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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Carreira política de Joaquim Barbosa é incerta, dizem analistas


Atualizado em  29 de maio, 2014 - 19:45 (Brasília) 22:45 GMT
Joaquim Barbosa (Agência Brasil)
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, confirmou hoje que se desligará da corte em junho
Ao anunciar que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo mês, o atual presidente da corte, Joaquim Barbosa, voltou a alimentar especulações de que poderá se lançar na política.
Mesmo que opte por este caminho, Barbosa não poderá concorrer nas eleições de outubro, já que o prazo para que juízes deixassem seus postos para se candidatar no próximo pleito se encerrou em abril.
Ainda assim, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, o ministro deixará o Supremo com cacife para tentar cargos eletivos.
Para João Paulo Peixoto, cientista político da Universidade de Brasília (UnB), Barbosa conquistou grande popularidade "não só por sua atuação como juiz, mas pelo incorformismo que revela com o status quo atual das instituições brasileiras".
"Ele personifica esses protestos que estão na rua, é uma espécie de voz para tudo o que está errado", diz Peixoto.
Segundo o professor, caso pudesse disputar as eleições presidenciais em outubro, Barbosa teria boas chances de se eleger.
Seu eventual ingresso na política, porém, enfrentaria um importante obstáculo, segundo Peixoto: “Mesmo que isso não seja verdadeiro, poderia parecer que houve uma utilização política do julgamento do mensalão para projetá-lo".
A atuação de Barbosa no processo do mensalão – ou Ação Penal 470, um dos julgamentos mais emblemáticos na história do STF – dividiu opiniões.
Membros do PT e advogados dos réus disseram que ele conduziu o julgamento de modo autoritário e intransigente. Sua atuação no processo, porém, rendeu-lhe muitos elogios entre parte da opinião pública.

Falta de aptidão

Antonio Carlos Mazzeo, livre docente em Teoria Política pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que, apesar de sua popularidade, Barbosa não parece ter aptidão para a política.
"Em geral, uma das primeiras coisas que políticos precisam aprender é a navegar em águas revoltas, superar dificuldades negociando, flexibilizando posições", afirma Mazzeo.
No entanto, segundo o professor, Barbosa é bastante formal e parece pouco afeito a mediações políticas.
"Acho que ele tem dificuldade de trabalhar com divergências – isso é nítido, ele tem um viés autoritário e caudilhesco que transparece em suas posturas."
Ministros do STF (Agência Brasil)
Com saída de Barbosa, STF terá novo presidente
Para o cientista político e especialista em marketing eleitoral Antonio Lavareda, embora Barbosa tenha se tornado "uma das figuras políticas mais conhecidas e respeitadas do país com o processo do mensalão", ele não deve tentar uma carreira política tradicional.
"Poderia eventualmente ser candidato em outro contexto, como uma figura emblemática para a Vice-Presidência ou chamado para integrar um minisério, mas não vejo nele vocação para uma carreira política parlamentar ou no Executivo".
Já para Peixoto, da UnB, a "personalidade forte" de Barbosa não impediria seu sucesso na política.
"A própria presidente [Dilma Rousseff] não tem nenhum pendor político, no entanto, convive com a atividade, porque tem interlocutores para fazer isso. O Joaquim Barbosa poderia participar do sistema político sem necessariamente fazer a política miúda, porque teria para isso aliados e assessores".
Peixoto diz ainda que o ministro poderia mudar para se ajustar à política. "As pessoas mudam quando estão ocupando cargos. Ele teria a possibilidade de se adaptar porque demonstra idealismo e vontade de transformação muito grande.”

'Momento mais fecundo'

Barbosa confirmou nesta quinta-feira que deixará o STF no fim de junho para se aposentar.
"Tive a felicidade, a satisfação e alegria de compor esta corte no seu momento mais fecundo, de maior importância no cenário político-institucional do nosso país. Sinto-me deveras honrado de ter feito parte desse colegiado e ter convivido com diversas composições e, evidentente, com a atual composição”, ele disse aos demais ministros, na abertura de sessão da corte.
Marco Aurélio Mello (Agência Brasil)
Marco Aurélio Mello lamentou a saída de Barbosa
O ministro Marco Aurélio Mello, magistrado com mais tempo de casa presente na sessão, lamentou a saída de Barbosa. Disse, porém, compreender a decisão, "tomada pelo estado de saúde", segundo Mello.
Barbosa, de 59 anos, sofre de sacroileíte, uma inflamação nas articulações da região lombar que provoca forte dores e lhe impede de permanecer sentado por horas seguidas.
Pelas regras do STF, ele poderia permanecer no posto por mais 11 anos, até completar 70 anos.
Horas antes de seu anúncio no Supremo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) havia dito a jornalistas que Barbosa se aposentaria no próximo mês, após receber uma visita do ministro.
Barbosa também se reuniu pela manhã com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e com a presidente Dilma Rousseff.
Nomeado para o STF em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Barbosa foi o primeiro ministro tido como negro do STF e assumiu o comando da corte em novembro de 2012, em votação simbólica.
A tradição do Supremo recomenda que sua Presidência seja exercida pelo ministro que está há mais tempo na casa e que ainda não a tenha ocupado. Os mandatos duram dois anos.
Nascido em Paracatu (MG), Barbosa se formou em direito na Universidade de Brasília e fez mestrado e doutorado na Universidade de Paris-2.
É professor licenciado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autor de dois livros sobre Direito – um sobre o funcionamento do Supremo, editado na França, e outro sobre o efeito de ações afirmativas nos Estados Unidos.
Antes de ingressar na corte, o ministro ocupou diversos cargos na administração federal, entre os quais procurador da República, chefe da consultoria jurídica do Ministério da Saúde e oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, chegando, inclusive, a servir na embaixada do Brasil na Finlândia.



