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domingo, 17 de junho de 2012

ÍNDICE DE RIQUEZA INCLUSIVA (IRI) - Programa da da ONU




ONU lança índice de riqueza inclusiva: recursos naturais diminuíram mais no Brasil do que nos EUA

Crescimento mascara esgotamento de recursos naturais em 19 dos 20 países avaliados.


Índice avaliou a riqueza de 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008, considerando PIB, IDH e destruição dos recursos naturais.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou hoje um novo indicador voltado para incentivar a sustentabilidade – o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI). Apesar de registrar crescimento do PIB, China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem com tendo esgotado significativamente seu capital natural, a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca. Foram observadas mudanças na riqueza em 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008.

Se medido pelo PIB, que é o indicador mais comum para a produção econômica, as economias da China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram respectivamente 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008.

Entretanto, durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.

No entanto, quando seu desempenho é avaliado pelo IRI, as economias chinesas e brasileiras aumentaram apenas 45% e 18%. Os Estados Unidos cresceram apenas 13%, enquanto a África do Sul teve um decréscimo real de 1%.Segundo a ONU, o foco no crescimento econômico ignora o esgotamento dos recursos naturais que irá prejudicar seriamente as gerações futuras.

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Índice
O IRI, que vai além dos parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e inclui uma gama de ativos como o capital manufaturado, humano e natural, quer mostrar aos governos a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento. O índice apresenta a riqueza inclusiva de 20 nações: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Índia, Japão, Quênia, Nigéria, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, EUA, Reino Unido e Venezuela.

O indicador foi divulgado neste domingo no Relatório de Riqueza Inclusiva 2012 (IWR na sigla em inglês), uma iniciativa conjunta lançada na Rio+20 pelo Programa Internacional de Dimensões Humanas sobre Mudança Ambiental Global (UNU-IHDP, na sigla em inglês) organizado pela Universidade das Nações Unidas e pelo Pnuma.

“A Rio+20 é uma oportunidade para abandonar o Produto Interno Bruto como medida de prosperidade no século 21 e como barômetro de uma transição para uma Economia Verde inclusiva, não serve para medir o bem-estar humano, ou seja, as muitas questões sociais e a situação dos recursos naturais de uma nação”, disse o subsecretário geral e diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner.

“O IWR representa o primeiro passo fundamental na mudança do paradigma econômico global forçando-nos a reavaliar nossas necessidades e objetivos como sociedade” disse o Professor Anantha Duraiappah, diretor do relatório IWR e diretor executivo do UNU-IHDP. “Oferece uma estrutura rigorosa de diálogo com várias bases eleitorais que representam os campos ambientais, sociais e econômicos”.

Crescimento populacional
Segundo o relatório, a importância em cuidar de todo o leque de bens de capital de um país torna-se particularmente evidente quando o crescimento populacional é levado em conta.

Quando a mudança da população é incluída para examinar o IRI numa base per capita, quase todos os países analisados mostraram um crescimento significativamente menor. Esta tendência negativa deve provavelmente continuar em países que apresentam atualmente um elevado crescimento da população, como Índia, Nigéria e Arábia Saudita, se não forem tomadas medidas para aumentar o capital base ou diminuir o crescimento da população.

Os países selecionados representam 56% da população mundial e 72% do PIB mundial, incluindo economias de alta, média e baixa renda em todos os continentes. Alguns países foram escolhidos com base na hipótese de que o capital natural é particularmente importante para a sua base produtiva - como no caso do petróleo no Equador, Nigéria, Noruega, Arábia Saudita e Venezuela; ou minérios em países como o Chile e florestas no Brasil.

Principais conclusões
- Enquanto 19 dos 20 países sofreram declínio no capital natural, seis também observaram declínio na sua riqueza inclusiva, colocando-os em uma faixa insustentável: Rússia, Venezuela, Arábia Saudita, Colômbia, África do Sul e Nigéria foram os países que não conseguiram crescer. Os outros 70% dos países mostram crescimento do IRI per capita, indicando um certo nível de sustentabilidade.

- O alto crescimento populacional em relação ao crescimento do IRI criou condições insustentáveis em cinco dos seis países mencionados acima. A falta de crescimento da Rússia é devida em grande parte a uma queda no capital manufaturado.

- 25% dos países que mostraram uma tendência positiva quando medido pelo PIB per capita e pelo IDH, computaram IRI per capita negativo. O principal impulsionador da diferença de desempenho foi o declínio no capital natural

-Com exceção da França, Alemanha, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos, todos os países pesquisados têm uma maior participação do capital natural em relação ao capital manufaturado, o que destaca sua importância

-O capital humano tem aumentado em todos os países e é a forma de capital eleita para compensar a diminuição do capital natural na maioria das economias

-Há sinais claros de permuta entre as diferentes formas de capital

- Inovação tecnológica e/ou ganhos de capital com petróleo (devido ao aumento dos preços) superam o declínio do capital natural e os danos das mudanças climáticas, fazendo com que uma série de países - Rússia, Nigéria, Arábia Saudita e Venezuela - passem de uma trajetória insustentável para uma sustentável

-As estimativas de riqueza inclusiva podem melhorar significativamente com melhores dados sobre as reservas de capital natural, humano e social e seus valores para o bem-estar humano.

Fonte:Pnuma

Recomendações
O relatório, que será produzido a cada dois anos, faz as seguintes recomendações específicas:

- Países que observam retornos decrescentes no capital natural devem investir em capital natural renovável para melhorar o seu IRI e o bem-estar dos seus cidadãos. Exemplos de investimentos incluem reflorestamento e biodiversidade agrícola

- As nações devem incorporar o IRI nos ministérios de planejamento e desenvolvimento para incentivar a criação de políticas sustentáveis

- Os países devem acelerar o processo de transição de uma estrutura contábil baseada em renda para uma estrutura contábil de riqueza

-As políticas macroeconômicas devem ser avaliadas com base no IRI, em vez do PIB per capita

-Governos e organizações internacionais devem estabelecer programas de pesquisa para calcular os principais componentes do capital natural, particularmente ecossistemas.

O subsecretário-geral e reitor da Universidade das Nações Unidas, professor Konrad Osterwalder, concluiu que o uso do IRI salvaguardaria os interesses de muitos países em desenvolvimento. “Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) têm funcionado como uma importante ferramenta para centralizar a atenção internacional e as ações em torno das principais e mais prementes questões globais”, disse ele. “Com a rápida aproximação de 2015, prazo para o cumprimento dos ODMs, fica claro que as oportunidades para muitos países em desenvolvimento alcançarem seus objetivos podem estar comprometidas se forem mantidas as taxas de declínio atuais de vários serviços fundamentais do ecossistema”.

“Um aumento na riqueza total não indica necessariamente que as gerações futuras poderão consumir tanto quanto atualmente; na medida em que população cresce, cada forma de capital fica mais diluída na sociedade”, disse Sir Partha Dasgupta, professor emérito de economia em Cambridge e conselheiro científico do IWR.


Letícia Orlandi
Publicação: 17/06/2012 12:27 Atualização: 17/06/2012 12:58





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