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domingo, 28 de junho de 2015

Faixas exclusivas e regras duras: como cidades no mundo combatem morte de ciclistas

BBC Brasil

Nova ciclovia da Avenida Paulista faz parte de expansão da rede para bicicletas em São Paulo

São Paulo inaugura neste domingo a ciclovia na Avenida Paulista, uma das vias mais movimentadas e perigosas para quem pedala pela cidade.


Nela, morreram os ciclistas Marlon Moreira em 2014, Juliana Dias em 2012 e Marcia Prado em 2009. Há dois anos, David de Souza, de 23 anos, perdeu um braço após ser atropelado.

Agora, a Paulista ganhará uma faixa de 2,7 km exclusiva para ciclistas, uma demanda antiga dos defensores da bicicleta na capital paulista.

Com sua inauguração, São Paulo passa a ter 303 km de ciclovias, o que representa 1,7% das vias da cidade com faixas exclusivas para bicicletas.

A ampliação desta infraestrutura foi uma das principais metas da gestão do atual prefeito, Fernando Haddad, que prometeu ampliar sua extensão total de 64 km em 2013 para 400 km em 2016.

"Muitas pessoas queriam usar bicicleta, mas tinham medo. Decidimos priorizar a segurança dos ciclistas. É um direito deles", diz o secretário municipal de Transportes Jilmar Tatto.
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Homenagem à ciclista Marcia Prado, morta em 2009 em acidente na Paulista


Em 2014, São Paulo teve um aumento de 34% no número absoluto de ciclistas mortos no trânsito, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Foram 47 mortes, ante 35 em 2013.

No entanto, em termos relativos, houve uma queda de 10%, pois no mesmo período o número de ciclistas na cidade cresceu 50%, de 174,1 mil para 261 mil.

Isso fez com que em 2014 fossem registradas uma morte a cada 5,6 mil ciclistas, diante do índice de 1 a cada 5 mil em 2013, o que indica que pedalar na cidade vem se tornando mais seguro.

Mas há outras medidas além das ciclovias que podem reduzir ainda mais a mortalidade de ciclistas no trânsito, como mostram iniciativas em cinco grandes cidades do mundo. Confira:

Amsterdã: deixe os ciclistas dominarem as ruas
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Hoje, existem mais bicicletas que habitantes na Holanda


Se mais pessoas usassem a bicicleta para se locomover pela cidade, haveria menos carros nas ruas e, assim, menos veículos com o potencial de matar ciclistas.

É assim que Amsterdã, na Holanda, vem buscando resolver um dilema, já que muitas pessoas não pedalam por temer por sua segurança. Na cidade, cerca de 70% das viagens diárias de seus cidadãos são feitas de bicicleta.

Mas nem sempre foi assim. O número de carros nas ruas disparou entre os anos 1950 e 1960, fazendo com o trânsito ficasse cada vez mais congestionado e mortal.

Em 1971, mais de 3 mil pessoas foram mortas por veículos motorizados, 450 delas crianças. Em resposta a isso, foi criado um movimento, o Stop de Kindermood (Pare a morte de crianças, em holandês), para exigir condições mais seguras para os pequenos ciclistas.

A crise do petróleo de 1973 deu ainda mais combustível a esta causa, o que fez o governo investir em melhorias na infraestrutura cicloviária e com que os responsáveis pelo planejamento urbano de cidades no país buscassem alternativas aos projetos que tinham os carros como foco.

Paris: regras duras para caminhões
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Restrições a caminhões podem tornar ruas mais seguras para ciclistas

Paris aplicou restrições para caminhões. Se eles tiverem mais de 43 metros quadrados não podem circular sem uma permissão especial.
Já os caminhões menores só podem ir às ruas em horários específicos.


A mesma medida é aplicada em Dublin, na Irlanda, onde caminhões com mais de cinco eixos são proibidos entre 7h e 19h.

Em Londres, uma medida deste tipo passará a valer em breve. A partir de setembro, caminhões de mais de 3,5 toneladas deverão ter proteções especiais e espelhos extra.

Malmö: ciclovias separadas da rua
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Malmö teve apenas 16 mortes de ciclistas em nove anos


Na Suécia, a cidade de Malmö apostou em uma rede de ciclovias de mão dupla para manter bicicletas e carros separados.

Olle Evenäs, planejador de trânsito, atribui a isso aos bons índices de segurança para ciclistas na cidade.

