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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Petrobras fica com menos opções de financiamento com aprofundamento de escândalo - Escritórios de advocacia buscam investidores para ação coletiva contra Petrobras nos EUA

Petrobras fica com menos opções de financiamento com aprofundamento de escândalo
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014 17:10 BRST
Por Guillermo Parra-Bernal

SÃO PAULO (Reuters)

A Petrobras pode ter que aumentar os preços dos combustíveis, cortar gastos ou buscar uma injeção de capital por parte do governo no próximo ano, uma vez que o aprofundamento do escândalo de corrupção ameaça deixar a empresa temporariamente fora dos mercados de capitais.

No entanto, essas ações não seriam fáceis de implementar e podem não ser suficientes para substituir completamente os mercados internacionais de títulos como a principal fonte de financiamento da empresa, disse um executivo de banco que ajudou a supervisionar algumas das ofertas de bônus da estatal nos últimos anos.

No mês passado, a Petrobras atrasou a divulgação do resultado do terceiro trimestre após auditores se recusarem a assiná-lo, diante de alegações de que a estatal sistematicamente pagou mais por ativos e para empreiteiras contratadas.

Se os auditores não aprovarem os resultados anuais da companhia até abril, isso poderia desencadear o pagamento antecipado de até 11 bilhões de dólares em títulos e um empréstimo de um banco local de 5,8 bilhões de dólares, de acordo com outra fonte com conhecimento da situação.

Na verdade, poucos esperam que a Petrobras possa dar calote em sua dívida, uma vez que provavelmente negociaria uma solução com os detentores de títulos e bancos. Mas é improvável que os investidores em títulos globais participem de qualquer nova emissão da Petrobras até que a empresa tenha informações financeiras auditadas adequadamente, afirmaram o UBS Securities e o Morgan Stanley & Co, em relatórios analíticos.

Isso significa que a empresa pode ter que procurar outras formas para financiar seu plano de negócios de cinco anos de 220 bilhões de dólares, o maior da indústria petrolífera mundial.

    Embora a presidente Dilma Rousseff possa permitir que a Petrobras eleve os preços da gasolina no próximo ano, ela provavelmente resistiria a qualquer esforço de reduzir o plano, uma vez que faz parte fundamental do programa emblemático de investimentos de sua administração.

Cerca de 68 por cento do financiamento do plano já foi contratado, afirmou a Moody's Investors Service recentemente.

"Leve em conta a investigação de corrupção, a percepção de risco e as restrições financeiras da Petrobras em curso, e você verá como a sua capacidade de geração de caixa está gravemente ameaçada", disse o executivo, que pediu anonimato por causa da sensibilidade da questão.

A dificuldade em delinear o financiamento ressalta os ventos contrários neste momento para a Petrobras, que há apenas 20 meses vendeu 11 bilhões de dólares em títulos, um recorde para uma empresa do mercado emergente.

    O escândalo de corrupção, juntamente com anos de desenfreada acumulação de dívida, está gerando preocupação de que a Petrobras poderia perder seu cobiçado grau de investimento, elevando os custos de empréstimos.

    Anunciada por autoridades na última década como a jóia da coroa da economia do Brasil, a Petrobras tornou-se um símbolo da queda da boa-vontade com o país. A empresa planeja publicar os resultados não auditados do terceiro trimestre na sexta-feira, mas é pouco provável que isso amenize as preocupações sobre o impacto do escândalo de corrupção nas operações e nos planos de captação de recursos.

    "Eu acredito que nenhum investidor vai comprar ações ou títulos com o risco atual, pelo menos não sem a devida papelada auditada", disse Ulisses de Oliveira, que ajuda a administrar 400 milhões de dólares em títulos de dívida de mercados emergentes para a Galloway Gestora de Recursos, em São Paulo.

    Os obstáculos ao financiamento vêm em um momento em que os preços do petróleo estão caindo e ameaçam a receita. O fluxo de caixa livre, uma medida de dinheiro excedente após os pagamentos aos detentores de títulos e ações, deve voltar a ficar positivo apenas em 2017, estimam os analistas.

A Petrobras, que se recusou a comentar o assunto, ainda não definiu uma data para publicar resultados auditados.

    Se a Petrobras conseguir assegurar um financiamento novo, ele virá com custo maior por causa dos riscos acrescidos decorrentes do escândalo de corrupção.

    Os bônus da Petrobras com vencimento em março de 2024 e cupom de 6,25 por estão atualmente remunerando perto de 6,5 por cento, o mais alto nível em cerca de um ano e meio. Esse rendimento está no mesmo patamar de emissores classificados abaixo do grau de investimento.


OPERAÇÃO LAVA JATO

O escândalo também está colocando pressão sobre Dilma Rousseff, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010. A investigação da Polícia Federal, denominada Lava Jato, foi lançada em março, quando policiais começaram a investigar um suposto esquema de lavagem de dinheiro.

