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domingo, 30 de novembro de 2014

O que aconteceu com a economia dos Brics?

Andrew Walker


Credito: Pr
Países dos Brics enfrentam dificuldade econômicas
Em 2001, os Brics foram considerados países que poderiam remodelar a economia mundial.
Brasil, Rússia, Índia e China -na época o grupo não incluia a África do Sul- foram identificados como economias grandes e de crescimento rápido que teriam papeis globais cada vez mais influentes no futuro.
Mas a desaceleração econômica pela qual o Braisl está passando se repete em todo o grupo. O que aconteceu com estas economias?
Hoje, China e Rússia são possivelmente as mais preocupantes para o resto do mundo no curto prazo. Podem provocar uma reformulação séria e bastante indesejável.
No caso da China, há o risco de a desaceleração econômica se transformar em algo mais prejudicial para a economia mundial. Com a Rússia, há a possível consequência econômica do conflito na Ucrânia.
A desaceleração da China aconteceria mais cedo ou mais tarde. Na verdade, é notável que não tenha vindo antes.
A China tem registrado taxas extraordinárias de crescimento econômico há muito tempo - uma média de 10% ao ano nas últimas três décadas.
Mas este crescimento é baseado em taxas muito elevadas de investimento, atualmente em 48% da renda nacional ou PIB.
Credito: BBC
Brasil e Rússia dependem em parte de exportação de commodities
Quando o investimento é alto assim, há sempre o risco de que muitos projetos acabem sendo um desperdício ou não rentáveis, minando as finanças dos próprios investidores e de qualquer pessoa que tenha emprestado dinheiro a eles.
Poucos países têm taxas de investimento mais altas do que as chinesas -e nenhum deles têm muito a ensinar para a China. São eles Butão, Guiné Equatorial, Mongólia e Moçambique.
Outro fator que ajuda a entender o crescimento chinês é a exportação.
Mas não é possível depender disso atualmente, quando o resto do mundo ainda luta para se recuperar da crise financeira.

Transição chinesa

O que o governo chinês quer fazer é avançar no sentido de um crescimento econômico um pouco mais lento e mais influenciado por venda de bens e serviços para os consumidores chineses.
A desaceleração está acontecendo. Já nesta década, a taxa média de crescimento caiu em mais de dois pontos percentuais.
O homem que inventou o termo "Brics", Jim O'Neill, então da Goldman Sachs, acredita que a transição pode ser gerida sem muita turbulência.
Outros são mais cautelosos.
O professor Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, diz que a desaceleração da China é ao mesmo tempo inevitável e desejável, mas adverte: "Não é fácil conter o crescimento gradualmente sem provocar problemas generalizados de projetos de investimentos ambiciosos."
Ele diz que, se o crescimento chinês entrar em colapso, a queda global poderia ser muito pior que a causada por uma recessão normal nos EUA.
Já a Rússia é uma história diferente.
Seu impacto econômico potencial sobre o resto do mundo em um futuro próximo está altamente relacionado com questões políticas.
O conflito na Ucrânia já prejudicou a Rússia economicamente.
As sanções impostas pelo Ocidente e o receio entre os investidores de que elas possam aumentar agravaram uma desaceleração que ocorreria de qualquer maneira.
O país já perdeu US$ 85 bilhões este ano, de acordo com dados do Banco Central.
A Rússia é muitas vezes criticada por ter um ambiente de negócios difícil, devido à burocracia e incertezas sobre o sistema legal.
O FMI já falou disso antes, e Jim O'Neill também afirma que a Rússia precisa de normas confiáveis de direito empresarial.
Os problemas da Rússia já tiveram impacto econômico além de suas fronteiras, notadamente na Alemanha.
As exportações para a Rússia caíram acentuadamente - o que é um fator importante por entender por que a Alemanha está perto da recessão.
Olhando para o futuro, o FMI também advertiu que "riscos geopolíticos", ou seja, a crise na Ucrânia e no Oriente Médio, são algumas das principais ameaças para a recuperação da economia global que já é, nas palavras do próprio FMI, "fraca e desigual".