"Nunca pintamos faixas para sinalizar ciclovias. Sempre criamos uma superfície separada do trânsito, com uma separação da rua e num nível mais elevado do chão", afirma ele.

Hoje, cerca de 25% a 30% dos deslocamentos diários de seus moradores é feito com bicicleta. E, entre 2003 e 2012, apenas 16 ciclistas morreram em acidentes envolvendo carros em Malmö.

Copenhage: uma 'ciclovia-cobra'
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Nova ciclovia de Copenhague isola ciclistas de motoristas e pedestres


Uma ponte exclusiva para bicicletas chamada de Cykelslangen foi aberta em Copenhague, na Dinamarca, no ano passado.

Além de manter os ciclistas bem longe dos carros, também afasta as bicicletas do caminho de pedestres que caminham à margem de sua baía.

Segundo ciclistas ouvidos pela BBC, a pista, também conhecida como "ciclovia-cobra", os fez se sentirem mais seguros.


Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150622_ciclovias_cidades_rb

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Qual o segredo do Vietnã para melhorar tanto a qualidade de sua Educação?

Andreas Schleicher

Diretor de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
Reuters

Estudantes em Ho Chi Minh City marcam os 40 anos do fim da guerra do Vietnã

O desempenho do Vietnã na última prova PISA - Programa para a Avaliação Internacional de Alunos - foi excelente.


Na primeira participação do país asiático nas provas organizadas pela OCDE, os jovens vietnamitas de 15 anos tiveram pontuações mais altas em leitura, Matemática e Ciências do que muitos estudantes de países desenvolvidos, incluindo Estados Unidos e Grã-Bretanha.

O feito surpreendeu as autoridades do Vietnã e os observadores externos.

Existem três fatores importantes que contribuíram para estes resultados incríveis: um governo comprometido, um plano de estudos bem pensado e um forte investimento nos professores.

Investimentos

O governo do Vietnã vem dedicando tempo e recursos para avaliar os desafios relativos à Educação.

O país criou um plano de Educação de longo prazo e parece estar disposto a destinar o financiamento que for necessário para atingir seus objetivos.

Quase 21% de todos os gastos públicos de 2010 foram dedicados à Educação, uma proporção muito maior do que em qualquer país membro da OCDE - o clube dos países mais desenvolvidos do mundo.

Leia mais: Exame internacional desfaz 7 mitos sobre eficiência da educação

Os educadores do país também criaram um plano de estudos que busca fazer com que os alunos desenvolvam um conhecimento mais profundo de conceitos centrais das diversas disciplinas e um domínio das habilidades básicas.

É fácil entender a razão de muitos destes estudantes vietnamitas terem se sobressaído nos testes ao se comparar alunos da Europa e da América do Norte, onde as escolas costumam abordar muitos assuntos, mas aprofundando pouco.

Além da memorização

O modelo vietnamita de Educação espera que os estudantes, ao terminar os estudos, não apenas sejam capazes de recitar o que aprenderam, mas também aplicar estes conceitos e práticas em contextos que não sejam familiares.

Nas aulas ministradas no país há um nível impressionante de rigor, com professores que desafiam os estudantes com perguntas difíceis.

Os professores se concentram em ensinar poucas coisas bem e com uma grande coerência, algo que ajuda os estudantes a avançarem.

E os mestres vietnamitas são muito respeitados, tanto na sociedade como em sala de aula.

Isto pode ser um atributo cultural, mas também reflete o papel que é dado aos professores no sistema educativo, que vai mais além de dar lição na escola e também engloba funções de apoio ao estudante e preocupação com seu bem-estar.

No país é esperado que os mestres invistam em seu próprio desenvolvimento profissional. Eles também trabalham com um alto grau de autonomia.

Além disso, os professores de Matemática, especialmente os que trabalham em escolas desfavorecidas, recebem mais formação profissional que a média dos países da OCDE.

Alunos fora da escola
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Alunos do Vietnã ficaram à frente dos americanos em ciências e matemática


Estes professores sabem como criar um ambiente de aprendizagem positivo, fomentam a disciplina em aula e ajudam a construir atitudes positivas dos estudantes em relação à Educação.

E isto sem esquecer o estímulo aos pais, que geralmente têm grandes expectativas em relação aos filhos, e o fato de que a sociedade vietnamita dá muito valor à Educação e ao trabalho duro.

