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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Quatro razões para entender por que mercado 'desconfia' de Dilma

Daniel Gallas

Dilma e Lula em Brasília | Foto: Reuters
Envolvimento maior de Lula em governo pode animar investidores, de acordo com especialistas
O primeiro dia depois das eleições que reconduziram Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto foi de turbulência no mercado financeiro brasileiro.
O índice Bovespa caiu 2,77%. A cotação do dólar também registrou alta de 2,5%, fechando a R$ 2,52. As ações da Petrobras caíram 12%, a maior queda desde novembro de 2008.
Como aconteceu durante a campanha com a divulgação de pesquisas eleitorais, indicadores do mercado financeiro reagiram mal à reeleição de Dilma, mostrando a preferência de parte do eleitorado pelo candidato derrotado, Aécio Neves (PSDB).
Em uma das primeiras entrevistas concedidas após a reeleição, a presidente já prometeu mudanças na economia antes do fim de seu primeiro mandato. "Não vou esperar para iniciar todas as ações no sentido de transformar e melhorar o crescimento da nossa economia", disse Dilma ao Jornal Nacional.
A presidente reeleita reafirmou seu compromisso de 'diálogo com todos os segmentos para discutir os caminhos do Brasil' e se comprometeu a anunciar novas medidas económicas até o fim do ano. "Pretendo colocar de forma muito clara as medidas que vou tomar. Agora, não é hoje. Antes do final do ano. Vou fazer neste mês que se inicia na próxima semana", afirmou.
Mas por que o mercado reagiu com 'desconfiança' à reeleição de Dilma? A BBC Brasil ouviu analistas no exterior sobre o pessimismo entre alguns investidores com os próximos quatro anos de mandato da petista. Conheça alguns dos motivos apontados por eles:

'Exagero interno' contagia exterior

O sentimento negativo em relação à economia no segundo mandato de Dilma entre vários investidores internacionais tem sua origem em um pensamento difundido pelo empresariado brasileiro, na avaliação de Stephen Rose, da LatinCo, consultoria de Londres que auxilia instituições europeias a investir no Brasil.
"A vitória apertada de Dilma ontem [domingo] na eleição presidencial do Brasil pode ser uma decepção, mas não é um desastre", escreveu Rose em um boletim enviado a seus clientes nesta segunda-feira em Londres. Ele cita que o mercado tinha mais confiança na perspectiva de reformas e ortodoxia na economia com uma vitória de Aécio Neves e a provável indicação de Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda.
"O antagonismo da comunidade brasileira de negócios a Dilma distorceu o cenário, dando a impressão de que o Brasil vai embarcar em quatro anos terríveis."
"O problema maior é com os empresários locais. O Brasil continua atraindo muitos investimentos estrangeiros diretos", diz Victor Bulmer-Thomas, analista do think tank londrino Chatham House. O Brasil atrai, em média, US$ 55 bilhões (R$ 139 bilhões) em investimentos estrangeiros diretos por ano - e essa média não caiu este ano, mesmo diante do pessimismo registrado no mercado financeiro.
Bulmer-Thomas diz que há investidores estrangeiros acostumados com riscos muito maiores do que o Brasil. Ele cita o exemplo do setor de energia – que continuará atraindo recursos externos pelos próximos cinco ou dez anos, dadas as boas perspectivas de rentabilidade no país.
"Investidores nesse setor estão acostumados com cenários locais muito mais difíceis. Essas pessoas estão acostumadas a investir em lugares como Rússia e Angola, então o Brasil não é o maior dos desafios."

Fuga especulativa

Stephen Rose atribui parte do movimento de saída de capitais estrangeiros nesta semana a um fenômeno particular de setembro. Alguns investidores com olho em ganhos de curto prazo inundaram a bolsa brasileira em setembro, na expectativa de que Aécio Neves ou Marina Silva fossem eleitos. Segundo ele, 52% do movimento de setembro da Bovespa era de capital estrangeiro chegando à bolsa.
Para ele, parte desses estrangeiros estão procurando oportunidades de ganhos no Brasil, e não demoram em sair do país para migrar para lugares como México e Indonésia diante de notícias consideradas ruins.
Rose e Bulmer-Thomas concordam que um dos problemas do mercado financeiro brasileiro é a falta de confiança do empresariado nacional para investir.
"No Brasil, o nível médio histórico de investimento é de 18% do PIB, o que é muito baixo se comparado com Índia e China, que estão na casa de 35% a 40%", diz o analista da Chatham House.
Para convencer os empresários brasileiros a investir, Dilma teria que dar uma série de sinais ao mercado – desde o nome da nova equipe à renovação de alguns princípios.

