Existem as fotografias estáticas e as que falam. Esta não só fala, mas também tem musicalidade, poesia, emoções fortíssimas. Normalmente diz-se que uma criança é espontânea, mas nesta foto a criança vai além da espontaneidade, ela é pura ingenuidade artística. Sua emoção,como se uma artista fosse, aflora como luz que eclode de dentro do seu mais intimo ser, com uma intensidade invejável. Seus olhinhos fechados, as mãos rígidas e a maçã cheinha de mordidinhas, dão a essa fotografia uma sensualidade que se transfere para nós como se estivesse tocando neste momento o Bolero de Maurice Ravel. Resta-nos contemplar a sensibilidade da fotografa que captou a imagem como um todo nesta obra de arte, não só vivenciando a ação enriquecedora, mas também a perfeição do enquadramento e da composição de cores. Tudo belamente enfeitado por esse cachino de cabelos no centro da testa que dá um charme especial ao resultado.
Alvaro Oliveira
(19/01/12)
Fotografia de Camille Nóbrega
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