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140529_politica_joaquim_barbosa_rb.shtml

terça-feira, 27 de maio de 2014

Entenda por que a produtividade no Brasil não cresce


Ruth Costas
Atualizado em  27 de maio, 2014 - 06:04 (Brasília) 09:04 GMT
Fábrica em São Paulo (Reuters)
Produtividade não depende apenas do empenho e capacidade do trabalhador
Nos últimos anos, as empresas brasileiras aumentaram sua produção contratando mais gente. Agora que os índices de desemprego estão em patamares historicamente baixos, há certo consenso entre especialistas, empresários e integrantes do governo de que, para a economia voltar a crescer em ritmo acelerado, é preciso aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.

O que é produtividade?

Fernanda de Negri explica que produtividade é um conceito residual: trata-se de todo efeito sobre a produção que não pode ser explicado olhando-se para o aumento do número de trabalhadores (no caso do índice Produtividade do Trabalho) ou de trabalhadores e máquinas (no da Produtividade Total dos Fatores).
Simplificando, se uma empresa produz 100 sapatos em um mês e no seguinte consegue produzir 200 sem comprar novas máquinas nem contratar novos trabalhadores (ou pedir que seus funcionários façam horas-extras), teve um ganho de eficiência ou de "produtividade".
Pode ser porque os trabalhadores aprenderam a operar melhor suas máquinas. Ou porque houve uma simplificação burocrática no país em questão, que permitiu a empresa reformular seu quadro de pessoal, aumentando a proporção dos que trabalham diretamente na produção.
O fato de que vários fatores podem afetar a produtividade faz com que também sejam muitas as teses sobre como melhorar esse indicador.
"Pela primeira vez na nossa história falta mão de obra - o que nos obriga a aproveitar nossos trabalhadores de forma mais eficiente", diz Hélio Zylberstajn, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), explicando por que a "produtividade" virou a bola da vez do debate econômico.
"Até os anos 80, os índices de produtividade brasileiros cresceram relativamente rápido em função de uma mudança estrutural da economia", diz Fernanda de Negri, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). A população migrou para as cidades e começou a engrossar as fileiras de trabalhadores da indústria e serviços – setores cuja produtividade costuma ser maior que a do setor rural.
"A China está vivendo um processo semelhante, por isso, para eles é mais fácil aumentar a produtividade de sua economia enquanto para nós, que precisamos melhorar a performance dentro de cada setor, é mais difícil", acredita.
Dados da entidade americana de pesquisas Conference Board mostram que os funcionários de empresas brasileiras produziram em 2013 uma média de US$ 10,8 por hora trabalhada.
Trata-se da menor média entre países latino-americanos.
A chilena foi de US$ 20,8, a mexicana, de US$ 16,8, e a argentina, de US$ 13,9.

Cena de escritório (PA)
Empresas grandes têm de empregar centenas de funcionários só para pagar impostos
Além disso, a mesma entidade registrou um crescimento no índice de produtividade brasileiro de apenas 0,8% no ano passado, após uma queda de 0,4% em 2012.
Para se ter uma base de comparação, o índice chinês teve alta de 7,1%.
Produtividade do trabalho é um indicador que dá a medida da eficiência do trabalho em cada lugar.
Simplificando bastante, poderíamos dizer, por exemplo, que se no Brasil cada trabalhador produz 100 sapatos por mês e nos Estados Unidos, cada um produz 200, a produtividade no setor calçadista americano é o dobro da brasileira – embora na prática a questão seja muito mais complexa (leia quadros ao lado).
Então porque um trabalhador no Brasil produz menos que um nos Estados Unidos, no Chile, Coreia do Sul ou Espanha?
Estamos tomando cafezinho demais, ignorando prazos para entrega de resultados e trocando muita figurinha da Copa do Mundo na hora do trabalho?

