Perceived Value Marketing - Notícias colhidas na internet que podem transformar valores.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Shopping Uai!


Rei dos camelôs, empresário tenta construir império dos shoppings 'povão'

Após emergir da informalidade, o ex-camelô e agora empresário Elias Tergilene, 41, quer investir R$ 1,2 bilhão em cinco anos na expansão da rede de shoppings Uai, que segue, como ele mesmo diz, o modelo "povão".

A vida no mundo dos negócios começou cedo, aos 15 anos, e longe de centros urbanos onde estão seus cinco shoppings (três em Belo Horizonte, dois em Manaus).

Natural de Carlos Chagas (MG), no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país, Tergilene foi cedo com a família para Betim (26 km de BH).

"Lá, comecei vendendo esterco. Daí em diante, não parei mais de vender coisas." Porco, vaca, cabrito, porta-retrato, mexerica. "Tudo que diziam que dava dinheiro honesto, eu estava dentro."

Trocou os animais pela carroça. Fazendo carreto, comprou um bar em uma quadra esportiva. "Só trabalhei lá quatro meses. Muito papo, todo mundo amigo. Ninguém pagava. Quase quebrei."

Passou o ponto para não falir e voltou ao carreto. Para ter maior alcance, vendeu carroça, boi, vaca e comprou uma velha caminhonete modelo Chevrolet Brasil 61.

Levava lenha a restaurantes de BH, de onde saía com lavagem, alimento para porcos de uma favela da cidade.

Lá, iniciou outro negócio: uma serralheria para fabricar móveis. Com o sucesso, vendeu 51% da empresa ao grupo italiano Doimo, fabricante de móveis de luxo, em 1997.

Só após dez anos reencontrou o comércio popular. Como o grupo investia em imóveis, comprou um prédio, em frente à rodoviária de BH.

Usou o local para entrar em um ramo criado três anos antes, quando a prefeitura levou os camelôs das ruas para os camelódromos.

Tergilene foi a um deles. Gostou da "muvuca" e, assim, nasceu o shopping Uai.

"Eu falava a mesma língua deles." E a equipe vai nessa linha: "Não tenho executivo rico. Todos são do 'povão', filho de pedreiro, doméstica".

Até 2018, a turma do "povão" quer abrir 25 shoppings -três em SP. Em 2013, contarão com um fundo imobiliário. Na região central de SP, já participa da Feira da Madrugada, onde planeja erguer um shopping, em sociedade com os camelôs.

Os italianos da Doimo e os camelôs se sentam à mesma mesa. Enquanto os gringos não entendem o comércio popular, eles não compreendem a sanha da Europa pelo Brasil. No fim, falam a mesma língua. Prova disso é que em 2013 os camelôs venderão roupas de estilistas italianos.

A pirataria não é tabu. Para contê-la, Tergilene pediu à Fiesp (federação das indústrias) que as empresas fornecessem bens aos camelôs.

O segredo de seus centros é agradar o "povão": com torre de cerveja, carne na chapa e música ao vivo. Não há receio, porém, em inovar. Neste ano, o Uai de BH sediou o "Miss Prostituta". "A socialite julga e o povão vai ver."

Da época das "vacas magras", guarda a lábia de camelô e a Brasil 61, que vendeu, recomprou e reformou. "Fico olhando a caminhonete na garagem. A gente tem essas bobagens. Era um tempo difícil. Tenho saudades."


Fonte: HELTON SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

PESQUISADORES JAPONESES CRIAM ÓVULOS EM LABORATÓRIO




As células-tronco romperam o que talvez fosse a sua última grande fronteira: o desenvolvimento de óvulos férteis a partir das formas mais "básicas" delas.

Por enquanto, o feito se restringe a camundongos, mas cientistas afirmam que ele pode representar um importante passo no tratamento da infertilidade feminina.

Em tese, há dois tipos de células-tronco que poderiam dar origem a qualquer tecido: as embrionárias e as iPS, que são células adultas "convencidas" por técnicas de laboratório a voltar a um estágio semelhante ao embrionário.

Na prática, porém, nenhum cientista tinha conseguido dar origem a óvulos férteis a partir desses dois modelos "básicos". Japoneses, liderados por Mitinori Saitou, da Universidade de Kyoto, deram um jeito nesse problema.

O processo de formação dos óvulos começa com as chamadas células germinativas primordiais, que possuem uma "personalidade" celular ainda muito básica.

Alterando alguns genes, os japoneses apostavam que seria possível induzir as células-tronco a se transformarem em células similares às germinativas primordiais.

Ao usar camundongos transgênicos, eles finalmente conseguiram dar origem a essas células, usando tanto as células-tronco embrionárias quanto as iPS (veja o quadro acima).

Em laboratório, os cientistas usaram esses óvulos em inseminações artificiais, que deram origem a filhotes férteis e saudáveis. A taxa de nascimento, porém, foi inferior à de filhotes oriundos de óvulos "tradicionais".

Se a técnica realmente puder ser aplicada em ser humanos --o que ainda deve demorar um bocado--, as implicações serão grandes.

Surgiria a possibilidade de criar óvulos de mulheres de qualquer idade, mesmo após a menopausa. Quem retirou os ovários devido a um câncer também se beneficiaria.

"Eles conseguiram um feito incrível, mas o trabalho não explica como algumas etapas foram feitas. O próprio grupo ainda precisa desvendar como alguns dos mecanismos funcionam", diz

Patrícia Beltrão Braga, pesquisadora de células-tronco iPS da USP. "Eles ainda não conseguiram fazer todo o processo in vitro", lembra ela.

A técnica, porém, já ligou um sinal amarelo devido a um dilema ético. Em tese, pela regressão a um estágio tão primordial de desenvolvimento, seria possível manipular as células para dar origem a espermatozoides.

Ou seja: casais do mesmo sexo poderiam ter um filho biológico, carregando 50% dos genes de cada genitor.

O grupo de Mitinori Saitou foi também o responsável por criar em laboratório os primeiros espermatozoides férteis com células-tronco.



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1164118-pesquisadores-japoneses-criam-ovulos-em-laboratorio.shtml

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ARTISTA NORUEGUÊS DESCONSTRÓI PAISAGEM ARQUITETÔNICA


Série de imagens do artista Espen Dietrichson apresenta edifícios fragmentados


O artista norueguês Espen Dietrichson se vale da arquitetura para criar imagens fortes de prédios desconstruídos.

Nas imagens criadas por ele, as construções parecem ter sido implodidas, e seus fragmentos flutuam no ar.

A série, intitulada "Variations on a Dark City" (variações em uma cidade sombria, na tradução do inglês), foi produzida a partir do uso de mídias como fotografia, técnicas de edição computadorizada e desenhos manuais.

A ideia é resgatar o dinamismo e o interesse visual que construções da cidade evocavam no passado. "Modificar a arquitetura era o meu primeiro interesse quando ingressei na universidade de artes", disse Dietrichson ao site "Dezeen".

As obras do artista estão expostas na Galerie Roger Tator, em Lyon, na França.


Fonte: http://classificados.folha.uol.com.br/imoveis/1158513-artista-noruegues-desconstroi-paisagens-arquitetonicas.shtml

terça-feira, 11 de setembro de 2012

JESUS, LÍDER SERVIDOR!




Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. Vieram para ouvir Jesus e ser curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. (Lucas 6,12-19)



Sempre que Jesus se isolava para rezar, é porque havia algo de extrema importância por fazer. Dessa vez, foi a escolha dos doze apóstolos. Apesar d’Ele ter o raciocínio rápido demais para dar as respostas mais sensatas, na hora de tomar decisões importantes Ele passava a noite inteira em reflexão, em oração.
Traçando um plano de vida e querendo cumpri-lo sem dar margem a erros, no Evangelho de hoje, Jesus vai ao monte e passa a noite inteira lá. “Monte”, aqui, significa intimidade profunda com Deus, pois Ele veio não para fazer a Sua vontade, mas a do Pai que O enviou.
Então, essa deve ser a primeira lição de hoje para nós: buscar uma meta, um objetivo de vida e traçar um plano para alcançá-lo. Mas tenhamos também a certeza de que, sozinhos não conseguiremos nada. Eu lhe pergunto: “Qual é o seu plano hoje?” O plano de Jesus foi difundir o Evangelho para toda a humanidade. O nosso não precisa ser tão pretensioso, mas é preciso que cada um saiba para onde vai, o que vai fazer lá e o porquê?
Outro ponto importante é que Jesus, sendo um líder servidor, com certeza acompanhava, um por um, dos Seus doze apóstolos e amigos. Devia conhecer a intimidade de cada um, seus anseios, suas preocupações, suas dúvidas, seus amores e, no decorrer dos três anos, deve ter feito um profundo processo de cura e transformação nesses doze homens para que eles soubessem como deveriam ser com os seus próprios seguidores quando chegasse a vez deles.
Jesus sabia que estava formando os doze não para Ele próprio, mas para o mundo, como um verdadeiro Pai que escuta, acolhe, compreende, perdoa e dá forças e meios para o filho superar as dificuldades, principalmente as próprias limitações.
Como seria bom se tivéssemos mais líderes, mais padres, mais coordenadores, mais pais que se sentissem responsáveis pelos seus como Jesus!
Por fim, a força que saía d’Ele curava a todos. Na linguagem de hoje, poderíamos dizer que Jesus era uma pessoa que tinha presença.
Ele é a Luz, por isso atrai a todos. Sua postura é sempre impecável. Mesmo lidando com doenças e demônios, Jesus conservava uma atitude positiva, conservando em tudo a firmeza de ânimo.
Assim como Ele, nós devemos praticar a mesma firmeza de ânimo, a fim de traçar um projeto de vida, sermos determinados e tocar para frente, contando sempre com a ajuda dos outros, pois “uma mão lava a outra” e as duas ficam limpas. Cristo, ao escolher os Seus discípulos, não faz outra coisa senão lhes confiar também a responsabilidade e os envia em missão para onde Ele mesmo deveria ir.
Precisamos ter atitudes positivas no nosso dia a dia. Uma atitude positiva mesmo frente aos problemas da vida. Isto nos fará superar todas as dificuldades.
Qual é o seu plano hoje?




Padre Bantu Mendonça


Fonte: Canção Nova

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

RETRATO FALADO FEITO A MÃO ESTÁ DESAPARECENDO





Retrato falado: apenas dois investigadores ainda desenham criminosos à mão em SP
RENATA MIRANDA
DE SÃO PAULO

A policial civil Tamara Andrade, 34, deixou o revólver de lado para combater a criminalidade com lápis, papel e borracha em uma pequena sala do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), no Carandiru, zona norte de São Paulo.

Retrato falado feito à mão desaparece aos poucos nas delegacias da capital
Entre os sete policiais que se dedicam à produção de retratos falados na cidade de São Paulo, somente ela e Yoshi Kawasaki, 47, seu mestre, mantêm a técnica manual para desenhar criminosos. Os outros cinco migraram para o computador. "Embora seja mais demorado, prefiro fazer à mão. Tem mais poesia", diz Tamara, graduada em artes visuais pela USP. "Somos investigadores de rostos."

Além do Deic, outros dois departamentos mantêm retratistas na capital: o Decap (polícia judiciária) e o DHPP (homicídios).

Enquanto Tamara conta apenas com as descrições das vítimas e com sua própria habilidade, seus colegas têm à disposição um banco de imagens digital com milhares de olhos, narizes, bocas e sobrancelhas prontos para montagem. No ano passado, dos 130 retratos falados feitos no Deic, 88 foram digitais e 42, manuais.

Avesso a tecnologia, o veterano Yoshi Kawasaki é o outro investigador paulistano que não larga o lápis. "Sou teimoso. O tempo que demoraria para aprender a mexer no programa digital, aproveito para fazer mais desenhos."

Com 20 anos de experiência, Kawasaki acredita que o desenho feito à mão é mais preciso. "Os detalhes que consigo colocar aumentam em 20% as chances de pegar o autor", estima ele, que fez o primeiro retrato falado do motoboy Francisco de Assis Pereira, o "maníaco do parque", no final da década de 1990.

Já o retratista do Deic Lino Barros, 47, abandonou a técnica manual por preferir a agilidade do digital. "É uma pena, mas o retrato feito à mão é uma arte que está morrendo."

O desenho não chega a ser crucial para uma investigação, mas contribui na hora de excluir suspeitos, afirmam os policiais. "Também é um desabafo da vítima que serve, muitas vezes, para ajudar a curar o trauma causado pela agressão", conta o investigador Gabriel Ferreira, 35. Ex-retratista, ele voltou às ruas há quatro anos. "Quem desenha o retrato falado é a própria vítima. A gente só empresta a mão."



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/1150090-retrato-falado-apenas-dois-investigadores-ainda-desenham-criminosos-a-mao-em-sp.shtml

sábado, 1 de setembro de 2012

NAS CORRENTES DE AR


Fotografa designer: Camille Nóbrega



Uma fotografia vale pelo que ela te fala e transmite. O olhar da fotografa e sua capacidade como designer
faz a diferença quando busca a excelência. A perfeição transfere ao espectador uma realidade incontida e o faz conversar com as cores e formas, percebendo o respirar intangível do ser na magia do encanto de alçar voos em longas correntes de ar.


Correntes
De ar
                      Flutuar
                      Com mansidão
                      A paz
Quero
Ingressar
Sentir
Na pele
O afagar
O desejo
Incontido
De deslizar
                       De voar
                       De ingressar
                       No tempo
                       Do ar
                       Do vento
                       Que
                       Sopra do além

Quero
Sentir
Nas sensações
No meu corpo inteiro
Das incertezas
De passar
A outra
Corrente
De ar
Escutar a canção do silêncio
Voar nas asas dos ventos
Contemplar a divina harmonia

Voar
Na paz
Integrar...




Alvaro de Oliveira
Orlando, 01/09/2012


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O FIM DA METAFISICA






A função do médico é preservar a vida do paciente, de modo que qualquer conduta que vá contra esse princípio é condenável. Essa é uma ideia simples, cativante e errada. O mundo é um lugar bem mais complexo e nuançado do que sugerem nossos esquemas mentais.

É mais do que bem-vinda a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que faculta a pacientes registrar em seus prontuários os procedimentos aos quais não querem ser submetidos. Em tese, isso lhes permitirá evitar intubações, choques elétricos e outras técnicas invasivas que podem prolongar a agonia do doente terminal. É uma medida necessária, mas que chega com décadas de atraso e apenas arranha o problema das decisões de fim de vida.

A dificuldade maior é que as fronteiras entre a ortotanásia (não aplicar tratamentos fúteis, atitude que o CFM aprova) e a eutanásia (quando o médico toma medidas que aceleram o óbito, legalmente considerada um homicídio) são tudo, menos claras. Frequentemente, a fim de evitar que o paciente sinta dor, faz-se necessário elevar o uso de sedativos. Só que uma sedação mais profunda favorece o surgimento de complicações fatais. Se as drogas utilizadas forem da classe dos opioides, elas podem provocar diretamente uma parada respiratória. Em que medida o médico precipitou a morte? E, se não o faz, é legítimo deixar o paciente sofrer?

Tentar responder a esse tipo de questão é um exercício metafísico que até pode ser intelectualmente estimulante, mas que não produzirá critérios inequívocos de decisão.

