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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

CENÁRIOS-Ritmo de fusões no Brasil deve se intensificar na reta final de 2015

Reuters30/10/201516h57
Por Aluísio Alves
Fonte Internet

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de compra e venda de participação societária no Brasil deve ganhar força no final de 2015, à medida que a expectativa de um cenário de prolongada fraqueza econômica do país esvazia as esperanças de empresas financeiramente enfraquecidas rolarem dívidas ou obter recursos via mercado de capitais.

A condição relativamente mais estável do câmbio, após meses de forte declínio do real frente ao dólar, e a expectativa de aumento da alíquota do Imposto de Renda sobre ganhos de capital em bens como ações também estão acelerando conversas já mais avançadas, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

"As coisas estão começando a se materializar", disse o chefe da área de fusões e aquisições no Brasil do Bank of America Merrill Lynch, Marcus Silberman. "Temos expectativa de fechar três a quatro transações ainda neste ano."

Um dos setores que deve se destacar no anúncio de transações nos próximos dois meses é o das empreiteiras, boa parte delas direta ou indiretamente fragilizada pela crise no setor de óleo e gás, em parte como resultado da operação Lava Jato, que investiga um esquema multibilionário de corrupção na Petrobras.

Na semana passada, dois anúncios envolveram companhias do setor. Num deles, a Odebrecht Transport, do grupo Odebrecht, vendeu seus 50 por cento da empresa de pagamento eletrônico de pedágio ConectCar ao Itaú Unibanco por 170 milhões de reais.

No outro, a CCR investiu 323 milhões de reais para assumir o terreno que sediará o terceiro aeroporto na região metropolitana de São Paulo, que era das suas sócias Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.

Para os especialistas, com maior dificuldade de rolar dívidas, diante de uma quadro de juros bancários mais altos e mercado de capitais praticamente fechado no Brasil, as opções para evitar um colapso têm diminuído rapidamente.

"Como a economia não melhorou, empresas em dificuldades viram que não tinham muitas opções a não ser vender ativos ou buscar um sócio estratégico", disse a sócia-fundadora do escritório de advocacia Souza Cescon, Maria Cristina Cescon. "Estamos trabalhando em operações que devem acontecer ainda em 2015."

Esse quadro, que afeta também empresas desde as do setor sucroalcooleiro até alguns segmentos ligados a consumo, de certa forma está contribuindo para destravar o mercado de fusões, que vem em marcha lenta desde o ano passado.

Em 2015 até o fim de setembro, houve 24,5 bilhões de dólares em transações de fusões e aquisições no país, menor nível em uma década, segundo dados da Thomson Reuters. O valor despencou 44 por cento em relação ao mesmo período um ano antes.

Os próprios bancos, credores de muitas dessas companhias e que têm visto a inadimplência da carteira de grandes empresas se deteriorar trimestre após trimestre, estão intensificando os trabalhos para ajudar a encontrar compradores.

O Banco do Brasil, por exemplo, fortaleceu sua assessoria de reestruturação de empresas para atender clientes enfraquecidos, inclusive deslocando funcionários de outras áreas do banco de investimento para lidar com o assunto.

Atualmente, essa força-tarefa do Banco do Brasil está atendendo 18 grupos, 12 da área de infraestrutura e 6 de açúcar e álcool.

"É o esforço máximo para tentar tirar as empresas da recuperação judicial", disse a fonte familiarizada com o banco.

E assim como nos casos acompanhados pelo BB, os acordos estão sendo costurados para que parte dos recursos levantados com a venda de ativos fique nas mãos do próprio credor.

"Nesses casos, parte do dinheiro tem destinação específica, para pagar o credor", disse Maria Cristina Cescon.

CÂMBIO

A oscilação cambial dentro de uma faixa mais estreita do que há alguns meses está facilitando as conversas, segundo os especialistas.

"Embora o cenário econômico ainda seja ruim, fica um pouco melhor agora para vendedores e compradores fazerem contas", disse Luiz Cantidiano, sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. "Facilita especialmente para fundos de private equity que estão bem capitalizados."

Por fim, o receio de enfrentar impostos mais altos sobre ganhos de capital está acelerando as conversas entre potenciais compradores e vendedores.

O motivo é a Medida Provisória 692/15, que eleva a tributação dos ganhos de capital para pessoas físicas. A alíquota atual de 15 por cento do Imposto de Renda será substituída por quatro outras (15%, 20%, 25% e 30%). O texto foi enviado ao Congresso Nacional em setembro e aguarda votação. A MP é uma das iniciativas do governo para aumentar a arrecadação e cobrir um déficit fiscal.


Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2015/10/30/ritmo-de-fusoes-no-brasil-deve-se-intensificar-na-reta-final-de-2015.htm

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Por que a política do filho único virou uma bomba demográfica na China


Foto: AFP

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Image captionPolítica foi usada para controle violento de natalidade em diversas regiões do país e abandono de meninas
O governo chinês anunciou, nesta quinta-feira, que decidiu pôr fim à política do filho único, que por mais de três décadas impediu que casais tivessem mais de uma criança e causou impacto na sociedade e na economia do país. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o Partido Comunista determinou que, agora, os casais poderão ter dois filhos.
Poucos lugares sentiram o impacto da política do filho único como Rudong, um condado de cerca de 1 milhão de pessoas na Província de Jiangsu, no leste do país. A política começou a ser aplicada neste lugar sob o regime de Mao Tsé-tung.
Mas quando ela virou norma nacional, em 1979, as autoridades de planejamento familiar de Rudong começaram a implementá-la com ainda mais vigor.
Em entrevista recente à imprensa estatal chinesa, um oficial aposentando diz que "caçava" mulheres grávidas, as levava em carrinhos para o hospital e mantinha guarda enquanto elas se submetiam a abortos forçados.
Um exército de médicos bisbilhoteiros tinha a tarefa de monitorar cuidadosamente os úteros – usando dispositivos portáteis de ultrassom – e de registrar ciclos menstruais para garantir que ninguém estivesse carregando um feto escondido.
Tais práticas não são exclusivas de Rudong, mas o condado tornou-se um campeão nacional, tido como "modelo" e inundado de slogans que exclamavam orgulhosamente que o país tinha vencido a fertilidade feminina.
Os efeitos da política também já estão claros. Nos últimos 15 anos, metade das escolas primárias e secundárias da região de Rudong fecharam e cerca de 30% da população já tem mais de 50 anos – uma bomba demográfica prestes a explodir, por causa do aumento dos gastos com previdência social e da queda do número de trabalhadores.
Segundo o correspondente da BBC em Pequim John Sudworth, mesmo a nova política de dois filhos pode manter o crescimento populacional no país lento, já que famílias com apenas um filho se tornaram a norma social.
"Por isso, cerca de 90% dos casais já elegíveis para ter mais um filho optaram por não fazê-lo", diz. "E as mulheres que querem ter mais de dois filhos continuarão sofrendo com o brutal controle do Partido Comunista sobre seus corpos e sua fertilidade."
Foto: AFPImage copyrightAFP
Image captionEm algumas províncias, restrição ao número de crianças começou a ser aplicada no regime de Mao Tsé-tung
Entenda mais sobre a política do filho único:

O que é?

A norma, criada nos anos 1970, limitava a maioria das famílias chinesas a ter apenas um filho, apesar de haver exceções.
A política do filho único teria impedido cerca de 400 milhões de nascimentos desde que teve início, segundo estatísticas do governo chinês. Este número, no entanto, é contestado por outros especialistas.
Em 2007, a China afirmou que apenas 36% de seus cidadãos estavam limitados a apenas um filho, por causa de diversas mudanças na política feitas com o passar do tempo.

Por que a política foi introduzida?

Na medida em que a população chinesa se aproximava de 1 bilhão de pessoas, no final dos anos 1970, o governo começou a se preocupar com o efeito que isso teria em seus ambiciosos planos de crescimento econômico.
Apesar de outros programas de planejamento familiar – que ajudaram a reduzir a taxa de nascimentos – já terem sido implementados, o líder chinês Deng Xiaoping decidiu tomar medidas mais drásticas.
A política começou a valer para todo o país em 1979.

Como ela foi aplicada?

De um modo geral, o governo oferece incentivos financeiros e profissionais para o que se adequam à política, além de disponibilizar contraceptivos e multar quem descumpre as regras.
Mas, em alguns momentos, medidas coercivas, como abortos forçados e esterilizações em massa, também foram usadas.
A política foi implementada de maneira mais rígida em áreas urbanas.
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Image captionCom o passar do tempo, política de filho único foi relaxada em alguns casos, mas já tinha se tornado norma social

Por que foi tão controversa?

Ativistas na China e no Ocidente afirmaram que a política era uma séria violação dos direitos humanos e das liberdades reprodutivas.
A preferência tradicional por filhos homens na cultura local combinada à política do filho único levou ao alto índice de abandono de meninas em orfanatos, a abortos seletivos de acordo com o sexo do feto e até mesmo casos de infanticídio feminino.
Por causa disso, o equilíbrio de gênero do país pende para o masculino.

Por que está sendo abandonada agora?

Especialistas alertam que a China será a primeira economia a envelhecer antes de tornar-se mais rica, principalmente por causa da política do filho único. Até 2050, mais de um quarto da população terá mais de 65 anos.
A taxa de fertilidade do país é uma das mais baixas no mundo e fica bem abaixo do índice de 2,1 crianças por mulher – necessário para substituir a população a cada geração.
O envelhecimento da população chinesa irá desacelerar a economia, na medida em que o número de pessoas em idade ativa diminui e a proporção entre contribuintes e pensionistas continua a cair.

De que maneira as regras haviam sido relaxadas antes?

