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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Narendra Modi corre para colher 1,2 bilhão de impressões digitais para reduzir subsídios na Índia

Bloomberg

Unni Krishnan
21 de novembro (Bloomberg) -- Em um restaurante de beira de estrada junto aos limites de Nova Délhi, o caminhoneiro Anil Yadav não se deteve no refeitório e passou caminhando pela cozinha em direção ao quintal, onde havia dois grandes tambores de querosene. Era hora de encher o tanque.
Conhecido como "O Depósito", o restaurante vende combustível roubado do sistema público de distribuição da Índia, que fornece produtos básicos para os pobres a preços inferiores aos do mercado. Os caminhoneiros misturam o querosene, que é mais barato, com o diesel, economizando algum dinheiro em um país onde três em cada cinco pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia.
"Eu recebo um montante fixo do dono do caminhão e tenho que pagar o diesel, a comida e qualquer despesa acessória no caminho, incluindo propinas", disse Yadav, na parte de trás do restaurante, onde centenas de contêineres de combustível permanecem dispersos fora da vista da rodovia principal. "Algum dinheiro paralelo me ajuda a fechar as contas".
O primeiro-ministro Narendra Modi está correndo para recolher as impressões digitais de 1,2 bilhão de pessoas em um esforço para economizar cerca de US$ 12 bilhões ao ano com apurações de corrupção, aproximadamente o que a Índia gasta anualmente em educação. Considerando que seria politicamente impopular para ele eliminar subsídios aos alimentos e ao combustível, ele está acelerando o uso de cartões de identificação biométrica para eliminar desperdícios e reduzir um dos maiores déficits fiscais da Ásia.
A implantação do cartão tornará mais difícil para meio milhão de lojas administradas pelo governo a venda de querosene, açúcar, trigo e arroz subsidiados para qualquer um que não possuir esse documento. Os clientes precisarão provar sua identidade usando impressões digitais ou escâneres de olhos, permitindo que o governo monitore facilmente as vendas de produtos subsidiados.
Meta é junho
"Não há nada mais que tenhamos conhecimento que possa ser feito para controlar os subsídios além dos cartões Unique ID e essa é a razão pela qual Modi adotou essa medida", disse Laveesh Bhandari, diretor da Indicus Analytics, uma empresa de pesquisas econômicas de Nova Délhi. "Essa é a melhor aposta dele e não existem novas ideias. Não haverá nada parecido com acabar com os subsídios".
V.S. Madan, diretor geral da Unique ID Authority, não estava disponível para comentar quando contatado pelo telefone de seu escritório e não respondeu imediatamente a um e-mail enviado na sequência.
Modi estabeleceu junho como meta para que todos os cidadãos tenham um cartão de identificação biométrica, segundo dois funcionários do governo que pediram anonimato porque a informação é privada. O programa cadastrou 700 milhões de pessoas desde que foi iniciado em setembro de 2010 pelo governo anterior, que não havia estabelecido meta para cobrir todo o país antes de perder o poder em maio.
Registrar 500 milhões de pessoas em oito meses não será fácil, mas Modi tem poucas alternativas se quiser entregar um superávit orçamentário pela primeira vez desde que o Banco Central começou a compilar os dados, em 1986. Nos últimos dois anos, o crescimento caiu para menos de cinco por cento, contra uma média de 8 por cento registrada na última década, enquanto os aumentos nos preços dos alimentos mantiveram a inflação em mais de 9 por cento.
A Índia planeja investir US$ 43 bilhões, cerca de 15 por cento de seu gasto total no ano fiscal que termina em 31 de março, em programas que oferecem alimento, fertilizante e combustível a preços inferiores aos do mercado. Apenas cerca de metade do gasto público em serviços básicos chega às pessoas, devido a ineficiências de governança e de execução, disse a McKinsey Co. em um relatório em fevereiro.
Garantir que alimentos e combustíveis baratos cheguem ao lugar certo é essencial para ajudar os pobres da Índia. Cerca de 75 por cento da população não se alimenta dentro das metas mínimas estabelecidas pelo governo e uma em cada três crianças desnutridas do mundo vive na Índia. Cerca de 5.000 crianças com 5 anos ou menos morrem no país todos os dias devido à má alimentação, segundo a Unicef.
Título em inglês: Modi Races for 1.2 Billion Fingerprints to Curb India Subsidies
Para entrar em contato com o repórter: Unni Krishnan, em Nova Délhi, ukrishnan2@bloomberg.net.
Fonte http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2014/11/21/narendra-modi-corre-para-colher-12-bilhao-de-impressoes-digitais-para-reduzir-subsidios-na-india.htm

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