Minha sugestão é que abandonemos toda metafísica e estabeleçamos de uma vez por todas que cada qual é dono de sua própria vida, podendo dela dispor como preferir. Isso significa que, se quiser, o paciente deve ter o direito de receber doses letais de sedativos e analgésicos. O bonito dessa solução é que, ao não impor crenças externas a ninguém, maximiza a liberdade de todos.


Autor: Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia







31/08/2012 - 03h30

terça-feira, 17 de julho de 2012

ENERGIA SAUDÁVEL


Presos em MG pedalam para produzir energia elétrica e reduzir suas penas

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE







Um projeto pioneiro no sul de Minas Gerais permite que presos reduzam suas penas em troca de gerar energia elétrica por meio de bicicletas.

Desde o mês passado, as pedaladas de detentos do presídio de Santa Rita do Sapucaí (418 km de Belo Horizonte) ajudam a iluminar uma avenida usada pela população para caminhadas.

Atualmente oito presos se revezam em quatro bicicletas estáticas instaladas no pátio do presídio. Com 16 horas pedaladas, abatem um dia de pena. Cada detento pedala cerca de seis horas por dia.

Felipe Dana - 6.jul.2012/Associated Press     

Em Santa Rita do Sapucaí, presos pedalam bicicletas estacionárias, que servem para gerar energia
A iniciativa do projeto é do juiz José Henrique Mallmann, para quem a medida evita o ócio, trabalha o corpo e agrada aos presos. "Já tem fila de espera", disse Mallmann -são 130 detentos no local.

O esforço físico é transformado em energia por meio de uma polia e de um alternador. A energia é guardada em uma bateria de caminhão.

Dez horas de energia acumulada iluminam dez postes públicos por uma noite.

O projeto tem apoio de empresários da cidade -um comerciante doou os tênis que presos usam para pedalar.

O colegiado do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas irá se reunir para avaliar a iniciativa, disse a conselheira Cirlene Ferreira. O órgão quer avaliar se os detentos estão sendo submetidos a esforço físico extremo.

"Os presos pedalam conversando e rindo, como se estivessem numa academia", disse Gilson Silva, diretor-geral do presídio.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1121227-presos-em-mg-pedalam-para-produzir-energia-eletrica-e-reduzir-suas-penas.shtml

sexta-feira, 13 de julho de 2012

FOCANDO OPORTUNIDADES


Primeira foto: Chiara Gadaleta, Louise Nóbrega e Arlindo Grund
Segunda Foto: Chiara Gadaleta, Alexandre Taleb e Arlindo Grund
Terceira Foto: Chiara Gadaleta e Arlindo Grund em sala de aula.


Hoje bati um longo papo com minha filha Louise Nóbrega sobre oportunidades.

Ela no momento faz um curso de extensão universitária na área de PERSONAL STYLIST na Escola São Paulo com Alexandre Taleb e em seguida fará outro de MODELAGEM EM SISTEMA CAD AUDACES - AVANÇADO no Senai-Cetiqt.

Falamos muito sobre marketing e realização profissional. Desta conversa surgiu esta pérola, que ela colheu e postou no seu Facebook, a qual transcrevo aqui.

Focar no sucesso meteórico pode ter vantagens no curto prazo, mas, no longo, sua carreira pode ir à ruína.
Motivo? Ao apostar em atalhos, para chegar ao topo mais rápido, é normal que se pule algumas etapas, essenciais, para o amadurecimento profissional.

Inspire-se nos mais experientes para se lembrar que “o resultado até pode demorar em aparecer, mas ele aparece. É preciso, somente, persistência e foco”.

A maior riqueza do professor é ser compreendido!
A maior riqueza do pai é ser amado!






Louise Nóbrega teve aulas com o grande estilista, especializado em alfaiataria, Alexandre Won








Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 13/07/2012

domingo, 24 de junho de 2012

COMIDA AYURVEDICA - ALIMENTO QUE CURA








Terapeuta aiurvédica, Laura Pires ensina segredos da comida que cura
KARLA MONTEIRO
DO RIO

"Tudo o que entra em contato com os cinco sentidos é alimento", afirma Laura Pires, 31, ex-arquiteta que virou chef de culinária aiurvédica.

"Até o que você ouve pode equilibrar ou desequilibrar seu organismo. Você não se intoxica só com o que bota na boca", diz, enquanto pilota uma panela de bobó de pupunha fresca. Todo sábado, Laura ensina receitas e truques para uma plateia seleta na Barra da Tijuca. A atriz Grazi Massafera entusiasmou-se tanto que mudou a alimentação do seu Cauã Reymond. "Aprendi a comer, consumindo quase as mesmas coisas. Salada depois do prato principal, por exemplo, ajuda na digestão", diz Grazi.

A culinária aiurvédica nasceu na Índia, há mais de 5.000 anos. É irmã gêmea da ioga. E faz parte de um conjunto de práticas medicinais em que o fundamento, a base, é a desintoxicação.
No curso, Laura ensina desde pratos para o dia a dia até a utilização de especiarias que colaboram para o equilíbrio do organismo.

Laura percebeu que comida podia ser remédio depois de receber um diagnóstico de esclerose múltipla, em 2006
Entre uma receita e outra, solta dicas. Entre elas, não beber nada gelado, pois o corpo esfria e despende muita energia para reaquecer. Usar o "ghee", uma manteiga clarificada, carro-chefe do aiurveda, em vez de óleo. Cachacinha de gengibre com limão e mel facilita a digestão. Tudo segue a mesma lógica: harmonizar o funcionamento do corpo.

Febre entre os naturebas dos Estados Unidos e da Inglaterra, o aiurveda não é unanimidade. O endocrinologista Alberto Serfaty, do Rio de Janeiro, diz: "Não há verdade absoluta. Mas já se sabe que os alimentos previnem e alteram quadros clínicos. Mas é preciso agregar suplementos, como faz a medicina ortomolecular".

A turma que frequenta a cozinha de Laura, porém, aposta na comida. "Tinha pouca energia, minha digestão não era boa. E cansei de tomar remedinhos e voltar para os mesmos problemas", diz a corretora de investimentos Alice Maia.

Laura aprendeu que comida podia ser remédio depois de receber um diagnóstico dramático, em 2006: esclerose múltipla. Na época, morava no Rio e trabalhava em um escritório de arquitetura em São Paulo. Vivia na ponte aérea. "Eu era uma doida", resume.

RUMO À ÍNDIA

Um dia, acordou com a visão do olho esquerdo borrada. E logo vieram outros sintomas: paralisação parcial de um lado do corpo, perda da coordenação, fadiga. "Ia a médicos a cada dois, três dias", lembra.

"Uma noite, olhei para o meu marido e falei: 'Vamos para a Índia'. Ele pesquisava tratamentos alternativos e havia recebido um e-mail de um médico indiano."

Na Índia, Laura foi parar em um hospital de neurologia que trata os pacientes com o aiurveda. Por um mês, submeteu-se a um "panchakarma", sistema de "detox" radical. Desde então, voltou quatro vezes ao subcontinente asiático para tratamentos, fez cursos de formação em terapia aiurvédica e seguiu à risca as orientações.

Há quatro anos, ela diz, está livre dos sintomas: "Após dois anos, entrei em equilíbrio. O corpo tem uma tendência a se desequilibrar. Estou bem porque não entro mais na máquina. Se eu bobear, a doença volta".

Os limites são claros. Laura só trabalha três dias por semana. Às quartas e às sextas, atende no consultório. Aos sábados, dá aulas. Nunca ultrapassa seis horas diárias de labuta.
"Foi muito bom ter ficado doente porque enxerguei outra realidade. Isso é o que quero ensinar: a importância do estilo de vida", afirma.