Em 2013, as regras haviam sido modificadas para permitir que casais tivessem um segundo filho se um dos pais fosse filho único, mas menos casais do que o governo esperavam aderiram ao novo sistema.
Outro relaxamento das regras nos anos 1980 permitiu que famílias da zona rural tivessem outro filho se seu primeiro filho fosse uma menina.
Minorias étnicas chinesas também não eram submetidas à política do filho único.

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151029_china_bomba_demografica_cc

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Por que o Vale do Silício está injetando milhões de dólares em roupas usadas?

Bloomberg
Kim Bhasin
28/10/201517h12

(Bloomberg) -- James Reinhart passou meses tentando encontrar alguém, qualquer um, que investisse em sua ideia: trocar roupas para mulheres e crianças pela internet.

As empresas de capital de risco o desprezaram 27 vezes, algumas riram na cara dele. Em uma reunião, um dos sócios da empresa perguntou se a ideia era que as mulheres trocassem suas calcinhas entre si. Reinhart, na época com 30 anos e recém-formado na Faculdade de Administração de Harvard, não desistiu.

Isso foi há seis anos. No mês passado, o mercado de roupas usadas de Reinhart, ThredUp, captou US$ 81 milhões em uma rodada de financiamento encabeçada pelo Goldman Sachs que levou sua captação total a mais de US$ 131 milhões.

A ThredUp não é um caso isolado. Está eclodindo uma guerra pelas roupas que as pessoas não querem mais, pois os investidores estão canalizando dinheiro para o setor de revenda de roupas pela internet e financiando mais de uma dezena de companhias, e cada uma delas visa capitalizar com o que consideram que é um ponto fraco da Amazon e até da líder de revendas eBay.

As empresas de capital de risco injetaram centenas de milhões de dólares na revenda de roupas em 2015; o financiamento total durante os últimos cinco anos ultrapassou a marca dos US$ 400 milhões. Em janeiro, a loja virtual de consignação Tradesy captou US$ 30 milhões. Por volta do final de abril, a revendedora de itens antigos de luxo RealReal tinha captado US$ 40 milhões e o site de comércio social Poshmark tinha recebido US$ 25 milhões. A loja europeia de revenda Vestiaire Collective conseguiu uma rodada de US$ 37 milhões em setembro. Depois, veio a rodada gigantesca do Goldman para a ThredUp, talvez a mais famosa do grupo.

"Esta é uma categoria em que o vencedor praticamente leva tudo", disse Reinhart. "As empresas de capital de risco sabem que, se escolherem um vencedor, terão uma vantagem sustentável no longo prazo".

Investidores interessados

Essas empresas estão chamando muita atenção dos investidores porque cada uma delas tenta preencher uma lacuna deixada pelas grandes titulares do comércio virtual. Embora a Amazon esteja profundamente enraizada em quase todas as categorias de produtos no comércio eletrônico, e a eBay domine o setor de revendas, muitos consideram que o segmento de roupas e acessórios, novos ou usados, seja o ponto mais vulnerável dessas empresas. Amazon e eBay prosperam como máquinas de venda automática quase ilimitadas, onde os consumidores buscam tudo e qualquer coisa. Mas a moda se baseia em uma curadoria meticulosa.

"Talvez a moda seja a única categoria em que a Amazon fracassou estrondosamente", disse Josh Goldman, sócio-geral da Norwest Venture Partners e investidor da Threadflip, acrescentando que foi por esses mesmos motivos que a eBay não conseguiu acabar com os novos concorrentes no setor de revenda. Um site simples de busca que fornece uma lista de resultados "sem dúvida não é o lugar certo para procurar e comprar itens de moda", disse ele.

Se as startups conseguirem se diferenciar o bastante da experiência tradicional das compras pela internet, elas poderiam sair ganhando no final. Cada uma das concorrentes neste movimentado setor está contando com a tendência que se inclina para o compartilhamento do guarda-roupa, pois as pessoas estão tendo mais disposição e capacidade de renovar o armário ao trocar peças usadas, através de serviços por assinatura, ou alugar itens da moda para atualizar o visual.

É provável que tudo se resuma ao sucesso de cada companhia na implementação de sua estratégia, pois os combatentes não estão experimentando nenhum modelo de negócios completamente novo, mas adaptando métodos comprovados, como as lojas de consignação e os mercados entre pares. E embora alguns se separem pelos preços, a maioria vende primordialmente o mesmo tipo de marcas, seja de ateliês de luxo como Alexander McQueen ou de etiquetas na moda, mas mais baratas, como J.Crew. Como resultado, nenhuma delas conseguiu se destacar do montão.

"Eu nem sei se vai existir um vencedor", disse Sucharita Mulpuru, analista da Forrester Research. "Este modelo nunca vai dominar o mundo".

Título em inglês: 'Why Is Silicon Valley Pouring Millions of Dollars Into Old Clothes?'