O escritório de advocacia com sede em Nova York Wolf Popper apresentou na terça-feira uma ação coletiva contra a Petrobras em nome de investidores que compraram ações da empresa nos Estados Unidos entre maio de 2010 e novembro deste ano. A ação, que alega que a Petrobras emitiu declarações enganosas que ajudaram a esconder o esquema de corrupção, pode dificultar ainda mais a capacidade da empresa para acessar o mercado norte-americano.

    A Petrobras toma no mercado cerca de metade de seus gastos de capital de 40 bilhões de dólares por ano, em grande parte com a emissão de bônus.

Mesmo se os bancos e investidores no Brasil não ligarem para riscos de concessão de crédito para a Petrobras, os mercados de crédito e de títulos locais são muito pequenos para suprir a empresa com o financiamento de que necessita para realizar seus projetos, disse outro executivo de banco.

    A empresa pode ainda recorrer ao BNDES [BNDES.UL] para obter crédito, mas não está claro se o banco teria dinheiro suficiente para Petrobras. O BNDES não quis comentar.

A Petrobras pode pagar por suas operações por cerca de seis meses sem que tenha que recorrer ao mercado de dívida, disseram executivos da petroleira no mês passado.

A Petrobras, petrolífera mais endividada do mundo, com um passivo total de 140 bilhões de dólares, tem 54 bilhões de dólares em títulos em mercado. A dívida líquida está acima da meta de alavancagem de 2,5 vezes lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, e acima do limiar de 35 por cento do capital próprio.

"Com a recente queda dos preços do petróleo, que reduziu mais de 30 por cento dos níveis de meados do ano, esperamos menor geração de caixa e isso vai tornar a empresa mais dependente da venda de ativos ou de dívida para financiar as despesas futuras com o desenvolvimento", disse a Moody´s.

    As ações caíram cerca de 47 por cento desde que as investigações começaram a ganhar força há três meses. O diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, renovou em 17 de novembro a promessa de não vender novas ações, quando delineou planos para rever a contabilidade Petrobras.

  (Reportagem adicional de Jeb Blount, no Rio de Janeiro)

((Tradução Redação Rio de Janeiro, 5521 2223-7104)) REUTERS MN RBS

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Escritórios de advocacia buscam investidores para ação coletiva contra Petrobras nos EUA

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014 18:47 BRST 
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. REUTERS/Sergio Moraes  

RIO DE JANEIRO (Reuters)

Escritórios norte-americanos de direito estão em busca de novos investidores interessados em participar de ação coletiva contra a Petrobras em Nova York.

A estatal brasileira está no centro da operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga suposto esquema bilionário de corrupção em obras da companhia, com envolvimento de funcionários e ex-empregados da empresa, empreiteiras e políticos.

Após o escritório Wolf Popper dar entrada em ação coletiva contra a Petrobras em tribunal federal no Distrito Sul de Nova York, na segunda-feira, com prazo até 6 de fevereiro para investidores se tornarem autores da ação, começou uma corrida de outros escritórios em busca de novos clientes.

O Glancy Binkow & Goldberg LLP enviou e-mail a investidores nesta quarta-feira dizendo que está investigando pedidos em nome de acionistas da Petrobras sobre supostas violações das leis federais de valores mobiliários dos Estados Unidos.

A investigação, segundo o escritório que fica em Los Angeles, na Califórnia, está focada em declarações emitidas pela petroleira entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014, sobre operações e desempenho financeiro.

Na carta enviada a investidores, o escritório alerta que há acusações de que a estatal teria deturpado ou omitido lavagem de dinheiro e suborno em um esquema multibilionário desde 2006.

Para o Glancy Binkow & Goldberg LLP, as denúncias recentes de corrupção envolvendo a Petrobras causaram uma queda de 46 por cento no valor das American Depositary Shares (ADS) da empresa entre 5 de setembro último e 24 novembro, para 10,50 dólares por ADS.

"Se você comprou ADS da Petrobras, se você tiver informações ou gostaria de saber mais sobre estas alegações, ou tem alguma dúvida sobre este anúncio ou de seus direitos ou interesses em relação a esses assuntos, entre em contato", diz comunicado do Glancy Binkow & Goldberg LLP.

Também nesta quarta-feira, os escritórios Brower Piven, da cidade de Stevenson, Maryland, e Kahn Swick & Foti, LLC, da cidade de New Orleans, Louisiana, enviaram mensagens a investidores lembrando o prazo de 6 de fevereiro para interessados em participar da ação coletiva. Ambos disseram que estão à disposição de investidores que se sintam prejudicados.

O escritório Wolf Popper LLP entrou com ação em nome de investidores que compraram ações da Petrobras em Nova York entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro deste ano.

A ação, que depende de validação de um juiz para prosseguir em um tribunal civil, pretende levar a questão a júri e reparação de danos ainda não especificados.

Investidores interessados em se tornar autores da ação têm até 6 de fevereiro para apresentar uma moção ao tribunal.

(Por Marta Nogueira)


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