Diante das panelas, a moça é alquimista. Com rapadura, faz um doce incrível. Com aveia, panquecas. Com manga, uma entrada apimentada. Com farinha integral e nozes, um bolo de lamber os beiços.

Numa manhã de sábado, ela ensinou 15 alunas a preparar um banquete para o organismo: "O segredo para o equilíbrio é mesmo aprender a relaxar. Comida ajuda, mas não resolve".






Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/serafina/1108552-terapeuta-aiurvedica-laura-pires-ensina-segredos-da-comida-que-cura.shtml

domingo, 17 de junho de 2012

ÍNDICE DE RIQUEZA INCLUSIVA (IRI) - Programa da da ONU




ONU lança índice de riqueza inclusiva: recursos naturais diminuíram mais no Brasil do que nos EUA

Crescimento mascara esgotamento de recursos naturais em 19 dos 20 países avaliados.


Índice avaliou a riqueza de 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008, considerando PIB, IDH e destruição dos recursos naturais.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou hoje um novo indicador voltado para incentivar a sustentabilidade – o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI). Apesar de registrar crescimento do PIB, China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem com tendo esgotado significativamente seu capital natural, a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca. Foram observadas mudanças na riqueza em 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008.

Se medido pelo PIB, que é o indicador mais comum para a produção econômica, as economias da China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram respectivamente 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008.

Entretanto, durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.

No entanto, quando seu desempenho é avaliado pelo IRI, as economias chinesas e brasileiras aumentaram apenas 45% e 18%. Os Estados Unidos cresceram apenas 13%, enquanto a África do Sul teve um decréscimo real de 1%.Segundo a ONU, o foco no crescimento econômico ignora o esgotamento dos recursos naturais que irá prejudicar seriamente as gerações futuras.

Saiba mais...
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 Entrevista com Luiz Paulo de Souza Pinto, diretor sênior de Biomas da Conservação Internacional Brasil
Índice
O IRI, que vai além dos parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e inclui uma gama de ativos como o capital manufaturado, humano e natural, quer mostrar aos governos a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento. O índice apresenta a riqueza inclusiva de 20 nações: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Índia, Japão, Quênia, Nigéria, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, EUA, Reino Unido e Venezuela.

O indicador foi divulgado neste domingo no Relatório de Riqueza Inclusiva 2012 (IWR na sigla em inglês), uma iniciativa conjunta lançada na Rio+20 pelo Programa Internacional de Dimensões Humanas sobre Mudança Ambiental Global (UNU-IHDP, na sigla em inglês) organizado pela Universidade das Nações Unidas e pelo Pnuma.

“A Rio+20 é uma oportunidade para abandonar o Produto Interno Bruto como medida de prosperidade no século 21 e como barômetro de uma transição para uma Economia Verde inclusiva, não serve para medir o bem-estar humano, ou seja, as muitas questões sociais e a situação dos recursos naturais de uma nação”, disse o subsecretário geral e diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner.

“O IWR representa o primeiro passo fundamental na mudança do paradigma econômico global forçando-nos a reavaliar nossas necessidades e objetivos como sociedade” disse o Professor Anantha Duraiappah, diretor do relatório IWR e diretor executivo do UNU-IHDP. “Oferece uma estrutura rigorosa de diálogo com várias bases eleitorais que representam os campos ambientais, sociais e econômicos”.

Crescimento populacional
Segundo o relatório, a importância em cuidar de todo o leque de bens de capital de um país torna-se particularmente evidente quando o crescimento populacional é levado em conta.

Quando a mudança da população é incluída para examinar o IRI numa base per capita, quase todos os países analisados mostraram um crescimento significativamente menor. Esta tendência negativa deve provavelmente continuar em países que apresentam atualmente um elevado crescimento da população, como Índia, Nigéria e Arábia Saudita, se não forem tomadas medidas para aumentar o capital base ou diminuir o crescimento da população.

Os países selecionados representam 56% da população mundial e 72% do PIB mundial, incluindo economias de alta, média e baixa renda em todos os continentes. Alguns países foram escolhidos com base na hipótese de que o capital natural é particularmente importante para a sua base produtiva - como no caso do petróleo no Equador, Nigéria, Noruega, Arábia Saudita e Venezuela; ou minérios em países como o Chile e florestas no Brasil.

Principais conclusões
- Enquanto 19 dos 20 países sofreram declínio no capital natural, seis também observaram declínio na sua riqueza inclusiva, colocando-os em uma faixa insustentável: Rússia, Venezuela, Arábia Saudita, Colômbia, África do Sul e Nigéria foram os países que não conseguiram crescer. Os outros 70% dos países mostram crescimento do IRI per capita, indicando um certo nível de sustentabilidade.

- O alto crescimento populacional em relação ao crescimento do IRI criou condições insustentáveis em cinco dos seis países mencionados acima. A falta de crescimento da Rússia é devida em grande parte a uma queda no capital manufaturado.

- 25% dos países que mostraram uma tendência positiva quando medido pelo PIB per capita e pelo IDH, computaram IRI per capita negativo. O principal impulsionador da diferença de desempenho foi o declínio no capital natural

-Com exceção da França, Alemanha, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos, todos os países pesquisados têm uma maior participação do capital natural em relação ao capital manufaturado, o que destaca sua importância

-O capital humano tem aumentado em todos os países e é a forma de capital eleita para compensar a diminuição do capital natural na maioria das economias

-Há sinais claros de permuta entre as diferentes formas de capital

- Inovação tecnológica e/ou ganhos de capital com petróleo (devido ao aumento dos preços) superam o declínio do capital natural e os danos das mudanças climáticas, fazendo com que uma série de países - Rússia, Nigéria, Arábia Saudita e Venezuela - passem de uma trajetória insustentável para uma sustentável

-As estimativas de riqueza inclusiva podem melhorar significativamente com melhores dados sobre as reservas de capital natural, humano e social e seus valores para o bem-estar humano.

Fonte:Pnuma

Recomendações
O relatório, que será produzido a cada dois anos, faz as seguintes recomendações específicas:

- Países que observam retornos decrescentes no capital natural devem investir em capital natural renovável para melhorar o seu IRI e o bem-estar dos seus cidadãos. Exemplos de investimentos incluem reflorestamento e biodiversidade agrícola

- As nações devem incorporar o IRI nos ministérios de planejamento e desenvolvimento para incentivar a criação de políticas sustentáveis

- Os países devem acelerar o processo de transição de uma estrutura contábil baseada em renda para uma estrutura contábil de riqueza

-As políticas macroeconômicas devem ser avaliadas com base no IRI, em vez do PIB per capita

-Governos e organizações internacionais devem estabelecer programas de pesquisa para calcular os principais componentes do capital natural, particularmente ecossistemas.

O subsecretário-geral e reitor da Universidade das Nações Unidas, professor Konrad Osterwalder, concluiu que o uso do IRI salvaguardaria os interesses de muitos países em desenvolvimento. “Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) têm funcionado como uma importante ferramenta para centralizar a atenção internacional e as ações em torno das principais e mais prementes questões globais”, disse ele. “Com a rápida aproximação de 2015, prazo para o cumprimento dos ODMs, fica claro que as oportunidades para muitos países em desenvolvimento alcançarem seus objetivos podem estar comprometidas se forem mantidas as taxas de declínio atuais de vários serviços fundamentais do ecossistema”.

“Um aumento na riqueza total não indica necessariamente que as gerações futuras poderão consumir tanto quanto atualmente; na medida em que população cresce, cada forma de capital fica mais diluída na sociedade”, disse Sir Partha Dasgupta, professor emérito de economia em Cambridge e conselheiro científico do IWR.