Para entrar em contato com o repórter: Kim Bhasin, em Nova York, kbhasin4@bloomberg.net

Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2015/10/28/por-que-o-vale-do-silicio-esta-injetando-milhoes-de-dolares-em-roupas-usadas.htm

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Em três pontos: O que significa para o Brasil fechar 2015 no vermelho?

Ruth Costas

Da BBC Brasil em São Paulo
Levy e Barbosa (AgBrasil)

Image copyrightAg. Brasil
Image captionMinistro da Fazenda Joaquim Levy e do Planejamento Nelson Barbosa: previsão do governo para contas públicas foi revisto pela segunda vez este ano
O governo da presidente Dilma Rousseff fez sua segunda revisão para o resultado das contas públicas deste ano.
Em janeiro, previa economizar 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$ 66,3 bilhões, para pagar os juros da dívida pública. Em julho, a meta mudou para 0,15% do PIB, ou R$ 8,7 bilhões, já causando alvoroço nos mercados financeiros.
A nova revisão deve fazer ainda mais barulho: segundo a proposta encaminhada ao Congresso, o governo não só já está prevendo que não vai economizar nada, como ainda vai gastar mais do que conseguiu arrecadar em 2015, gerando o que é conhecido no jargão econômico como "déficit primário".
A nova previsão é de que as despesas ultrapassem as receitas da União em 0,8% do PIB, ou R$ 51,8 bilhões, segundo a minuta dessa proposta, divulgada pelo Ministério do Planejamento nesta terça-feira.
O deputado federal Hugo Leal (Pros-RJ), relator do projeto de lei para o Orçamento de 2015, diz que a previsão não contabiliza os repasses que o governo ainda precisa fazer a bancos públicos. Também pode mudar se houver problemas com o leilão das hidrelétricas, adiado recentemente para o fim de novembro e com o qual o governo pretende arrecadar R$ 11 bilhões.
Segundo a equipe econômica, suas previsões tiveram de ser revistas porque, em função da desaceleração econômica, o governo deve arrecadar neste ano menos em impostos do que estimava.
Mas, afinal, por que isso importa? E o que significa para o Brasil fechar 2015 no vermelho? Especialistas consultados pela BBC Brasil explicam essas questões em três pontos:

1. Aumento da dívida pública

Uma pessoa que gastou mais do que ganhou em um certo mês pode cobrir o rombo em suas contas pedindo um empréstimo.
Suponhamos que essa pessoa já esteja endividada - então precisa de dinheiro emprestado não só para fechar as contas do mês, mas também para pagar as parcelas dessa dívida antiga, que no mês seguinte será ainda maior em função do novo empréstimo.
Em uma situação de déficit primário é mais ou menos isso o que acontece com o governo.
"Os recursos para fechar as contas e pagar os juros da dívida são obtidos emitindo mais títulos públicos", explica Marcio Salvato, coordenador do curso de Economia do Ibmec-MG. Ou seja, o governo emite mais dívida.
"O problema é que essa emissão tende a aumentar ainda mais a dívida pública, que já cresceu de 55% para 65% do PIB em 2014. E isso impulsiona as suspeitas sobre a capacidade do Brasil pagar o que deve, levando ao aumento dos juros cobrados sobre a dívida."
A perda do grau de investimento - uma espécie de "selo de bom pagador" emitido por agências de classificação de risco - é um reflexo dessas suspeitas. A agência Standard & Poor's rebaixou em setembro a nota de crédito brasileira de BBB- para BB+, considerado grau especulativo.
Pelas classificações de outras duas agências, a Fitch e a Moody's, o Brasil está a apenas um degrau de perder esse grau de investimento e, segundo analistas, a trajetória da dívida será "decisiva" para essa definição, que pode reduzir - e encarecer - o crédito (ou seja, o dinheiro disponível para empréstimos) ao país e às empresas aqui sediadas.