Força da Índia

Outros dos Brics com problemas claros é o Brasil - apesar de o país representar menos perigo no contexto global.
Assim como a Rússia, é uma economia em que as exportações de commodities desempenharam um papel importante para os bons resultados da década de 2000.
Na Rússia, o que se exportava era de petróleo e gás. Já o Brasil tem minério de ferro e commodities agrícolas como soja, café e açúcar.
Credito: Reuters
Criador do conceito de Brics defende que Brasil dependa menos de commodities
Jim O'Neill diz que ambos precisam tomar medidas para tornarem-se menos dependentes do setor de commodities.
Devem melhorar a sua competitividade de trabalho, diz, e se tornarem mais atraentes para o investimento privado em outras indústrias.
Entre os países do Bric original - que não inclui a África do Sul -, a Índia aparentemente é o que está causando menos ansiedade nos mercados financeiros e instituições econômicas internacionais no momento.
O crescimento ganhou força este ano, embora esteja muito aquém daquele da década anterior.
Muitos investidores receberam bem o novo governo de Narendra Modi, que assumiu o cargo em maio.
"Estou mais otimista do estive por algum tempo sobre a Índia", diz Jim O'Neill.
Então, os Brics estão desmoronando?
É bom lembrar de onde este conceito veio. Ele apareceu pela primeira vez em um artigo escrito em 2001 por Jim O'Neill.
Não era um grupo, mas apenas uma maneira conveniente, com uma sigla agradável, para detectar tendências importantes.
Somente anos depois os países começaram a fazer cúpulas anuais e, nesta fase inicial, o grupo não incluia a África do Sul. O "s" no final de Brics aparecia apenas como um plural.

Alcançando o crescimento

O objetivo do trabalho era mostrar o papel cada vez mais influente que esses países desempenhariam na economia global pelos próximos 10 anos, e argumentar que a cooperação econômica internacional deveria mudar para refletir esta realidade diferente. E isso ocorreu.
Desde 2008, um dos fóruns-chave para questões de política econômica tem sido o grupo G20, que inclui todos os Brics entre os seus membros.
Os Brics eram as maiores economias emergentes. Não havia nenhum país africano quando a ideia foi usada pela primeira vez, e em termos do seu peso econômico a África do Sul estava bem atrás dos outros, e também de alguns que não foram incluídos, como a Indonésia e o México.
Um artigo de acompanhamento de dois outros economistas do Goldman Sachs estendeu a análise até 2050 e sugeriu que os Brics, em conjunto, poderiam ser maiores que os seis principais países industrializados somados em 2039.
A rigor, os artigos do Goldman Sachs não eram previsões. Eram retratos de como o mundo poderia ser se os países crescessem o quanto podem.
As taxas de crescimento previstas eram muito maiores do que a de países ricos.
Eles têm a possibilidade de alcançar esses países ao investir rapidamente em tecnologia, o que já está estabelecido em economias desenvolvidas.
Eles também têm mão de obras disponível, para as indústrias em rápida expansão, por causa da população em crescimento e urbanização, com as pessoas se mudando do campo para as cidades.
Nas projeções originais de Jim O'Neill, o crescimento chinês ao longo dos próximos 10 anos foi fixado em 7%, da Índia de 5%, e Rússia e Brasil, em 4%.
O Brasil foi o único que não atingiu essa projeção.
Mas todos os Brics têm desacelerado na década atual, por mais de dois pontos percentuais cada, com exceção da África do Sul.

Potencial para o futuro

O FMI investigou a desaceleração dos países em desenvolvimento.
Uma parte significativa dele reflete a demanda internacional mais fraca por suas exportações e políticas governamentais dos próprios países, que se tornaram uma limitação ao crescimento, à medida que reverteram políticas de estímulo anteriores -cortando gastos ou aumento impostos para reduzir as necessidades de financiamento.
Mas também há outros fatores que afetam a capacidade das economias emergentes de crescer no futuro - que limitam o que o FMI chama de "potencial de crescimento".
As taxas de juros tendem a subir gradualmente de seus atualmente baixos níveis nos países ricos - particularmente nos EUA e no Reino Unido.
Isso vai afetar as taxas globais e tornar o investimento mais caro em economias emergentes.
Credito: BBC
Política de filho único foi afrouxada na China
Muitos também terão de lidar com o envelhecimento da população e um crescimento mais lento do número de pessoas em idade ativa.
Para alguns, a vantagem demográfica que tinham anteriormente está desaparecendo.
Rússia e China estão entre nesse grupo. Isso foi levado em conta nas projeções do Goldman Sachs. Jim O'Neill diz que, mais recentemente, suas políticas nesta área têm sido "surpreendentemente boas".
A China está afrouxando sua política de filho único e, diz ele, "a Rússia tem tido algum sucesso no aumento da expectativa de vida com políticas muito mais inteligentes sobre o consumo de álcool."
Apesar de todos os Brics terem desacelerado nesta década, os que apresentam perfomance mais fracos agora são Brasil e Rússia.
Suas taxas médias de crescimento têm sido inferiores a dos Brics asiáticos o tempo todo e, neste ano, eles desaceleraram ainda mais. Para 2014 como um todo, o FMI projetou crescimento para os dois, mas muito pouco - de 0,3% para o Brasil e 0,2% para a Rússia.
Os dois números, aliás, são um bem menores do que foi previsto este ano até para a zona do euro - apesar de ela ainda estar em crise e ter sido descrita como assombrada pelo "fantasma da estagnação" por Mark Carney, do Banco da Inglaterra.
Jim O'Neill ainda não achar que é o caso de tirar Brasil e Rússia do Brics - mas os últimos anos têm certamente sido uma decepção.
Portanto, não é hora de abandonar os Brics.
Os países do grupo estão passando por alguns problemas, certamente. Para mudar o quadro, a China, em particular, está embarcando em uma operação audaciosa, enquanto busca uma forma diferente e, talvez, em última análise, mais sustentável de desenvolvimento econômico.
Os Brics e seu desempenho importam para o resto do mundo, mais do que importavam na virada do século - o que é, afinal, o ponto principal do conceito original.