Ministro da Fazenda

Guido Mantega | Foto: Reuters
Após reeleição, Mantega afirmou que povo "aprovou política econômica" nas urnas
Um dos anúncios mais esperados é o nome do novo ministro da Fazenda, já que Guido Mantega está de saída.
Os analistas acreditam que o mercado aceitará bem algum ministro com perfil parecido com o de Antonio Palocci, com reputação de bom trânsito entre os empresários nacionais, mas rejeitará políticos como Aloisio Mercadante, visto como "esquerdista demais", segundo Stephen Rose.
Mas mesmo a indicação do novo ministro e da equipe econômica não seriam suficientes para apaziguar o mercado. Irene Mia, da consultoria britânica Economist Inteligence Unit, acredita que Dilma tem uma imagem de pessoa que "microgerencia" demais os assuntos da Fazenda e não dá liberdade para seus ministros trabalharem.
Ela cita uma frase de uma entrevista recente do ex-ministro Antonio Delfim Netto: "Dilma é seu próprio ministro da Fazenda", dando a entender que qualquer que seja o ministro, ele não terá espaço para tomar decisões.
Rose acredita que outro fator político será importante no segundo mandato de Dilma: o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo. Ele diz que Lula tem uma reputação de conseguir conciliar programas sociais com a gestão eficiente dos pilares da economia – agradando ao mercado e aos eleitores. Se ele ganhar mais espaço no governo Dilma, isso seria bem visto por muitos investidores.

Inflação

Os três analistas são unânimes na indicação de que o combate à inflação é o principal "termômetro" no qual investidores estão de olho. Um compromisso com puxar a inflação – que flutua atualmente próximo ao teto da meta de 6,5% - para o centro da meta (4,5%) mostraria um compromisso do governo em dar condições estáveis para os empresários investirem em aumentar a produção.
Irene Mia diz que, no primeiro mandato de Dilma, o governo só usou a política monetária (alta da taxa de juros) para combater a inflação. Como os juros brasileiros já estão em um patamar considerado alto, a única ferramenta que sobra é a fiscal – com aumento de impostos (que ela descarta) ou redução de gastos públicos.
No entanto, a analista da Economist Intelligence Unit não se mostra otimista com grandes reformas neste setor.
"Eu sinceramente não acredito que muita coisa vá mudar [em comparação com o primeiro mandato]. No momento, a situação é bastante ruim. Estamos prevendo crescimento econômico de 0,4% para este ano", diz Mia.
A previsão da EIU para os anos de 2015 a 2019 é de um crescimento econômico anual médio de 2,5% - levemente superior à média de 1,7% do primeiro mandato de Dilma.
"Durante a campanha, Dilma nunca assumiu que existe um problema com a economia. Ela parece achar que tudo está bem, e que o crescimento vai voltar e a inflação vai baixar. Mas ela não vê nada de errado, então acho que investidores não devem esperar muitas mudanças nas políticas."
Os analistas acreditam que Dilma terá pouca margem de manobra para usar a ferramenta fiscal (aumento de impostos ou redução de gastos públicos), já que o governo já está com dificuldades de cumprir o superávit fiscal primário este ano.

Aos 105 anos, homem que salvou mais de 600 crianças do nazismo é premiado

Nicholas Winton / Crédito: AP

Nicholas Winton recebeu a mais alta honraria da República Tcheca: a Ordem do Leão Branco

Um inglês que salvou mais de 600 crianças dos nazistas no início da Segunda Guerra Mundial foi condecorado na República Tcheca com a mais alta honraria do país – a Ordem do Leão Branco.

Nicholas Winton, de 105 anos, tinha apenas 29 anos em 1939 quando conseguiu oito trens para levar 669 crianças – a maioria delas judias – da Tchecoslováquia quando eclodiu a Guerra. Elas foram conduzidas para a Inglaterra e para a Suécia, onde ficaram livres das ações dos nazistas.

Setenta e seis anos depois, o britânico participou de uma cerimônia no Castelo de Praga, onde recebeu o prêmio.

