caneta. O que se traduz em dinheiro para o partido, seja em doações declaradas ao TSE, seja em caixa dois."

6. Corrupção zero

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Apesar de graves, os problemas de corrupção enfrentados pelo Brasil não são incomuns em comparação com outros países na região.
Argentina e México, por exemplo, também sofrem com partidos políticos envolvidos em esquemas de corrupção, afirma Gingerich. "Mas há, também, alguns casos excepcionais na região nos quais vale prestar atenção, como Chile, Uruguai e, em menor escala, Costa Rica, que conseguiram reduzir seus níveis de corrupção", destaca.
Kaufmann ressalta que, apesar dos esforços dos países, sempre haverá um pouco de corrupção. "Mesmo nos melhores países, como na Escandinávia, há casos individuais de corrupção de tempos em tempos", salienta.
Segundo Kaufmann, pode-se dividir os países em três grupos em relação ao nível de corrupção. Nos dois extremos, estão aqueles em que há baixo nível, com casos individuais, e aqueles em que o problema é endêmico.
"No meio, está o Brasil, entre os países em que a corrupção é sistêmica, mas possível de ser combatida", diz.
Gingerich diz que não recomendaria a um país tentar acabar completamente com a corrupção, já que os tipos de controles necessários para atingir essa meta poderiam gerar tanta ineficiência em termos de ações e gastos do governo que o resultado poderia ser pior que o problema.
"A corrupção é ruim porque reduz a eficiência dos gastos públicos. O dinheiro recolhido dos cidadãos por meio de impostos não é usado de maneira eficiente em serviços e bens públicos", afirma.
"Ao tentar reduzir a corrupção a zero, há o risco de que as ineficiências geradas imponham dificuldades ainda maiores aos cidadãos do que se tolerarmos um nível relativamente pequeno de corrupção."

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150319_brasil_corrupcao_vulneravel_ac

domingo, 15 de março de 2015

Fotos inéditas mostram nova ilha formada a partir de erupção no sul do Pacífico


15/03/2015 09h16 - Atualizado em 15/03/2015 09h22
BBC Brasil

Magma expelido por vulcão submarino no arquipélago de Tonga gerou uma nova formação rochosa; visitas não são recomendadas, porque local ainda é considerado instável.

Roland HughesBBC News
Nova ilha começou a ser formada a partir de erupção desde dezembro do ano passado (Foto: GP Orbassano/BBC)Nova ilha começou a ser formada a partir de erupção desde dezembro do ano passado (Foto: GP Orbassano/BBC)
Nesta semana, vieram à tona as primeiras fotografias de uma nova ilha que se formou no sul do oceano Pacífico, depois da erupção de um vulcão submarino no arquipélago polinésio de Tonga. Localizada a 45km a noroeste da capital, Nuku'alofa, a ilha tem atualmente 500 metros de comprimento e 250 metros de altura.
Ela começou a ser criada com o início da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai em dezembro passado. Foi a segunda vez que este vulcão entrou em erupção em cinco anos.
Gianpiero Orbassano, dono de um hotel na principal ilha de Tonga, foi até o local com amigos e registrou imagens da nova ilha. "É bastante sólida e alta. A superfície era quente", disse ele. "Me senti seguro. A única dificuldade foi sair do bote para subir na ilha."
Mas, por enquanto, o local é considerado muito instável e, por isso, não é recomendado visitá-lo.
Próximo às duas ilhas formadas a partir da erupção anterior, agora existe uma grande cratera circular. Hoje, no mesmo local, existe uma formação rochosa com uma cratera no centro.
Ilha está localizada no arquipélago de Tonga, no sul do oceano Pacífico (Foto: GP Orbassano/BBC)Ilha está localizada no arquipélago de Tonga, no sul do oceano Pacífico (Foto: CNES/Airbus/BBC)
Hoje, no mesmo local, existe uma formação rochosa com uma cratera no centro  (Foto: CNES/Airbus)Hoje, no mesmo local, existe uma formação rochosa com uma cratera no centro (Foto: CNES/Airbus/BBC)
Rochas amontoadas
Mary Lyn Fonua, editora do site de notícias Matangi Tonga, foi em um bote observar a erupção em janeiro.
"Ficamos a cerca de 700 metros do vulcão, e, quando se está tão próximo em um barco pequeno, pode ser bastante arriscado. É uma situação muito frágil. Não sabemos se a erupção de fato chegou ao fim", disse Fonua, que não pretende voltar ao local.
"Um vulcão submarino se comporta de forma diferente. Todo o gás em seu interior pode ser expelido para suas laterais. Mas foi fascinante testemunhar a criação de uma nova ilha."
Segundo Gianpiero Orbassano, que visitou a ilha, sua superfície ainda está quente. Visitas não são recomendadas, porque local ainda é considerado instável.
Para Matt Watson, especialista em perigos naturais da Universidade de Bristol, no Reino Unido, a superfície da ilha provavelmente é muito instável neste momento. "O material está solto e ainda não se consolidou", garante ele.
"A ilha foi formada pela fragmentação do magma. Por isso, é basicamente um amontoado de rochas. Para ir lá, teriam de me convencer com argumentos científicos sólidos. Do contrário, não iria."
Segundo Gianpiero Orbassano, que visitou a ilha, sua superfície ainda está quente (Foto: GP Orbassano/BBC)Segundo Gianpiero Orbassano, que visitou a ilha, sua superfície ainda está quente (Foto: GP Orbassano/BBC)








Fonte http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/03/fotos-ineditas-mostram-nova-ilha-formada-a-partir-de-erupcao-no-sul-do-pacifico.html

terça-feira, 3 de março de 2015

Os segredos dos CEOs de empresas para que as coisas sejam feitas


Katie Hope
Repórter de Negócios da BBC News

Crédito: Thinkstock
Executivos compartilham suas experiências na série especial da BBC "CEO Guru"

Conseguir que as coisas sejam feitas, no tempo e no lugar certos, pode ser um desafio para qualquer pessoa.