Como funciona o Raspberry Pi? Entenda a tecnologia e sua aplicabilidade

por 
Para o TechTudo
Microcomputadores têm sido assunto nos últimos tempos. Dentre os mais surpreendente, está o Raspberry Pi, um aparelho que parece um chip e tem o tamanho de um cartão. Aparentemente, parece impossível chamar isso de computador, né? O TechTudo preparou um texto que irá explicar o que é a tecnologia, como funciona e quais são as suas aplicabilidades.
Raspberry Pi consegue, mesmo minúsculo, oferecer recursos de computadores bem maiores (Foto: Divulgação)Raspberry Pi consegue, mesmo minúsculo, oferecer recursos de computadores bem maiores (Foto: Divulgação)
O que é
Tamanho minúsculo e baixo custo são as duas linhas guias do projeto chamado de Raspberry Pi. Ele é um mini-microcomputador que, no exíguo espaço equivalente a um cartão de crédito, abriga processador, processador gráfico, slot para cartões de memória, interface USB, HDMI e  seus respectivos controladores. Além disso, ele também apresenta memória RAM, entrada de energia e barramentos de expansão. Ainda que minúsculo, o Raspberry é um computador completo.
Como funciona
Não há mistério sobre o funcionamento do aparelho. Como qualquer computador, a grosso modo, ele converte energia elétrica em informações.
Conectado a periféricos, é possível utilizá-lo normalmente (Foto: Reprodução/Geek.com)Conectado a periféricos, é possível utilizá-lo normalmente (Foto: Reprodução/Geek.com)
Dado o tipo de hardware de baixo consumo, o Raspberry Pi não é o computador ideal para games e para softwares de edição de vídeo, por exemplo. Ao contrário de um poderoso e enorme desktop, ele conta com processadores construídos a partir dos designs ARM, que são ideais para máquinas genéricas, sistemas de controle e unidades que geram menos calor e gastam menos energia.
Apesar da simplicidade, o hardware do Raspberry Pi suporta diversas distribuições Linux e pode reproduzir vídeos de alta definição em uma tela de TV, via saída HDMI. O usuário pode conectar mouse e teclado comuns para usar o computador.
O sistema operacional deverá ser instalado em um cartão de memória SD, já que o computador não apresenta disco rígido próprio. Com o sistema operacional, você pode usar o Raspberry Pi para navegar na Internet, escrever textos, ver vídeos, ouvir música, criar planilhas e realizar praticamente qualquer tarefa possível num computador convencional.
Por que?
O Raspberry Pi é fruto de um projeto da fundação de mesmo nome. Com foco educacional, a instituição desenvolveu o computador com o compromisso de simplicidade e preço baixo para que ele pudesse chegar em escolas. Assim, crianças teriam acesso a fundamentos de programação e teriam também um entendimento mais aprofundado sobre a natureza dos computadores e o seu funcionamento.
A Fundação Raspberry Pi consegue diversos componentes da placa a preços abaixo do mercado por conta de parcerias com os fabricantes. Os pequenos computadores contam com um software que ensina princípios de programação. 
Tudo a respeito do computador está disponível em código aberto na página da Fundação. Isso permite que terceiros façam suas versões do Raspberry Pi, com modificações que, inclusive, as torne mais baratas e funcionais que o original.
Modelos
Há dois modelos de Raspberry Pi: o A e o B. O A tem um hardware um pouco mais simples e é vendido a preços menores, US$ 20 (aproximadamente R$ 50 em conversão direta). Ele conta ainda com 256 MB de memória RAM, uma porta USB e uma Ethernet. 
Já o modelo B conta com equipamento de maior capacidade, é um pouco maior e pode ser comprado por US$ 35 (cerca de R$ 88). São 512 MB de RAM e duas portas USB. De resto, tanto processador e demais componentes são iguais em ambos os modelos.
Inovação
Criado para propósitos educacionais, o baixo custo e a versatilidade do Raspberry Pi acabaram permitindo que ele se tornasse o motor de vários projetos inovadores.
Há uma infinidade de cases e acessórios para o Raspberry Pi (Foto: Reprodução/RaspberryPi.org)Há uma infinidade de cases e acessórios para o Raspberry Pi (Foto: Reprodução/RaspberryPi.org)
O aparelho já foi usado em um toca-fitas retrô. Há fabricantes de cases para o computador que permitem transformá-lo em um portátil mais adequado ao transporte. Há empresas interessadas em desenvolver painéis publicitários, como aqueles de shoppings centers, que usem o Raspberry Pi. Parece que a sua aplicabilidade é ilimitada.
O caráter aberto da plataforma, basicamente, não impõe limites na sua utilização. A grande questão em relação ao Raspberry Pi é o hardware, que pode apresentar limitações para alguns tipos de utilização. No melhor dos casos, o desenvolvedor está restrito a modelos com processadores de apenas 700 MHz e pouca memória RAM.
No Brasil
Como o Raspberry Pi é barato, no Brasil é possível comprar um desses via importação. Como preço lá fora é abaixo dos US$ 50, há uma boa chance de que você não seja taxado pela Receita durante o processo. Por conta de uma série de problemas alfandegários, o computador não é vendido oficialmente no Brasil.