Em seu discurso, ele agradeceu aos britânicos que aceitaram receber as crianças em suas casas.

"Quero agradecer a todos vocês por essa tremenda expressão de agradecimento por algo que aconteceu comigo há quase 100 anos", disse Winton. "Fico muito contente que algumas das crianças ainda estejam aqui para me agradecer."

"Eu agradeço aos britânicos por dar uma casa para eles, por aceitá-los e, claro, a enorme ajuda dada por muitos tchecos que fizerem o que puderam para lutar contra os alemães e tentar tirar as crianças do país", finalizou.
'Sem medo'

A missão notável do homem apelidado de "Schindler britânico" veio à tona somente no final de 1980.

Mas tudo começou em 1938, após a ocupação nazista da região dos Sudetos - nome usado para as áreas de pré-guerra na Tchecoslováquia.

Winton visitou campos de refugiados fora de Praga e decidiu ajudar as crianças a conseguirem licenças britânicas, da mesma forma como as crianças de outros países foram resgatadas no "kindertransport".

Na época, ele era um corretor de ações em Londres, e vinha de uma família judia alemã, então estava bem consciente da urgência da situação.

"Eu sabia do que estava acontecendo na Alemanha mais do que muita gente e, com certeza, mais do que os políticos", disse à BBC.

"Nós tínhamos pessoas ficando conosco que eram refugiados da Alemanha naquela época. Alguns que sabiam que suas vidas estavam em perigo."

Mas ele ressaltou que não teve medo de ajudar. "Não houve nenhum medo pessoal envolvido."

Winton conseguiu lotar oito trens com crianças que saíram da Tchecoslováquia, antes da eclosão da Guerra. Mas um nono trem, o que estava ainda mais cheio – com 250 crianças – não conseguiu cruzar a fronteira antes do conflito tomar conta do país.

A atitude de Winton ficou 'oculta' por 50 anos – ele não contou a ninguém o que fez – até que sua mulher encontrou um livro de recordações e descobriu.

Quando questionado pela BBC sobre o que achava que tinha mudado daquela realidade de 70 anos atrás para a que vive hoje, o homem de 105 anos não foi muito optimista. "Acho que não aprendemos com os erros do passado", disse.

"O mundo hoje está em uma situação mais perigosa do que jamais esteve e considerando que agora temos armas de destruição em massa que podem acabar com qualquer conflito, nada está seguro mais."

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141028_homem_premio_nazismo_rm

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Médicos fazem primeiro transplante com 'coração morto'

A máquina batizada de 'coração em caixa', que permitiu aos médicos manter o coração próprio para transplante


Cirurgiões na Austrália realizaram o primeiro transplante cardíaco usando um coração tecnicamente morto.

Os corações usados em transplantes normalmente são retirados de pacientes com morte cerebral, mas ainda com batimentos cardíacos.

Desta vez, porém, os médicos do St Vincent's Hospital, em Sydney, ressucitaram e transplantaram órgãos que haviam parado de bater até 20 minutos antes.

A técnica envolveu uma máquina que os médicos batizaram de "heart-in-a-box" (coração em caixa), que mantém o órgão aquecido. Os batimentos são então restaurados e fluidos e nutrientes são injetados para reduzir o dano muscular.

A primeira paciente a receber um transplante usando a técnica foi Michelle Gribilas, de 57 anos.

"Agora sou uma pessoa totalmente diferente", disse a mulher, que recebeu o coração dois meses atrás. "Me sinto como se tivesse 40 anos. Tenho muita sorte."

Desde então, duas outras cirurgias semelhantes foram realizadas.

A equipe responsável pelos experimentos estima que a técnica do "coração em caixa", que está em testes em todo o mundo, pode elevar em até 30% o número de vidas salvas por transplantes, devido à maior disponibilidade de órgãos.

"Esse avanço representa um passo na redução da falta de órgãos", disse o chefe da unidade de transplantes do hospital St Vincent's, Peter MacDonald.
Mais órgãos

Diferentemente de outros órgãos, o coração não é aproveitado após a chamada morte circulatória – quando cessam os batimentos cardíacos. O órgão é retirado e mantido no gelo por até quatro horas antes da operação.

Diversos métodos de aquecimento e fornecimento de nutrientes são usados para manter outros órgãos, como o fígado e os pulmões, próprios para transplante.