Mas quando você ocupa o cargo mais alto de uma empresa fazendo malabarismos para dar conta das múltiplas demandas que tem, é ainda mais difícil.

Para conduzir um negócio com êxito, os CEO (Chief Executive Officer) - presidentes executivos - devem ter muito claros seus objetivos. Mas também é necessário que não se distraiam quando chegarem perto de alcançá-los.

O segredo para se manter em dia com as responsabilidades sem ficar sobrecarregado inclui delegar o trabalho, fazer reuniões curtas e concentrar a carga de trabalho em períodos curtos, porém intensos.

Também é importante permanecer focado e manter um bom equilíbrio entre a vida privada e profissional, ou haverá muito risco de você 'explodir' por não conseguir dar conta de tudo.

A BBC perguntou a alguns dos líderes de empresas entre as mais importantes do mundo, quais são seus segredos para não se atrapalharem em meio a tantas incumbências.

Jeff Immelt, presidente da General Electric

"Você precisa realmente evoluir para um estado de espírito em que consiga assumir responsabilidade somente pelas coisas que estão ao seu alcance. Se uma pessoa só resolve carregar nos ombros todos os problemas do mundo, não terá muito futuro como CEO.

Crédito: AP
Para Jeff Immelt, é importante não tentar 'abraçar' todos os problemas e focar só no que estiver ao seu alcance


Se você começar a se preocupar com coisas como 'oh, Deus, o que eu vou fazer com essa economia francesa que está terrível agora?', você vai acabar preso em uma armadilha. Você não pode fazer nada a respeito da economia da França, então não se preocupe com isso. Você só pode ser responsável por coisas em que você realmente pode ter algum impacto – e se esqueça do resto."

Martin Gilbert, presidente da Aberdeen Asset Management

"Eu acredito que ou você pode delegar ou não pode, e todo o meu 'modus operandi' é conseguir fazer com que aquilo que eu tenho sobre a minha mesa vá parar na sala de outra pessoa mais rapidamente possível.

É uma política muito boa. Recomendo isso a qualquer chefe executivo. Simplesmente se disponha a mandar um email e delegue uma tarefa para outra pessoa sempre que for possível."

Frits van Paasschen, presidente da Starwood Hotels

"Para mim, trata-se de saber administrar seu tempo e garantir que você sempre mantenha reserva de energia. É muito difícil viajar por meio mundo, voar, visitar 10 hotéis e em seguida participar de uma reunião de negócios, fazendo tudo isso com a mesma energia. Então é muito importante cuidar de si mesmo e controlar o próprio ritmo.

Frits van Paasschen acredita que melhores resultados vêm quando se trabalha intensamente, mas em períodos breves


Eu não sou particularmente bom em dizer não. Se alguém sente que posso ajudar em qualquer outro lugar, meu primeiro impulso é ir para lá, mas existem situações em que, se eu tentar fazer muito além do que devo, meu desempenho naquilo que eu realmente tenho de fazer será prejudicado. "

John Mackey, presidente da Whole Foods

"Só podemos funcionar em um nível ótimo por uma hora e meia. Quer dizer, podemos fazer um trabalho intenso durante uns 90 minutos e logo teremos de fazer algo mais.

E se você consegue manter a concentração, vai se dar conta de que há algumas reuniões longas em que as pessoas começam a divagar, e sua atenção fica mais dispersa – é quando você chega nesse ponto em que o rendimento cai.

Você vai descobrir que pode fazer melhor seu trabalho desse jeito – trabalhando intensamente em períodos mais curtos, aqueles em que surgem as melhores ideias. Mas logo você vai precisar parar um pouco para se renovar."

Allan Zeman, fundador do Grupo Lan Kwai Fong

"O mais importante na vida é ter equilíbrio. Afinal de contas, ser gerente, estar constantemente sob pressão e só trabalhar o tempo inteiro não faz bem a ninguém. Você vai rapidamente se esgotar e ficar a ponto de explodir a qualquer momento.

Para Allan Zeman, o que mais um CEO precisa ter é equilíbrio entre vida pessoal e profissional


Os chineses têm um provérbio. Eles dizem 'yin yang'. É equilíbrio. Equilíbrio é tudo na vida. Então é preciso ter uma vida equilibrada. Vai te fazer mais forte nas coisas que precisa fazer e você vai fazê-las melhor.

Sempre acreditei que o exercício ajuda a limpar o corpo, ajuda a esvaziar a mente. Quanto mais você abusa do seu corpo, mais tensão você põe nele. Isso vai te impedir de fazer bons negócios, de ser uma boa pessoa. Por isso, eu sempre tento balancear as coisas que faço."

Paul Walsh, presidente da Compass e ex-presidente executivo da Diageo

"Todo mundo quer mudar sua agenda. Todo mundo quer um pedaço do seu tempo e todo mundo tenta te convencer de que o que tem para te dizer é mais importante do que aquilo que você está fazendo.

Crédito: BBC
Ter foco e priorizar o que é realmente importante, é o conselho de Paul Walsh


Eu acredito que é preciso ser incrivelmente centrado. É preciso ser muito fiel a alguns pontos básicos que você tem de perseguir sem descanso. Agora também não se trata de por uma camisa de força e ignorar questões que requerem sua atenção – mas é também não se permitir perder a cabeça por coisas triviais."

*Essa matéria se baseia em entrevistas realizadas pelo especialista em liderança, Steve Tappin, para a série da BBC "CEO Guru", produzida por Neil Koenig.
Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150303_segredos_ceo_empresas_rm