Como se calcula produtividade

Há diversas formas de se calcular a produtividade de um país. Para começar é preciso diferenciar a Produtividade do Trabalho (PT) da Produtividade Total dos Fatores (PTF).
A primeira dá a medida da eficiência do trabalho. A segunda, de todos os fatores de produção - o que inclui, além do trabalho, os bens de capital (máquinas e equipamentos). Com isso pode-se diferenciar, em um aumento de produção, o que se deve a ganhos de eficiência e o que ocorre, por exemplo, por causa da compra de uma máquina.
Em geral, a produtividade do trabalho é calculada dividindo-se o PIB pela quantidade de pessoas ocupadas ou o total de horas trabalhadas (o que contabiliza os efeitos das horas extras). Já na PTF divide-se o PIB pelo resultado de uma função matemática que pondera o estoque de capital e a quantidade de trabalho.
A verdade é que as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil ainda são tema de um amplo debate.
A revista britânica Economist, por exemplo, causou polêmica no mês passado ao sugerir que o problema poderia ser atribuído também a fatores culturais.
"Poucas culturas oferecem uma receita melhor para curtir a vida", afirmou a publicação, citando um empresário estrangeiro que teria tido dificuldade para contratar profissionais comprometidos com o trabalho no Brasil.
Para o economista da Unicamp, Célio Hiratuka, a tese é "simplista e talvez até um pouco preconceituosa".
"Em termos de cultura gerencial, o Brasil não é tão diferente de outros países que têm produtividade mais elevada", opina.
De Negri concorda que as causas do problema são muito mais complexas. "A produtividade do trabalho não depende só da capacidade ou empenho do trabalhador", diz.
"Uma empresa que adquire máquinas mais modernas produzirá mais com o mesmo número de funcionários. Outra que precisa alocar muitos empregados para pagar impostos ou resolver questões burocráticas, será menos produtiva."
Para entender o que existe de relativo consenso sobre as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil a BBC entrevistou especialistas de diversas linhas teóricas. O resultado dessa enquete são os quatro fatores, listados abaixo. Confira:
É consenso que trabalhadores mais qualificados têm condições de produzir mais e melhor. E que investir em qualificação ajuda a garantir profissionais para uma produção de maior valor agregado.
Até aí, nenhuma novidade.
A questão é que, nos últimos anos, o Brasil avançou no que diz respeito a escolaridade da população sem que isso se refletisse em seus índices de produtividade.
"Na última década tivemos um aumento de dois anos na média de estudo dos trabalhadores formais, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)", diz De Negri.
"Trata-se de um aumento importante no estoque de conhecimento - por isso, é uma surpresa que os índices de produtividade não tenham respondido a isso."
Especialistas explicam tal descompasso com duas hipóteses.
A primeira estaria ligada à questão da qualidade da educação no país. O fato de quase 40% dos universitários brasileiros serem analfabetos funcionais (segundo o Instituto Paulo Montenegro) dá a medida do desafio que o Brasil tem pela frente nessa área.
A segunda hipótese se refere à suposta falta de alinhamento entre os conhecimentos que as escolas e universidades transmitem e o que as empresas precisam para produzir mais - problema que os economista definem como "brecha de habilidades".
Nessa linha, são muitos os que apontam a necessidade de mais cursos técnicos no país.
"No Brasil e em outros países da América Latina há um estigma em relação ao ensino técnico que precisa ser quebrado", diz Carmen Pagés, especialista em mercado de trabalho do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID).
"O governo até está se esforçando para expandir as vagas no ensino técnico por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), mas mais uma vez precisamos de uma avaliação séria desse programa para entender se o que é ensinado corresponde ao que as empresas precisam", diz Zylberstajn, que também defende a criação de esquemas de treinamento nas empresas.


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru.shtml



sábado, 24 de maio de 2014

As cinco estratégias favoritas dos ricos para sonegar impostos


Atualizado em  24 de maio, 2014 - 09:04 (Brasília) 12:04 GMT
Credit Suisse foi multado pelos EUA por evasão fiscal (Reuters)
Credit Suisse foi multado pelos EUA, acusado de ajudar milionários a sonegar impostos
A multa de mais de US$ 2,5 bilhões imposta ao banco Credit Suisse, acusado de ajudar milionários americanos a sonegar impostos, evidenciou uma trama complexa que envolvia advogados, banqueiros, contadores e contas secretas.
Empresários, esportistas, artistas endinheirados e funcionários do mercado financeiro estão entre as pessoas que pertencem a uma "elite" frequentemente acusada de não cumprir suas obrigações com o Fisco de seus respectivos países.
Estima-se que a evasão fiscal movimente um montante cinco vezes maior que a economia global, com impactos sobre a desigualdade social.
Um relatório calcula que as 91 mil pessoas mais ricas do planeta controlem um terço da riqueza mundial (e respondam pela metade dos depósitos em paraísos fiscais). Um total de 8,4 milhões de pessoas (0,14% da população mundial) concentra 51% da riqueza.
A evasão fiscal ajuda a aprofundar esse abismo.
Conheça as cinco formas comumente escolhidas por milionários para pagar menos:

1 - Subdeclarar impostos

O primeiro passo costuma ser declarar menos rendimentos do que os realmente obtidos.
Patrick Stevens, diretor de política fiscal do Chartered Institute of Taxation, órgão britânico que prepara funcionários da Receita do país, diz que isso ocorre em duas etapas.
"De um lado, a pessoa declara menos do que ganha. De outro, esconde a diferença, para que não seja encontrada pelo Fisco", disse à BBC Mundo.
E isso depende de uma rede profissional que, segundo críticos como James Henry, da Universidade de Colúmbia, virou parte estrutural do atual sistema financeiro.
"É uma indústria dedicada à evasão fiscal e à potencialização de ganhos financeiros", acusa.

2 - Registrar empresas em paraísos fiscais

No estudo The Price of Offshore Revisited (O preço dos paraísos fiscais, em tradução livre), James Henry calcula que haja ao menos US$ 21 trilhões nos chamados paraísos fiscais, soma próxima aos PIBs de Estados Unidos e Japão (a primeira e a terceira economias globais).
Um dos paraísos favoritos são as Ilhas Cayman, que têm 85 mil empresas registradas - mais do que o total de habitantes.
As Bahamas, por sua vez, têm 330 mil habitantes e 113 mil empresas - uma para cada três pessoas.
Nessas ilhas, poucas perguntas são feitas para quem quer abrir empresas.
"Um milionário dos Estados Unidos monta o que chamamos de empresa fantasma em um paraíso fiscal e a usa para fazer transações com preços falsos para transmitir dinheiro para lá, onde não pagará impostos", diz Henry.
O presidente americano, Barack Obama, costuma citar em seus discursos o caso do edifício Ugland, sede de 18 mil empresas nas Ilhas Cayman.
E Obama nem precisava ir tão longe. O Estado de Delaware, no nordeste dos Estados Unidos, tem 917 mil habitantes e 945 mil companhias registradas.
O mecanismo se tornou um clássico da evasão. O site de análise financeira em espanhol Fútbol Finanzas publicou recentemente uma lista de jogadores que usaram técnicas parecidas nos últimos 20 anos.
Desde o craque argentino Lionel Messi até lendas do esporte, como o brasileiro Roberto Carlos, o português Luis Figo e o búlgaro Hristo Stoichkov estavam na lista.

3 - Usar "laranjas"

Uma maneira de esconder rastros é nomear um "laranja" que atue como proprietário do ativo ou da empresa.
"Se pode nomear um testa de ferro por razões legítimas, por exemplo, para não atrair publicidade sobre o investimento em questão, no caso de uma pessoa pública. Desde que as autoridades sejam informadas, não há 'evasão'. O problema começa quando não se informa, porque o que se está fazendo é pagar impostos por uma massa menor de dinheiro", afirma Stevens.
Não é necessário para esse propósito que a companhia e o "laranja" operem em um paraíso fiscal. Ambos podem atuar no mesmo país onde o multimilionário em questão paga seus impostos.
Uma variante dessa situação é o Trust, um antigo instrumento legal inglês no qual o dono de um bem cede seu controle para uma pessoa que o administra em benefício de um terceiro.
"Os beneficiários dessa cessão podem se multiplicar ao infinito. Pode ser a mulher, os filhos, tios, primos, etc. Pelas regras de pagamento de impostos nos Estados Unidos, esses representantes podem enviar do exterior parte desse dinheiro sem pagar impostos", disse Henry.
Isso facilita o movimento de grandes massas de dinheiro - seja usando uma complexa rede de Trust, empresas fantasmas ou "laranjas", o principal objetivo do sonegador é um só: apagar seu rastro.

4 - Estabelecer residência em outro país

Os países com baixos impostos são os favoritos de músicos, artistas e esportistas. Nos anos 1970, Mick Jagger se mudou para a França e depois para os Estados Unidos para fugir dos impostos de seu país natal.
Em dezembro de 2012 o ator francês Gerard Depardieu renunciou à sua cidadania francesa em protesto contra os altos impostos propostos pelo governo de Francois Hollande. Ele se mudou para a Bélgica e obteve um passaporte russo, onde há um imposto único de 13%.
"Uma pessoa pode escolher o país que queira para viver. É seu direito se mudar para um país para pagar menos impostos. O que é ilegal é dizer que vive em um país para pagar menos impostos quando na realidade vive em outro com uma carga de impostos mais alta, disse Stevens.
Foi o que aconteceu com o tenista alemão Boris Becker. Ele declarou a autoridades alemãs que viveu em Mônaco entre 1991 e 1993, quando realmente estava em Munique. Ele acabou tendo que pagar uma dívida de US$ 3 milhões.

