Atualizado em 18 de agosto, 2014 - 11:20 (Brasília) 14:20 GMT
A morte de Eduardo Campos mudou o cenário da corrida à Presidência no país e alçou sua candidata à vice, Marina Silva (PSB), ao primeiro plano da disputa.
Em um momento de comoção, Marina - que deve ser anunciada oficialmente como substituta de Campos na quarta-feira-, largou bem na pesquisa eleitoral do instituto Datafolha, com 21% das intenções de voto.
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Mas a ex-ministra do Meio Ambiente também enfrentará desafios, como o pouco tempo de TV e uma possível falta de palanques regionais.
A BBC Brasil listou vantagens e obstáculos que Marina terá em seu caminho.
Vantagens
Posição nas pesquisas
Após conquistar 19,6 milhões de votos em 2010, Marina aparece com 21% das intenções de voto na primeira pesquisa Datafolha após a morte de Eduardo Campos. Ela está em empate técnico com o candidato do PSDB, Aécio Neves, segundo o levantamento divulgado pela Folha de S.Paulo.
No segundo turno, a ex-senadora tem 47% das intenções de voto - tecnicamente empatada com a presidente Dilma Rousseff, que tem 43%, já que a margem de erro do levantamento é de dois pontos para cima e para baixo.
Uma incerteza é quanto os eleitores estão influenciados, neste momento, pelo impacto da morte trágica de Eduardo Campos, nem como a imagem de uma candidata "de luto" poderá influenciar a votação.
Em um pesquisa realizada em abril, Marina obteve 27% dos votos, o que sugere que ela ainda tem potencial para crescer. Segundo o Datafolha, 8% dos brasileiros que não votam nela hoje são receptivos ao seu nome - ou seja, são votos possíveis de serem conquistados.
Protestos de junho
Analistas consideram que Marina Silva foi a candidata que mais se beneficiou dos protestos de junho do ano passado.
Nas ruas, a população demonstrou desânimo com a política tradicional, um espírito que se conforma ao discurso da ex-senadora que defende uma "nova forma de fazer política".
Esse desencanto aparecia nas pesquisas eleitorais, que mostravam 27% de eleitores sem candidato.
O Datafolha avalia que, ao entrar na disputa, Marina capturou esses eleitores: votos nulos, brancos e de indecisos agora são 17%.
Voto religioso
Marina é da Assembleia de Deus e pode conquistar os votos dos religiosos, que tiveram um papel importante nas eleições mais recentes.
Em 2010, a ambientalista teve boa votação depois que lideranças religiosas - evangélicas e católicas - pregaram o voto anti-Dilma. A presidente estava envolvida em uma polêmica sobre as suas posições sobre aborto.
Marina já disse publicamente que é contra o aborto, mas defendeu um plebiscito sobre a questão.
A maior parte das igrejas evangélicas se associou, neste ano, à candidatura do pastor Everaldo, do PSC. Mas, com a entrada de uma evangélica na linha de frente da disputa, parte dos votos pode migrar para ela.
Segundo o censo do IBGE de 2010, 22,2% da população brasileira se dizia evangélica e 64,6% era católica.
Desafios
"Praga" da terceira via
Desde a redemocratização, nenhum candidato que chegou em 3º lugar na corrida presidencial conseguiu repetir o mesmo desempenho na eleição seguinte.
Brizola, Enéas, Ciro Gomes, Garotinho e Heloísa Helena ou não concorreram de novo ou tiveram votações piores que a de anos anteriores.
A teoria por trás disso é que há um desgaste dos candidatos que, antes, eram vistos como novidade.
Pouco tempo de TV e palanques regionais
Marina terá cerca de dois minutos diários na propaganda eleitoral na TV - menos que seus adversários Dilma Rousseff e Aécio Neves.
O horário eleitoral é considerado a mais importante plataforma de exposição dos candidatos, principalmente por causa dos comerciais que são exibidos no meio da programação.
Por outro lado, Marina terá mais tempo agora do que tinha em 2010, quando concorreu pelo PV.
A ex-senadora também pode enfrentar dificuldade com seus palanques regionais.
Como Marina se abrigou no PSB apenas por não ter conseguido montar a Rede, não aprovava alguns dos apoios costurados por Eduardo Campos.
É possível, dessa forma, que os candidatos nos Estados não se empenhem por sua candidatura.
Plataforma incerta
Em típico "marinês", o programa lançado pela chapa da ambientalista traz "eixos programáticos" e expressões como "democracia de alta intensidade", "empoderamento humano" e "brasileiros socialistas e sustentabilistas".
Em uma abordagem mais objetiva, Campos já havia feito diversas promessas que não apareciam no programa, como o passe livre estudantil.
Na campanha, Marina terá que superar duas importantes contradições. A primeira é conciliar seu discurso com o do PSB e de outros partidos da coligação O exemplo mais claro dessa tarefa é a relação com o agronegócio, no qual Campos tinha bom trânsito e com o qual a ex-ministra do Meio Ambiente já teve atritos.
Também será preciso conciliar as suas próprias posições, tidas muitas vezes como conservadoras, com a de seu eleitorado, composto em grande parte por jovens e moradores de grandes centros, que tendem a ser mais progressistas.
Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140814_prosecontras_marina_lab.shtml
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