Fonte http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/como-funciona-o-raspberry-pi-entenda-tecnologia-e-sua-aplicabilidade.html

sábado, 29 de novembro de 2014

O que significa regular a mídia?

Credito: Getty

Proposta de regulamentar mídia causa polêmica no país
Regulação, democratização ou censura à mídia? Os próprios termos usados para se referir à proposta de modificar as normas que regulamentam o setor de comunicação no Brasil já deixam claro o tamanho da polêmica que envolve o tema.
Muito falada mas pouco discutida, a regulação da mídia deve deve voltar a ganhar força a partir desta sexta-feira, pois está prevista para ser debatido em uma reunião do PT com início previsto para esta sexta-feira.
A BBC Brasil explica aqui os principais pontos da discussão.

Por que o tema está sendo debatido agora?

A regulação da mídia é uma bandeira histórica do PT. Durante a campanha à Presidência, o partido pressionou para que a presidente Dilma Rousseff encampasse a discussão em um eventual segundo mandato.
Após sua reeleição, a petista deu algumas declarações defendendo a regulação econômica da mídia. Ela negou repetidamente a intenção de regular conteúdo.
Em entrevista a jornais brasileiros no mês passado, ela disse que "Regulação econômica diz respeito a processos de monopólio e oligopólio." A presidente deve iniciar uma consulta pública sobre o tema no segundo semestre do ano que vem.
O enviado especial da ONU para liberdade de expressão, David Kaye, destacou, em entrevista à BBC Brasil, a necessidade de evitar monopólios na mídia - com mais competição, segundo ele, é maior a possibilidade de repórteres investigarem histórias que podem não ser favoráveis ao Estado.
"Só é preciso ter mais cuidado para que esta lei não dê ao governo uma forma de controlar o conteúdo", afirma.

A mídia precisa ser regulada?

Os grupos que defendem a regulação da mídia dizem que o projeto aumentaria a democratização do setor.
O FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), entidade que reúne diversos grupos que defendem mudanças na regulação, afirma, por exemplo, que cinco grandes emissoras de TV (Globo, SBT, Record, Band e Rede TV!) dominam o mercado brasileiro.
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), diz, no entanto, que há no país 521 emissoras de TV - a conta inclui TVs regionais que retransmitem, em grande parte, conteúdo das grandes emissoras.
"A democracia se aprofunda em ambientes onde há mais diálogo, onde a diversidade de ideias, as diferenças regionais, têm espaço equilibrado na mídia em geral. O que nós queremos, em resumo, é mais democracia. E o caminho é a criação de um marco regulatório moderno", disse à BBC Brasil o presidente do PT, Rui Falcão.
Defensores da regulação da mídia destacam que alguns artigos da Constituição que falam do setor não foram regulamentados pelo Congresso.
Eles proíbem monopólios e oligopólios, estabelecem que a programação deve atender a critérios regionais e determinam regras para publicidade.
Credito: Reuters
Presidente pretende incentivar discussão em 2015
O presidente da Abert, Daniel Slaviero, afirma que, apesar da demora para regulamentação destes artigos, a mídia já é regulada.
"Quando fala-se em regulação parece que a mídia não é regulada. Isso é um erro, porque temos mais de 650 normas -portarias, decretos ou leis- que regulamentam o setor de comunicação social, não só rádio e TV como impresso."