5 - Aproveitar brechas legais

A rede de assessores e especialistas que rodeiam os milionários é especialista em encontrar brechas legas dos sistemas de impostos.
Em muitos casos não se trata de evasão fiscal, mas de supressão fiscal, um mecanismo perfeitamente legal: todos temos direito de pagar menos impostos, desde que o façamos dentro da lei.
As isenções de impostos que os governos colocam em prática para estimular a economia e as doações a organizações de caridade frequentemente oferecem grande oportunidades.
Neste mês, um juiz britânico considerou que o cantor Gary Barlow, dono de fortuna estimada em US$ 80 milhões, havia investido em 51 sociedades financeiras criadas exclusivamente para pagar menos impostos.
Organizações de caridade também costumam servir para evasão fiscal. "Nos Estados Unidos, houve um boom de fundações privadas que permitem deduções de impostos. Alguém sabe o que elas fazem? Ninguém as audita", argumenta Henry.

O futuro

Os problemas fiscais enfrentados por todos os países desenvolvidos e a fragilidade do sistema financeiro internacional têm colocado a evasão fiscal na mira do público e no centro de um debate global.
A multa ao Credit Suisse foi apresentada como um grande trunfo do Fisco americano e como um suposto fim da era de segredo bancário na Suíça - um dos pilares desse sistema.
Mas, para Henry, o acordo é na verdade um grande trunfo para o banco.
"O Credit Suisse não foi obrigado a revelar o nome de nenhum dos sonegadores. O segredo bancário permaneceu. Ninguém da atual diretoria teve de renunciar, e eles não perderam a licença para operar nos Estados Unidos. Seu valor em bolsa subiu. O negócio segue intacto."



Fonte https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6147686896321516403#editor/target=post;postID=3696069914764989981

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Por que a eleição na Colômbia interessa ao Brasil?


Atualizado em  23 de maio, 2014 - 16:48 (Brasília) 19:48 GMT
Zuluaga (esq) e Juan Manuel Santos
Zuluaga (esq) e Juan Manuel Santos disputam as eleições deste domingo na Colômbia
Os colombianos vão às urnas neste domingo de olho em duas candidaturas que carregam consigo a marca do controvertido ex-presidente Álvaro Uribe.
Mas enquanto o foco de preocupação dos eleitores está em problemas como desemprego, saúde, moradia e educação precárias, vizinhos como o Brasil observam com preocupação a continuidade - ou não - do diálogo de paz que pode pôr fim a mais de meio século de conflitos com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Para o Brasil, a questão mais importante desse resultado eleitoral é a aposta na saída política para o conflito armado", afirmou uma fonte diplomática brasileira à BBC Brasil.
Para surpresa interna e dos países da região, o atual presidente e candidato à reeleição, Juan Manuel Santos - eleito há quatro anos graças à popularidade de Uribe -, decidiu abandonar a política linha-dura de seu antecessor e aplicada por ele quando à frente do Ministério de Defesa e apostar no caminho político para tentar resolver o conflito armado colombiano.
Há 18 meses, Santos e as Farc negociam um acordo de paz, que entre outros aspectos discute a execução de uma política agrária - ponto central da guerra - e pode abrir caminho à participação dos guerrilheiros na vida política, após a renúncia às armas.
"Santos ficou mais em sintonia com a região, não porque tenha abandonado seus ideais, mas porque assumiu o poder numa perspectiva regional favorável a este diálogo (com as Farc). É uma mudança estratégica", opinou à BBC Brasil Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp.
No outro lado da disputa eleitoral, a ala radical conservadora de Óscar Iván Zuluaga - cuja candidatura foi apadrinhada por Álvaro Uribe - defende a via militar para derrotar a guerrilha.
A beligerância de Zuluaga é apontada como um possível foco de preocupação no Itamaraty, que tem se manifestado a favor do diálogo de paz colombiano. Em nota emitida nesta quinta-feira, a Chancelaria brasileira afirmou que "o Brasil reitera seu apoio ao processo de paz e sua confiança em que o conflito interno na Colômbia possa ser solucionado pela via do diálogo".
Além do tráfico de armas, do êxodo da população refugiada e do narcotráfico, a "internacionalização" do conflito colombiano na era Uribe-Bush incrementou a presença militar norte-americana na Colômbia, colocando sob alerta a região com a proposta de ampliação das bases militares dos EUA na Colômbia. "O conflito permite a entrada de forças militares estrangeiras alheias à nossa região e isso nos preocupa", afirmou a fonte diplomática.
Ao longo da corrida presidencial, Zuluaga cresceu nas pesquisas de intenção de voto, alcançando um empate técnico com Santos. Mas a revelação de um vídeo, na reta final da campanha, no qual o candidato aparece envolvido num suposto plano para vazar informações sigilosas das negociações entre Santos e as Farc, pode afetar sua candidatura.
Nesta semana, Zuluaga apresentou uma perícia que concluiu que o vídeo seria uma montagem.

