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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cinco dilemas para o Brasil com a redução dos estímulos monetários nos EUA

Pablo Uchoa

Atualizado em  18 de dezembro, 2013 - 17:33 (Brasília) 19:33 GMT
Real. Reuters
O Brasil é um dos emergentes dos Cinco Frágeis, junto de Turquia, Índia, África do Sul e Indonésia
O Banco Central americano (Fed) anunciou nesta quarta-feira que começará a reduzir seu programa de estímulos monetários a partir de janeiro, levando governos e investidores a preverem uma maior saída de capitais das economias emergentes.
O Fed gastará US$ 75 bilhões por mês na compra de títulos do governo, uma redução de US$ 10 bilhões/mês que em relação ao montante que gastou ao longo de um ano (US$ 85 bi/mês).
A justificativa é a melhora nas taxas de desemprego americanas que, se continuarem baixando, levarão a novas reduções no programa de estímulo.
Ao mesmo tempo, o banco disse que pretende manter as suas taxas de juros próximas do zero - nível em que estão hoje - até "bem depois" de o desemprego ficar abaixo de 6,5%. Hoje o desemprego é de 7%. Ou seja, o Fed está dizendo que quer que a economia melhore ainda mais antes de pensar em mexer nos juros.
Essa indicação é uma maneira de acalmar os mercados, mostrando que o BC está tirando o estímulo monetário, mas continua atento aos sinais da economia para não exagerar na dose. Em particular, a inflação continua muito baixa nos EUA, um indicador da fraqueza do ritmo da economia.
Quando os estímulos do Fed começaram a serem retirados, a previsão é de que a possibilidades de ganhos maiores para os investidores nos EUA atraia capital estrangeiro hoje estacionado nas economias emergentes.
"Em uma primeira rodada (os estímulos) vão retirar dinheiro de todos os países emergentes. Em uma segunda rodada, vão começar a diferenciar entre as economias emergentes"
Liliana Rojas-Suárez, Centro para o Desenvolvimento Global
O Brasil faz parte dos cinco grandes emergentes rotulados de Cinco Frágeis – Brasil, Turquia, Índia, África do Sul e Indonésia – que os economistas consideram em situação mais desvantajosa para enfrentar um novo impacto externo, após sobreviverem à crise de 2007.
A BBC Brasil preparou uma lista com cinco dos principais dilemas que afligem o país e que os investidores estrangeiros terão em mente ao reavaliar os seus portfólios a partir de uma retirada gradual dos estímulos monetários nos Estados Unidos.
"Em uma primeira rodada vão retirar dinheiro de todos os países emergentes. Em uma segunda rodada, vão começar a diferenciar entre as economias emergentes", prevê Liliana Rojas-Suárez, pesquisadora-sênior do Centro para o Desenvolvimento Global (CGD, sigla em inglês) e presidente do Comitê Latino-Americano de Assuntos Financeiros (CLAAF), grupo de economistas latino-americanos criado no Rio em 2000.
"O Brasil não está enviando a eles (investidores) bons sinais", adverte a economista. A seguir, veja por quê.
Em outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou dois instrumentos financeiros que o BC brasileiro tem à disposição para combater a saída de capitais: um programa de intervenção pontual para garantir a liquidez no mercado de câmbio e sua disposição para elevar a taxa Selic.
Entretanto, os juros são também os instrumentos mais úteis do país para combater a inflação – que, em trajetória de alta, restringe as possibilidades de escolha do governo.
No mais recente boletim Focus, um levantamento do BC junto ao mercado, as apostas eram de um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado para balizar a meta) em 5,7%, aproximando-se em 2014 do teto da meta, 6%.
Depois de uma rodada de altas que elevou a Selic para 10% ao ano, o mercado agora espera uma pausa (no boletim Focus, a expectativa é uma Selic de 11% ao fim de 2014). Mas o espaço para reduções contracíclicas, na eventualidade de um choque externo causado pela saída de capitais, é considerado pequeno.
A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) notou que o Brasil foi uma "exceção" no continente em 2013 ao elevar os juros para combater a inflação, enquanto os outros países, com altas de preços menos intensas, reduziram as suas taxas e estão em melhores condições de subi-las novamente se necessário for.

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