Esta máquina mantém o fígado vivo à temperatura normal do corpo


O diretor médico de transplantes do sistema de saúde pública do Reino Unido, James Neuberger, disse que o uso de máquinas neste campo "é uma oportunidade de melhorar o número e a qualidade de órgãos disponíveis para o transplante".

Mas ele disse que "ainda é muito cedo para estimar quantas vidas podem ser salvas por transplantes a cada ano se essa tecnologia for adotada como prática padrão no futuro".

A Fundação Britânica para o Coração descreveu a técnica como "um desenvolvimento significativo".

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141024_coracao_em_caixa_pu

Brasil: Em meio a perdas e economia estagnada, investidores de dívida fogem de Dilma

Bloomberg

Paula Sambo e Filipe Pacheco

27 de outubro (Bloomberg)

Uma economia estagnada e inflação ascendente, que quase custaram à presidente Dilma Rousseff sua tentativa de reeleição ontem, não têm agradado nada os detentores de bônus do Brasil.


O país teve desempenho pior que de outros países em desenvolvimento tanto quando se compara rendimentos de títulos de dívida em mercados de dívida local quanto externo durante os quatro primeiros anos de Dilma. Seu segundo mandato pode trazer retornos ainda piores devido ao aumento da preocupação de que o Brasil possa perder seu rating de grau de investimento após a Standard Poor's ter reduzido a nota soberana para um degrau acima do grau especulativo, em março.

A Quantitas Gestão de Recursos, uma boutique de investimentos com sede em Porto Alegre que gerencia R$ 15 bilhões (US$ 6,1 bilhões), estimou na semana passada que há 50 por cento de chance de que o Brasil tenha sua nota reduzida para o grau especulativo no segundo mandato de Dilma.

"Infelizmente, isso é muito negativo para o Brasil", disse Bianca Taylor, analista e estrategista de títulos soberanos em Boston da Loomis Sayles, que gerencia US$ 223 bilhões em ativos, incluindo bonds brasileiros, em entrevista por telefone, ontem à noite. Taylor espera uma "reação negativa natural" nos mercados de bonds nesta semana. "Ela não gerenciou o país de uma boa maneira até aqui".

Dilma ampliou gastos públicos e o controle do governo sobre as empresas estatais, desencorajando o investimento e ajudando a levar a economia a uma "estagflação". O produto interno bruto do país encolheu no primeiro semestre do ano, enquanto a inflação anual subiu para 6,75 por cento em setembro, acima do limite superior da meta fixada pelo governo.

Queda do real

Os bonds em dólar do Brasil deram um retorno médio de 8,7 por cento neste ano, menor do que a média de 10,1 por cento de avanço dos países em desenvolvimento com grau de investimento, mostram índices do JPMorgan Chase Co. Nos primeiros três anos de Dilma na presidência, as notas brasileiras registraram um ganho anual médio de 5,04 por cento, ficando atrás do retorno de 5,6 por cento de pares classificados de forma similar.

Com rendimento (ou yield) médio de 4,79 por cento, os bonds em dólar do Brasil renderam 0,45 ponto porcentual mais do que os títulos de outros países em desenvolvimento com grau de investimento. É a maior diferença desde que Dilma ocupou o lugar de seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011. Ela derrotou ontem o candidato de oposição, Aécio Neves, ao conseguir 51,6 por cento dos votos contra 48,4 por cento dele, na eleição presidencial brasileira mais disputada dos últimos 69 anos.

Os investidores no mercado local de dívida do Brasil têm vislumbrado um resultado ainda pior. A queda do real fez com que eles registrassem prejuízo de 9 por cento em termos comparativos iguais nos últimos quatro anos, o pior desempenho entre as principais moedas depois do rand sul-africano e do iene japonês, mostram dados compilados pela Bloomberg. O real perdeu 33,4 por cento de seu valor em relação ao dólar desde que Dilma assumiu.

