Eco-cidade quer ser verde e rentável.
CLÁUDIA TREVISAN , ENVIADA ESPECIAL , ECOCIDADE DE TIANJIN, CHINA - O Estado de S.Paulo
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ecocidade-quer-ser--verde-e-rentavel-,887342,0.htm
Tianjin, parceria entre China e Cingapura, busca energia
renovável e transporte limpo.
CLÁUDIA TREVISAN , ENVIADA ESPECIAL , ECOCIDADE DE TIANJIN, CHINA - O Estado de S.Paulo
Enquanto outros centros urbanos exibem monumentos e beleza
natural como cartões postais, a ecocidade de Tianjin se orgulha das turbinas
eólicas e das placas de energia solar, que ocupam suas ruas como estátuas em
homenagem à sustentabilidade.
Turbinas eólicas e placas de energia solar na cidade de
Tianjin, na China,
Com edifícios "verdes", emissões zero no
transporte público, uso de energia renovável e um desenho que estimula a
locomoção a pé ou por bicicleta, a ecocidade se propõe a ser um modelo para
outras regiões da China, onde 300 milhões de pessoas deverão deixar o campo nos
próximos 20 anos, no mais rápido processo de urbanização do mundo.
Projetada para ter 350 mil habitantes quando estiver pronta,
em 2020, a cidade já tem ruas, ciclovias, centrais de geração de energia verde
e parques para instalação de empresas. Canteiros de obras ocupam a maior parte
de seus 30 km² e os primeiros edifícios residenciais começam a ser entregues.
Nas últimas semanas, 60 famílias se mudaram para o local, que deverá ter 10 mil
moradores no fim de 2013.
Tianjin é a maior das cerca de 20 ecocidades levantadas
atualmente no país e a primeira construída em parceria pelos governos de China
e Cingapura. A ideia é que ela seja comercialmente viável, regida pelo
princípio da praticidade e possa ser replicada em maior ou menor escala.
"A cidade não se parece com algo futurista ou de ficção
científica. As soluções que usamos, como a orientação dos prédios e ventilação
natural, podem ser adotadas sem muito custo e têm grande impacto na redução do
consumo de energia", disse o cingapuriano Ho Tong Yen, CEO da ecocidade de
Tianjin. Na quinta-feira, Ho participará de um painel sobre ecocidades na
Rio+20, ao lado de Richard Register, o primeiro a usar o termo, em 1987.
A meta é que 20% da energia consumida no projeto de Tianjin
venha de fontes renováveis: eólica, solar e geotérmica. As ruas serão equipadas
com 700 postes com painéis solares e miniturbinas que permitirão a geração de
energia com o vento.
A cidade será cortada por um "vale ecológico" de
12 km de extensão, que terá ciclovias e pista para pedestres, ao lado das quais
haverá uma linha de trem. Os condomínios não terão muros e serão cortados por
"atalhos" para facilitar a locomoção a pé. A meta é que 90% dos
deslocamentos sejam verdes, com transporte público, bicicleta ou a pé.
Ecocidadania. O grande desafio será garantir que os
moradores da ecocidade também sejam ecocidadãos. Qualquer um poderá morar no
local e ter carro não será proibido. Aliás, postos de abastecimento da estatal
de petróleo Sinopec já estão sendo construídos nas margens das ruas.
"Faremos campanhas de educação para provocar uma mudança de mentalidade
para que as pessoas fiquem mais verdes com o passar do tempo", observou
Ho.
A meta de 90% é ambiciosa. "Apenas algumas cidades em
países desenvolvidos e em desenvolvimento possuem porcentuais de transporte
verde de 70% ou mais", observa estudo do Banco Mundial sobre o projeto. E
ter carro é uma das aspirações da emergente classe média chinesa, onde a
proporção veículo/habitante é inferior à de países em semelhante estágio de desenvolvimento.
O projeto estabelece 26 indicadores que terão de ser
atingidos, como a reciclagem de 60% do lixo doméstico e a existência de 12 m²
de área verde por habitante já a partir de 2013. O desenho urbano prevê que os
moradores terão serviços essenciais perto de casa, como escolas, postos de
saúde, centros comunitários e comércio. Idealmente, deveriam trabalhar a curta
distância, mas Ho reconhece que é difícil definir isso a priori, pois muitos
dos compradores de imóveis têm empregos em outras regiões.
A expectativa é que a economia local forneça trabalho.
"Seiscentas empresas já estão registradas para operar na cidade. Antes de
termos moradores, nós teremos empregos", afirmou Ho.
Os empreendimentos residenciais e comerciais são feitos por
empresas privadas, que compraram o direito de exploração da terra e vendem
unidades a preço de mercado. Os projetos são construídos segundo os
idealizadores da ecocidade e 100% dos edifícios são construídos na mesma
direção, em um ângulo que otimiza o recebimento de luz solar. Além disso, devem
ser eficientes do ponto de vista energético e ter 20% de fontes não
tradicionais de água.
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ecocidade-quer-ser--verde-e-rentavel-,887342,0.htm
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