Letícia Orlandi
Publicação: 17/06/2012 12:27 Atualização: 17/06/2012 12:58





USINA DE ONDAS NO PORTO DO PECÉM - CEARÁ



Usina de ondas pioneira da América Latina


A usina de ondas do Porto do Pecém/Ceará, que transforma os movimentos do oceano em energia, será lançada, oficialmente, durante o evento Rio +20, a ser realizado entre os dias 13 e 22 desse mês. Pioneiro na América Latina, o projeto, inicialmente, irá abastecer o próprio Porto. De autoria do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenha.

Com este empreendimento o Governo do Estado do Ceará, dá início a fase de implantação de pesquisas realizadas na UFRJ, com pioneirismo e visão. Esta valorização da energia verde poderá trazer ao Estado benefícios incontáveis.
A obra, que esta iniciando, coloca o Governador Cid Gomes entre os homens públicos, pioneiros da nova Geração Verde, que busca dar equilíbrio ao planeta.

Veja no vídeo anexo entrevista com o presidente da Ceará Portos explicando o empreendimento.


ECO-CIDADE

Eco-cidade quer ser verde e rentável.


Tianjin, parceria entre China e Cingapura, busca energia renovável e transporte limpo.









CLÁUDIA TREVISAN , ENVIADA ESPECIAL , ECOCIDADE DE TIANJIN, CHINA - O Estado de S.Paulo

Enquanto outros centros urbanos exibem monumentos e beleza natural como cartões postais, a ecocidade de Tianjin se orgulha das turbinas eólicas e das placas de energia solar, que ocupam suas ruas como estátuas em homenagem à sustentabilidade.

Turbinas eólicas e placas de energia solar na cidade de Tianjin, na China,
Com edifícios "verdes", emissões zero no transporte público, uso de energia renovável e um desenho que estimula a locomoção a pé ou por bicicleta, a ecocidade se propõe a ser um modelo para outras regiões da China, onde 300 milhões de pessoas deverão deixar o campo nos próximos 20 anos, no mais rápido processo de urbanização do mundo.

Projetada para ter 350 mil habitantes quando estiver pronta, em 2020, a cidade já tem ruas, ciclovias, centrais de geração de energia verde e parques para instalação de empresas. Canteiros de obras ocupam a maior parte de seus 30 km² e os primeiros edifícios residenciais começam a ser entregues. Nas últimas semanas, 60 famílias se mudaram para o local, que deverá ter 10 mil moradores no fim de 2013.

Tianjin é a maior das cerca de 20 ecocidades levantadas atualmente no país e a primeira construída em parceria pelos governos de China e Cingapura. A ideia é que ela seja comercialmente viável, regida pelo princípio da praticidade e possa ser replicada em maior ou menor escala.

"A cidade não se parece com algo futurista ou de ficção científica. As soluções que usamos, como a orientação dos prédios e ventilação natural, podem ser adotadas sem muito custo e têm grande impacto na redução do consumo de energia", disse o cingapuriano Ho Tong Yen, CEO da ecocidade de Tianjin. Na quinta-feira, Ho participará de um painel sobre ecocidades na Rio+20, ao lado de Richard Register, o primeiro a usar o termo, em 1987.

A meta é que 20% da energia consumida no projeto de Tianjin venha de fontes renováveis: eólica, solar e geotérmica. As ruas serão equipadas com 700 postes com painéis solares e miniturbinas que permitirão a geração de energia com o vento.

A cidade será cortada por um "vale ecológico" de 12 km de extensão, que terá ciclovias e pista para pedestres, ao lado das quais haverá uma linha de trem. Os condomínios não terão muros e serão cortados por "atalhos" para facilitar a locomoção a pé. A meta é que 90% dos deslocamentos sejam verdes, com transporte público, bicicleta ou a pé.

Ecocidadania. O grande desafio será garantir que os moradores da ecocidade também sejam ecocidadãos. Qualquer um poderá morar no local e ter carro não será proibido. Aliás, postos de abastecimento da estatal de petróleo Sinopec já estão sendo construídos nas margens das ruas. "Faremos campanhas de educação para provocar uma mudança de mentalidade para que as pessoas fiquem mais verdes com o passar do tempo", observou Ho.

A meta de 90% é ambiciosa. "Apenas algumas cidades em países desenvolvidos e em desenvolvimento possuem porcentuais de transporte verde de 70% ou mais", observa estudo do Banco Mundial sobre o projeto. E ter carro é uma das aspirações da emergente classe média chinesa, onde a proporção veículo/habitante é inferior à de países em semelhante estágio de desenvolvimento.

O projeto estabelece 26 indicadores que terão de ser atingidos, como a reciclagem de 60% do lixo doméstico e a existência de 12 m² de área verde por habitante já a partir de 2013. O desenho urbano prevê que os moradores terão serviços essenciais perto de casa, como escolas, postos de saúde, centros comunitários e comércio. Idealmente, deveriam trabalhar a curta distância, mas Ho reconhece que é difícil definir isso a priori, pois muitos dos compradores de imóveis têm empregos em outras regiões.

A expectativa é que a economia local forneça trabalho. "Seiscentas empresas já estão registradas para operar na cidade. Antes de termos moradores, nós teremos empregos", afirmou Ho.

Os empreendimentos residenciais e comerciais são feitos por empresas privadas, que compraram o direito de exploração da terra e vendem unidades a preço de mercado. Os projetos são construídos segundo os idealizadores da ecocidade e 100% dos edifícios são construídos na mesma direção, em um ângulo que otimiza o recebimento de luz solar. Além disso, devem ser eficientes do ponto de vista energético e ter 20% de fontes não tradicionais de água.


















Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ecocidade-quer-ser--verde-e-rentavel-,887342,0.htm

quinta-feira, 7 de junho de 2012

LENTE COMPETENTE - ARTE DO OLHAR


































Fotografia: Camille Nóbrega





Lente
Mente


                                               Lentamente


Competente
Arte
Do
Olhar
                                       
                                                Êxtase


Procurar
Somente
                                                                       O Êxtase


                                                Só
                                                Lente


                                                Insolente
                                                Indolente


                                                Competente


Não
Mente
                                                Mente
Mente
Quem
Não
Entra
Em
Êxtase


                                                                  Contente
                                                                  A
                                                                  Natureza
                                                                  Agradece


                                                                  A
                                                                  Lente


                                                                  A
                                                                  Mente


                                                                  A
                                                                  Arte





Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 07/06/2012

Fonte: "Mundo Pequeno" em www.camillenobega.com



terça-feira, 29 de maio de 2012

AMYR KLINK: ENCURTANDO O TEMPO


Amyr Klink:
"Detesto aventura"
O homem de 56 anos e mais de 250 mil milhas náuticas percorridas fala com a empolgação de um garoto. "Quero encurtar o tempo" e "fazer viagens mais intensas", diz.

  





Muitos conhecem o mundo através de relatos, imagens e histórias. Amyr Klink quis conhecê-lo de perto. Nesta entrevista, ele compartilha um pouco do que viveu e diz que seu desejo é encurtar o tempo

Rosto sisudo, olhar fixo, estatura avantajada, traje social e pressa para pegar o voo em uma manhã de quinta-feira. Quem vê Amyr Klink pode ter, em um primeiro momento, a impressão de estar diante de um típico executivo ou burocrata. Educado e gentil, diz cortesias antes da entrevista e escuta atentamente cada palavra do que lhe é indagado.

Mas é só tocar no assunto que é sua grande paixão, os barcos, para o homem deixar de lado os protocolos e desembestar a falar, sorrir, brincar. E não são poucas as histórias, opiniões e lições de vida de um dos maiores navegadores do mundo, que já realizou mais de 40 expedições para os mais remotos pontos do planeta.