Mas, cerca de 37% dos vietnamitas de mais de 15 anos não estão escolarizados e o desafio agora é conseguir colocá-los na escola. Os resultados da prova PISA, baseados nos jovens que vão à escola e estão dentro do sistema educativo, não dizem nada sobre esses outros jovens não escolarizados.

O governo já estabeleceu como prioridade escolarizar todos os jovens e, até o momento, o sistema conseguiu absorver as crianças desfavorecidas e dar a elas acesso equitativo à Educação.

Quantidade X Qualidade

Mas, conseguir manter a qualidade é mais difícil que aumentar a quantidade, e o Vietnã terá que ter cuidado para não perder a qualidade conforme amplie o acesso à educação.
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O Vietnã ainda precisa criar empregos para um mercado de trabalho que se modernizou


Assim como mostram os países que têm melhores desempenhos no setor, a excelência geralmente está associada à mais autonomia para as escolas, para que elas determinem seus planos de estudo e provas.

Para o Vietnã isto significa que o governo terá que encontrar uma forma de equilibrar uma gestão centralizada com um entorno flexível e autônomo para cada escola.

Para colher todos os frutos do investimento na Educação, o Vietnã precisa mudar não apenas a oferta de conhecimento, mas também a demanda.

Como sugere um informe recente, o Vietnã pode ganhar três vezes seu PIB atual até 2095 se todas as crianças comparecerem à escola secundária e todos eles adquirirem pelo menos conhecimentos básicos em Matemática e Ciências até 2030 - e se o mercado de trabalho do país for capaz de absorver e utilizar todo este talento.

Se o Vietnã não criar uma demanda para quem tem mais conhecimentos, o país corre o risco de que os mais qualificados escolham desenvolver seus talentos em outro lugar.

É necessário levar em conta uma possível liberalização do mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que o país se esforça para construir uma força de trabalho mais capacitada.

Talvez seja muito pedir para um país e seus cidadãos, mas o Vietnã já demonstrou que está pronto e, o que é mais importante, está disposto e ansioso para aceitar o desafio e superá-lo.






Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150622_vietna_segredo_educacao_fn

terça-feira, 9 de junho de 2015

'É um caso raro', diz médico legista sobre coração preservado de padre


Peritos constataram órgão intacto em exumação, em José Bonifácio (SP).
Descoberta foi de postuladores de Roma, durante processo de beatificação.


Do G1 Rio Preto e Araçatuba

Coração se deteriora em dois meses; Padre morreu há 7 anos (Foto: Reprodução / TV TEM)Coração de padre continua intacto após morte (Foto: Reprodução / TV TEM)


O processo de beatificação e canonização do monsenhor Ângelo Angioni, que atuou por quase 60 anos em José Bonifácio (SP), chamou atenção dos fiéis pelo fato docoração do religioso estar preservado, sete anos depois de sua morte. A constatação foi feita por peritos convocados pelos postuladores de Roma.

O professor de medicina legal Jorge Paulete Vanrell, de São José do Rio Preto (SP), diz que nunca viu uma situação como esta. "É um caso raro porque normalmente o coração se destrói. Dependendo da região climática, de um a três meses ele desaparece, como o resto dos órgãos. Há um descontrole entre a destruição do corpo todo, membros inferior e superiores, e o coração, isoladamente, está intacto. Os outros órgãos estão destruídos, menos o coração", afirma o professor.
Vanrell é nascido no Uruguai, mas vive em Rio Preto há mais de 40 anos. Médico legista, ele trabalha com exumações há mais de 20 anos e atuou em três países e é autor de 28 livros científicos sobre os processos de decomposição de corpos. “Há situações em que o coração pode se manter intacto, quando o cadáver não se destrói e se conserva, como no caso da mumificação. Aí terá o coração intacto, mas também tem o resto do corpo todo preservado. O coração, como músculo, deveria desaparecer, a menos que tenha acontecido algo específico, mas agora tem de ter uma pesquisa, retirar um fragmento para conferir se é coração mesmo, havendo hipótese de alguma substância medicamentosa”, diz.A igreja São João Batista, de José Bonifácio, recebeu no domingo (7) fiéis de toda a região noroeste paulista para o início oficial dos trabalhos diocesanos para o processo de beatificação e canonização do Monsenhor Ângelo Angioni. Ele morreu há sete anos e, segundo a igreja católica, ao exumar o corpo nesta semana, postuladores de Roma - responsáveis por recolher informações para beatificações - perceberam que o coração estava intacto e não se deteriorou com o tempo.
Monsenhor Ângelo Angioni (Foto: Reprodução / TV TEM)Monsenhor Ângelo Angioni
(Foto: Reprodução / TV TEM)


O processo de decomposição do corpo humano começa de dentro para fora e em até dois meses, o coração se desfaz. Em dois anos, a maioria dos corpos enterrados está totalmente decomposta, restando apenas ossos, cabelos, dentes e unhas.