Venezuela

Outro elemento destacado por analistas políticos é o "fator Venezuela" dentro da estabilidade regional.
A ala radical da oposição venezuelana cobra uma ação mais ofensiva de Santos na atual crise política entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. Meses antes do início dos protestos, o dirigente político Leopoldo López, principal expoente dos radicais, foi a Bogotá reunir-se com Álvaro Uribe.
O encontro gerou reação entre os governistas venezuelanos, que acusam o ex-presidente colombiano de participar de planos para derrocar o governo do país vizinho.
A Colômbia, no entanto, é um dos observadores da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e participa, junto a Brasil e Equador, do processo de diálogo entre o governo venezuelano e a coalizão opositora MUD em nova tentativa de solucionar a crise.
Esse perfil mais pragmático e menos ideológico nas relações com Caracas foi outro ponto de distância entre Santos e seu mentor político. Imediatamente após assumir a Presidência, Santos reestabeleceu relações com o governo de Hugo Chávez (morto em março de 2013), dando fim ao enfrentamento derivado pela disputa ideológica entre Uribe e Chávez.

Comércio e Unasul

No plano econômico, o crescimento da Colômbia, que pode superar em breve a economia argentina, entusiasma os investidores brasileiros. Em 2012, os investimentos do Brasil no país foram de US$ 383 milhões, e em 2013, de US$ 271 milhões, de acordo com a Câmara Colombo-Brasileira.
O país tem sido elogiado por investidores por adotar uma política fiscal mais prudente e por investimentos em infraestrutura.
Porém, o fato de a fronteira Brasil-Colômbia ser ocupada pela Amazônia impede que o comércio bilateral seja mais fluido, apontou Andrés Molano, professor de Relações Internacionais da Universidade do Rosário de Bogotá. "A relação é muito menos harmônica do que seria desejável. (A fronteira amazônica) dificulta a relação comercial."
Na opinião de Luis Fernando Ayerbe, por razões históricas e da composição da economia colombiana - mais voltada à região andina e aos EUA -, a preocupação do Brasil reside mais no campo geopolítico do que comercial quando o assunto é Bogotá.
Para o especialista, manter o controle de questões estratégicas, como o funcionamento da Unasul, é o que mais importa a Brasília.
Durante a campanha colombiana, o candidato Zuluaga disse que a Unasul abandonou a defesa das bases democráticas qualificando-a como um bloco "castro-chavista", expressão defendida por Uribe. Para o analista colombiano Andrés Molano, o uribismo tradicionalmente se opõe à Unasul, o que poderia gerar rusgas com o Brasil.
Outros três candidatos na disputa eleitoral deste domingo são o ambientalista Enrique Peñalosa, a também conservadora Marta Lucía Ramírez e a esquerdista Clara López. Com 12% de indecisos, a eleição ganha um tom de imprevisibilidade e um quase provável segundo turno, previsto para 15 de junho.
O que não deve mudar, de acordo com o analista colombiano Andres Molano, é a orientação política do país. "Em qualquer caso, a Colômbia continuará à direita do espectro político da região".



Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140522_eleicao_colombia_mdb_cj.shtml

segunda-feira, 19 de maio de 2014

EUA indiciam militares chineses por espionagem industrial; entenda


Atualizado em  19 de maio, 2014 - 18:25 (Brasília) 21:25 GMT
Oficiais chineses acusados de espionagem (AP)
Segundo os EUA, pela primeira vez foi confirmado o envolvimento de oficiais chineses na espionagem
Os Estados Unidos acusaram cinco oficiais do Exército chinês de invadirem os sistemas de informática de cinco empresas e um sindicato americanos, supostamente em busca de informações que conferissem vantagens competitivas a estatais chinesas.
Os secretário de Justiça americano, Eric Holder, disse que a espionagem eletrônica teve "dimensões significativas", com o roubo de segredos comerciais e documentos internos, e que ela exigia "uma resposta agressiva".
Segundo Holder, é a primeira vez que é confirmada a participação de agentes estatais chineses neste tipo de caso.
A China negou as acusações, que chamou de "invenções", alertou que elas podem prejudicar as relações entre os dois países e exigiu que sejam retiradas.
No entanto, não é a primeira acusaçã de espionagem digital contra o Estado chinês.
Em fevereiro, a empresa americana de segurança eletrônica Mandiant já havia alertado haver na China um dos grupos mais ativos do mundo em espionagem industrial, identificado pela sigla APT1.
No seu relatório, a Mandiant destacou que o APT1 tem muito em comum com um braço secreto de espionagem do Exército chinês conhecido como Unidade 61398.
Os cinco chineses acusados pelo governo americano fazem parte da Unidade 61398.
Entenda mais sobre ela:

Onde ela está?