O homem de 56 anos e mais de 250 mil milhas náuticas percorridas fala com a empolgação de um garoto. “Quero encurtar o tempo” e “fazer viagens mais intensas”, diz. Os anos não tiraram dele a capacidade de se admirar com o mundo. Muitos o consideraram louco quando cruzou o oceano Atlântico, sozinho, em um barco a remo. Ou quando passou mais de 600 dias em alto-mar e foi da Antárctica ao Polo Norte. Mas a História mostra que o tempo sabe reconhecer o legado dos que um dia foram taxados de loucos.

Klink diz que quer um mundo sem bandeiras nacionais e que o que mais o impressiona nas expedições que faz não é a natureza e sim as pessoas que encontra. Com uma cultura geral invejável, não se restringe ao universo da navegação. Fala sem titubear sobre qualquer assunto.

O homem que desbravou oceanos afirma ser um grande medroso. O homem que viu maravilhas naturais diz não acreditar em Deus (embora tenha dito um “graças a Deus”, durante a entrevista). O homem que percorreu o mundo de barco diz detestar aventuras. Este é Amyr Klink.

O POVO - Onde foi sua infância e como foi a vivência que o levou a querer navegar?
Amyr Klink - Uma parte importante dela foi na beira do mar, em Paraty (no Rio de Janeiro). Primeiro nas canoas. Me incomodava voltar das festas longe da cidade, com vento a favor e eu tinha que remar. Falei: “Mas por que esqueceram o uso da vela?”. Aí fui descobrir como é que se faziam as velas. Fui entendendo que as pessoas da cidade são ignorantes. Ignoram a cultura autêntica do Brasil. Ninguém da cidade de Paraty se interessava pela variedade, pelos tipos de barcos, pelo desenho do remo, pela cestaria da cidade, que é única. Não havia esse interesse. E hoje eu faço as viagens que eu gosto de fazer em barcos que a gente desenha e constrói. De dez anos pra cá, eu passei a ter o privilégio de poder interferir nesses desenhos. A gente ganhou muitos prêmios fora do B rasil fazendo barcos malucos. Passamos a ter a ousadia de pegar a ideia de um mestre jangadeiro e de um mestre bastardeiro lá de Camocim (município do Litoral Oeste do Ceará) e botar isso num veleiro de ultratecnologia.

OP - Misturando as técnicas de construção...
Amyr Klink - Claro, porque lá (em Camocim) os barcos encalham todos os dias e veleiro não é feito pra encalhar. Meu barco na Antárctica está encalhado nesse momento. E fica todo mundo perguntando o que aconteceu. Ele é feito pra isso, pra encalhar. E essa ideia não foi de nenhum engenheiro do Centro Naval de Toulouse (cidade do sul da França). Foi de um mestre jangadeiro, saveirista, bastardeiro, canoeiro, boteiro (que constrói esses tipos de barcos). Fora do Brasil, esse tipo de influência é valorizado culturalmente, na escola. Se você olha o currículo escolar aqui, se forem falar de barco na escola, vão falar do barco do (navegador Pedro Álvares) Cabral. O Brasil tem milhões de engenheiros navais que não têm diploma, que são muito melhores do que os caras dos centros de referência lá fora.

OP - O que o levou a querer fazer a primeira expedição?
Amyr Klink - A curiosidade. A mesma vontade que tem um moleque que mora na praia de Camocim. A vontade de ir pro mar. Ficava vendo os barcos entrarem e saírem, aí senti essa vontade. Nunca gostei de jogar bola quando era pequeno. Eu adorava ver as canoas entrando e saindo. E foi no tempo que elas foram morrendo, foram perdendo as velas e ganhando motores. E aos poucos eu fui percebendo que em cada pedaço na baía onde eu morava tinha um estilo diferente, uma técnica diferente de fazer barco, de ir pro mar, de navegar. E de repente vieram barcos “alienígenas”, que eu não conhecia. Pequenos veleiros, feitos do outro lado do mundo, viajando em volta da Terra. Enquanto aqueles barcos enormes e de luxo, que tinha lá, não iam pra lugar nenhum, não prestavam pra nada, não tinham estilo, não tinham graça nenhuma, só davam dor de cabeça. E foi isso que me fez enveredar por esse caminho.

OP - Tem alguma expedição que o senhor considera a mais marcante?
Amyr Klink - Têm muitas, mas acho que pra mim a mais marcante foi a primeira viagem com as minhas filhas, há seis anos. Foi uma viagem absolutamente sem nenhuma aventura nem dificuldade, mas eu estava nervoso porque levei minhas filhas e levei também filhos de terceiros. E aí você está atravessando com ondas de oito, dez metros, olhando as crianças dos teus amigos lá. Então é muita responsabilidade. E isso foi uma experiência em que eu aprendi muito. Achei que ia ensinar para as minhas filhas e descobri que quando você tenta passar o conhecimento que você juntou é que você vê que tem que aprender. O processo de aprendizado nunca se encerra. Eu tomei uma saraivada das meninas (filhas). Elas conhecem a Antárctica muito melhor do que eu. Ano passado elas fizeram 72 palestras no Brasil, para escolas e empresas falando sobre aquecimento global. Pra mim uma surpresa incrível. Elas escreveram um livro que está sendo adotado na rede educacional, que se chama Férias na Antárctica. Elas têm uma visão totalmente ambientalista, que eu não tenho. Imagina: eu levava cachorro pra Antárctica, fazia churrasco... Hoje se você for na Antárctica com um animal, é jaula (cadeia), inafiançável. Hoje o jovem tem uma capacidade de incorporar conhecimentos muito maior do que a gente tem de passar. Então é um baita desafio. Acabei levando elas seis vezes pra lá. E aí eu percebi que esse processo de transferir conhecimento vai se acelerando, se multiplicando e de repente a sua fonte vai secando, então você tem que passar a captar conhecimento pra empurrar. É um processo que eu acho fascinante.

OP – Durante as expedições, qual sua relação com o medo?
Amyr Klink - Eu tenho um p... medo (risos). Tenho muito medo. Muito mesmo. Se eu não tivesse medo eu não seria competente. Eu não quero morrer afogado. Eu sei que eu vou morrer e isso não me assusta nenhum pouco. Graças a Deus todos iremos morrer. Mas eu não quero morrer no mar. O medo é um dos processos que você tem que administrar. Você não pode ser tomado pelo medo, mas às vezes isso acontece. Mas também se não houvesse medo os parques de diversão iriam à falência. Todos vão aos parques pra sentir medo. Qual a graça disso? (risos).

OP – O senhor quer dizer que as pessoas pagam para sentir medo?
Amyr Klink – É, as pessoas pagam. Eu por exemplo pago caro pra caramba, me endivido todos os anos pra poder ir pra Antárctica sentir medo. Mas é gratificante. Eu faço isso há 25 anos. Deve ter mais uns 20 caras no mundo que fazem o que eu faço muito melhor. Só tem uma diferença: eles não desenham nem constroem os barcos deles. E também não o fazem no Brasil, o que é uma coisa interessante. Construímos barcos ultrassofisticados com pessoas muito simples. O resultado disso é que em 25 anos, desses 20 caras no mundo, acho que eu sou o único que nunca teve um acidente. Eu nunca perdi um tripulante nem pedaço de tripulante. Disso eu me orgulho pra caramba. Recorde de volta ao mundo, de subir, de cuspir caroço de azeitona, de soltar pum não me interessa (risos). Mas de nunca ter tido um acidente eu me orgulho pra caramba. Fomos a lugares ultrarradicais e nunca tivemos uma ocorrência. Então isso me dá um grande prazer.

OP – O senhor já pensou em desistir alguma vez?
Amyr Klink - Várias vezes você tem que desistir de projetos. Essas coisas têm uma parcela de sacrifício que faz parte. O mais legal do que eu faço é que não dá pra desistir quando você está lá (em alto-mar), você tem que continuar. Então essa possibilidade nem é cogitada. Mas tem coisas que você tem que desistir quando está aqui, resolvendo problemas financeiros escabrosos, problemas burocráticos, diplomáticos...