2. Armadilha da conta de juros

Image copyrightThinkstock
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, embora a queda na arrecadação deva fazer um "barulho" nos mercados, o que mais preocupa na atual situação fiscal brasileira é os custos relacionados à dívida e às despesas financeiras do governo, que também vêm crescendo.
Ou seja, o governo precisa ganhar mais do que gasta para pagar os juros da dívida e outras despesas financeiras, mas o problema é que não só está arrecadando menos como essa conta de juros está crescendo de forma acelerada.
"De janeiro a agosto já tivemos um aumento de cerca de 100% na conta de juros, que chegou a um total de R$ 338 bilhões", diz Perfeito.
A alta, segundo o economista da Gradual, ocorreu em função de três fatores.
Primeiro, a elevação da taxa básica de juros - ou Selic - que hoje é de 14,25%. Para se ter uma ideia, há dois anos essa taxa era de 8,5%.
O segundo fator seria a alta da inflação, já que alguns títulos do governo também são corrigidos por esse índice.
Além disso, os compromissos financeiros do governo também teriam crescido em função de uma série de leilões de contratos de swap cambial - instrumentos que equivalem à venda futura de dólares e que teriam custado mais de R$ 70 bilhões neste ano.
"O governo começou a fazer esses contratos, nos quais se compromete a vender dólar a um determinado valor, para ajudar as empresas endividadas em moeda americana a se protegerem. Mas como o dólar subiu muito, acabou no prejuízo", afirma Perfeito.
Salvato acrescenta o próprio crescimento da dívida como um quarto fator que também impulsiona a conta dos juros.
E um problema adicional, segundo analistas, é que se o déficit primário faz a dívida crescer e aumenta as suspeitas sobre a capacidade de o Brasil pagar o que deve, também faz com que seja mais difícil reduzir os juros.
"Isso porque os investidores pedem uma remuneração maior para assumir o risco de emprestar para o Brasil", diz Fábio Klein, economista da consultoria Tendências.
O resultado seria um ciclo vicioso em que o governo não consegue pagar a conta de juros porque ela é muito alta e, ao mesmo tempo, porque o governo não consegue pagar, os juros não cedem e a conta continua aumentando.

3. Ajuste fiscal

Quando o governo estabelece uma meta fiscal e a cumpre, sinaliza que as contas públicas estão sob controle e a economia está caminhando na direção prevista.
O anúncio da meta também tem como objetivo dar previsibilidade a investidores e agentes econômicos.
A primeira revisão da meta em julho já enfureceu os mercados. A expectativa dos analistas era que a nova meta fosse de 0,4% ou 0,5% do PIB. Quando foi anunciado que seria 0,15%, o dólar disparou, a bolsa caiu e aumentaram as apostas de que os juros deveriam continuar subindo.
No corte drástico, porém, a equipe econômica justificou que seria preferível uma meta menor, mas "realista". A nova revisão pode pôr em xeque esse suposto "realismo" e o próprio ajuste fiscal.
Para alguns economistas e analistas do mercado, a mudança representa um afrouxamento do compromisso com o ajuste e a recuperação das contas públicas. Na visão desse grupo, o governo deve cortar mais gastos e aumentar os impostos para se mostrar "comprometido" com o equilíbrio das contas.
Já economistas heterodoxos tendem a ver a queda na arrecadação como um sinal de que as medidas recessivas que já vêm sendo adotadas pelo governo não estão funcionando, ou são duras demais. Para eles, o ajuste fiscal e o aperto da política monetária estariam acabando com o "dinamismo" da economia.
Ambos tendem a concordar, porém, com a necessidade de medidas estruturais, como uma mudança nas regras da Previdência, para colocar as contas públicas em uma trajetória mais sustentável no longo prazo.
"Medidas estruturais que mostrem o compromisso em reduzir o déficit e controlar as contas públicas no longo prazo poderiam reverter um pouco a frustração com esses resultados de curto prazo", diz Klein. "O problema é que no atual cenário político seria difícil o governo conseguir uma base de apoio para tirar essas medidas do papel."

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151021_deficit_primario_ru

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Projeção para juro básico sobe a 13% em 2016 após BC desistir de inflação na meta em 2016

segunda-feira, 26 de outubro de 2015
10:05 BRST

SÃO PAULO (Reuters) - A projeção para a taxa básica de juros no final de 2016 subiu a 13 por cento após o Banco Central ter desistido de levar a inflação para o centro da meta em 2016, adiando o objetivo para 2017, enquanto o cenário para a alta dos preços continuou se deteriorando.

Segundo a pesquisa Focus do Banco Central publicada nesta segunda-feira, que ouve semanalmente uma centena de economistas de instituições financeiras, a projeção para a Selic no final de 2016 subiu pela terceira vez seguida, contra 12,75 por cento na semana anterior.

Para este ano, a expectativa permaneceu em 14,25 por cento, patamar mantido pelo BC na semana passada em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando em comunicado informou que vai se manter vigilante, o que foi visto por economistas como uma indicação de que os juros poderão subir, caso o cenário se deteriore.

Ao mesmo tempo o BC tirou a menção à "convergência da inflação para a meta no final de 2016", para agora dizer "convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária"; ou seja, em 2017.

Sobre a inflação, a pesquisa semanal mostra agora que a expectativa dos analistas é de alta de 6,22 por cento do IPCA no fim de 2016, contra 6,12 por cento no levantamento anterior, cada vez mais longe do centro da meta do governo para o ano que vem de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Para os preços administrados, a estimativa é de alta de 6,60 por cento no final de 2016, aumento de 0,25 ponto percentual em relação à pesquisa anterior.

Para 2015, a pesquisa mostrou piora de 0,10 ponto percentual na projeção para a alta do IPCA, a 9,85 por cento e, para os administrados, o avanço chegando a 16,11 por cento, sobre 16 por cento anteriormente.