Em seu relatório, a Madiant diz ter investigado centenas de invasões desde 2004 e atribui a maioria delas a grupos que denomina como APT, sigla para "advanced persistent threat" (ameaças avançadas persistentes).
"Estamos convencidos que estes grupos agem a partir da China e que o governo chinês está ciente disso", diz o documento.
O mais ativo destes grupos é conhecido como APT1, que age desde 2006. Ele é "provavelmente patrocinado pelo governo", segundo a Madiant.
"Acreditamos que o APT1 consegue realizar ações de grande alcance e recebe apoio direto do governo."
A empresa rastreou as invasões promovidas pelo grupo e concluiu que elas partiram de um prédio de 12 andares na área de Pudong, em Shangai, área onde também fica localizada a Unidade 61398.
A empresa americana ainda afirmou que a unidade militar e o grupo APT1 demonstram ter o mesmo nível de recursos e capacidade técnica.

Qual seu tamanho?

Presidente Xi (AP)
Comandada pelo presidente Xi Jinpng, a China sempre negou as acusações de espionagem
O grupo de espionagem tem centenas de funcionários ou até mesmo milhares, segundo a Madiant.
Todos falam inglês fluente e são altamente especializados em redes eletrônicas e segurança digital.
"Enquanto nossos empresários inovam e desenvolvem estratégias para competir no mercado global, os membros da Unidade 61398 passam seus dias roubando os frutos do nosso trabalho", acusou John Carlin, diretor da divisão de segurança nacional do Departamento de Justiça americano.

Como atua?

A APT1 já teria invadido os sistemas de 141 empresas de 20 setores industriais, 81% delas baseadas em países de língua inglesa.
O grupo é acusado de roubar centenas de terabytes em informações confidenciais, como e-mails, planos de negócios, tabelas de preços, credenciais eletrônicas e listas de contatos.
A APT1 é capaz de invadir dezenas de redes simultaneamente. Num caso específico, a invasão durou 1.764 dias, em uma empresa de um setor industrial identificado pelo governo chinês como estrategicamente importante para o país em seu plano quinquenal.

Por que é perigosa?

O presidente americano, Barack Obama, classificou os ataques como uma "ameaça real" à segurança e à economia do país.
O impacto das ações dos hackers chineses pode ser verificado, segundo o governo americano, no caso da SolarWorld, fabricante de painéis de energia solar que está entre os alvos dos hackers chineses.
A companhia vem perdendo participação de mercado rapidamente para concorrentes chineses, que vendem produtos por um preço menor.
Outro exemplo é a Westinghouse, do setor de energia. A empresa negociava a construção de uma usina nuclear com uma companhia estatal chinesa quando teria tido documentos com os detalhes roubados pela Unidade 61398.
Segundo Jonathan Marcus, analista diplomático da BBC, a escala dos ataques chineses é "impressionante".
"Até agora, a maioria dos ataques parecia ser uma versão digital da antiga espionagem, com roubo de documentos e segredos, mas este tipo de ação se torna cada vez mais sinistra conforme cresce o interesse dos chineses em ter acesso a partes importantes da infraestrutura americana, como redes de gás, energia e de distribuição de água", diz Marcus.
"Uma vez dentro dos computadores que controlam estas redes, é possível causar danos físicos reais."

O que diz a China?

O país nega veementemente ter feito espionagem industrial.
"Nunca nos envolvemos no roubo de segredos industriais", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Qin Gang
O governo ainda ressalta que sua "posição quanto à segurança da internet é consistente e clara" e que vem tomando medidas para prevenir este tipo de ataque virtual, pois também é vítima deles.
"Somos completamente contrários a esse tipo de invasão eletrônica", afirmou a Chancelaria em fevereiro após a divulgação do relatório da Mandiant.
"Determinar a origem de um ataque é muito difícil. E não sabemos se as evidências deste suposto relatório são confiáveis."

O que acontecerá agora?

Eric Holder (Reuters)
A acusação feita pelo governo americano tem implicações mais simbólicas do que práticas
A acusação feita pelos EUA é em grande parte simbólica, já que dificilmente os cinco oficiais chineses serão extraditados para serem julgados pela Justiça americana.
"Pela primeira vez, estamos expondo nomes e rostos de quem está atrás dos teclados em Shangai", disse Carlin.
"No passado, o governo chinês nos desafiou publicamente a apresentar provas. É o que estamos fazendo."
Segundo Michael Wessel, da Comissão Econômica e de Segurança China-EUA, o caso "envia uma mensagem clara que os Estados Unidos agirão ativamente para proteger seus interesses e garantir que a China siga as regras".
As invasões já provocaram mudanças na segurança digital americana.
O Pentágono anunciou em março que triplicará sua capacidade de defesa contra ataques virtuais. Por sua vez, a China suspendeu a cooperação com os EUA em um grupo de trabalho de internet.
Segundo Carrie Gracie, editora da BBC China, a reação chinesa não parará por aí: "Uma vez que tenha tido tempo para digerir isso, é provável que a China considere uma retaliação ainda mais grave".
Fonte BBC Brasil