Título em inglês: Rousseff Losing Bond Investors as Economy Falters: Brazil Credit

Para entrar em contato com os repórteres: Paula Sambo, em São Paulo, psambo@bloomberg.net; Filipe Pacheco, em São Paulo, fpacheco4@bloomberg.net.
Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2014/10/27/brasil-em-meio-a-perdas-e-economia-estagnada-investidores-de-divida-fogem-de-dilma.htm

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Desemprego baixo ajuda governo, mas taxa de ocupação mantém incertezas


Fábrica (Reuters)
Taxa de ocupação caiu no mesmo período, indicando que mais pessoas pararam de procurar emprego
A queda no desemprego em setembro, anunciada nesta quinta-feira pelo IBGE, dá força para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff nesta reta final do segundo turno, mas outro dado – a taxa de ocupação - mantêm a margem para críticas ao desempenho econômico do governo.
De acordo com o IBGE, o desemprego caiu para 4,9% em setembro, a menor taxa registrada para esse mês desde 2002. Analistas vinham esperando que o índice aumentasse cerca de 0,1 ponto percentual.
A pesquisa é feita em seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre), que em agosto haviam registrado um desemprego de 5% de acordo com o instituto.
O IBGE também registrou um aumento da renda média dos trabalhadores em setembro, de 0,1% na comparação com agosto, e de 1,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O PT vem defendendo que a recente desaceleração da economia teria sido motivada principalmente pela crise mundial e o fato de o desemprego estar em níveis historicamente baixos seria uma prova do sucesso das políticas adotadas pelo atual governo para "proteger o emprego e a renda dos trabalhadores" nesse cenário pouco favorável.
"Trata-se de uma pesquisa que provavelmente será usada politicamente porque corrobora essa tese do governo, mas que se for olhada no detalhe não é tão positiva e também dá subsídios para quem tem uma visão mais crítica da atual gestão", diz a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.
A questão, segundo Ribeiro, é que, apesar de o desemprego ter caído, o número de pessoas ocupadas também encolheu.
Em setembro 23,10 milhões de brasileiros estavam trabalhando, uma pequena queda de 0,2% frente ao contingente ocupado em agosto, de 23,13 milhões.
A diferença é classificada pelo IBGE como "estabilidade". Em relação a setembro de 2013 (23,19 milhões), a queda foi de 0,4%.
"Ou seja, apesar de o índice ter caído, temos menos geração de emprego e até o fechamento de alguns postos de trabalho. Como o número de pessoas que está buscando emprego também caiu - e caiu de forma mais acentuada - o desemprego encolheu. Mas a tendência geral é mesmo de uma deterioração do mercado de trabalho", opina Ribeiro.

Explicação

O aumento do número de pessoas que não estão nem trabalhando nem buscando trabalho e a consequente redução da População Economicamente Ativa (PEA) brasileira não é um fenômeno novo.
Especialistas o atribuem a uma série de fatores - alguns deles positivos, outros nem tanto.
"Por um lado, cada vez mais os jovens estão adiando sua entrada no mercado de trabalho para estudar e se qualificar. Por outro, também temos um aumento dos nem-nem - os jovens que nem trabalham nem estudam", diz Ribeiro.
"Além disso, o aumento da renda das famílias tem permitido que alguns de seus membros decidam ficar em casa em vez de trabalhar - seria esse o caso de algumas mulheres com filhos pequenos."
O dado sobre o desemprego foi anunciado em meio a denúncias feitas pelo jornal Folha de S. Paulo de que órgãos governamentais, ou ligados ao governo, teriam adiado para depois das eleições a divulgação de indicadores cujos resultados seriam negativos para a campanhad a presidente Dilma Rousseff.
Entre eles, estariam, por exemplo, os dados da Receita Federal para a arrecadação de tributos em setembro.
A expectativa do mercado é que a arrecadação caia em função do recuo no ritmo da atividade econômica e das desonerações fiscais - o que poderia dificultar ainda mais o alcance das metas fiscais.
Segundo a Receita Federal, a divulgação não foi feita nesta semana porque os responsáveis pelos cálculos da arrecadação estariam em reuniões internas.
Na semana passada, o diretor do Instituto de Pesquisas Econômicas Amplicadas (Ipea) Herton Araújo teria colocado seu cargo à disposição por discordar da decisão da cúpula do instituto - um centro de pesquisa ligado ao governo - de adiar um estudo sobre a evolução no número de miseráveis no Brasil.
O Ipea informou, em nota citando a lei eleitoral, que suspendeu até depois das eleições a divulgação de estudos não periódicos para evitar que eles possam favorecer algum candidato.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141023_desemprego_ru

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Morango com chantili por R$ 9,6 milhões? Veja alguns dos pratos mais caros do mundo

