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segunda-feira, 28 de maio de 2012

NEUROCIÊNCIA PESQUISA CONSUMIDORES




Ele sabe o que você está pensando
Empresas como PepsiCo, Visa e Citi estão contratando o neurocientista A.K. Pradeep para analisar o que se passa no cérebro dos consumidores
27 de maio de 2012 | 21h 00
Lílian Cunha, de O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - O que faz o Cheetos, da PepsiCo, vender mais de US$ 4 bilhões ao ano? Não é seu sabor ou seu aroma artificial de queijo. Também não é sua textura, nem seu formato. Tão pouco sua praticidade ou o fato de ser crocante. O que transforma um simples Cheetos em um "snack" bilionário, segundo o neurocientista Anantha Krishnan Pradeep, é o que acontece com o salgadinho depois de mastigado: ele gruda na boca do consumidor.

Com uma espécie de capacete high-tech que lê as correntes elétricas geradas no cérebro, Pradeep consegue medir a intensidade das ondas de prazer geradas no cérebro de quem come um Cheetos. O ápice das ondas que refletem prazer acontece, segundo ele, quando o salgadinho fica grudento. "Cada produto ou serviço precisa ter o que chamamos de assinatura neurológica icônica: uma peculiar e extraordinária característica que é evocativa para o cérebro. No caso do Cheetos, é a sensação de grude na boca."

Para descobrir, ou criar uma assinatura neurológica icônica – a característica que cativa o consumidor – grandes empresas como Microsoft, Citi, Google, HP e a própria PepsiCo se tornaram clientes de Pradeep, um indiano tagarela radicado em Berkeley, na Califórnia. Praticante contumaz de ioga – "Faz muito bem para o cérebro", diz ele – o cientista é fundador da NeuroFocus, empresa de neurociência aplicada ao consumo criada em 2005.

Em maio do ano passado, a NeuroFocus foi comprada pela Nielsen, uma das maiores empresas globais de pesquisas de mercado, que manteve Pradeep como chefe da unidade. Descobrir como o cérebro dos consumidores reage a marcas, produtos, embalagens, publicidade, ao modo de exposição no ponto de venda e até ao preço de produtos e serviços é o negócio da NeuroFocus.

Prazer e frustração. Por meio de equipamentos usados na medicina (como o eletroencefalograma portátil, em forma de capacete, usado no caso do Cheetos), Pradeep consegue ler e distinguir as ondas cerebrais que expressam prazer e as que mostram frustração – em situações como a de um consumidor experimentando um produto ou fazendo compras em uma loja. "Assim, conseguimos saber exatamente o que agrada e o que frustra o consumidor", diz o neurocientista.

Não é, por exemplo, o ato de comprar, segundo Pradeep, que dá mais prazer a uma pessoa que passeia em um shopping center. "É a experiência de encontrar novidades ou os produtos que suprem melhor nossas necessidades subconscientes. É isso que libera dopamina, o neurotransmissor que dá sensação de prazer", diz o especialista. "Nosso cérebro é biologicamente programado para buscar essa experiência de encontrar soluções surpreendentes", afirma.

Os estudos e pesquisas da NeuroFocus são feitos com consumidores voluntários. É difícil conseguir gente disposta a usar o capacete de eletroencefalograma? Pradeep diz que não.

"Existe muita curiosidade sobre o cérebro. As pessoas colocam a mão no peito e ouvem o coração, mas não sabem como o cérebro funciona. Ser voluntário em nossas pesquisas ajuda nesse entendimento", diz. A NeuroFocus, segundo ele, já fez pesquisas no Brasil para clientes muito interessados em saber o que o consumidor brasileiro quer. "Várias empresas multinacionais têm nos contratado para pesquisar o mercado do País", diz ele, que não pode revelar o nome dessas companhias.

Aqui, a neurociência voltada ao consumo tem conquistado seu espaço. A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) criou em 2010 um curso de extensão sobre a matéria. No ano passado, a disciplina foi incluída no curso de pós-graduação em Ciências do Consumo Aplicadas.

"Os primeiros estudos a respeito surgiram há dez ou 12 anos", diz o professor de neurociência aplicada ao consumo da ESPM, Pedro Calabrez Furtado, para quem Pradeep é um dos maiores nomes nesse campo. "É infantil achar que as empresas vão ler a mente de alguém", diz. "Mas essa é uma ciência que tem ajudado as empresas a saber com mais precisão o que o cliente quer."

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,ele-sabe-o-que-voce-esta-pensando,113969,0.htm

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