OP – A imagem que se tem do senhor é de ser um homem do mar, mas como é seu dia a dia fora dele?
Amyr Klink - A gente vive num país engraçado. Qualquer coisinha que você faz fora da caixa vira um “ah, só faz isso”. E não é só isso. Tem uns caras aí que são grandes especialistas nas suas áreas que não fazem só isso. Eu me dedico exclusivamente a estar no mar. O problema é que essa dedicação me come oito, nove meses por ano de preparação, de trabalho. Eu gosto de desenhar, de me envolver com a parte técnica. Então eu passo muito tempo no meu escritório, onde a gente só fica bolando inutilidades (risos). Mas as nossas inutilidades hoje são interessantes. Desenvolvemos um sistema de plataformas flutuantes, por exemplo. A gente fica inventando o tempo inteiro esse tipo de soluções.

OP - Nas suas expedições, quanto tem de aventura e quanto tem de planejamento?
Amyr Klink - Se depender de mim não tem nada de aventura. Detesto aventura. Num barco eu não quero aventura, e sim ter certeza que eu vou sair, fazer uma volta ao mundo e voltar num dia bom, num lugar que eu escolhi. Então eu quero chegar na Antárctica esse ano de novo e ter certeza de que eu vou abrir uma garrafinha de vinho no dia 1º de novembro na baía Dorian. Aventura são os imponderáveis do dia a dia. As dificuldades técnicas, burocráticas. Mas pra falar a verdade eu gosto. É difícil, é chato, desanima, mas é o que dá valor no final.

OP – O senhor percorre o Brasil e o mundo também dando palestras, inclusive em universidades. O que o senhor acha da educação no Brasil?
Amyr Klink - Acho que o Brasil tinha que promover uma guerra para aperfeiçoar o processo de ensino e mudar a educação. Tem várias experiências hoje no mundo com metodologias novas, onde você valoriza os alunos e professores diferenciados. A gente está sendo omisso. Tínhamos que primeiro cuidar dos investimentos necessários para isso, criar uma política. Por exemplo, os alunos que saem das escolas superiores hoje saem totalmente despreparados. Se ele é competente ou não, é porque o mercado forma ele. Os gênios brasileiros que hoje estão no mercado financeiro, comprando e vendendo empresas, movimentando bilhões com 20 e poucos anos de idade, não aprenderam na faculdade. Eles aprenderam em algumas instituições que estão complementando esse ensino que deveria ter sido dado. A nossa produção de pesquisa é muito pequena. A gente tem grandes talentos, mas não adianta ficar com essa história de que “o brasileiro é talentoso”. Temos que descobrir o talento que cada um tem. Há casos de desperdício público de dinheiro em que o fato não é o roubo em si. É o fato de que esse dinheiro poderia estar produzindo resultados na educação.

OP - Uma vez o senhor disse que fica chateado se alguém pergunta quem escreve seus livros. Qual sua relação com a leitura e a escrita?
Amyr Klink - Acho que a única vaidade pessoal que eu tenho está ligada à escrita. Eu gosto de escrever e escrever bem. Sou exigente com texto e acho que está acontecendo um fenômeno que é reflexo dessa omissão na educação da qual eu falei. Hoje você pega os grandes jornais brasileiros, como Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado, e eles são escritos com péssimo português. A quantidade de erros que a gente está tolerando hoje por causa da Internet e da velocidade é revoltante. É um negócio absurdo. Vejo textos que são tecnicamente errados, gramaticalmente errados, o conceito é ruim, o texto é de baixa qualidade e a gente está incorporando isso, não reclamamos mais. Nós temos uma língua bonita, rica, difícil. Acho importante também a gente conhecer outras línguas, não para se universalizar, mas para valorizar a língua que a gente tem.

OP - E o que o senhor gosta de ler?
Amyr Klink - Gosto de ler qualquer coisa. Quando eu estou no avião e não tem mais livro ou revista, começo a ler o manual de etiqueta. Acho a leitura uma forma de comunicação muito bacana. Dos autores brasileiros, o cara que eu mais gosto, como texto, é o Campos de Carvalho e especificamente uma obra dele que é A Lua Vem da Ásia. Foi um dos grandes escritores brasileiros e era um cara muito retirado, que nunca entrou nas rodas sociais e pouca gente reconhece.

OP – O senhor tem alguma religião ou relação com algo divino?
Amyr Klink - Não. Zero. Não é que eu acredito ou desacredito. Simplesmente não acho relevante. Mas gosto de estudar religião. Convivo com pessoas de religiões diferentes, que se matam por suas opções religiosas. Acho engraçado como cada um acha obrigatório você encontrar Deus. Eu não acredito em Deus, não me preocupo com Deus. Acho religião um assunto secundário. Mas é um assunto muito interessante para se conhecer o ser humano. Então gosto de estudar e discutir, mas não tenho nenhuma crença.

OP – O senhor tem orgulho de ser brasileiro? O que é o Brasil para o senhor?
Amyr Klink - Acho que ter orgulho de ser brasileiro é quase uma obrigação. Acho que no meu caso é um privilégio. O Brasil é um país extremamente interessante, que nós, brasileiros, ainda compreendemos mal. A gente tem algumas obsessões ufanistas que eu não gosto. Por exemplo, esse negócio do amor à bandeira. Eu tenho o maior respeito do mundo pela bandeira brasileira, mas não tenho nenhum amor. Bandeira não é para se amar e sim para se respeitar profundamente. Aliás, eu quero um mundo sem bandeiras. Eu gosto da Antárctica porque não tem bandeira lá. É o meu planeta, o outro cara é um ser humano. Se for um argentino, um judeu ou um xiita eu não vou lá socorrer ele?

OP - O que o senhor tenta passar de ensinamentos quando ministra uma palestra ou escreve um livro, por exemplo?
Amyr Klink - Não fico tentando passar muita coisa não, se não seria o trabalho de um puxa-saco (risos). Eu gosto de descrever as experiências que a gente tem quando acho que elas podem contribuir, fazer refletir ou principalmente instigar. Acho que a escrita não tem que ser boa nem ruim, mas tem que ser inspiradora. Às vezes você pode falar de assuntos desagradáveis, mas eles têm que ser inspiradores.

OP - O que o senhor pensa sobre assuntos como o aquecimento global e como acha que o mundo estará daqui a algumas décadas, em relação à natureza?
Amyr Klink - Se a gente olhar historicamente nos últimos milhões de anos a taxa de natalidade e população do mundo, você vai ver que estamos numa curva que leva para uma interrogação. Uma hora os recursos vão se exaurir. Nesse assunto de aquecimento global hoje há muita discórdia, mas acho saudável a discórdia. Temos que considerar os dois lados. Tem países hoje que têm problemas sociais, de sobrevivência, muito mais urgentes do que o clima. Me preocupa o fato de você ter consciência do que está acontecendo e não tomar providência. Nem todos os cidadãos têm como fazer, mas todos os governos têm e não estão fazendo. A começar pelo governo que deveria ser o líder nessa atitude, que é o governo americano. Os governos têm responsabilidade sobre o que vai acontecer e me preocupa o fato de a gente não ter mecanismos de obrigar eles a serem mais eficientes. Mas é um exercício de criar soluções. De repente a gente cria um mecanismo que obrigue todos a pensarem, a parar uma guerra para pensar: “Não tem sentido destruir um rio que passa entre nossos dois países”.