Para que Ângelo Angioni seja declarado beato é preciso que a igreja reconheça um milagre pela intercessão do monsenhor e depois, para ser considerado santo, mais um milagre precisa ser comprovado pelos peritos do Vaticano. Um processo longo que pode durar décadas, mas depende dos fiéis que vão poder ajudar contando histórias e apresentando cartas e documentos que falem sobre os possíveis milagres.
O religioso
Ângelo Angioni nasceu na Itália em 1915. Foi ordenado padre aos 23 anos. Chegou ao Brasil em 1951 e foi direto para José Bonifácio onde atuou por quase 60 anos. Morreu em 2008 e foi enterrado na Igreja Matriz. O túmulo do monsenhor - título de honra conferido pelo Papa a padres católicos por serviços prestados à Igreja Católica - recebe centenas de fiéis todos os anos.
Professor de medicina legal Jorge Paulete Vanrell (Foto: Reprodução / TV TEM)Professor de medicina legal Jorge Paulete Vanrell (Foto: Reprodução / TV TEM)
Fonte 

Fonte http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2015/06/e-um-fato-raro-diz-medico-legista-sobre-coracao-de-padre.html

sábado, 6 de junho de 2015

O mundo vive uma ‘desglobalização’?

Reuters

Para especialistas, a globalização não trouxe todos os benefícios prometidos

Na década de 1990, qualquer debate político-econômico sempre envolvia uma "palavra mágica": globalização.

O termo define as políticas seguidas por países e empresas dentro de uma realidade em que as multinacionais podiam mudar de país num piscar de olhos e o dinheiro cruzava fronteiras com a velocidade da internet.

Hoje, o cenário é outro. O comércio mundial e os investimentos internacionais sofrem uma retração. Nas principais economias, florescem discursos e práticas anti-imigração, e a Rodada de Doha, como são conhecidas as negociações promovidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em prol da liberalização de negócios, já dura 13 anos, sem ser concluída.

Simon Evenett, especialista em comércio mundial da Universidade de Saint Gallen, na Suíça, defende que houve uma inegável mudança na tendência de globalização desde a crise financeira global de 2008.

"Isso afeta mais alguns setores do que outros, mas é evidente no comércio internacional e no setor financeiro, um símbolo da globalização", afirma.

E este novo momento já tem inclusive um nome: "desglobalização".

Portas fechadas
Reuters
Com uma economia global abalada, o impacto sobre o comércio tem sido claro


Na reunião dos países do G20 em 2009 em Londres, no Reino Unido, o grupo das maiores economias do mundo se comprometeu a "evitar a repetição de erros históricos", conscientes do perigo que a recessão mundial representava para a globalização.

Foi uma referência clara a outra grande crise econômico-financeira dos últimos 90 anos, vivida na década de 30, quando países lançaram mão de políticas ultraprotecionistas, que, segundo seus críticos, agravaram ainda mais aqueles tempos difíceis.

O exemplo mais claro foi a lei Smoot-Hawley, nos Estados Unidos, que elevou impostos de importação para mais de 20 mil tipos de produtos estrangeiros.

"Ainda não foi adotada agora uma medida tão óbvia quanto esta, mas os governos vêm aplicando de forma discreta toda sorte de mecanismos para proteger sua produção nacional", destaca Evenett.

Com a economia global abalada, o impacto sobre o comércio tem sido claro.

Se nos anos anteriores a 2008 cada aumento de 1% no PIB global era acompanhado por um aumento de 2% no comércio mundial, hoje esta proporção é de um para um, nos melhores casos.

Em janeiro, o comércio mundial caiu 1,6% e em fevereiro, 0,9%.

"Isso afeta os setores exportadores, que deixam de ser um motor de crescimento. Impacta ainda a criação de emprego e o nível dos salários, porque é nestes setores que estão os postos mais bem remunerados", explica Evenett.