O Focus também mostrou que a expectativa é de o dólar ir a 4,20 reais no fim do ano que vem, contra 4,13 reais antes. Mas para 2015 a conta permaneceu em 4 reais.

Em meio ao cenário de indefinições fiscais, turbulências políticas e forte crise econômica no país afetando a confiança dos agentes econômicos, a projeção para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano chegou a 3,02 por cento, sobre queda de 3,0 por cento antes.

Para 2016, a terceira piora seguida nas contas aponta agora contração de 1,43 por cento, contra recuo de 1,22 por cento na semana anterior. Mais uma vez o cenário para a indústria piorou, com expectativa agora de retração de 1,5 por cento, contra 1,0 por cento antes, ainda para 2016.

Veja abaixo os dados sobre a expectativa do mercado, pela mediana das projeções:

2015 2016

Indicador Anterior Atual Anterior Atual

.IPCA 9,75% 9,85% 6,12% 6,22%

.Dólar (fim do ano) R$4,00 R$4,00 R$4,13 R$4,20

.Selic (fim do ano) 14,25% 14,25% 12,75% 13,00%

.Dívida líquida/PIB 35,65% 35,85% 39,20% 39,20%

.PIB (crescimento) -3,00% -3,02% -1,22% -1,43%

.Indústria (crescimento) -7,00% -7,00% -1,00% -1,50%

.Conta corrente (US$ bi) -65,00 -65,00 -47,75 -46,35

.Balança (US$ bi) 13,20 14,00 25,00 26,30

.IED (US$ bi) 62,50 62,50 60,00 60,00

.Preços administrados 16,00% 16,11% 6,35% 6,60%

(Por Camila Moreira)

© Thomson Reuters 2015 All rights reserved.
Fonte http://br.reuters.com/article/topNews/idBRKCN0SK18320151026?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0&sp=true

domingo, 25 de outubro de 2015

Qual é a origem da fé?

Novos estudos de psicologia desvendam os mecanismos que levam algumas pessoas a crer mais que outras. Os intuitivos costumam ser mais religiosos que os reflexivos

Por: Adriana Dias Lopes
23/10/2015 às 22:03 - Atualizado em 23/10/2015 às 22:06
UM PARA CADA LADO - Até muito pouco tempo atrás, seria inimaginável ciência e religião, duas formas tão diferentes de ver o mundo, caminharem juntas(Montagem sobre fotos Corbis e AKG/Latinstock, Bob Thomas/Popperfoto/Getty Images, NASA e Alcione Pereira/Claudia/VEJA)

Já ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna numa manhã clara, correu para a praça do mercado e se pôs a gritar incessantemente: 'Eu procuro Deus! Eu procuro Deus!'? Como muitos dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muitas risadas... 'Onde está Deus?!', ele gritava. 'Eu devo dizer-lhes: nós o matamos - você e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos...' " A definitiva descrição da morte de Deus, ideia cunhada por Friedrich Nietzsche em A Gaia Ciência, de 1882, é o mais bem-acabado registro do fim de um período em que tudo era explicado a partir da revelação divina. O racionalismo de Nietzsche pôs o homem no lugar de Deus, subtraindo do cotidiano a crença no sobrenatural.

A busca pelas razões da fé, em movimentos de sístole e diástole que ora nos põem mais próximos a Deus, ora nos afastam dele, é humana, demasiado humana. Como traduzir algo tão poderoso e impalpável que por milênios nos move? Enfim, por que alguns creem e outros não? Convencionou-se imaginar que pessoas menos instruídas tendem a ter contato mais amistoso com a religião - os mais letrados seriam majoritariamente céticos, avessos à fé.

Não é assim, necessariamente, e que bom que não seja. Não se trata de formação intelectual. Um recente estudo conduzido pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, chegou a uma conclusão bem mais instigante. O mote: as pessoas intuitivas são naturalmente mais religiosas do que as reflexivas. Os pesquisadores primeiramente avaliaram a capacidade intuitiva e reflexiva dos voluntários. Cerca de 1 200 homens e mulheres com idade média de 30 anos foram desafiados a resolver um questionário que exige um raciocínio extremamente lógico. Por meio desse teste, adotado há pelo menos cinco décadas em investigações comportamentais, aqueles que erram as questões são classificados como intuitivos, por tentar resolvê-las com pressa, impetuosos. Os que acertam são os reflexivos, que pensam, pensam e pensam. Em outro momento do estudo, ambos os grupos tiveram de falar sobre fé. Do cruzamento das respostas, despontaram as conclusões. Os intuitivos afirmaram ser mais religiosos que os reflexivos. A premissa faz sentido. Diz o psiquiatra Frederico Leão, coordenador do Programa Saúde, Espiritualidade e Religiosidade, do Instituto de Psiquiatria da USP: "É mais simples para os menos racionais acreditar em algo impreciso".