OP - O Brasil sabe explorar a vasta costa oceânica que tem, principalmente em termos de turismo?
Amyr Klink - Não, isso não aconteceu. O turismo náutico no Brasil ainda não existe, eu posso dizer isso. Cruzeiro de transatlântico no Brasil não é turismo náutico. A gente tem um potencial para variar. Temos um potencial que não está sendo usado por ignorância do poder público e dos próprios brasileiros. Não temos estrutura nem valorização da cultura náutica. A gente viu lá em Pernambuco jangadas de dois mastros, canoas que só tem naquele lugar. Isso em qualquer lugar seria uma fonte de atração turística inesgotável.

OP – O senhor disse que o ensino no Brasil é fraco. Então que tipo de educação o senhor, enquanto pai, tenta dar às suas filhas?
Amyr Klink - Acho que não adianta ficar esperando da escola a solução para a boa educação dos nossos filhos, porque a gente sabe que isso vai demorar. Então eu procuro passar os valores que a gente tem, passar o desprendimento material. Não sou contra essas mídias sociais e essas coisas todas, mas estamos ainda na fase do deslumbramento. Daqui a pouco vai encher o saco você fazer um falso currículo mostrando como você é bonito, bem sucedido e que vai a lugares legais. Hoje não tem espaço para empreendedores inaptos se fazerem economicamente do dia para a noite. Você só vai ter êxito se você de fato se meter em uma atividade que você goste e domine profundamente. Não tem mais espaço para esses saltos de riqueza e sucesso como tinha no passado. Acho que uma das formas de você ter coragem de apostar no seu negócio é você tendo certo desapego material. Somos muito apegados à marca do carro, da roupa, ao status sociais. A gente ainda vive essa mendicância, essa miséria intelectual. Então o que eu procuro complementar na educação delas são esses valores. O importante é o que você sabe, não o que você tem.

OP – Como é a relação com sua família?
Amyr Klink - Sempre tive uma relação estreita com a família. Era mais fácil a Marina (esposa) me localizar quando eu estava na Antárctica, porque eu tenho um rastreador no barco, do que quando eu estava num fim de semana no Rio de Janeiro. Eu não gosto de ficar arrastando as pessoas para o que eu faço. Mas acho que qualquer coisa que você faça e que uma outra pessoa veja, você acaba contaminando ou inspirando ela de alguma maneira. E lá em casa, sem querer, isso aconteceu. Nos últimos sete anos a gente tem feito pelo menos metade das viagens com as crianças. A Marina largou o trabalho que ela tinha e hoje se dedica a fazer fotografias da natureza. Esse ano a gente viajou pra Antárctica, pra Patagônia e foi a primeira vez que eu não paguei nada, fui como ajudante da minha mulher (risos). As meninas (filhas) hoje têm uma visão muito profunda sobre problemas ambientais, sobre o que elas querem fazer no futuro. Sem querer eu contaminei a família.

OP - O que o senhor diria para quem quer conhecer o mundo, mas não tem condições de realizar uma grande expedição?
Amyr Klink - Quem não tem condição não tem porque não quer. Você pode começar uma volta ao mundo, de graça, amanhã, é só você querer. Se você tem dinheiro faz no seu barco, se não tem dinheiro faz no de outra pessoa. Acho que a gente vive em um mundo um pouco comodista. Tem gente que acha “ah, eu não sei fazer”, mas querendo você faz. Mas você pode conhecer o mundo também no lugar onde você trabalha. Eu por exemplo tenho vários amigos que sabem tudo do mundo inteiro porque têm um boteco. Um boteco onde vai gente do mundo inteiro. Às vezes você pode viver com a experiência dos outros, acumular elas. Então tem várias formas de conhecer o mundo sem necessariamente estar voando, navegando ou se locomovendo.

OP - Quais são os projetos para as próximas expedições?
Amyr Klink - A idade é uma coisa engraçada. Quero viajar mais, trabalhar menos e me endividar menos (risos). Quero encurtar o tempo. Então eu quero voltar a diminuir o tamanho dos barcos e aumentar a velocidade. Quero fazer viagens mais intensas. Então a gente tem trabalhado para ter cada vez menos rabo preso. Não quero saber de financiamento de nenhuma espécie de órgão, não quero saber de patrocínio de nenhum raio de empresa, prefiro andar pelado na Antárctica do que andar com logomarca na camisa. Prefiro ter o direito de dizer pra onde eu vou, se é melhor voltar. E a gente acabou entrando em áreas interessantes. Essa experiência de misturar o conhecimento histórico, cultural, naval, essa convivência que eu tive nos lugares brasileiros com o privilégio que eu tenho de poder fazer os projetos está fazendo a gente criar coisas legais. Por exemplo, estamos fazendo um barco de resgate que é obrigatório por lei na Antárctica para atender os barcos que navegam por lá, mas ninguém fez. Ninguém fez um barco que tem duas mil milhas de autonomia. Nenhum fabricante de lancha do Brasil consegue fabricar. Eu fiz o primeiro no ano passado. Achei que não ficou bom, agora estamos fazendo um melhor. E aí, em vez de passar quatro semanas para chegar à Antarctica, eu quero ir em 20 horas (risos).

OP - Já tem data pra a próxima expedição?
Amyr Klink - Já, agora na próxima temporada. Em outubro e depois em janeiro a gente quer estar lá. Temos que ter um jeito de financiar isso sem depender de banco nem de empresa, que é por cotas. A gente divide por grupos de 16 pessoas e cada cotista paga uma parte.

OP - O que o senhor diria para alguém que deseja iniciar um grande projeto, seja lá qual for?
Amyr Klink - Na minha área tem várias pessoas que se inspiraram e hoje estão fazendo projetos. Alguns saem fazendo sem saber por onde começar. Sou contratado em vários países para falar sobre planejamento, mas é engraçado: não adianta fazer planejamento se você não tem atitude. Então eu acho importante começar a fazer. Tem muita gente com projetos maravilhosos, superelaborados, que estão se aperfeiçoando sempre, mas não vão bater perna, botar em prática, botar a mão na graxa, no cimento e fazer acontecer. O brasileiro tem essa característica de nem pensar muito e já sair fazendo. Acho que a gente tinha que misturar essas duas características da iniciativa, da capacidade criativa, com a preparação educacional. Quando isso acontecer é que a gente vai dar um grande salto.

OP - De tudo o que o senhor viu, dos lugares por onde passou e de tudo o que já viveu, qual a grande lição?
Amyr Klink - Eu fiz a 41ª viagem, fui para a Antárctica. Eu adoro estar lá, mas não vou pra lá por causa da natureza, essas coisas. O que eu mais gosto nessas viagens é a experiência de conhecer pessoas de vários lugares e de vários modos de pensar. É engraçado falar isso, eu já fiquei mais de um ano sozinho lá, mas a experiência mais legal desse inverno que eu passei lá foi o contato com as pessoas. Só aconteceu em algumas poucas semanas. Viajar sozinho pra não ver ninguém, pra não falar com ninguém ou pra não contar pra ninguém acho que não tem graça. O lugar mais maluco que eu já visitei até hoje foram as ilhas Faroe (na Dinamarca). Não foi a navegação que foi dificílima nem a paisagem que foi maluca. Mas foi uma comunidade de pescadores nórdicos que está no mesmo lugar há 1.100 anos. É umas das comunidades mais ricas do mundo, que mais trabalha, mas que ao mesmo tempo é uma das mais simples e não arrogante. Eles são gente do mar, que rala pra caramba. Mulher não fica lá se maquiando para parecer mais bonita. Ela se acha mais bonita quando constrói um navio maior pra pescar. O segredo deles é o respeito ao passado e à educação. Eles ensinam a construir uma casa viking ou um barco e na construção da casa e do barco eles ensinam matemática, história, filosofia...

Fonte: Jornal O Povo http://www.opovo.com.br/app/opovo/paginasazuis/2012/05/28/noticiasjornalpaginasazuis,2846232/amyr-klink-detesto-aventura.shtml