Quem seria atingido pela regulação?

No Brasil, emissoras de rádios e TV são concessões públicas - é como se o governo "emprestasse" às empresas o espaço para transmissão, que é um bem público. Por isso, assim como outros setores em que há concessões, são passíveis de regulação.
Jornais, revistas e sites noticiosos não seriam atingidos por esta discussão.
Durante a campanha eleitoral, o PT aumentou o tom de suas críticas à imprensa, principalmente à revista Veja.
O presidente do partido diz que, nesta área, a sigla defende o projeto de lei que dá ao eventual ofendido o "direito de divulgação de resposta gratuita e proporcional à matéria ofensiva, com o mesmo destaque, publicidade, periodicidade e dimensão."

O governo já apresentou o projeto para regulação?

Há, provavelmente, mais dúvidas do que certezas sobre como seria a regulação da mídia no Brasil. Isso ocorre porque ainda não há um projeto definido.
A presidente Dilma afirma que o debate terá que ser feito com a sociedade. Até agora, ela já afirmou que o foco seria a proibição de monopólios e oligopólios, mas não especificou os critérios.
A posição da presidente contrasta, em parte, com a de seu partido. O PT tem posições mais à esquerda e apoia os movimentos sociais que lutam pela democratização da mídia.
"Não temos como ter posição firmada sobre isso enquanto não conhecermos o projeto concreto. Mas, de antemão, qualquer coisa que interfira no conteúdo tem repulsa e rechaço não só por parte dos veículos e profissionais como da sociedade como um todo, que considera liberdade de imprensa um dos pilares da democracia", diz o presidente da Abert.

Então qual o projeto que existe?

O FNDC formulou um projeto de lei de iniciativa popular e está, há cerca de um ano, colhendo assinaturas para que a proposta chegue ao Congresso. São necessárias 1,3 milhão de assinaturas - o mecanismo é semelhante ao que criou a Lei da Ficha Limpa.
Entre os principais pontos da proposta estão:
1. Impedir a formação de monopólio e a propriedade cruzada dos meios de comunicação (um mesmo grupo não poderá, por exemplo, controlar diretamente mais do que cinco emissoras, e não receberá outorga se já explorar outro serviço de comunicação eletrônica no mesmo local, se for empresa jornalística ou publicar jornal diário)
2. Veto à propriedade de emissoras de rádio e TV por políticos
3. Proibição do aluguel de espaços da grade de programação (para grupos religiosos ou venda de produtos, por exemplo)
4. Criação do Conselho Nacional de Comunicação e do Fundo Nacional de Comunicação Pública
Credito: Agencia Brasil
Mídia foi um dos alvos dos protestos de junho de 2013
O presidente da Abert classifica o projeto como atrasado, porque ele não tem regras, por exemplo, para a internet.
Slaviero afirma também que é um erro confundir rede de programação com propriedades - segundo eles, diferentes emissoras não pertencem ao mesmos donos, mas transmitem em parte conteúdos semelhantes para apresentar novelas e conteúdos nacionais.
Ele diz que a mídia já é plural. Segundo ele, por exemplo, São Paulo tem 21 canais abertos - "só fica atrás de Nova York".
O representante das emissoras também classifica como "impeto autoritário" a criação de conselhos de comunicação.

Esta proposta inclui regulação de conteúdo?

O projeto aponta diretrizes para a programação de emissoras, sem fazer referência a conteúdo.
A proposta determina, por exemplo, que emissoras afiliadas a uma rede de televisão deverão dedicar pelo menos 30% da grade com produção regional. Já as nacionais precisam destinar 70% da programação a conteúdo nacional, e pelo menos duas horas por dia a jornalismo.
Também há regras relacionadas a crianças e adolescentes, como a proibição de publicidade dirigida a crianças com menos de 12 anos.
Propostas semelhantes a esta provocaram polêmica em 2010, ao serem apresentadas pelo então ministro da Comunicação, Franklin Martins. O projeto, que previa a regulação de conteúdo, foi engavetado pela presidente Dilma.
Mas ainda hoje a proposta de "controle social da mídia" é apontada por críticos como um exemplo de que o PT teria a intenção de censurar a mídia.