A intuição e a reflexão são fundamentais no mecanismo cognitivo do cérebro humano. Os intuitivos tomam decisões a partir de processos que ocorrem com pouco esforço e atenção. "Eles usam naturalmente a primeira ideia que vem à mente", diz o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e supervisor do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas. Os reflexivos concentram-se mais e usam um raciocínio mais elaborado para chegar a conclusões. Não há como afirmar, portanto, que os reflexivos sejam mais inteligentes que os intuitivos, apesar de essa ser a impressão inicial. Um pouco antes da realização do estudo da Universidade Harvard, o mesmo teste de avaliação cognitiva foi aplicado entre os alunos dos prestigiosos Instituto de Tecnologia de Massachusetts e Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com o objetivo de avaliar a capacidade lógica de pessoas tão aptas. Metade dos estudantes errou as respostas. Metade, portanto, tinha um raciocínio essencialmente intuitivo.

Até muito pouco tempo atrás, seria inimaginável ciência e religião, duas maneiras de pensar o mundo tão diferentes, caminharem na mesma direção. Uma das primeiras teorias a pô-las lado a lado é do início de 2000. A fé, assim como as religiões surgidas em torno dela, seria um ingrediente seminal para a evolução da espécie humana. O homem, o único ser vivo com a capacidade de ter consciência da finitude, precisaria recorrer a algo maior e impalpável para conviver com tal ideia. Além disso, as religiões estimulam a solidariedade e a compaixão, sentimentos que levariam à proteção em momentos de risco, como procura por comida, guerras e catástrofes naturais. O biólogo americano David Sloan Wilson, da Universidade Binghamton, ateu, um dos grandes defensores do papel da crença em Deus na sobrevivência humana, sustenta que a fé evolui com o homem porque confere vantagens àqueles que a desenvolvem.

A tese de que a religiosidade acompanha o ser humano em sua evolução ganhou força ruidosa um pouco mais para a frente, quando o biólogo americano Dean Hamer, coordenador do setor de genética do National Cancer Institute, afirmou que a fé em Deus estaria no gene, no "gene de Deus". Ao avaliar o grau de espiritualidade de 1 000 adultos, Hamer descobriu uma coincidência: aqueles que tinham sentimentos religiosos compartilhavam o gene VMAT2, responsável pela regulação das chamadas monoaminas, grupo de compostos que incluem a adrenalina (substância excitante) e a serotonina (sensação de prazer). As monoaminas têm papel importante na construção da realidade e na percepção das alterações da consciência, situações comuns em experiências místicas.

O rompimento entre ciência e religião não é tão antigo. Ocorreu no século XVIII, com o iluminismo. Despontado na França, o movimento viu na razão e no progresso científico um instrumento de emancipação do homem, pondo os dogmas cristãos em xeque. A Igreja logo reagiu, com a publicação da primeira encíclica da história. O documento (Ubi Primum - Tão Pronto Como), assinado pelo papa Bento XIV (1675-1758), reforçou questões cruciais da Igreja: a rígida formação intelectual dos bispos e a importância da conduta moral no magistério eclesiástico. O ponto máximo da cisão ocorreu no século XIX, quando Charles Darwin negou o criacionismo, definindo a clássica teoria da evolução das espécies.

O papa Pio XII (1876-1958) sinalizou uma reaproximação, em 1943, ao escrever a encíclica Divino Afflante Spiritu (Sob a Inspiração do Espírito). No documento, ele reconhecia hipóteses defendidas pela ciência, como a da evolução e a do Big Bang. Agora o papa Francisco foi além. No fim do ano passado, soltou uma das frases mais bombásticas de seu pontificado, diante de oitenta pesquisadores de vários países que compõem a tradicional Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, instituição fundada em 1603: "Quando lemos no Gênesis sobre a criação, corremos o risco de imaginar que Deus tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas. Mas não é assim. O Big Bang, que hoje temos como a origem do mundo, não contradiz a intervenção criadora, mas a exige. A evolução na natureza não é incompatível com a noção de criação, pois a evolução exige a criação de seres que evoluem". Há quatro meses, o pontífice argentino utilizou novamente ferramentas da ciência para lidar com questões religiosas. Na encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), documento que tratou de questões ambientais, o jesuíta escreveu: "Sobre muitas questões concretas, a Igreja não tem motivo para propor uma palavra definitiva e entende que deve escutar e promover o debate honesto entre os cientistas, respeitando a diversidade de opiniões".

A postura de Francisco merece atenção, é corajosa, não aparta religião de ciência, de modo a não separar fiéis crentes de outros nem tanto assim. Para uns e outros, prossegue a busca eterna pela compreensão da fé, de como ela nasce e cresce, para além de constatações evidentes (como a fé alimentada por uma tragédia familiar). Não há como explicar o inexplicável, o misterioso, possivelmente porque Deus talvez seja mesmo um conceito pelo qual medimos e aplacamos nossa dor. Lembre-se aqui o momento bíblico em que Jesus, no auge do sofrimento físico e psicológico, pergunta a Deus: "Por que me abandonaste?". Cristo morreu sem resposta para a sua incerteza. Mas em sua última frase, dita ainda na cruz, retomou a força brutal da fé: "Nas tuas mãos eu entrego meu espírito". Jesus Cristo entregou tudo o que tinha a Deus. Até mesmo sua racionalidade.