A mais nova moda no mundo da gastronomia é transformar água em ouro. Ou seja, cobrar um fortuna por pratos comuns - como uma sopa ou até mesmo um copo d'água.
A tática não é necessariamente vender o prato, mas sim a experiência única de saborear algo que custa tanto, mas que dura tão pouco.
"A vida não é medida pela riqueza. Ela é medida pela capacidade que as pessoas têm de passar seu tempo com algum significado", diz Angelito Araneta Jr., criador do sushi mais caro do mundo, segundo o Guinness World Records.
"Muitos dos nossos clientes são parte do 1% que conhece a chave para a vida", diz Araneta, cujo sushi "recordista mundial" custa US$ 1,980.
Confira abaixo dez dos pratos mais caros do mundo.

O CANOLI DOURADO



Preço: US$ 26 mil (R$ 63 mil), com direito a uma champanha e um colar de diamantes.
Setembro é "mês nacional do canoli". Isso segundo o chef Jasper Mirabile, da confeitaria Sprinkled with Sugar, de Kansas City.
Em setembro, ele coloca em seu cardápio este prato exclusivo. Na verdade, o prato do menu é um veículo para vender uma garrafa de uma champanhe 1999 Louis Roederer Cristal. Fora da "promoção", sem papel banhado a ouro, colar ou champanha, o canoli custa US$ 50.

HAMBURGUER DE CÉLULA-TRONCO



Preço: US$ 332 mil (R$ 810 mil)
Mark Post, da universidade holandesa de Maastricht, criou este hambúrguer usando células-tronco. Mas segure seu ímpeto de ligar para a tele-entrega: o sanduíche não está à venda.
O projeto é parte de uma pesquisa sobre alimentos ecologicamente sustentáveis financiado por Sergey Brin, executivo do Google. O preço é uma estimativa de quanto ele custaria para ser feito nos dias de hoje.
O sabor? Parecido com carne, mas não tão suculento, segundo críticos de comida.

RAMEN EXCLUSIVO



Preço: 10 mil ienes (R$ 230)
Este prato de ramen parece simples - como o que é servido em inúmeros restaurantes baratos pelo mundo. Mas ele inclui ingredientes exclusivos - e que são secretos, segundo o chef Shoichi Fujimaki, do restaurante Fujimaki Gekiyo, de Tóquio. Ele diz ter passado 25 anos elaborando a receita.

ÁGUA DE GELEIRAS E OURO



Preço: US$ 60 mil (R$ 146 mil)
Você acha que está pagando caro por uma garrafa d'água em restaurantes chiques? Tente comprar uma garrafa que custa o equivalente a um ano de salário em um país rico.
Paolo di Verachi criou esta garrafa de US$ 60 mil usando água de uma geleira da Islândia, de uma fonte nas ilhas Fiji - e misturando 5mg de pó de ouro. A garrafa também é feita de ouro (24k), baseada em uma escultura de Amedeo Modigliani. É a garrafa d'água mais cara do mundo, segundo o Guinness. Uma réplica sai pela bagatela de US$ 3,6 mil.

MORANGO COM ALIANÇA DE CASAMENTO



Preço: US$ 3,95 milhões (R$ 9,6 milhões)
Em Nova Orleans, o restaurante Arnaud's oferece uma sobremesa com um diamante rosa de 7,09 quilates. O prato é morango com creme chantili, e foi criado para clientes que querem propor alguém em casamento.
Quem não tiver alguns milhões na sua carteira pode trazer seu próprio anel - e o prato acaba saindo por apenas US$ 8.

SUSHI RECORDISTA



Preço: US$ 1.980 (R$ 4.825)
O filipino Angelito Araneta Jr. é conhecido como "chef quilate", por colocar 12 pérolas e quatro diamantes de 0,2 quilates em seu prato de quatro sushis. Os outros ingredientes são pepino, açafrão selvagem e foie gras (patê de fígado de ganso, banido em muitas partes do mundo).
O "Sushi del Oriente" foi mostrado em um restaurante de Milão em 2010, mas nunca foi colocado à venda.