Política de imigração
Getty
Em todo o mundo, cresce a polêmica em torno da imigração


As barreiras não são comerciais. O mal estar econômico após 2008 tem alterado o cenário político.

No centro do debate de muitos países desenvolvidos, está o mundo multicultural gerado pelos fluxos migratórios, outro símbolo da globalização.

Ao mesmo tempo, movimentos anti-imigração, como a Frente Nacional, na França, e o UKIP, no Reino Unido, vêm ganhando peso.

Um ponto-chave do futuro referendo do Reino Unido sobre sua permanência na União Europeia diz respeito a uma mudança defendida pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, em um princípio sagrado do bloco: a liberdade de circulação dos seus cidadãos entre os países-membros.

Ann Pettifor, da consultoria Prime Economics, avalia que o surgimento do partido Syriza, na Grécia, e dos nacionalistas do SNP, na Escócia, também são simbólicos deste questionamento da globalização.

"Também vimos isso na crise de 1930. As pessoas buscam refúgio em diferentes grupos políticos diante da instabilidade dos mercados e da incapacidade do governo de reagir", destaca Pettifor.

Fluxo financeiro
Getty
A globalização do sistema bancário também desacelerou


Outro ícone do mundo globalizado é o livre fluxo financeiro.

Com milhões de transações sendo processadas por segundo pela internet nos dias de hoje, é fácil se esquecer de que, até o fim dos anos 1970, havia um forte controle sobre a movimentação de capital.

Os britânicos tinham, por exemplo, um limite de 50 libras (R$ 240) para levarem em viagens ao exterior.

Tanto a direita quanto a esquerda costumam não se lembrar que o pilar desta política foram os acordos de Bretton Woods, promovidos pelos Estados Unidos e o Reino Unido e que criaram o Fundo Monetário Internacional (FMI), como o organismo que supervisionaria o mundo criado no pós-guerra.

Hoje, não se vê um retorno àquele controle rígido, mas um comunicado do Banco Central britânico destaca que os bancos estão evitando realizar empréstimos internacionais.

'Desglobalização'

Em um recente discurso, Kristin Forbes, integrante do Comitê de Política Monetária da entidade, afirmou que há uma "contração massiva dos fluxos financeiros globais", que qualificou como "desglobalização bancária".

Entre os exemplos deste fenômeno, estão o encerramento de operações bancárias em mais de 20 países da terceira maior instituição do tipo no mundo, o HSBC.

Muitos de seus empregados viveram em primeira-mão os efeitos desta retração da globalização de grandes bancos: entre 2011 e 2013, foram fechados mais de 30 mil postos de trabalho.

Este caminho também foi percorrido por outro gigante do setor, o Citi, que reduziu sua presença global para quase a metade de antes, passando a operar apenas em 24 países.

"Mesmo com a redução de empréstimos internacionais por bancos, para aumentar suas reservas, a arquitetura financeira mundial não se estabilizou, como mostra o aumento de US$ 57 bilhões na dívida global desde a crise", diz Pettifor.
AP
O banco HSBC reduziu presença global, com milhares de demissões

Pausa ou retração?


A pergunta é se estas tendências comerciais, financeiras e políticas marcam uma nova era ou se são um fenômeno transitório.

Nos últimos 25 anos, a unificação mundial gerada pela globalização desenhou um novo planeta.

A incorporação plena da China e da Índia - que, juntas, têm cerca de 40% da população do mundo -, bem como do Leste Europeu, são claros sinais do avanço da globalização.


Enquanto a Rodada de Doha pela liberalização segue paralisada, os acordos comerciais têm se multiplicado, com dois destaques: entre os EUA e a União Europeia, que representam 40% da economia mundial, e entre 15 países do Pacífico na Ásia e nas Américas.

A tecnologia também está do lado da globalização, levando mais à ruptura de fronteiras do que a criação de obstáculos.

Em um comunicado recente, o chefe de pesquisas de comércio internacional do banco holandês ING, Raoul Leering, apontou fenômenos econômicos, como a crise na Europa, como a causa da atual desaceleração, mas destacou que a globalização seguirá em frente.

"Não veremos se repetir o 'boom' dos anos 1990 e do princípio deste século, mas a integração econômica prosseguirá. Ainda falta uma integração entre países emergentes, como China, Índia e Filipinas, que têm baixos níveis de investimentos estrangeiros em comparação com os países desenvolvidos", avalia.