Fonte http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/qual-e-a-origem-da-fe

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Preço atual do petróleo inviabiliza pré-sal, diz presidente da estatal PPSA

Marta Nogueira
20/10/201514h32 > Atualizada 20/10/201514h32

RIO DE JANEIRO, 20 Out (Reuters) - As áreas do pré-sal em produção precisam que os preços do petróleo sejam superiores a US$ 55 o barril para serem economicamente viáveis, disse nesta terça-feira o presidente da Petróleo Pré-Sal SA (PPSA), Oswaldo Pedrosa, indicando que algumas áreas podem estar operando com perdas no momento, considerando o mercado atual.
A produção de óleo e gás natural operada pela Petrobras na camada pré-sal em setembro ficou na média de 1,028 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed), ou cerca de um terço de toda a produção brasileira.
O preço do petróleo Brent era negociado nesta terça-feira próximo de US$ 49 o barril, com o mercado global sendo atingido por uma grande oferta e preocupações econômicas, especialmente com o crescimento mais lento da China.
Pedrosa, executivo da estatal criada para gerir o pré-sal, fez o comentário ao falar sobre o preço de equilíbrio (valor mínimo do barril a partir do qual a produção é economicamente viável) para a reserva petrolífera gigante de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos.
"Então Libra hoje opera em prejuízo? Não, porque ela ainda não entrou em operação", afirmou Pedrosa durante palestra no Rio de Janeiro.
Em entrevista a jornalistas, após a sua fala, Pedrosa confirmou o "preço de equilíbrio" para o pré-sal de US$ 55 e reiterou que o valor já estava descrito no plano de negócios da Petrobras.
Pedrosa ponderou ainda que existe uma expectativa de recuperação dos preços do petróleo até o fim desta década, dando tempo para a produção em Libra se tornar viável, assim como para outras áreas do pré-sal.
"Hoje os preços estão baixos e há uma tendência de recuperação dos preços de forma mais prolongada, talvez em patamares inferiores do que a gente via anteriormente, mas que até o fim da década, com certeza, não teremos esses preços (atuais) do petróleo."
Ele disse ainda que as companhias ainda podem reduzir o chamado "preço de equilíbrio" à medida que aumentam seus conhecimentos sobre as áreas petrolíferas.
A Petrobras, que está à frente da maior parte das áreas do pré-sal do Brasil, indicou no início do ano um preço de equilíbrio para a áreas do pré-sal um pouco abaixo da cotação citada por Pedrosa.
A empresa falou em nota que o preço de equilíbrio planejado no momento em que foram aprovados os projetos do pré-sal situava-se a cerca de US$ 45 o barril, incluída a tributação e sem considerar os gastos com infraestrutura de escoamento de gás --ao considerar essas despesas, o valor pode aumentar entre US$ 5 e US$ 7 o barril.
A estatal disse ainda, anteriormente, que o "preço de equilíbrio" previsto levava em consideração uma vazão de poços entre 15 e 25 mil barris por dia, e que atualmente alguns poços têm vazão superior a 30 mil barris de óleo por dia, "com efeito positivo na economicidade dos projetos".
Procurada nesta terça-feira, a Petrobras não se manifestou imediatamente sobre o assunto.

Planos para Libra

A Petrobras é a operadora da mega reserva petrolífera de Libra, considerada a maior do Brasil, com 40% de participação, em parceria com a Shell e a Total, ambas com fatia de 20%, além das chinesas CNPC e CNOOC, as duas com 10% cada.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estimou anteriormente que Libra contenha de 8 bilhões a 12 bilhões de barris recuperáveis.
Pedrosa explicou ainda que Libra deverá receber uma segunda plataforma de petróleo entre 2021 e 2022, que deverá ter as mesmas características da primeira, que está prevista para entrar em operação em 2019.
Um Teste de Longa Duração (TLD) em Libra está previsto para iniciar a operação no início de 2017, após a entrega da plataforma marcada para o fim de 2016, segundo Pedrosa.
A previsão inicial é que Libra tenha um total de 12 plataformas de produção de petróleo, mas esse número poderá sofrer alterações com o tempo.
A PPSA prevê que a primeira plataforma reinjete todo o gás produzido de volta pelos poços para o campo, como forma de aumentar a produção de petróleo.
Entretanto, um comitê especial foi criado dentro de Libra para buscar alternativas para o aproveitamento de gás a partir da próxima década.


Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2015/10/20/preco-atual-do-petroleo-inviabiliza-pre-sal-diz-presidente-da-estatal-ppsa.htm