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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Os três traços de personalidade que caracterizam uma pessoa 'má'

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MulherDireito de imagemGETTY
Image captionTodos temos um pouco de maldade
Na psicologia, existe um conceito chamado de "tríade obscura". Este trio infame é composto de traços de personalidade que definem o que costumamos chamar de "pessoa ruim".
O primeiro desses traços é o narcisismo. Pessoas narcisistas tendem a se concentrar em si mesmas, fantasiar com poder ilimitado e precisar da admiração constante dos outros.
Em seguida vem a psicopatia, isto é, falta de empatia com os demais. É a característica própria de pessoas manipuladoras, não confiáveis e que não se importam com os sentimentos ou interesses de outras pessoas.
Essa turma do mal é completada pelo "maquiavelismo". Pessoas que têm esse comportamento muito acentuado costumam ter atitudes cínicas e adotarem estratégias cujo único propósito é beneficiar seus próprios interesses.
Os três traços estão presentes nas pessoas emocionalmente frias. Alguns estudos mostraram que pessoas com altas pontuações na "tríade obscura" também possuem níveis baixos de características como simpatia, honestidade e humildade.
Homem aí e mulheres em academiaDireito de imagemGETTY
Image captionOs narcisistas precisam da admiração dos outros.
Recentemente, uma equipe de psicólogos da Universidade de Western Ontario, no Canadá, sugeriu em um artigo acadêmico que uma quarta característica deveria ser incluída nessa combinação do mal: o sadismo.

A 'tétrade' obscura

Os especialistas definem o sadismo como "uma tendência a se envolver em comportamentos cruéis, degradantes ou agressivos em busca de prazer ou dominação".
Na linguagem comum, ser sádico é gostar de causar sofrimento aos outros.
MulherDireito de imagemGETTY
Image captionAs pessoas maquiavélicas só pensam em benefício próprio.
Várias das características do sadismo se sobrepõem às características da tríade, mas, ao mesmo tempo, dizem os pesquisadores, este tem aspectos únicos que justificariam estudar a possibilidade de somá-lo à tríade. Seria a "tétrade obscura".
Para chegar a essa conclusão, os psicólogos submeteram um questionário com nove questões a 202 universitários (54 homens e 148 mulheres), entre 17 e 26 anos.
Estas são as nove questões do teste, em que os participantes tiveram que marcar de 1 a 5 o quanto concordaram com essas afirmações:
1. Eu aplico peças nas pessoas para que elas saibam que eu estou no controle da situação;
2. Eu nunca me canso de pressionar as pessoas ao meu redor;
3. Eu prejudicaria alguém se isso significasse que eu estaria no controle;
4. Quando eu zombo de alguém, acho engraçado vê-lo com raiva;
5. Ser mal com os outros pode ser divertido;
6. Dá prazer ridicularizar as pessoas na frente de seus amigos;
7. Acho divertido ver as pessoas brigarem;
8. Eu penso em ferir as pessoas que me irritam;
9. Eu não machucaria ninguém de propósito, mesmo que essa pessoa não goste de mim.
Pessoas rindo de menina tristeDireito de imagemGETTY
Image captionHá pessoas que se divertem com o sofrimento dos outros.
As respostas dos estudantes levaram os pesquisadores a concluir que, apesar do sadismo compartilhar algumas das características do narcisismo, da psicopatia e do maquiavelismo, "não pode ser reduzido a (uma manifestação dos) outros três".
Minna Lyons, pesquisadora da escola de psicologia da Universidade de Liverpool, não participou do estudo canadense. Ela, porém, concorda que o sadismo é uma característica em si.
"O sadismo é interessante porque parece diferente da tríade obscura", disse Lyons à BBC Mundo. "Se alguém tem pontuação alta em psicopatia, ele não necessariamente gosta de causar dor a outras pessoas, então parece ser um traço de personalidade distinto."
Para Lyons, é importante estudar esses comportamentos entre pessoas comuns, não apenas entre pessoas que foram diagnosticadas com um distúrbio de personalidade, para ver como essas características se entrelaçam com outros comportamentos.
Ilustração de rosto humanoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPsicólogos estudam traços de personalidade para entender como os comportamentos humanos se entrelaçam
Além disso, ela adverte que essas características fazem parte do comportamento diário das pessoas. E que, em certas circunstâncias, podem inclusive ser benéficas.
"É normal que haja pessoas com alto índice de sadismo, o que não faz delas anormais. Inclusive o fato de ter uma pontuação alta não te torna necessariamente uma pessoa má", explica Lyons.
"(Essas características) tornam-se problemáticas no momento em que começam a interferir na vida, ou a pessoa começa a perder o controle, e começa a prejudicar outras pessoas e a si mesmo", diz a psicóloga.
Ela também alerta para o fato de que esse tipo de teste é apenas uma ferramenta de medição. Não é usado como diagnóstico, já que muitos outros fatores devem ser levados em consideração ao avaliar o comportamento de uma pessoa.

Fonte https://www.bbc.com/portuguese/geral-48047457

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Cientistas conseguem reativar cérebros de porcos quatro horas após morte

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

PigDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEstudo mostrou que morte de células cerebrais poderia ser interrompida
Cientistas americanos ligados à Universidade Yale reativaram parcialmente cérebros de porcos quatro horas depois de os animais terem sido abatidos.
As descobertas devem ampliar o debate sobre a barreira entre a vida e a morte, além de fornecer novas maneiras de pesquisar doenças como a de Alzheimer.
O estudo mostrou que a morte de células cerebrais poderia ser interrompida e que é possível até mesmo restabelecer algumas conexões no cérebro.
Mas não havia sinais do cérebro reativado que indicassem consciência.
As descobertas desafiam a ideia de que o cérebro entra em declínio irreversível poucos minutos depois de interrompido o fornecimento de sangue.

