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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

RETRATO FALADO FEITO A MÃO ESTÁ DESAPARECENDO





Retrato falado: apenas dois investigadores ainda desenham criminosos à mão em SP
RENATA MIRANDA
DE SÃO PAULO

A policial civil Tamara Andrade, 34, deixou o revólver de lado para combater a criminalidade com lápis, papel e borracha em uma pequena sala do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), no Carandiru, zona norte de São Paulo.

Retrato falado feito à mão desaparece aos poucos nas delegacias da capital
Entre os sete policiais que se dedicam à produção de retratos falados na cidade de São Paulo, somente ela e Yoshi Kawasaki, 47, seu mestre, mantêm a técnica manual para desenhar criminosos. Os outros cinco migraram para o computador. "Embora seja mais demorado, prefiro fazer à mão. Tem mais poesia", diz Tamara, graduada em artes visuais pela USP. "Somos investigadores de rostos."

Além do Deic, outros dois departamentos mantêm retratistas na capital: o Decap (polícia judiciária) e o DHPP (homicídios).

Enquanto Tamara conta apenas com as descrições das vítimas e com sua própria habilidade, seus colegas têm à disposição um banco de imagens digital com milhares de olhos, narizes, bocas e sobrancelhas prontos para montagem. No ano passado, dos 130 retratos falados feitos no Deic, 88 foram digitais e 42, manuais.

Avesso a tecnologia, o veterano Yoshi Kawasaki é o outro investigador paulistano que não larga o lápis. "Sou teimoso. O tempo que demoraria para aprender a mexer no programa digital, aproveito para fazer mais desenhos."

Com 20 anos de experiência, Kawasaki acredita que o desenho feito à mão é mais preciso. "Os detalhes que consigo colocar aumentam em 20% as chances de pegar o autor", estima ele, que fez o primeiro retrato falado do motoboy Francisco de Assis Pereira, o "maníaco do parque", no final da década de 1990.

Já o retratista do Deic Lino Barros, 47, abandonou a técnica manual por preferir a agilidade do digital. "É uma pena, mas o retrato feito à mão é uma arte que está morrendo."

O desenho não chega a ser crucial para uma investigação, mas contribui na hora de excluir suspeitos, afirmam os policiais. "Também é um desabafo da vítima que serve, muitas vezes, para ajudar a curar o trauma causado pela agressão", conta o investigador Gabriel Ferreira, 35. Ex-retratista, ele voltou às ruas há quatro anos. "Quem desenha o retrato falado é a própria vítima. A gente só empresta a mão."



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/1150090-retrato-falado-apenas-dois-investigadores-ainda-desenham-criminosos-a-mao-em-sp.shtml

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