Regular a mídia significa restringir a liberdade de imprensa?

O presidente da Abert, Daniel Slaviero, diz que ainda não é possível discutir o significado da regulação econômica, porque o governo não apresentou a proposta. Mas ele é contrário à regulação de conteúdo prevista, por exemplo, no projeto de lei de iniciativa popular.
"Quando se fala em regulação da mídia no sentido de acompanhar, fiscalizar, o conteúdo das emissoras, controle social da mídia, é óbvio que isso tem um viés de interferência no conteúdo, e conteúdo não pode sofrer intervenção. A mídia pode ser responzabilizada pelos eventuais excessos: tem Código Civil, Penal, etc. Mas acho que qualquer iniciativa que, mesmo de forma indireta, interfira no funcionamento é uma interferência indevida."
Ele usa como exemplo a determinação de um percentual mínimo de tempo dedicado à programação infantil, por exemplo. "Depois determinam para público infanto-juvenil, para jovens-adultos...", o que retiraria, assim, a liberdade da emissora de determinar sua própria programação.
O presidente do PT, Rui Falcão, afirma que o partido nunca defendeu e não defende a censura.
"Quando a ideia de um conselho - mecanismo usado inclusive em vários países desenvolvidos - foi apresentada pelo governo, ela foi imediatamente demonizada pela mídia monopolizada e sequer foi debatida. Minha posição é de que o tema precisa ser discutido democraticamente, porque o Brasil não pode continuar refém de grupos de interesses."

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141128_regulacao_midia_lab

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

'Economist' elogia mas vê 'fraqueza' de Dilma em equipe econômica

Dilma Rousseff (Foto: Reuters)

Revista Economist diz que governo Dilma Rousseff mudou de direção
A revista britânica The Economist afirma na edição desta semana que a nomeação da nova equipe econômica do Brasil é positiva para o país, mas sinaliza a uma "fraqueza" da presidente Dilma Rousseff.
De acordo com a Economist - revista que pisou nos calos do governo ao pedir no ano passado a saída do ministro Guido Mantega -, as escolhas de Joaquim Levy para a Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento provam que a presidente "aceitou tacitamente" os erros de sua atual política econômica.
A revista ressaltou o fato de Rousseff ter se oposto em 2005 a uma proposta do então Ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci, de usar o rápido crescimento econômico para eliminar o deficit fiscal – e assim diminuir as taxas de juros -, limitando o aumento dos gastos federais.
A publicação também afirmou que a presidente conseguiu se reeleger neste ano exibindo sua política de pleno emprego e aumento de rendimentos.
Porém, essa estratégia teria prejudicado o futuro do país, acredita a Economist, que embasa essa afirmação citando a deterioração de indicadores econômicos – como inflação a 6% (acima da meta do Banco Central de 4,5%), enfraquecimento da moeda e o não cumprimento de sua meta de superávit primário (1,6% do PIB).
Para a publicação britânica, o novo programa de Rousseff é mais parecido com as propostas do senador e candidato derrotado Aécio Neves do que com o exibido na campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores.
Alexandre Tombini (à esq.), Joaquim Levy e Nelson Barbosa (à dir.) (Foto: AP)
'Economist' engrossa coro dos críticos para quem programa econômico de Dilma se assemelha ao de Aécio
Lembrando que o governo enfrenta acusações relacionadas ao escândalo de corrupção na estatal Petrobras, a Economist afirma que nenhum outro presidente brasileiro da era moderna começou um novo mandato tão enfraquecido.

'Chefe da CIA na KGB'

As mudanças ministeriais brasileiras também foram tema para o jornal Financial Times, que destacou a ortodoxia do novo ministro da Fazenda, qualificando-o como um "linha-dura fiscal".
O jornal ressaltou o comprometimento de Levy com a meta de equilibrar as finanças públicas e elevar o superávit fiscal a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2016.
O jornal também deu destaque a uma comentário de Aécio Neves, para quem a escolha de Levy é como apontar um chefe da CIA para liderar a KGB. Para oFinancial Times, o tucano derrotado nas eleições pode não estar errado.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141128_economist_ministro_lk