O que os cientistas fizeram?

Foram coletados 32 cérebros de porcos em um matadouro.
Quatro horas depois, os órgãos foram conectados a um sistema feito pela equipe da Universidade Yale, nos Estados Unidos.
Ele bombeava em ritmo pré-determinado, para imitar o pulso, um líquido especialmente projetado em torno do cérebro, que continha um sangue sintético para transportar oxigênio e drogas para retardar ou reverter a morte das células cerebrais.
Os cérebros de porco receberam o coquetel restaurador por seis horas.

O que o estudo mostrou?

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Image captionPesquisadores identificaram sinapses após aplicarem método para reativar os cérebros
O estudo, publicado na revista Nature, mostrou uma redução na morte das células cerebrais, a restauração dos vasos sanguíneos e alguma atividade cerebral.
Os pesquisadores descobriram sinapses em funcionamento - as conexões entre as células do cérebro que permitem a comunicação.
Os cérebros também mostraram uma resposta normal à medicação e consumiram a mesma quantidade de oxigênio que um cérebro normal.
Isso tudo dez horas depois de os porcos serem decapitados.
Um eletroencefalograma, no entanto, não detectou sinais de atividade elétrica, o que sinalizaria consciência ou percepção.
Eles ainda eram, fundamentalmente, cérebros mortos.

O que podemos entender a partir disso?

Essa pesquisa afeta ideias sobre como o cérebro morre, algo que muitos pensavam que acontecia rapidamente e irreversivelmente sem o suprimento de oxigênio.
"A morte celular no cérebro ocorre através de uma janela de tempo mais longa do que pensávamos anteriormente", afirmou Nenad Sestan, professor de Neurociência de Yale.
"O que estamos mostrando é que o processo de morte celular é um processo gradual. E que alguns desses processos podem ser adiados, preservados ou mesmo revertidos."

Esses experimentos são éticos?

Os cérebros dos porcos vieram da indústria de carne suína, logo, os animais não foram criados em laboratório para este experimento.
Mas os cientistas de Yale estavam tão preocupados que os cérebros porcos pudessem recobrar consciência que aplicaram drogas para reduzir qualquer atividade cerebral.
E a equipe monitorava constantemente os cérebros para ver se havia algum sinal de funções cerebrais superiores.
Nesse caso, eles teriam usado anestesia e encerrado o experimento.
Estudiosos de ética defenderam também na Nature que novas diretrizes são necessárias para este campo, porque os animais usados para pesquisa podem acabar em uma "área cinzenta - não viva, mas não completamente morta".

Qual é o objetivo?

CérebroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA longo prazo, os cientistas esperam encontrar melhores formas de proteger o cérebro após traumas
O trabalho terá um efeito positivo imediato para os cientistas que estudam o cérebro e doenças com a de Alzheimer.
O órgão é a estrutura mais complexa do universo conhecido, mas técnicas como o congelamento de fatias do cérebro ou o crescimento de colônias de células cerebrais em um prato não permitem que os pesquisadores explorem toda a fiação 3D do cérebro.
A longo prazo, os cientistas esperam encontrar melhores formas de proteger o cérebro após traumas como um AVC.
Mas os pesquisadores dizem que ainda é muito cedo.
"Nós ainda não sabemos se seríamos capazes de restaurar a função cerebral normal", disse Sestan, professor de Neurociência de Yale.

O estudo muda o significado da morte?

Por ora, não, mas alguns especialistas em ética médica dizem que devemos debater o tema agora, pois as pessoas que têm morte cerebral são uma importante fonte de órgãos para transplante.
Dominic Wilkinson, professor de ética médica e consultor neonatologista em Oxford, disse: "Uma vez que alguém tenha sido diagnosticado como morte cerebral, não há como a pessoa se recuperar. A pessoa se foi para sempre."
"Se, no futuro, fosse possível restaurar a função do cérebro após a morte, para trazer de volta a mente e a personalidade de alguém, isso teria, é claro, implicações importantes para nossas definições de morte."
Mas esse não é o caso atualmente.
A professora Tara Spiers-Jones, vice-diretora do Center for Discovery Brain Sciences da Universidade de Edimburgo, disse que o estudo está longe de preservar a função do cérebro humano após a morte.
"É, em vez disso, uma preservação temporária de algumas das funções celulares mais básicas no cérebro dos porcos, e não a preservação do pensamento e da personalidade."

Os cérebros dos porcos poderiam estar conscientes?

Neste experimento, a resposta é claramente não. Os cérebros estavam efetivamente silenciosos.
Mas a pesquisa gera tantas perguntas quanto respostas:
  • Por quanto tempo os pesquisadores podem manter o cérebro?
  • Os resultados seriam ainda melhores se os pesquisadores não esperassem quatro horas antes de começar?
  • Além disso, a equipe usou drogas para suprimir a atividade cerebral - os cérebros decapitados teriam ficado conscientes se não tivessem recebido essas substâncias?

Fonte https://www.bbc.com/portuguese/geral-47965862