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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Brasil: Investigação da Petrobras reduz vendas de bonds em meio à crescimento lento


Bloomberg Julia Leite e Paula Sambo
01/12/201416h52

1º de dezembro (Bloomberg) -- As empresas brasileiras estão ficando de fora de um aumento internacional das vendas de bonds em um momento em que o crescimento lento da economia e uma crescente investigação sobre corrupção aumentam os custos de financiamento.

Os emissores de dívidas corporativas levantaram US$ 5,8 bilhões vendendo bonds no mercado internacional desde junho, 43 por cento menos do que no mesmo período do ano passado. Isso contrasta com um incremento de 10 por cento na emissão em dólares em todos os mercados emergentes. Para o segundo semestre do ano, as empresas brasileiras deverão emitir a menor quantidade de bonds desde a crise financeira de 2008.

Os yields de bonds corporativos do país estão subindo mais de duas vezes mais rápido do que aqueles dos países em desenvolvimento. Os analistas projetaram que o crescimento brasileiro ficará aquém da média da América Latina pelo quarto ano consecutivo. É improvável que haja novas vendas de dívidas no restante do ano, considerando a ampliação da investigação sobre subornos relacionados a contratos da empresa estatal Petrobras, segundo Leonardo Kestelman, gestor de recursos e diretor-geral da Dinosaur Securities.

"Eu não espero nada no Brasil no curto prazo", disse Kestelman, por telefone, de São Paulo. "Muitas das empresas envolvidas na investigação da Petrobras podem ter seus ratings reduzidos. Eu não acho que o mercado esteja mostrando muito apetite".

Após a retração no primeiro semestre do ano, a economia do Brasil cresceu 0,1 por cento no terceiro trimestre, disse o IBGE, no dia 28 de novembro. A expansão ficou abaixo da mediana das estimativas de 0,2 por cento calculada por 46 analistas consultados pela Bloomberg.

Clima do mercado

No mês passado, a polícia prendeu funcionários de empresas construtoras acusados de formar um cartel para obtenção de contratos, incluindo R$ 59 bilhões (US$ 23 bilhões) da Petrobras. A petrolífera, que atrasou seu balanço de lucros em meio à investigação, está criando uma divisão de compliance para melhorar a governança corporativa, disse sua presidente, no dia 17 de novembro.

A Petrobras obteve mais financiamento via bonds estrangeiros do que qualquer outra empresa dos países emergentes nos últimos três anos. A assessoria de imprensa da companhia não respondeu a um e-mail e a um telefonema para comentar o impacto causado pela investigação de subornos nas vendas de bonds no Brasil.

"O escândalo dos subornos na Petrobras está pesando sobre a confiança do investidor no país, o que pode tornar as emissões mais caras ou até mesmo evitar um negócio", disse Camila Abdelmalack, economista da corretora CM Capital, por telefone, de São Paulo. "Este não é um mercado oportuno para os emissores corporativos".

Equipe de governo

A Marfrig Global Foods SA, que fornece carne de hambúrguer para o McDonald's Corp., disse em 20 de novembro que cancelou os planos para vender bonds de sete anos no exterior porque os yields exigidos pelos investidores não atingiram sua meta, estendendo uma seca de quase dois meses em ofertas de dívidas de grau especulativo do Brasil.

A Marfrig preferiu não comentar a respeito da oferta de bonds na época do cancelamento, segundo um assessor de imprensa que preferiu não ser identificado devido à política da empresa.

A nomeação de Joaquim Levy como próximo ministro da Fazenda do Brasil, anunciada na semana passada, foi bem recebida pelos investidores em bonds e pode ajudar a melhorar o sentimento dos estrangeiros em relação ao Brasil se um plano econômico verossímil for colocado em prática, segundo Paul Hollingworth, chefe de pesquisa da unidade de banco de investimento do Banco do Brasil SA em Londres.

"Estamos em uma posição melhor agora do que há alguns meses porque parte de incerteza foi removida", disse ele, por telefone. "Eu acho que os pipelines de bonds e ações estão crescendo e que é questão de acertar o momento de combinar a emissão com o movimento do mercado".

Longo caminho

Embora a nomeação da nova equipe melhore a confiança no Brasil, isso não impulsionará rapidamente a emissão de bonds, segundo Fábio Oliveira, diretor de investimentos da GPS Investimentos Financeiros, que supervisiona US$ 6,8 bilhões, incluindo dívida brasileira. A presidente Dilma Rousseff também nomeou o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, para comandar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e disse que Alexandre Tombini permaneceria no comando do Banco Central.

"A confiança do investidor é algo que você leva anos para construir", disse Oliveira, por telefone, de São Paulo. "Eu não vejo nenhuma grande emissão pela frente e se houver alguma coisa baseada na nomeação da nova equipe, nós a veremos somente no primeiro trimestre de 2015".

Título em inglês: Petrobras Probe Cuts Bond Sales as Economy Slumps: Brazil Credit

Para entrar em contato com os repórteres: Julia Leite, em Nova York, jleite3@bloomberg.net; Paula Sambo, em São Paulo, psambo@bloomberg.net.



Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2014/12/01/brasil-investigacao-da-petrobras-reduz-vendas-de-bonds-em-meio-a-crescimento-lento.htm

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