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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Como a Índia chegou a Marte gastando menos que um filme de Hollywood

Jonathan Amos


Credito: AP
A missão da Índia a Marte foi uma das iniciativas interplanetárias mais baratas já realizadas
O programa espacial da Índia conseguiu, na primeira tentativa, o que outros países tentam há anos: enviar uma missão operacional para Marte.
O satélite Mangalyaan foi confirmado na órbita do planeta vermelho na terça-feira. Um feito considerável.
A missão foi orçada em 4,5 bilhões de rúpias (cerca de US$ 74 milhões, ou R$ 178 milhões), o que, para os padrões ocidentais, é incrivelmente barato.
A sonda americana Maven, que chegou a Marte na segunda-feira, está custando quase dez vezes mais.
Em junho, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, brincou que a 'aventura na vida real' da Índia custava menos do que o filme de ficção de Hollywood Gravidade, orçado em US$ 100 milhões.
Mesmo os filmes de ficção científica de Bollywood, como Ra.One, custam menos que o que foi gasto para levar Mangalyaan a Marte.
Como a Índia fez isso?

Gerenciando custos

Com certeza, os custos com pessoal são menores na populosa nação de 1,4 bilhão de pessoas, e os cientistas e engenheiros que trabalham em qualquer missão espacial são sempre a maior fatia do preço da passagem espacial.
Credito: AFP
O primeiro-ministro Narendra Modi disse que o país conquistou "praticamente o impossível"
Componentes e tecnologias domésticas também foram priorizadas em detrimento das caras importações estrangeiras.
Mas, além disso, a Índia teve o cuidado de fazer as coisas de forma simples.
"Eles mantiveram o satélite pequeno. A carga pesa só cerca de 15 kg", diz o professor Andrew Coates, da Grã-Bretanha, que será investigador-chefe da missão da Europa a Marte em 2018.
"É claro que essa complexidade reduzida sugere que a missão não será tão cientificamente avançada, mas a Índia foi inteligente ao priorizar algumas áreas que irão complementar o que os outros estão fazendo."

Missão

O Mangalyaan está equipado com um instrumento que vai tentar medir o metano na atmosfera. Este é um dos tópicos mais quentes na pesquisa em Marte no momento, após observações preliminares sobre o gás.
A atmosfera da Terra contém bilhões de toneladas de metano, a grande maioria proveniente de micróbios, como os encontrados no trato digestivo dos animais.
A suspeita dos cientistas é que alguns organismos produtores de metano, ou metanogênicos, possam existir em Marte se viverem no subterrâneo, longe das duras condições da superfície do planeta.
Credito: Reuters
Investimento em ciência em tecnologia pode beneficiar todo o país
Os cientistas ocidentais também estão animados de ter a sonda indiana na estação. Suas medições de outros componentes atmosféricos complementarão as medições da Maven e as observações feitas pela europeia Mars Express.
"Isso significa que estaremos recebendo as medições de três pontos, o que é muito importante", diz o professor Coates.
Isto irá permitir que os pesquisadores entendam melhor como o planeta perdeu o grosso de sua atmosfera bilhões de anos atrás, determinar que tipo de clima o planeta pode ter tido, e se era ou não propício à vida.

Gerador de riqueza

Mas há muitas críticas a respeito do programa espacial da Índia.
Uma delas parte do princípio de que a atividade espacial é um brinquedo melhor deixado para os países ricos e industrializados, sem valor para as nações em desenvolvimento.
Para os que defendem este argumento, seria melhor aplicar o dinheiro do contribuinte indiano em saúde e saneamento básico.
Mas o que essa posição muitas vezes ignora é que o investimento em ciência e tecnologia também constrói aptidão e capacidade, desenvolvendo o tipo de mão-de-obra que beneficia a economia e a sociedade de forma mais ampla.
A atividade espacial é geradora de riqueza. Algumas das coisas feitas no espaço fazem circular dinheiro aqui embaixo. As nações industrializadas sabem disso e essa é uma das razões pelas quais eles investem pesadamente na atividade espacial.
O Reino Unido, por exemplo, aumentou drasticamente seus gastos com espaço nos últimos anos. O governo até identificou a área de satélites como sendo uma das "oito grandes" tecnologias que podem ajudar a reequilibrar a economia do país.
A Índia quer embarcar nesta tendência. Com o Mangalyaan e os outros programas de satélites e foguetes, o país está se posicionando fortemente em mercados internacionais de produtos e serviços espaciais.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140925_india_marte_lab

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