TORTA 'CASEIRA'



Preço: US$ 1 mil por fatia (R$ 2,4 mil)
No Reino Unido, as "pies" (tortas, em português) são uma espécie de empadão recheado com carne moída. É a comida caseira e modesta que muitos britânicos adoram.
No hotel Fence Gate Inn, em Lancashire, o prato foi feito de forma nada modesta, com ingredientes como filé de bife Waguy (US$ 940 para a torta) e cogumelos chineses matsutake (US$ 3.840). A base do molho é o vinho 1982 Chateau Mounton Rothschild.
(A foto acima é meramente ilustrativa de uma "pie" - o prato do Fence Gate Inn só pode ser visto no local).

CAFÉ DE FEZES DE GATO



Preço: US$ 30 por taça (R$ 70)
O kopi luwak já ficou famoso em todo o mundo e está sempre na lista de alimentos mais caros. O café é feito a partir de grãos que estão nas fezes de um felino selvagem indonésio.

'SANDUICHINHO' DE QUEIJO



Preço: US$ 190 (R$ 460)
Esse é provavelmente o sanduíche de queijo mais caro do mundo, apresentado em um festival de queijos em Somerset, no Reino Unido, em 2011. A maionese é feita com ovos de marreco. O sanduíche também tem trufas brancas.
O prato do chef Martin Blunos foi registrado para concorrer como sanduíche mais caro do mundo no Guinness World Records, mas ainda não foi reconhecido.

BAGEL DE TRUFAS BRANCAS



Preço: US$ 1 mil (R$ 2,4 mil)
Bagels são outro exemplo de comidas baratas e modestas. Mas não quando levam folhas douradas e trufas brancas. O prato do chef Frank Tujague, do hotel Westin New York, em Manhattan, foi inspirado na "paixão nova-iorquina" por ingredientes refinados. O preço alto se deve às trufas brancas - um dos ingredientes mais caros do mundo.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_vert_cap_comida_cara_dg

Cinco desafios econômicos do novo governo

Foto Thinkstock

Tanto Aécio quanto Dilma prometem ser firmes contra inflação.
Seja quem for o vencedor da votação deste domingo, dia 26, este terá de tomar decisões-chave sobre questões que afetam o seu bolso.
PT e PSDB podem divergir em muitos temas, mas a desaceleração do crescimento parece ter criado um certo consenso de que a economia está em uma encruzilhada.
Como os tucanos costumam enfatizar, a expectativa oficial é que o país cresça só 0,9% este ano e analistas do mercado são ainda mais pessimistas, estimando uma expansão de menos de 0,3%.
Por outro lado, como ressaltam os petistas, o desemprego tem se mantido em patamares historicamente baixos, o que tem evitado que a população seja duramente afetada - embora não esteja claro por quanto tempo esse cenário positivo no mercado de trabalho pode ser mantido sem uma retomada.
Economistas de diversas linhas teóricas concordam que impulsionar a economia depende tanto de uma agenda de curto prazo, que inclui o controle da inflação e ajuste das contas públicas, quanto de uma de longo prazo, ligada a reformas estruturais.
Confira abaixo os cinco desafios que, na opinião deles, o novo governo deve enfrentar na área econômica:

1) Inflação

Boa parte dos brasileiros já sente o peso da alta de preços no bolso e caberá ao próximo governo evitar um descontrole nessa área.
Aécio Neves, do PSDB, diz que perseguirá uma meta de 3% de inflação e a presidente Dilma Rousseff, do PT, garante que será "duríssima" contra o problema.
Espera-se que a alta de preços deste ano fique próxima do teto da meta do Banco Central – de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
Para muitos economistas, porém, a meta só será alcançada com o adiamento dos reajustes de preços administrados (definidos ou influenciados por órgãos públicos).
"Em 2015, será difícil evitar a recomposição de alguns desses preços, o que deve ser um desafio a mais no controle da inflação", diz o conselheiro senior e ex-vice presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto.
Entre os que podem subir estão o preço da energia, as tarifas de ônibus e combustíveis.
Canuto explica que, em 2015, uma possível desvalorização do real também pode ter um impacto inflacionário adicional (em função da alta dos importados).
"Caberá a nova gestão achar uma solução para a questão da inflação, que até pode ser via política monetária. Mas, como os juros já estão relativamente elevados, o ideal seria que se tentasse uma política fiscal mais retraída", opina.