Em negociação, maior acordo comercial do mundo traz expectativas e polêmicas


Bandeira dos EUA e da União Europeia (Getty)
Acordo não só reduziria tarifas e impostos, como harmonizaria padrões de produtos e processos
Representantes dos Estados Unidos e da Europa voltam nesta segunda-feira à mesa de negociações em Bruxelas, na Bélgica, para tentar formar o maior acordo de livre comércio do mundo.
Envolvendo as duas principais economias de países desenvolvidos, a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento tem um potencial tão grande quanto as controvérsias que o cercam.
Seus defensores afirmam que seria uma oportunidade de estimular o crescimento econômico e aumentar a renda de americanos e europeus.
Um estudo da União Europeia estima que o acordo geraria um incremento de 120 bilhões de euros à economia do bloco europeu e uma renda extra de 500 euros para cada residência.
No entanto, seus críticos dizem que a parceria terá impactos ambientais e nos padrões de segurança, além de ameaçar a soberania das nações envolvidas.

Quinta rodada

Esta será a quinta rodada das negociações, que começaram no ano passado.
Elas tratam de itens comuns neste tipo de acordo, como a redução ou eliminação de tarifas alfandegárias e impostos de importação.
Mas a maioria dos bens negociados entre os dois lados já tem algum tipo de redução nestas taxas.
Por isso, também está sendo discutida a remoção de outros tipos de barreiras ao livre comércio, particularmente as relativas à regulamentação comercial, como padrões de produtos e de procedimentos - que, se diferentes entre as partes, aumentam os custos de se fazer negócio.
Mark Beyrer, diretor-geral do grupo de lobistas Business Europe, diz que acabar com essas divergências evitaria que empresas tivessem que criar produtos e processos distintos para a Europa e para os Estados Unidos.
"Isso baratearia a produção e os preço final ao consumidor, beneficiando principalmente as pequenas e médias empresas", afirma Beyrer.
O comissário de comércio da União Europeia, Karel De Gucht, diz que, no longo prazo, esse trabalho conjunto "preservaria a liderança global dessas economias por mais uma geração".

Estimativas exageradas?

Karel De Gucht (AFP)
De Gucht diz acordo trará muitos benefícios aos dois lados
No entanto, críticos do acordo consideram exageradas as estimativas sobre seus benefícios e ganhos.
Uma agência de pesquisa austríaca analisou os possíveis benefícios do acordo e os classificou como "muito pequenos".
Olivier Hoedeman, do Corporate Europe Observatory, que monitora o lobby de negócios na União Europeia, diz que o ganho de 500 euros na renda é um cenário extremo que só se concretizará se todas as regulamentações e leis forem harmonizadas.
Mesmo assim, ele afirma, esse aumento só seria obtido daqui a 25 anos.
Hoedeman ainda crítica a redução de barreiras regulatórias ao comércio.
Diferenças nesta área entre a União Europeia e os Estados Unidos, ele diz, são "o resultado de um debate democrático sobre qual tipo de leis ambientais e de proteção ao consumidor que queremos".
As atuais negociações são um risco porque piorariam os padrões estabelecidos nestas áreas, segundo Hoedeman.
Ele dá como exemplo os alimentos geneticamente modificados, que sofrem restrições na Europa. Empresas querem que estas restrições sejam atenuadas.
A Comissão Europeia diz, no entanto, que as leis que tratam destes alimentos não serão modificadas.

Disputas

Outra polêmica envolve as propostas de regras para resolver disputas entre investidores privados e o Estado, que permitiriam a investidores estrangeiros buscar a arbitragem judicial se novas regulamentações gerarem um impacto negativo em seus negócios.
Este tipo de regra já existe em diversos acordos de livre comércio, mas é criticada porque limita o poder de ação de governos democráticos.
Segundo Hoedeman, isso poderia fazer com que governos relutem em criar novas leis em nome do interesse público por temer uma disputa nos tribunais.
Isso já ocorreu, por exemplo, entre a Austrália e a fabricante de cigarros Philip Morris. A companhia questiona a legislação que impõe embalagens neutras para esse tipo de produto.
A Philip Morris faz isso por meio de uma empresa em Hong Kong, porque o território chinês tem um acordo de investimento com a Austrália que prevê essa possibilidade.
O comissário De Gucht concorda que há problemas na forma como os acordos de investimento vêm sendo praticados.
Ele se diz sensível às questões levantadas pelo caso da Philip Morris e afirma querer garantir que disputas judiciais não possam ser iniciadas a partir de lugares que ele chama de "escritórios postais", uma referência à empresa de Hong Kong usada pela multinacional.
Mas também deixa claro que é preciso dar algum tipo de proteção aos investidores.
Beyrer, do Business Europe, argumenta que o acordo não limita a soberania nacional, mas sim defende companhias contra a discriminação, a expropriação injustificada e a eventual violação de leis internacionais por parte de governos.
Fonte
Andrew Walker
Correspondente de economia da BBC, de Bruxelas