"A fragilidade da economia europeia foi um fator desta desaceleração transitória."

Segundo Pettifor, é importante diferenciar a globalização comercial e financeira.

"Não se pode subestimar o poder das forças que têm contribuído para a globalização. Mas é preciso distinguir a globalização comercial, que traz benefícios, da financeira, que gera instabilidade e uma forte reação social e política, que seguirá presente se não for controlada sua volatilidade."


Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/06/150605_desglobalizacao_economia_mundo_rb

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Pesquisadores criam questionário para 'prever morte'

O fumo é um dos principais fatores de influência no risco de morte nos próximos cinco anos

O mistério da morte pode começar a ser desvendado por um simples questionário da internet, segundo cientistas da Suécia. Eles criaram uma série de perguntas para dizer se você vai morrer nos próximos cinco anos.


O questionário é baseado em uma longa pesquisa realizada entre 2007 e 2010, que envolveu meio milhão de pessoas entre 40 e 70 anos de idade no Reino Unido.

Baseados em uma análise complexa de 655 aspectos do estilo de vida de cada um dos participantes no Centro de Pesquisas UK Biobank, os cientistas chegaram a um teste final de 13 perguntas para homens e 11 pra mulheres para determinar o risco de morte deles nos próximos cinco anos.

Para homens, a simples autoavaliação do estado de saúde (avaliada na pergunta "você considera sua saúde excelente, muito boa, boa, regular ou ruim?") foi o que mais influenciou no resultado final do risco de morte. Para mulheres, o diagnóstico anterior de algum tipo de câncer foi o fator mais forte.

Mas, para as pessoas que não têm nenhuma doença grave ou nenhum tipo de transtorno, o cigarro é o fator predominante para determinar a chance de elas morrerem nos próximos cinco anos.

As descobertas dos pesquisadores foram divulgadas na publicação científicaLancet. Além do questionário para determinar o risco de morte,
 disponível no site Ubble, os 

cientistas também desenvolveram um critério para dizer a "idade Ubble" dos que fizerem o teste.

Se ela for maior do que a idade real da pessoa, é melhor elas tentarem melhorar suas condições de vida – parando de fumar, por exemplo. Se for menor, significa que eles estão saudáveis.

Os resultados são baseados nas conclusões dos testes com moradores do Reino Unido, mas o questionário em inglês pode ser feito por qualquer pessoa que tenha entre 40 e 70 anos.

Conclusões

Das 500 mil pessoas entre 40 e 70 anos que participaram da pesquisa, 8.352 morreram ao longo dos anos de análise dos dados pelos cientistas.

Para homens, perguntas como "Quantos carros você tem?" aparecem no questionário - segundo os pesquisadores, quem tem muitos carros tem melhores condições financeiras, e isso influenciaria em uma menor chance de morrer nos próximos cinco anos.

Outras questões curiosas como "Como você descreveria o ritmo da sua passada?" também aparecem no questionário - os pesquisadores explicam que uma passada rápida é um indício de que a pessoa é saudável e, por isso, também tem menos possibilidade de morrer em breve.

Não foram levados em consideração fatores cardiovasculares, pressão alta ou obesidade porque, segundo os cientistas, isso não influenciaria em uma eventual morte nos próximos cinco anos.

Erik Ingelsson, dos autores do estudo, faz uma ressalva: apesar de os resultados da pesquisa serem interessantes e terem 80% de confiabilidade, não é possível tomá-los como "certeza absoluta".

"O fato de um resultado como esse poder ser medido em um questionário breve, sem necessidade de testes no laboratório ou exames físicos, é uma descoberta animadora", afirmou. "(Mas) claro que o resultado traz um grau de incerteza e não pode ser visto como uma previsão determinante e absoluta."

O cientista reforçou ainda que o risco de morte de uma pessoa pode ser reduzido com pequenas mudanças nos hábitos diários. "Para a maioria das pessoas, o alto risco de morrer nos próximos cinco anos pode ser reduzido apenas parando de fumar, fazendo atividade física e tendo uma dieta equilibrada."

As 500 mil pessoas que se voluntariaram forneceram o histórico médico delas para o Biobank, além de exames de sangue, urina e saliva. A saúde deles será monitorada pelo resto de suas vidas para permitir aos pesquisadores estudar mais as doenças e trabalhar na cura delas.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/06/150604_pesquisa_questionario_morte_rm