2) Investimentos

O consumo interno e o estímulo ao crédito estiveram entre os principais motores do crescimento brasileiro nos últimos anos.
Os investimentos, porém, não acompanharam essa expansão (e caíram do patamar de 20% para 17% do PIB), o que contribuiu para a freada.
Economistas veem diferentes razões para tal descompasso.
Alguns culpam a falta de reformas para amenizar problemas como a complexa burocracia do país, as deficiências de infraestrutura e gargalos de mão de obra – que inibiriam investimentos.
Outros criticam o governo por supostos erros de gestão que teriam atrasado projetos importantes (como o pré-sal) e afastado empresários de parcerias na área de infraestrutura.
Há certo consenso de que a falta de investimentos também estaria ligada a "expectativas negativas".
Para o governo, porém, esse "pessimismo" seria politicamente motivado e intensificado pela crise internacional. Já consultorias econômicas o atribuem a incertezas relacionadas à condução da política econômica.
Sem destravar os investimentos é difícil pensar que a economia possa voltar a crescer no patamar dos 4% da década passada.
"Por isso, impulsionar os investimentos privados na produção e em infraestrutura será um dos principais desafios do novo governo", diz o economista André Biancarelli, da Unicamp.

3) Contas públicas

Analistas calculam que as contas públicas fecharão 2014 com um "déficit nominal" superior a 4% do PIB – o pior resultado em mais de uma década.
O calculo de tal déficit contabiliza receitas e despesas do governo, além do pagamento dos juros da dívida pública.
O governo se comprometeu a poupar 1,9% do PIB para pagar esses juros, mas há dúvidas sobre se atingirá a meta.
Para Otto Nogami, do Insper, a expansão dos gastos e deterioração das contas públicas têm tido um impacto negativo na inflação, além de abalar a credibilidade do país frente a investidores.
Muitos economistas também vêm denunciando que, em uma tentativa de se aproximar da meta, o governo teria lançado mão de uma "contabilidade criativa" - manobras contábeis que fariam parecer que se estaria economizando recursos, quando isso não ocorreria.
"Para colocar as contas públicas em dia, o novo governo poderia adotar basicamente duas estratégias: aumento de impostos ou corte de gastos", explica Lourdes Sola, professora da USP especialista em economia política.
A primeira seria extremamente impopular. A segunda precisaria ser planejada com cautela - cortar em gastos sociais e investimentos, por exemplo, poderia ser um "tiro no pé".
"A questão das metas fiscais é uma discussão de curto prazo, mas não podemos perder de vista seu objetivo de longo prazo, que é tornar o Estado mais eficiente para investir no que interessa", diz Biancarelli.

4) Inclusão social

O aumento da renda dos trabalhadores, a formalização do trabalho e programas sociais ajudaram milhares de pessoas a cruzar a linha da pobreza nos últimos anos.
Mas se o país se mantiver com um nível de crescimento baixo, em algum momento o emprego pode ser afetado, colocando em risco esses ganhos.
A campanha do PT tem defendido que o partido seria o mais apto a impedir retrocessos - "protegendo o emprego" e investindo no social.
Já a campanha do PSDB acabou na defensiva, repetindo à exaustão que não pretende cortar gastos sociais ou fazer um ajuste drástico, ao custo de uma escalada do desemprego.
Nogami admite que de fato é possível que um ajuste, ainda que gradual, tenha algum efeito sobre o nível de emprego.
"A questão é que ele é inevitável e, ao adiar essas reformas, também podemos estar aumentando seus custos", opina.
"O grande desafio não é simplesmente crescer, mas sim crescer com estabilidade e emprego", resume Carlos Melo, cientista político do Insper.

5) Problemas estruturais

Há certo consenso de que, para garantir o crescimento da economia no médio e longo prazo, é preciso atacar os problemas estruturais que afetam a competitividade das empresas no país.
Entre eles estão a complexa burocracia e sistema tributário brasileiro e as deficiências de infraestrutura.
"Trata-se de uma agenda de médio e longo prazo, mas que precisa começar a ser colocada em prática o quanto antes", diz Canuto.
O objetivo seria ampliar o chamado PIB potencial do país, que leva em consideração a sua capacidade instalada para estimar quanto ele pode crescer sem que sejam criadas pressões inflacionárias (por falta de oferta).
"O próximo governo precisará fazer reformas estruturais para realmente mudar o ambiente de negócios no Brasil, porque só isso lançará as bases para um crescimento sustentado", diz Canuto.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141014_desafios_economicos_ru